segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

 



PARÓQUIAS DE NISA  

Terça, 01 de março de 2022  

Terça-feira da VIII semana do tempo comum

   

 

LITURGIA

 

Terça-feira da semana VIII

Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L1: 1 Pedro 1, 10-16; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4
Ev: Mc 10, 28-31

* Na Arquidiocese de Braga – S. Rosendo, bispo de Dume – MF
* Na Ordem Beneditina – S. Rosendo – MO
* Na Congregação da Paixão de Jesus Cristo – Oração de Jesus Cristo no Horto – MO
* Na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus – Oração de Jesus Cristo no Horto – MF

MISSA

 ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.

ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I 1 Pedro 1, 10-16
«Os Profetas predisseram a graça a vós destinada;
por isso, sede vigilantes e ponde nela toda a vossa esperança»


Leitura da Primeira Epístola de São Pedro


Caríssimos: A salvação das almas foi objeto das investigações e meditações dos Profetas que predisseram a graça a vós destinada. Procuravam descobrir a que tempo e circunstâncias se referia o Espírito de Cristo que estava neles, quando predizia os sofrimentos de Cristo e as glórias que se lhes haviam de seguir. Foi-lhes revelado que não era para eles, mas para vós, que no seu ministério transmitiam essa mensagem. É essa mensagem que agora vos anunciam aqueles que, movidos pelo Espírito Santo enviado do Céu, vos pregam o Evangelho, o qual os próprios Anjos desejam contemplar. Por isso, tende o vosso espírito alerta e sede vigilantes; ponde toda a vossa esperança na graça que vos será concedida, quando Jesus Cristo Se manifestar. Como filhos obedientes, não vos conformeis com os desejos de outrora, quando vivíeis na ignorância. Mas, à semelhança do Deus santo que vos chamou, sede santos, vós também, em todas as vossas ações, como está escrito: «Sede santos, porque Eu sou santo».


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4 (R. 2a)
Refrão: O Senhor revelou a sua salvação. Repete-se

Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória. Refrão

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel. Refrão

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai. Refrão


ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
os mistérios do reino. Refrão


EVANGELHO Mc 10, 28-31
«Recebereis cem vezes mais, já neste mundo, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, Pedro começou a dizer a Jesus: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.

Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS: 1 Pedro 1, 10-16: O mistério da salvação, que os profetas tinham anunciado desde há muito, manifestou-se em Jesus Cristo e é-nos agora anunciado a nós pelos mensageiros do Evangelho, sob a acção do Espírito Santo, para que acreditemos e esperemos. Esta fé e esta esperança hão-de acompanhar-nos todos os dias até à revelação última do Senhor. Entretanto, é o tempo de aprender a viver na santidade.!

Mc 10, 28-31: Numa linguagem hiperbólica, isto é, aparentemente exagerada, se atendermos apenas às palavras em si mesmas, Jesus pretende fazer compreender a superioridade indiscutível do valor da vida de quem O seguir, em comparação com os valores deste mundo, em si mesmos considerados. A linguagem intencionalmente forte já por si manifesta como não é fácil de compreender o sentido da vida de quem mais de perto seguir o Senhor.

 

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

16.20 horas: Adoração ao Santíssimo na Igreja do Espírito Santo

18.00 horas: Missa em Alpalhão

18.00 horas: Missa em Nisa.

 

 

IGREJAS DA ZONA PASTORAL DE NISA:

 

 


Oratório no Santuário da Senhora da Graça

 

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

QUARESMA 2022

A HORA DA FERIDA É A HORA DA GRAÇA

 

 

Pai, nas vossas mãos entrego o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos os anos nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor nos preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os outros, com a vida, connosco próprios.

 

A Páscoa, mistério da morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.

 

No meio de uma humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando, movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf. Oração Eucarística da Reconciliação II).

 

Não há Páscoa sem Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus. E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de Cristo. O dos cristãos.

 

A Quaresma surge precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?

