domingo, 3 de maio de 2020





PARÓQUIAS DE NISA




Segunda, 04 de maio de 2020






Segunda da IV semana do tempo de Páscoa








ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

CRISTO RESSUSCITOU!

CELEBREMOS





SEGUNDA-FEIRA da semana IV
Branco – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. pascal.

L 1 Act 11, 1-18; Sal 41 (42), 2-3: 42, 3. 4
Ev Jo 10, 11-18


* Na Ordem Cartusiana – SS. João, Agostinho e Companheiros, monges mártires – FESTA
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – B. Tomás de Olera, religioso, da I Ordem – MF
* Na Companhia de Jesus – S. José Maria Rúbio, presbítero – MF



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Rom 6, 9
Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não pode morrer. A morte não tem domínio sobre Ele. Aleluia.


ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Atos 11, 1-18
«Portanto, Deus concedeu também aos pagãos o arrependimento que conduz à vida»


Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, os Apóstolos e os irmãos da Judeia ouviram dizer que os gentios também tinham recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os que tinham vindo da circuncisão começaram a discutir com ele, dizendo: «Tu entraste em casa dos incircuncisos e comeste com eles». Pedro começou então a expor-lhes tudo por ordem: «Estava eu a orar na cidade de Jope, quando tive em êxtase uma visão: Era um objecto semelhante a uma toalha que descia do Céu, presa pelas quatro pontas, e chegou até junto de mim. Fitando os olhos nela, pus-me a observar e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu. Ouvi então uma voz que me dizia: ‘Levanta-te, Pedro; mata e come’. Mas eu respondi: ‘De modo nenhum, Senhor, porque na minha boca nunca entrou nada de profano ou impuro’. Pela segunda vez, falou a voz lá do Céu: ‘Não chames impuro ao que Deus purificou’. Isto sucedeu por três vezes e depois tudo foi novamente retirado para o Céu. Nisto, apresentaram-se três homens na casa em que estávamos, enviados de Cesareia à minha presença. O Espírito disse-me então que fosse com eles sem hesitar. Foram também comigo estes seis irmãos aqui presentes e entrámos em casa daquele homem. Ele contou-nos como tinha visto um Anjo apresentar-se em sua casa e dizer-lhe: ‘Envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem o sobre¬nome de Pedro. Ele te dirá palavras, pelas quais receberás a salvação, assim como toda a tua família’. Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, como sobre nós ao princípio. Lembrei-me então das palavras que o Senhor dizia: ‘João batizou com água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo’. Se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, por terem acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para poder opor-me a Deus?» Quando ouviram estas palavras, tranquilizaram-se e deram glória a Deus, dizendo: «Portanto, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento que conduz à vida».
 
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 41 (42), 2.3; 42 (43), 3.4
(R. Salmo 41, 3a ou Aleluia)
Refrão: A minha alma tem sede do Deus vivo. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Como suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando irei contemplar a face de Deus? Refrão

Enviai a vossa luz e verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa
e ao vosso santuário. Refrão

E eu irei ao altar de Deus,
a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos louvarei,
Senhor, meu Deus. Refrão


ALELUIA Jo 10, 14
Refrão: Aleluia Repete-se

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. Refrão


EVANGELHO Jo 10, 1-10
«Eu sou a porta das ovelhas»



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

Palavra da salvação.

No ano A, em que se lê este Evangelho no domingo precedente, lê-se o seguinte:


EVANGELHO Jo 10, 11-18
«O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas»


Jesus é o Bom Pastor: deu a vida pelas Suas ovelhas, que somos todos nós.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
 
Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».

Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa; Vós que lhe destes tão grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio pascal


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 20, 19
Jesus apareceu aos seus discípulos e disse-lhes:
A paz esteja convosco. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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«Mais do que uma escolha nossa, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor».

Papa Francisco







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia



1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS I: Atos 11, 1-18: O batismo de Cornélio, pagão, estrangeiro, por nascimento, em relação ao povo judaico, e a explicação que Pedro faz do acontecimento levaram a comunidade dos cristãos de origem judaica a compreenderem que a Igreja de Cristo seria a comunidade universal de todos a quem chegasse a palavra de Deus e a Ele se convertessem.

