PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 01 de janeiro de 2015
Esquema da página:
Liturgia do dia
Intenções do Apostolado da Oração para o mês
corrente
Atividades paroquiais
SANTA MARIA, MÃE DE DEUS
QUinta
____________________________________
SANTA MARIA, MÃE DE
DEUS – SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. de Nossa Senhora.
L 1 Num 6, 22-27; Sal 66, 2-3. 5- 6 e 8
L 2 Gal 4, 4-7
Ev Lc 2, 16-21
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. de Nossa Senhora.
L 1 Num 6, 22-27; Sal 66, 2-3. 5- 6 e 8
L 2 Gal 4, 4-7
Ev Lc 2, 16-21
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
_______________________________________________
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Sedúlio
Salvé, Santa Mãe, que destes à luz o Rei do céu e da terra.
Ou cf. Is 9, 2.6; Lc 1,33
Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.
O seu nome será admirável, Deus forte, Pai da eternidade,
Príncipe da paz. E o seu reino não terá fim.
Salvé, Santa Mãe, que destes à luz o Rei do céu e da terra.
Ou cf. Is 9, 2.6; Lc 1,33
Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.
O seu nome será admirável, Deus forte, Pai da eternidade,
Príncipe da paz. E o seu reino não terá fim.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus,
que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima,
destes aos homens a salvação eterna,
fazei-nos sentir a intercessão daquela
que nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso filho.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Num 6, 22-27
«Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei»
Recitada sobre o povo, que se havia reunido para o sacrifício da manhã, esta bênção sacerdotal é um augúrio de paz para os filhos de Israel. Esta «paz», que em si concentra todos os bens, é um dom de Deus. Invadiu o mundo com o Nascimento de Jesus, pois o Salvador, realizando em Si as promessas divinas de salvação, reconciliou-nos com o Pai e estabeleceu relações fraternais entre os homens. Mas esta Paz, que se fundamenta na Paternidade divina, é também uma conquista do homem. Na verdade, a paz, antes de ser uma realidade externa, é uma disposição interior. «Se antes não se travassem guerras em milhões de corações, também se não travariam no campo de batalha». Cada um de nós deve ser, pois, construtor da paz verdadeira.
Leitura do Livro dos Números
O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 66 (67), 2-3.5.6 e 8 (R. 2a)
Refrão: Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção. Repete-se
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação. Refrão
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra. Refrão
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra. Refrão
LEITURA II Gal 4, 4-7
«Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher»
O Mistério da Incarnação realiza-se na plenitude dos tempos, no termo duma longa expectativa da humanidade, numa maravilhosa manifestação da benevolência divina. Em Cristo, com efeito, Deus cumula os homens de todas as bênçãos, concedendo-lhes a filiação divina e libertando-os da escravidão da lei mosaica.
Para produzir, porém, este duplo efeito, a Encarnação realiza-se pela via normal dos homens e da lei. Cristo aceita um nascimento humano e a submissão à lei. A lei situa-O na História da Salvação, na História do Seu Povo; Maria situa-O entre os homens, Seus irmãos, que vem libertar e salvar, tornando-os, à Sua semelhança, filhos do Pai. Maria assume assim um papel insubstituível nesta revelação da Paternidade divina. É a Mãe de Deus, que concebe Seu Filho por obra e graça do Espírito Santo. É a Mãe da Igreja, Corpo de Cristo na terra.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Hebr 1, 1-2
Refrão: Aleluia. Repete-se
Muitas vezes e de muitos modos
falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos,
Deus falou-nos por seu Filho. Refrão
EVANGELHO Lc 2, 16-21
«Encontraram Maria, José e o Menino.
E, depois de oito dias, deram-Lhe o nome de Jesus». De todos aqueles que virão a ser adotados em Cristo como filhos de Deus, os pastores são os primeiros a receberem a Boa Notícia da Salvação. É, porém, junto de Maria, Sua Mãe, a primeira crente, a totalmente disponível a Deus, que encontram o Salvador e, n’Ele, se encontram com Deus. A intervenção discreta de Maria ajudou-os, na verdade, a descobrir o verdadeiro rosto de Seu Filho.
«A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a Encarnação do Verbo, por disposição da divina providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor – Cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça» (LG., 61).