 

Vivemos, por muitas razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes, desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares, deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo, desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir outras feridas. São feridas de todos nós.

 

Na Cruz de Cristo, a hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim, o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar: “Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro 29,14).

 

É assim que a confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento. Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade. A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E isso é caminho.

 

Caminho é também a Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas. Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.

 

Pela oração, pela partilha e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida nova para nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos mais na consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos podemos partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade. Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 25-02-2022.

 

 

 

domingo, 27 de fevereiro de 2022

 



PARÓQUIAS DE NISA  

Segunda, 28 de fevereiro de 2022  

Segunda da VIII semana do tempo comum

   

 

LITURGIA

 

 

Segunda-feira da semana VIII

Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L1: 1 Pedro 1, 3-9; Sal 110 (111), 1-2. 5-6. 9 e 10c
Ev: Mc 10, 17-27

* Na Congregação do Espírito Santo – B. Daniel Brottier, presbítero, Protetor dos órfãos – M
O

 

MISSA

 ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.

ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I 1 Pedro 1, 3-9
«Sem verdes ainda a Cristo, vós O amais.
E isto é para vós uma fonte de alegria inefável»


Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 110 (111), 1-2.5-6.9 e 10c (R. 5b)
Refrão: O Senhor jamais esquecerá a sua aliança. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Louvarei o Senhor de todo o coração,
no conselho dos justos e na assembleia.
Grandes são as obras do Senhor,
admiráveis para os que nelas meditam. Refrão

Deu sustento àqueles que O temem
e jamais esquecerá a sua aliança.
Fez ver ao seu povo as suas obras,
para lhe dar a herança das nações. Refrão

Enviou a redenção ao seu povo,
firmou com ele uma aliança eterna.
Santo e venerável é o seu nome;
o louvor do Senhor permanece eternamente. Refrão

ALELUIA 2 Cor 8, 9
Refrão: Aleluia Repete-se
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza. Refrão

EVANGELHO Mc 10, 17-27
«Vende o que tens e segue-Me»

, podem ser grande entrave para entrar na vida eterna!

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.

Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS: 1 Pedro 1, 3-9: Começa hoje a ler-se esta Carta apostólica, dirigida primariamente às Igrejas da Ásia Menor, mas, por elas, a toda a Igreja de todos os tempos. Depois da direção e saudações iniciais, onde há já referência a dados fundamentais do mistério cristão, como a misericórdia de Deus onde tem origem todo o plano da salvação dos homens, e a Ressurreição de Jesus Cristo, seu ponto culminante, o Apóstolo apresenta o objetivo último, que anima a esperança dos cristãos até alcançarem o fim da sua fé; está aí a sua ‘herança eterna’.

Mc 10, 17-27: A fé que nos leva a seguir Jesus pode ser mais ou menos profunda, e daí, para nós, mais ou menos exigente. Cada um há de escutar a palavra de Jesus com a exigência que o Senhor lhe inspirar; mas, em qualquer caso, os interesses desregrados desta vida, especialmente o amor às riquezas, podem ser grande entrave para entrar na vida eterna!

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

15.30 horas: Funeral em Nisa (acolhimento no cemitério).

 

 

IGREJAS DA ZONA PASTORAL DE NISA:

 

 

Capela / escola. Pardo - Santana

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

QUARESMA 2022

A HORA DA FERIDA É A HORA DA GRAÇA

 

 

Pai, nas vossas mãos entrego o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos os anos nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor nos preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os outros, com a vida, connosco próprios.

 

A Páscoa, mistério da morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.

 

No meio de uma humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando, movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf. Oração Eucarística da Reconciliação II).

 

Não há Páscoa sem Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus. E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de Cristo. O dos cristãos.

 

A Quaresma surge precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?

 

Vivemos, por muitas razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes, desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares, deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo, desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir outras feridas. São feridas de todos nós.

 

Na Cruz de Cristo, a hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim, o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar: “Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro 29,14).

 

É assim que a confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento. Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade. A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E isso é caminho.