Jo 10, 1-10: Estamos ainda a celebrar a Páscoa. “Páscoa” significa “Passagem”. Pela morte na Cruz, Cristo passou para o Pai. Nesta leitura, Ele Se apresenta agora como a “Porta”; de facto, é por que Ele todos passamos também para o Pai. A imagem do rebanho, que segue atrás do pastor, é figura muito expressiva desta passagem do mundo terrestre ao mundo celeste, por Cristo, o Bom Pastor, ao mesmo tempo que a da Porta, por onde o rebanho pode passar. A imagem da Porta e a do Pastor completam-se uma à outra.





AGENDA DO DIA



12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da epidemia covid – 19.
10.00 horas: Funeral em Nisa (Misericórdia)
11.00 horas: Funeral no Arneiro


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MAIO, MÊS DE MARIA
Terço diário

É um costume muito louvável de rezar o terço todos os dias. Sabemos todos as graças que recebemos por tão bela devoção. Desde há muito que o povo cristão se habituou a rezar o terço comunitariamente na Igreja, durante o mês de maio. Neste ano, devido ao covid-19, e por velarmos pela saúde de todos, não nos reunimos no ambiente apropriado que é a Igreja paroquial. Esperamos que, num dia muito em breve, o possamos realizar com toda a segurança. Entretanto Deus quer que valorizemos o ambiente familiar para que, como igreja doméstica que somos, a santifiquemos com a proteção de Nossa Senhora, rezando diariamente o terço.

Para facilitar, apresentaremos diariamente uma meditação sobre os mistérios do terço. Pensamos que poderá facilitar na oração pessoal e familiar.



DIA 4
MISTÉRIOS GOZOSOS

INTRODUÇÃO:

Cristo, pela sua passagem, alumiou a hora do luto, abriu as portas da cinzentez da morte e assumiu a beleza de um jardim que progride na alegria do nosso corpo. A glória da ressurreição reveste-nos com a graça do Espírito e ungenos com o nardo que toca e enche a carne com o bálsamo da Vida nova. Cristo provoca a voz, rasga o nosso coração para o habitar, fazendo dele morada a transformar. Agita os nossos desejos e emoções para os indícios das coisas invisíveis dadas ao nosso olhar e tira-nos do nevoeiro suspenso das relações mal(ditas). A Sua voz provoca em nós a voz do clamor, a súplica das nossas necessidades, que se inclinam ao repouso do Seu leito. Com a voz e o olhar dispostos em Cristo, coloquemos a força dos nossos suspiros nesta oração, suplicando o abraço que reconcilia as nossas saudades.

Primeiro mistério:
ANUNCIAÇÃO DO ANJO A NOSSA SENHORA 

“Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Lc 1, 38). Deus, que tocas as margens da nossa existência, abre os nossos ouvidos à Voz que nos atravessa e livra-nos das compreensões cegas. Desenlaça os nossos lábios para o «sim» da salvação, a entrega total ao Reino que anuncias

SEGUNDO mistério:
VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA A SANTA ISABEL

 “Bendito o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42). Senhor Jesus, que nos inundas com a presença da tua carne, com o sopro que enleva as nossas vidas, dános a precariedade de um coração que olha com intimidade para o fruto que és no nosso quotidiano. Desperta-nos para o inesperado, para a agilidade que se abre ao imprevisto.


tERCEIRO mistério:
NASCIMENTO DE JESUS NO PRESÉPIO DE BELÉM

“O Verbo fez-se carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Deus menino, que do teu berço inauguraste uma proximidade desmedida, enche os berços das nossas vidas e das nossas relações com a ardente polifonia dos teus passos, com o percurso dos afetos, a flor da amendoeira que desperta para novas primaveras. Jesus, que na tua humanidade assumiste o nosso rosto, purifica-o com o canto do teu Amor.

QUARTO mistério:
APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO

“O menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele” (Lc 2, 40). Senhor, que a sabedoria dos teus gestos e a eloquência do teu chamamento, permita em nós o crescimento que nos move para o teu Nome, para o desejo eterno de contemplar, no instante, sempre novos encontros. Concede-nos o saber da errância e a busca do insondável, a procura do vazio em que Te apresentas como amor, onde começa a inquietude do nosso peregrinar.