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus,
que dais origem a todos os bens
e os levais à sua plenitude,
nós vos pedimos,
nesta solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus:
Assim como celebramos festivamente as primícias da vossa graça,
tenhamos também a alegria de receber os seus frutos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio de Nossa Senhora I [na maternidade]
No Cânone Romano diz-se o communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria do Natal.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Hebr 13, 8
Jesus Cristo, ontem e hoje e por toda a eternidade.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
recebemos com alegria os vossos sacramentos
nesta solenidade em que proclamamos
a Virgem Santa Maria, Mãe do vosso Filho e Mãe da Igreja:
fazei que esta comunhão nos ajude a crescer para a vida eterna.
Por Nosso Senhor.
Liturgia das horas
Das Cartas de Santo Atanásio, bispo
Epist. ad Epictetum, 5-9: PG 26, 1058. 1062-1066) (Sec. IV)
O Verbo tomou de Maria a nossa condição humana
Epist. ad Epictetum, 5-9: PG 26, 1058. 1062-1066) (Sec. IV)
O Verbo tomou de Maria a nossa condição humana
O Verbo de Deus veio para socorrer
a descendência de Abraão, como afirma o Apóstolo, e por isso devia tornar-Se
semelhante em tudo aos seus irmãos e assumir um corpo semelhante ao nosso. É
para isso que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi d’Ela que
o Verbo assumiu como próprio aquele corpo que havia de oferecer por nós. A
Sagrada Escritura recorda este nascimento e diz: Envolveu-O em panos; além
disso, proclama ditosos os peitos que amamentaram o Senhor e fala também do
sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogénito. O anjo Gabriel tinha
anunciado esta concepção com toda a precisão e prudência; não lhe disse: «O que
há-de nascer em ti», como se tratasse de algo extrínseco, mas de ti, para
indicar que o fruto deste nascimento procedia realmente de Maria.
O Verbo, ao tomar a nossa condição humana e ao oferecê-la em sacrifício, assumiu-a na sua totalidade, para nos revestir depois a nós da sua condição divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.
O Verbo, ao tomar a nossa condição humana e ao oferecê-la em sacrifício, assumiu-a na sua totalidade, para nos revestir depois a nós da sua condição divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.
Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como disseram alguns. Longe de nós tal pensamento! O nosso Salvador foi verdadeiramente homem e assim alcançou a salvação do homem na sua totalidade. Não se trata de uma salvação fictícia, nem se limita a salvar o corpo: o Verbo de Deus realizou a salvação do homem todo, isto é, do corpo e da alma.
Portanto, era verdadeiramente humana a natureza do que nasceu de Maria, segundo as divinas escrituras; era verdadeiramente humano o corpo do Senhor. Verdadeiramente humano, quero dizer, um corpo igual ao nosso. Maria é, de facto, nossa irmã, porque todos descendemos de Adão.
O que João afirma ao dizer: O Verbo Se fez homem, tem um significado semelhante ao que se encontra numa expressão paralela de São Paulo quando diz: Cristo fez-Se maldição por nós. Pela união e comunhão com o Verbo, o corpo humano recebeu um enriquecimento admirável: era mortal e passou a ser imortal, era animal e converteu-se em espiritual, era terreno e transpôs as portas do Céu.
Por outro lado, a Trindade, mesmo depois da encarnação do Verbo em Maria, continua a ser a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição, permanecendo sempre na sua perfeição absoluta. E assim se proclama na Igreja: a Trindade numa única divindade; um só Deus, no Pai e no Verbo.
«O tempo da vida é uma dádiva de Deus»
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou
através da Sua Palavra.
LEITURAS: 1 Jo 2, 18-:O
Santo é Jesus: a unção é a Palavra de Deus que vem d’Ele, a Palavra que Se fez
carne para poder ser escutada pelos homens. Essa Palavra dá-nos o conhecimento
íntimo de Deus e o sentido profundo da vida e das coisas. Foi para que A
escutássemos que Ela Se fez carne.
Jo 1, 1-18 :Começamos hoje a ler o Evangelho de S. João de forma contínua, e, para tal, repetimos hoje a leitura da missa do Dia de Natal. É o hino com que abre o Evangelho sacramental de S. João. Tudo nele é revelação e aprofundamento do mistério do Verbo feito carne.