 

Caminho é também a Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas. Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.

 

Pela oração, pela partilha e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida nova para nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos mais na consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos podemos partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade. Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 25-02-2022.

 

 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

 



PARÓQUIAS DE NISA  

Domingo, 27 de fevereiro de 2022  

VIII domingo do tempo comum

   

 

LITURGIA

 

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM

Verde – Ofício do domingo (Semana IV do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.

L1: Sir 27, 5-8 (gr. 4-7); Sal 91 (92), 2-3. 13-14. 15-16
L2: 1 Cor 15, 54-58
Ev: Lc 6, 39-45

* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.


ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I Sir 27, 5-8 (gr. 4-7)
«Não elogies ninguém antes de ele falar»


Leitura do Livro de Ben-Sirá


Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.


Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16 (R.cf. 2a)
Refrão: É bom louvar o Senhor. Repete-se
Ou: É bom louvar-Vos, Senhor,
e cantar salmos ao vosso nome.
Repete-se

É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade. Refrão

O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus. Refrão

Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. Refrão

LEITURA II 1 Cor 15, 54-58
«Deu-nos a vitória por Jesus Cristo»


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.


Palavra do Senhor.

ALELUIA Filip 2, 15d.16a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida. Refrão.

EVANGELHO Lc 6, 39-45
«A boca fala do que transborda do coração»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».


Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.

Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS: Sir 27, 5-8 (gr. 4-7): Esta primeira leitura prepara a terceira, e ambas têm carácter acentuadamente sapiencial; é assim que esta primeira leitura serve para ilustrar a última pequena parábola das três que o Evangelho nos apresenta. A palavra revela o que há de mais profundo no homem, os seus defeitos e as suas qualidades. Com três rápidas comparações, tiradas da experiência atentamente observada, esta breve leitura nos ensina os caminhos da sabedoria.

1 Cor 15, 54-58: A terminar um longo capítulo sobre o mistério da ressurreição dos mortos, o Apóstolo entoa um hino de triunfo e ação de graças a Deus pela vitória pascal de Cristo e a nossa participação na mesma. Cristo, com a sua oblação na Cruz, venceu a morte para sempre, e deu-nos a graça de participarmos, nós mortais, nessa sua vitória pascal.

Lc 6, 39-45: Em três breves parábolas o Senhor ensina-nos o caminho da sabedoria: o cego a guiar outro cego, o argueiro e a trave na vista e a árvore que se pode reconhecer pelo fruto. Todas elas conduzem ao que um salmo chama a “sabedoria do coração” (Sl 89), e esta irá revelar-se nas palavras que são na boca o eco do que vai no coração do homem.

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo

10.00 horas: Missa em Arês

10.45 horas: Missa em Tolosa

11.00 horas: Missa em Nisa

12.00 horas: Missa em Alpalhão

12.00 horas: Missa em Gáfete

15.30 horas: Missa em Montalvão

15.30 horas: Celebração da missa no Arneiro.

 

 

IGREJAS DA ZONA PASTORAL DE NISA:

 

 


Capela de S. Lourenço - Paróquia de Nossa Srª da Graça

 

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

JOVENS, HÁ LÁ TRÊS DEDOS A FALAR POR VÓS!....

 