QUINTO mistério:
ENCONTRO DO MENINO JESUS NO TEMPLO, ENTRE OS DOUTORES

“Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2, 49). Cristo, que nos ofereces o teu próprio Corpo como morada permanente, liga-nos à surpresa que a vida inaugura, perturbem-nos os dramas e reviravoltas dos dias. Permite-nos a graça da lucidez, do olhar pela fragilidade que transparece no ciclo dos desencontros, a alegria de chegar à Tua presença no silêncio do Teu coração.

PRECE:

Deus de bondade e misericórdia infinita, que na loucura da Cruz Te manifestas e no Espírito nos abres a memória e o entendimento, torna-nos dóceis à atenção do tempo, da voz que clamas em todos nós, em particular na fragilidade dos que mais sofrem e se sentem abandonados, libertando-nos da sede do previsível e das perversões do determinismo. Ámen.







A VOZ DO PASTOR


Semana das Vocações

LANÇAR AS REDES PARA ALÉM DO AQUÁRIO

Estamos a viver a semana de oração e ação em prol da cultura vocacional, cuja solicitude no terreno sempre reclama um “salto de qualidade”. Falamos daquela dimensão da vida que procura responder à busca de sentido, que estrutura e dá uma nova compreensão à existência de cada pessoa: “Senhor, que queres de mim, que queres que eu seja?”. Já noutros escritos, apoiado nos documentos da Igreja, me tenho referido a estas grandes opções de vida que são, assim o podemos sintetizar: ou o matrimónio ou o ministério ordenado ou a vida consagrada (religiosa e laical), ou, mesmo quando a pessoa conclui que não se sente chamada a nenhuma das citadas vocações e, por opção responsável, refletida, rezada e acompanhada, permanece solteira, não para fugir a responsabilidades ou para levar uma vida leviana ou descomprometia, mas por opção responsável e determinada. E quantas causas nobres de serviços à sociedade e à Igreja acontecem e se desenvolvem devido à ação destas pessoas que, durante toda a vida, se lhes dedicam total e generosamente. Mas seja qual for a resposta a dar ao estado de vida a que cada um se sente chamado, não se pode dar uma resposta a ver se vai dar certo ou apenas por um determinado tempo, a prazo. Espera-se que seja uma resposta séria e definitiva, para toda a vida. Uma resposta dada com amor, alegria e esperança, o que implica saber o que cada uma reclama de formação, preparação, responsabilidade, atenção constante e capacidade de saber ultrapassar as dificuldades que venham a surgir porque nada é tão linear como se sonha. E, isto, mesmo depois de já se estar a viver no matrimónio ou na vida consagrada ou no ministério ordenado. Se assim não for, este pucarinho de barro que cada um de nós é pode esboroar-se, fazer-nos perder o entusiasmo da primeira hora e conduzir-nos a um desfecho de infidelidade e abandono. Mesmo que se invoquem razões que possam desculpar ou diminuir a responsabilidade desse final, é sempre consequência de algo que correu menos bem, fosse em que tempo fosse. Como refere o Papa Francisco na Mensagem para este ano, é importante “que cada um possa descobrir com GRATIDÃO o chamamento que Deus lhe dirige, encontrar a CORAGEM de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de LOUVOR, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”. Se o Senhor nos chamou por este ou aquele caminho, Ele está connosco e devemos-lhe estar gratos por ter passado pela nossa vida, por nos ter dado coragem para arriscarmos na certeza de que Ele nos estende a mão no meio das tempestades da vida, e continua a chamar-nos dentro da vocação e a dizer-nos que não tenhamos medo.

O documento “Novas Vocações para uma Nova Europa”, refere que hoje “são necessários «pais» e «mães» abertos à vida e ao dom da vida; esposos e esposas que testemunhem e celebrem a beleza do amor humano abençoado por Deus; pessoas capazes de diálogo e de «caridade cultural», para a transmissão da mensagem cristã, mediante as linguagens da nossa sociedade; profissionais e pessoas simples, capazes de imprimir a transparência da verdade e a intensidade da caridade cristã ao compromisso na vida civil e às relações de trabalho e de amizade; mulheres que redescubram na fé cristã a possibilidade de viver plenamente o seu gênio feminino; presbíteros de coração grande, como o do Bom Pastor; diáconos permanentes que anunciem a Palavra e a liberdade do serviço aos mais pobres; apóstolos consagrados capazes de se imergirem no mundo e na história com coração contemplativo, e místicos tão familiarizados com o mistério de Deus, que saibam celebrar a experiência do divino e apontar Deus presente no vivo da ação” (NVNE,12).