Oração: Deus omnipotente, que o nascimento do vosso Filho Unigénito nos liberte da antiga escravidão em que nos retém o jugo do pecado.
ATIVIDADES
PAROQUIAIS
11.00
horas: Missa na Igreja Matriz – Nisa
11.00
horas: Missa em Arez
15.00
horas: Missa em Chão de Lopes
INTENÇÕES DO SANTO
PADRE
DEZEMBRO 2014
Universal
Natal, esperança para a humanidade
Para que o nascimento do Redentor traga paz e esperança a todos os homens de boa vontade.
Natal, esperança para a humanidade
Para que o nascimento do Redentor traga paz e esperança a todos os homens de boa vontade.
Pela
Evangelização
Pais evangelizadores
Para que os pais sejam autênticos evangelizadores, transmitindo aos filhos o dom precioso da fé.
Pais evangelizadores
Para que os pais sejam autênticos evangelizadores, transmitindo aos filhos o dom precioso da fé.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
DIA MUNDIAL DA PAZ
JÁ NÃO ESCRAVOS, MAS IRMÃOS
1. No início dum novo ano, que acolhemos como uma graça e um dom
de Deus para a humanidade, desejo dirigir, a cada homem e mulher, bem como a
todos os povos e nações do mundo, aos chefes de Estado e de Governo e aos
responsáveis das várias religiões, os meus ardentes votos de paz, que acompanho
com a minha oração a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros
sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias
e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais. Rezo de modo particular
para que, respondendo à nossa vocação comum de colaborar com Deus e com todas
as pessoas de boa vontade para a promoção da concórdia e da paz no mundo,
saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa
humanidade.
Já, na minha mensagem para o
1º de Janeiro passado, fazia notar que «o anseio duma vida plena (…) contém uma
aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em
quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e
abraçar».[1]
Sendo o homem um ser relacional, destinado a realizar-se no contexto de
relações interpessoais inspiradas pela justiça e a caridade, é fundamental para
o seu desenvolvimento que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade,
liberdade e autonomia. Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do
homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações
interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade. Tal fenómeno
abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a
aniquilar a sua liberdade e dignidade, assume múltiplas formas sobre as quais
desejo deter-me, brevemente, para que, à luz da Palavra de Deus, possamos
considerar todos os homens, «já não escravos, mas irmãos».
À escuta do projecto de Deus para a humanidade
2. O tema, que escolhi para esta mensagem, inspira-se na Carta de
São Paulo a Filémon; nela, o Apóstolo pede ao seu colaborador para acolher
Onésimo, que antes era escravo do próprio Filémon mas agora tornou-se cristão,
merecendo por isso mesmo, segundo Paulo, ser considerado um irmão.
Escreve o Apóstolo dos gentios: «Ele foi afastado por breve tempo, a fim de que
o recebas para sempre, não já como escravo, mas muito mais do que um escravo,
como irmão querido» (Flm 15-16). Tornando-se cristão, Onésimo passou a
ser irmão de Filémon. Deste modo, a conversão a Cristo, o início duma vida de discipulado
em Cristo constitui um novo nascimento (cf. 2 Cor 5, 17; 1
Ped 1, 3), que regenera a fraternidade como vínculo fundante da vida
familiar e alicerce da vida social.
Lemos, no livro do Génesis (cf. 1, 27-28), que Deus criou o ser
humano como homem e mulher e abençoou-os para que crescessem e se
multiplicassem: a Adão e Eva, fê-los pais, que, no cumprimento da bênção de
Deus para ser fecundos e multiplicar-se, geraram a primeira fraternidade:
a de Caim e Abel. Saídos do mesmo ventre, Caim e Abel são irmãos e, por isso,
têm a mesma origem, natureza e dignidade de seus pais, criados à imagem e
semelhança de Deus.
Mas, apesar de os irmãos estarem ligados por nascimento e possuírem
a mesma natureza e a mesma dignidade, a fraternidade exprime também a
multiplicidade e a diferença que existe entre eles. Por conseguinte, como irmãos
e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as
outras, cada qual com a própria especificidade e todas partilhando a mesma
origem, natureza e dignidade. Em virtude disso, a fraternidade constitui
a rede de relações fundamentais para a construção da família humana criada por
Deus.
Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Génesis
e o novo nascimento em Cristo – que torna, os crentes, irmãos e irmãs do
«primogénito de muitos irmãos» (Rom 8, 29) –, existe a realidade
negativa do pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de
criaturas e deforma continuamente a beleza e nobreza de sermos irmãos e
irmãs da mesma família humana. Caim não só não suporta o seu irmão Abel,
mas mata-o por inveja, cometendo o primeiro fratricídio. «O assassinato de Abel
por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A
sua história (cf. Gen 4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que
todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros».
Também na história da família de Noé e seus filhos (cf. Gen
9, 18-27), é a falta de piedade de Cam para com seu pai, Noé, que impele este a
amaldiçoar o filho irreverente e a abençoar os outros que o tinham honrado,
dando assim lugar a uma desigualdade entre irmãos nascidos do mesmo ventre.
Na narração das origens da família humana, o pecado de afastamento
de Deus, da figura do pai e do irmão torna-se uma expressão da recusa da
comunhão e traduz-se na cultura da servidão (cf. Gen 9, 25-27), com as
consequências daí resultantes que se prolongam de geração em geração: rejeição
do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos
fundamentais, institucionalização de desigualdades. Daqui se vê a necessidade
duma conversão contínua à Aliança levada à perfeição pela oblação de Cristo na
cruz, confiantes de que, «onde abundou o pecado, superabundou a graça (…) por
Jesus Cristo» (Rom 5, 20.21). Ele, o Filho amado (cf. Mt
3, 17), veio para revelar o amor do Pai pela humanidade. Todo aquele que escuta
o Evangelho e acolhe o seu apelo à conversão, torna-se, para Jesus, «irmão,
irmã e mãe» (Mt 12, 50) e, consequentemente, filho adoptivo
de seu Pai (cf. Ef 1, 5).
No entanto, os seres humanos não se tornam cristãos, filhos do Pai
e irmãos em Cristo por imposição divina, isto é, sem o exercício da liberdade
pessoal, sem se converterem livremente a Cristo. Ser filho de Deus
requer que primeiro se abrace o imperativo da conversão: «Convertei-vos – dizia
Pedro no dia de Pentecostes – e peça cada um o baptismo em nome de Jesus
Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito
Santo» (Act 2, 38). Todos aqueles que responderam com a fé e a vida àquela
pregação de Pedro, entraram na fraternidade da primeira comunidade
cristã (cf. 1 Ped 2, 17; Act 1, 15.16; 6, 3; 15, 23): judeus e
gregos, escravos e homens livres (cf. 1 Cor 12, 13; Gal 3, 28),
cuja diversidade de origem e estado social não diminui a dignidade de cada um,
nem exclui ninguém do povo de Deus. Por isso, a comunidade cristã é o lugar da
comunhão vivida no amor entre os irmãos (cf. Rom 12, 10; 1 Tes 4,
9; Heb 13, 1; 1 Ped 1, 22; 2 Ped 1, 7).
Tudo isto prova como a Boa Nova de Jesus Cristo – por meio de Quem
Deus «renova todas as coisas» (Ap 21, 5) – é capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação
entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em
comum: a filiação adoptiva e o vínculo de fraternidade em Cristo. O próprio
Jesus disse aos seus discípulos: «Já não vos chamo servos, visto que um servo
não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos,
porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai» (Jo 15, 15).
As múltiplas faces da escravatura, ontem e hoje
3. Desde tempos imemoriais, as diferentes sociedades humanas
conhecem o fenómeno da sujeição do homem pelo homem. Houve períodos na história
da humanidade em que a instituição da escravatura era geralmente admitida e
regulamentada pelo direito. Este estabelecia quem nascia livre e quem, pelo
contrário, nascia escravo, bem como as condições em que a pessoa, nascida
livre, podia perder a sua liberdade ou recuperá-la. Por outras palavras, o
próprio direito admitia que algumas pessoas podiam ou deviam ser consideradas
propriedade de outra pessoa, a qual podia dispor livremente delas; o escravo
podia ser vendido e comprado, cedido e adquirido como se fosse uma mercadoria
qualquer.