Desde as lonjuras do tempo que o desconforto de quem menos se pensa faz tocar os sinos a rebate perante as labaredas do fogo juvenil. Sentados à escrivaninha com os pés na escalfeta e manta pelas costas, os craques de certas escavações sociológicas, sofistas a seu jeito, esgotam-se na cata de argumentos para se lamuriarem e zurzirem na juventude. Esta espécie de ursos de turma não está em risco de extinção, antes pelo contrário, ahahahahah... William Shakespeare dizia que “os velhos desconfiam da juventude porque foram jovens”. Com este pensar, é de crer que alguns jovens de hoje, quando tiverem a experiência duma vida longa e dura, quando já se tiveram esquecido que também foram jovens e cederem à tentação da inveja ou de ciúmes de quem nessa altura o for, vão puxar pela mesma cartilha para classificarem, de igual modo, ou pior, os jovens que ao tempo hão de viver e conviver com eles. Hoje, até o que parece ser um rasgado elogio à juventude dos jovens arrasta consigo uma forte dúvida sobre se, de facto, o será! Há uma reiterada usurpação do vigor e da beleza juvenil. Não só, mas mesmo aqueles que desdenham os jovens anseiam ardentemente a sua juventude. Por mais que olhem e saltitem para a adquirir, não chegam lá, satisfazem-se em dizer que os jovens ainda estão muitíssimo verdes. É a fábula da raposa e das uvas no seu melhor. Dá-se aso à imaginação por não se querer aceitar as próprias limitações, por não se querer aceitar o desgaste pelo privilégio de se ter vivido e pela graça de se continuar a viver. Não estou a defender o desleixo, nem a falta de autoestima, nem a falta de brio na apresentação pessoal. Estou a dizer que se repudia a velhice mas pretende-se uma longevidade jovem, sem as marcas do tempo, mesmo que seja preciso meter o colchão no toucado como satirizava Nicolau Tolentino no século XVIII. É a ditadura da moda que oprime e explora, que leva as pessoas a recusarem os seus limites, preferindo cinzelarem-se com produtos e serviços que a publicidade, servindo-se de jovens, promove e vende na miragem da perfeita recauchutagem de quem compra. Culturas há em que as marcas da velhice são tidas como uma bênção, pois o idoso é considerado como realizado, mais próximo dos seus que já partiram e do divino. Desde a antiguidade que o padrão de beleza se vai alterando. Hoje, por cá, os guardas fatos, os roupeiros, as balanças e os espelhos não são capazes de dar um ar da sua graça aos mais exigentes. Sempre lhes fazem crer que estão a anos-luz do padrão de beleza em vigor. De facto, isto de querer morrer com saúda, idoso e jovem, dá muito, muito trabalho! Consta que vários milionários já dispuseram de cerca de três biliões de dólares para estudar a biologia do envelhecimento, não para se envelhecer jovem, isso já é pouco para eles. Trata-se de quererem derrotar a própria morte com uma “tecnologia da imortalidade”. Tenhamos esperança, ainda vamos chegar ao tempo em que as galinhas terão dentes e as cobras andarão de pé! Estar ‘in’, faz sofrer muita gente, arrasta muita canseira e sacrifício, faz com que muitos estejam nas lonas e vivam de aparências, mas tudo isso, como vemos, acaba por ser bom, faz acontecer, aguça a imaginação, o engenho e a arte. Quem corre por gosto não se cansa nem fraqueja. E o mais importante de tudo isso é que ninguém tem nada com isso, apenas desejamos que todos, no uso da sua liberdade, sejam felizes, muito felizes, e o progresso aconteça!

É verdade que a maneira de ser e de estar de muitos jovens nem sempre lhes será o mais útil para alicerçar a sua vida sobre a rocha e não sobre a areia movediça. De facto, o deixa correr, o qualquer coisa serve, a opção pelo mais fácil e certas filosofias de vida nem sempre são o melhor, o que convém. Todos estamos conscientes disso, os jovens também, mesmo que o não pareça. A Igreja, ainda que no seu seio também tenha dessas aves de mal agoiro, diz-nos que a clarividência de quem educa ou lida com os jovens deve ter a capacidade de não apagar a chama que ainda fumega nem quebrar a cana rachada que ainda não partiu. Acreditar na transformação da realidade e na conversão dos corações é o caminho a perseguir. É preciso ter a capacidade de, com esperança, individualizar percursos onde outros só veem muros, saber reconhecer possibilidades onde outros só veem perigos, ter a capacidade de valorizar e alimentar as sementes de bem semeadas no coração de cada um, um coração que deve ser considerado ‘terra santa’ e diante da qual nos devemos ‘descalçar’ para nos podermos aproximar (cf. CV67).

