PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 01 de março de 2022
Terça-feira da VIII semana do tempo comum
LITURGIA
Terça-feira
da semana VIII
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L1: 1 Pedro 1, 10-16; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4
Ev: Mc 10, 28-31
* Na Arquidiocese de Braga – S. Rosendo, bispo de Dume – MF
* Na Ordem Beneditina – S. Rosendo – MO
* Na Congregação da Paixão de Jesus Cristo – Oração de Jesus Cristo no Horto –
MO
* Na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus – Oração de Jesus Cristo no
Horto – MF
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17,
19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.
ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I
1 Pedro 1, 10-16
«Os Profetas predisseram a graça a vós destinada;
por isso, sede vigilantes e ponde nela toda a vossa esperança»
Leitura da
Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: A salvação das almas foi objeto das investigações e meditações dos
Profetas que predisseram a graça a vós destinada. Procuravam descobrir a que
tempo e circunstâncias se referia o Espírito de Cristo que estava neles, quando
predizia os sofrimentos de Cristo e as glórias que se lhes haviam de seguir.
Foi-lhes revelado que não era para eles, mas para vós, que no seu ministério
transmitiam essa mensagem. É essa mensagem que agora vos anunciam aqueles que,
movidos pelo Espírito Santo enviado do Céu, vos pregam o Evangelho, o qual os
próprios Anjos desejam contemplar. Por isso, tende o vosso espírito alerta e
sede vigilantes; ponde toda a vossa esperança na graça que vos será concedida,
quando Jesus Cristo Se manifestar. Como filhos obedientes, não vos conformeis
com os desejos de outrora, quando vivíeis na ignorância. Mas, à semelhança do
Deus santo que vos chamou, sede santos, vós também, em todas as vossas ações,
como está escrito: «Sede santos, porque Eu sou santo».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4 (R. 2a)
Refrão: O Senhor revelou a sua salvação.
Repete-se
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória. Refrão
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel. Refrão
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai. Refrão
ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
os mistérios do reino. Refrão
EVANGELHO Mc 10, 28-31
«Recebereis cem vezes mais, já neste mundo, juntamente com perseguições, e, no
mundo futuro, a vida eterna»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Pedro começou a dizer a Jesus: «Vê como nós deixámos tudo para
Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver
deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por
causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos,
irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro,
a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão
os primeiros».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.
Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: 1 Pedro 1, 10-16: O
mistério da salvação, que os profetas tinham anunciado desde há muito,
manifestou-se em Jesus Cristo e é-nos agora anunciado a nós pelos mensageiros
do Evangelho, sob a acção do Espírito Santo, para que acreditemos e esperemos.
Esta fé e esta esperança hão-de acompanhar-nos todos os dias até à revelação
última do Senhor. Entretanto, é o tempo de aprender a viver na santidade.!
Mc 10, 28-31: Numa
linguagem hiperbólica, isto é, aparentemente exagerada, se atendermos apenas às
palavras em si mesmas, Jesus pretende fazer compreender a superioridade
indiscutível do valor da vida de quem O seguir, em comparação com os valores
deste mundo, em si mesmos considerados. A linguagem intencionalmente forte já
por si manifesta como não é fácil de compreender o sentido da vida de quem mais
de perto seguir o Senhor.
AGENDA DO DIA:
16.20
horas: Adoração ao Santíssimo na Igreja do Espírito Santo
18.00
horas: Missa em Alpalhão
18.00
horas: Missa em Nisa.
IGREJAS DA ZONA
PASTORAL DE NISA:
Oratório no Santuário da Senhora da Graça
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2022
A HORA DA FERIDA É A
HORA DA GRAÇA
Pai, nas vossas mãos
entrego o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos
os anos nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor
nos preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo
batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque
ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os
outros, com a vida, connosco próprios.
A Páscoa, mistério da
morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história
dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas
completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a
Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.
No meio de uma
humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e
discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da
misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara
para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando,
movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram
entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na
concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz
põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf.
Oração Eucarística da Reconciliação II).
Não há Páscoa sem
Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de
Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade
subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da
graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem
arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor
justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo
espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é
para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as
coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus.
E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como
identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de
Cristo. O dos cristãos.
A Quaresma surge
precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu
modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua
Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?
Vivemos, por muitas
razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e
universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O
Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja
confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e
evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A
mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes,
desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares,
deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A
insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As
desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das
nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram
alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo,
desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à
tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir
outras feridas. São feridas de todos nós.
Na Cruz de Cristo, a
hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a
dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim,
o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de
confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar:
“Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro
29,14).
É assim que a
confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos
do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como
confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical
porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento.
Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu
amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto
seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade.
A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais
do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E
isso é caminho.
Caminho é também a
Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e
expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos
outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma
ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as
nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas.
Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste
ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República
Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção
do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.
Pela oração, pela
partilha e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida
nova para nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos
mais na consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos
podemos partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de
dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade.
Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que
nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas
mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 25-02-2022.