Hoje, na sequência duma evolução positiva da consciência da
humanidade, a escravatura – delito de lesa humanidade – foi formalmente abolida no mundo. O direito de cada pessoa não ser mantida em
estado de escravidão ou servidão foi reconhecido, no direito internacional,
como norma inderrogável.
Mas, apesar de a comunidade internacional ter adoptado numerosos
acordos para pôr termo à escravatura em todas as suas formas e ter lançado
diversas estratégias para combater este fenómeno, ainda hoje milhões de pessoas
– crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e
constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura.
Penso em tantos trabalhadores e trabalhadoras, mesmo menores,
escravizados nos mais diversos sectores, a nível formal e informal, desde o
trabalho doméstico ao trabalho agrícola, da indústria manufactureira à
mineração, tanto nos países onde a legislação do trabalho não está conforme às
normas e padrões mínimos internacionais, como – ainda que ilegalmente –
naqueles cuja legislação protege o trabalhador.
Penso também nas condições de vida de muitos migrantes que,
ao longo do seu trajecto dramático, padecem a fome, são privados da liberdade,
despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente. Penso em tantos
deles que, chegados ao destino depois duma viagem duríssima e dominada pelo
medo e a insegurança, ficam detidos em condições às vezes desumanas. Penso em
tantos deles que diversas circunstâncias sociais, políticas e económicas
impelem a passar à clandestinidade, e naqueles que, para permanecer na
legalidade, aceitam viver e trabalhar em condições indignas, especialmente
quando as legislações nacionais criam ou permitem uma dependência estrutural do
trabalhador migrante em relação ao dador de trabalho como, por exemplo,
condicionando a legalidade da estadia ao contrato de trabalho... Sim! Penso no
«trabalho escravo».
Penso nas pessoas obrigadas a prostituírem-se, entre as
quais se contam muitos menores, e nas escravas e escravos sexuais; nas
mulheres forçadas a casar-se, quer as que são vendidas para casamento quer as
que são deixadas em sucessão a um familiar por morte do marido, sem que tenham
o direito de dar ou não o próprio consentimento.
Não posso deixar de pensar a quantos, menores e adultos,
são objecto de tráfico e comercialização para remoção de órgãos, para
ser recrutados como soldados, para servir de pedintes, para
actividades ilegais como a produção ou venda de drogas, ou para formas
disfarçadas de adopção internacional.
Penso, enfim, em todos aqueles que são raptados e mantidos em
cativeiro por grupos terroristas, servindo os seus objectivos como
combatentes ou, especialmente no que diz respeito às meninas e mulheres, como
escravas sexuais. Muitos deles desaparecem, alguns são vendidos várias vezes,
torturados, mutilados ou mortos.
Algumas causas profundas da escravatura
4. Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da
pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objecto. Quando o
pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus
semelhantes, estes deixam de ser sentidos como seres de igual dignidade, como
irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objectos. Com a força,
o engano, a coacção física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e
semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a
propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim.
Juntamente com esta causa ontológica – a rejeição da humanidade no
outro –, há outras causas que concorrem para se explicar as formas actuais de
escravatura. Entre elas, penso em primeiro lugar na pobreza, no
subdesenvolvimento e na exclusão, especialmente quando os três se aliam com a falta
de acesso à educação ou com uma realidade caracterizada por escassas, se
não mesmo inexistentes, oportunidades de emprego. Não raro, as vítimas de
tráfico e servidão são pessoas que procuravam uma forma de sair da condição de
pobreza extrema e, dando crédito a falsas promessas de trabalho, caíram nas
mãos das redes criminosas que gerem o tráfico de seres humanos. Estas redes
utilizam habilmente as tecnologias informáticas modernas para atrair jovens e
adolescentes de todos os cantos do mundo.