Mas voltemos à vaca das cordas, como se diz lá para o norte quando se perde o fio à meada e se tenta retomar. Quando se apontam os jovens com o dedo em riste, há três dedos da mão que ficam voltados para trás, para quem aponta, são mais notados que gato escondido com rabo de fora. Experimente lá, se faz favor, aprecie e magique sobre o sentido dessa sinalética!... E que  tal?... Que lhe parece?!... Não sei quem seria o primeiro a chamar a atenção para esse ‘epifenómeno’, mas que é importante e de saudáveis consequências lá isso é. Ele coloca a nu uma outra lista que os jovens, de forma bem mais certeira, apresentam aos adultos muito senhores das suas análises e dos seus juízos sobre as patologias juvenis, coisa com que alguns muito se deleitam. E sirvo-me do Documento conclusivo do Sínodo dos jovens para referir algumas parcelas, não todas, dessa fatura que os jovens nos apresentam. É por causa dos adultos que «muitos jovens vivem em contextos de guerra e padecem a violência numa variedade incontável de formas: raptos, extorsões, criminalidade organizada, tráfico de seres humanos, escravidão e exploração sexual, estupros de guerra... Outros jovens, por causa da sua fé, têm dificuldade em encontrar um lugar nas suas sociedades e sofrem vários tipos de perseguição, que vai até à morte. Numerosos são os jovens que, por constrangimento ou falta de alternativas, vivem perpetrando crimes e violências: crianças-soldado, gangues armados e criminosos, tráfico de droga, terrorismo... Esta violência destroça muitas vidas jovens. Abusos e dependências, bem como violência e extravio contam-se entre as razões que levam os jovens à prisão, com incidência particular nalguns grupos étnicos e sociais. Muitos jovens são ideologizados, instrumentalizados e utilizados como carne de canhão ou como força de choque para destruir, intimidar ou ridicularizar outros. E o pior é que muitos se transformam em sujeitos individualistas, inimigos e desconfiados para com todos, tornando-se assim presa fácil de propostas desumanizadoras e dos planos destrutivos elaborados por grupos políticos ou poderes económicos. Ainda mais numerosos no mundo são os jovens que padecem formas de marginalização e exclusão social, por razões religiosas, étnicas ou económicas. Lembramos a difícil situação de adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a propagação do SIDA/HIV, as várias formas de dependência (drogas, jogos de azar, pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem de casa, família e recursos económicos». E quando se trata de mulheres, estas situações de marginalização tornam-se duplamente dolorosas e difíceis. Por vezes, o sofrimento dalguns jovens é lacerante, um sofrimento que não se pode expressar com palavras, um sofrimento que nos fere como um soco. E se é verdade que países mais ricos e poderosos e alguns organismos internacionais prestam alguma ajuda, muitas vezes fazem-no por um alto preço. Como refere o documento citado, em muitos países pobres, esta ajuda costuma estar vinculada à aceitação de certas exigências, verdadeira colonização ideológica a prejudicar de forma especial os jovens. Muitos jovens, também trazem gravados na alma «as feridas das derrotas da sua própria história, dos desejos frustrados, das discriminações e injustiças sofridas, de não se ter sentido amado ou reconhecido», além das «feridas morais, o peso dos próprios erros, o sentido de culpa por ter errado». E isto sem citar o fenómeno migratório, as suas causas, os seus sonhos e consequências, etc. (cf. CV72-85).

Caro jovem, apesar de tudo, a Igreja, pela voz do Papa Francisco, apela-te a que “não deixes que te roubem a esperança e a alegria, que te narcotizem para te usar como escravo dos seus interesses. Ousa ser mais, porque o teu ser é mais importante do que qualquer outra coisa; não precisas de ter nem de parecer. Podes chegar a ser aquilo que Deus, teu Criador, sabe que tu és, se reconheceres o muito a que estás chamado. Invoca o Espírito Santo e caminha, confiante, para a grande meta: a santidade. Assim, não serás uma fotocópia; serás plenamente tu mesmo” (cf. CV107).

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 18-02-2022.