A Igreja valoriza a vocação de todos e confia em todos para promover uma verdadeira cultura vocacional. E se contamos com todos para esse trabalho, nesta Semana das Vocações, porém, todos temos especialmente em conta as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, as vocações de especial consagração. Hoje é difícil este anúncio vocacional e torna-se fácil a tentação do desânimo em quem tem a missão de o fazer. Os valores que hoje se nos apresentam são diversos e contrastantes. A cultura é pluralista e ambivalente, “politeísta” e neutra. Há excesso de possibilidades, de ocasiões, de solicitações e, a par, a carência de projetos de vida. Há códigos de leitura e de avaliação, de orientação e de comportamento que se repercutem no plano vocacional. E os jovens são fruto deste tempo, desta cultura frágil e complexa, em que a reivindicação da subjetividade se transforma tantas vezes em subjetivismo e o desejo de liberdade em livre arbítrio. E se há quem procure autenticidade e afeto, relacionamentos pessoais e amizades sadias, vastidão de horizontes e simpatia pela vida entendida como valor absoluto, muitas vezes sentem-se um pouco à deriva, sozinhos, feridos pelo bem-estar, desiludidos das ideologias, das políticas não respeitosas do próprio direito à vida, confusos por causa da desorientação ética, como refere o documento que citei. Mas este é o nosso mundo, o mundo em que nós vivemos e exercemos a nossa missão por mandato do Senhor, não temos outro! Além disso, temos de estar conscientes que este trabalho só será possível com o otimismo da fé e através de uma conversão ao dever de mediar a voz que chama, de forma pedagógica e sem perder a força da esperança: o Senhor da messe não deixará faltar operários para a sua messe. Por isso, não pode haver desânimo nem faltar a esperança nos presbíteros, nos educadores, nas famílias cristãs, nas famílias religiosas, nos institutos seculares, nos pais, educadores, professores, catequistas, animadores e nas próprias comunidades cristãs. Todos somos chamados por Deus a colaborar, de muitas maneiras e cada um a seu modo, neste desafio vocacional, contagiando as crianças, os adolescentes e os jovens, com proximidade, gerando empatia e vivendo com alegria. E sem esquecer que Jesus usou o contacto pessoal, chamou-os pelo nome, acompanhou-os por longo tempo tal como eles eram, foi-os formando e orientando, rezou por eles...

A resposta vocacional vai-se descobrindo numa dinâmica relacional, isto é, entre Deus que chama e vai dando sinais e a pessoa que é chamada. Lendo e interpretando os sinais e a própria vida à luz de Jesus Cristo, cada um, com a sorte de ter a seu lado um verdadeiro cireneu que o ajude a discernir, vai-se dizendo e descobrindo a si próprio. E de tal modo que acabará por se tornar numa experiência de resposta livre, concreta e agradecida a Deus que chama. Nesta pedagogia da descoberta vocacional, são indispensáveis a Palavra, os sacramentos, a oração, a comunidade eclesial e a forma como nos relacionamos com os outros e somos para os outros.

 Não podemos julgar-nos conhecedores do terreno e bem entendidos nos projetos divinos. A lógica de Deus não é a nossa lógica. Houve um momento em que os Apóstolos assim fizeram, mas não se saíram bem, tiveram de meter a viola ao saco. Julgando-se conhecedores do mar, experientes naquelas lides da pesca e sem nada terem conseguido ao longo de toda a noite, ripostaram ao que o Senhor lhes pedia, e se o fizeram fizeram-no a contar com o fracasso para Lhe mostrar que eles é que tinham razão. E disse a Pedro: “Avança para as águas mais profundas e lança as redes para a pesca”. Simão respondeu: «Mestre, tentamos a noite inteira e não apanhamos nada. Mas em atenção à Tua palavra, vou lançar as redes». Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam” (Lc5,4-6).

 Como Igreja em saída, acreditemos na Palavra do Senhor. Avancemos, com esperança. Façamo-nos ao largo, para além do aquário talvez demasiadamente apaparicado mas amoldado a ouvir e a virar as costas a qualquer nova proposta, talvez já inquinado. Lancemos as redes para “águas mais profundas” e reacendamos em nós o zelo das origens (cf. NMI40).

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-04-2020.



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