Entre as causas da escravatura, deve ser incluída também a corrupção
daqueles que, para enriquecer, estão dispostos a tudo. Na realidade, a servidão
e o tráfico das pessoas humanas requerem uma cumplicidade que muitas vezes
passa através da corrupção dos intermediários, de alguns membros das forças da
polícia, de outros actores do Estado ou de variadas instituições, civis e
militares. «Isto acontece quando, no centro de um sistema económico, está o
deus dinheiro, e não o homem, a pessoa humana. Sim, no centro de cada sistema
social ou económico, deve estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse
o dominador do universo. Quando a pessoa é deslocada e chega o deus dinheiro,
dá-se esta inversão de valores».
Outras causas da escravidão são os conflitos armados, as violências,
a criminalidade e o terrorismo. Há inúmeras pessoas raptadas para
ser vendidas, recrutadas como combatentes ou exploradas sexualmente, enquanto
outras se vêem obrigadas a emigrar, deixando tudo o que possuem: terra, casa,
propriedades e mesmo os familiares. Estas últimas, impelidas a procurar uma
alternativa a tão terríveis condições, mesmo à custa da própria dignidade e
sobrevivência, arriscam-se assim a entrar naquele círculo vicioso que as torna
presa da miséria, da corrupção e das suas consequências perniciosas.
Um compromisso comum para vencer a escravatura
5. Quando se observa o fenómeno do comércio de pessoas, do tráfico
ilegal de migrantes e de outras faces conhecidas e desconhecidas da escravidão,
fica-se frequentemente com a impressão de que o mesmo tem lugar no meio da
indiferença geral.
Sem negar que isto seja, infelizmente, verdade em grande parte,
apraz-me mencionar o enorme trabalho que muitas congregações religiosas,
especialmente femininas, realizam silenciosamente, há tantos anos, a favor das
vítimas. Tais institutos actuam em contextos difíceis, por vezes dominados pela
violência, procurando quebrar as cadeias invisíveis que mantêm as vítimas
presas aos seus traficantes e exploradores; cadeias, cujos elos são feitos não
só de subtis mecanismos psicológicos que tornam as vítimas dependentes dos seus
algozes, através de chantagem e ameaça a eles e aos seus entes queridos, mas
também através de meios materiais, como a apreensão dos documentos de
identidade e a violência física. A actividade das congregações religiosas está
articulada a três níveis principais: o socorro às vítimas, a sua reabilitação
sob o perfil psicológico e formativo e a sua reintegração na sociedade de
destino ou de origem.
Este trabalho imenso, que requer coragem, paciência e
perseverança, merece o aplauso da Igreja inteira e da sociedade. Naturalmente o
aplauso, por si só, não basta para se pôr termo ao flagelo da exploração da
pessoa humana. Faz falta também um tríplice empenho a nível institucional:
prevenção, protecção das vítimas e acção judicial contra os responsáveis. Além
disso, assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar
os seus objectivos, assim também a acção para vencer este fenómeno requer um
esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes actores que compõem
a sociedade.
Os Estados deveriam vigiar por que as respectivas
legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adopções, a
transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da
exploração do trabalho sejam efectivamente respeitadoras da dignidade da
pessoa. São necessárias leis justas, centradas na pessoa humana, que defendam
os seus direitos fundamentais e, se violados, os recuperem reabilitando quem é
vítima e assegurando a sua incolumidade, como são necessários também mecanismos
eficazes de controle da correcta aplicação de tais normas, que não deixem
espaço à corrupção e à impunidade. É preciso ainda que seja reconhecido o papel
da mulher na sociedade, intervindo também no plano cultural e da comunicação
para se obter os resultados esperados.
As organizações intergovernamentais são chamadas, no
respeito pelo princípio da subsidiariedade, a implementar iniciativas
coordenadas para combater as redes transnacionais do crime organizado que gerem
o mercado de pessoas humanas e o tráfico ilegal dos migrantes. Torna-se
necessária uma cooperação a vários níveis, que englobe as instituições
nacionais e internacionais, bem como as organizações da sociedade civil e do
mundo empresarial.
Com efeito, as empresas têm o dever não só de garantir aos seus empregados condições de trabalho dignas
e salários adequados, mas também de vigiar por que não tenham lugar, nas
cadeias de distribuição, formas de servidão ou tráfico de pessoas humanas. A
par da responsabilidade social da empresa, aparece depois a responsabilidade
social do consumidor. Na realidade, cada pessoa deveria ter consciência de
que «comprar é sempre um acto moral, para além de económico».
As organizações da sociedade civil, por sua vez, têm o
dever de sensibilizar e estimular as consciências sobre os passos necessários
para combater e erradicar a cultura da servidão.
Nos últimos anos, a Santa Sé, acolhendo o grito de sofrimento das
vítimas do tráfico e a voz das congregações religiosas que as acompanham rumo à
libertação, multiplicou os apelos à comunidade internacional pedindo que os
diversos actores unam os seus esforços e cooperem para acabar com este flagelo. Além disso, foram organizados alguns encontros com a finalidade de dar
visibilidade ao fenómeno do tráfico de pessoas e facilitar a colaboração entre
os diferentes actores, incluindo peritos do mundo académico e das organizações
internacionais, forças da polícia dos diferentes países de origem, trânsito e
destino dos migrantes, e representantes dos grupos eclesiais comprometidos em
favor das vítimas. Espero que este empenho continue e se reforce nos próximos
anos.
Globalizar a fraternidade, não a escravidão nem
a indiferença
6. Na sua actividade de «proclamação da verdade do amor de Cristo
na sociedade», a Igreja não cessa de se empenhar em acções de carácter caritativo guiada pela
verdade sobre o homem. Ela tem o dever de mostrar a todos o caminho da
conversão, que induz a voltar os olhos para o próximo, a ver no outro – seja
ele quem for – um irmão e uma irmã em humanidade, a reconhecer a sua dignidade
intrínseca na verdade e na liberdade, como nos ensina a história de Josefina
Bakhita, a Santa originária da região do Darfur, no Sudão. Raptada por
traficantes de escravos e vendida a patrões desalmados desde a idade de nove
anos, haveria de tornar-se, depois de dolorosas vicissitudes, «uma livre filha
de Deus» mediante a fé vivida na consagração religiosa e no serviço aos outros,
especialmente aos pequenos e fracos. Esta Santa, que viveu a cavalo entre os
séculos XIX e XX, é também hoje testemunha exemplar de esperança para as numerosas vítimas da escravatura e pode apoiar os esforços de quantos
se dedicam à luta contra esta «ferida no corpo da humanidade contemporânea, uma
chaga na carne de Cristo».
Nesta perspectiva, desejo convidar cada um, segundo a respectiva
missão e responsabilidades particulares, a realizar gestos de fraternidade a
bem de quantos são mantidos em estado de servidão. Perguntemo-nos, enquanto
comunidade e indivíduo, como nos sentimos interpelados quando, na vida
quotidiana, nos encontramos ou lidamos com pessoas que poderiam ser vítimas do
tráfico de seres humanos ou, quando temos de comprar, se escolhemos produtos
que poderiam razoavelmente resultar da exploração de outras pessoas. Há alguns
de nós que, por indiferença, porque distraídos com as preocupações diárias, ou
por razões económicas, fecham os olhos. Outros, pelo contrário, optam por fazer
algo de positivo, comprometendo-se nas associações da sociedade civil ou
praticando no dia-a-dia pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um
cumprimento, dizer «bom dia» ou oferecer um sorriso; estes gestos, que têm
imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir estradas, mudar
a vida a uma pessoa que tacteia na invisibilidade e mudar também a nossa vida
face a esta realidade.
Temos de reconhecer que estamos perante um fenómeno mundial que
excede as competências de uma única comunidade ou nação. Para vencê-lo, é
preciso uma mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenómeno. Por
esta razão, lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade
e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de
perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se
tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus
irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a
coragem de tocar a carne sofredora de Cristo, o Qual Se torna visível através dos rostos inumeráveis daqueles a quem Ele
mesmo chama os «meus irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40.45).
Sabemos que Deus perguntará a cada um de nós: Que fizeste do teu
irmão? (cf. Gen 4, 9-10). A globalização da indiferença, que hoje pesa
sobre a vida de tantas irmãs e de tantos irmãos, requer de todos nós que nos
façamos artífices duma globalização da solidariedade e da fraternidade que
possa devolver-lhes a esperança e levá-los a retomar, com coragem, o caminho
através dos problemas do nosso tempo e as novas perspectivas que este traz
consigo e que Deus coloca nas nossas mãos.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2014.