PARÓQUIAS
DE NISA
Segunda-feira,
01 de fevereiro de 2021
LITURGIA
Segunda-feira
da semana IV
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha
L 1 Hebr 11, 32-40; Sal 30 (31), 20. 21. 22. 23. 24
Ev Mc 5, 1-20
* Na Diocese de Viana do Castelo – S. Anscário, bispo – MF
* Na Ordem de Cister – S. Raimundo de Fitero, abade – MF
* Na Congregação da Missão e na Companhia das Filhas da Caridade – B. Maria Ana
Vaillot e Odile Baumgartem, virgens e mártires – MO
* Na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus – S. João Bosco – MO
* Na Congregação Salesiana – Comemoração de todos os Salesianos defuntos.
* Na Ordem de Cister – I Vésp. da Apresentação do Senhor.
* Na Congregação da Aliança de Santa Maria – I Vésp. da Apresentação do Senhor.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo
105, 47
Salvai-nos, Senhor nosso Deus, e reuni-nos de todas as nações,
para dar graças ao vosso santo nome
e nos alegrarmos no vosso louvor.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei, Senhor nosso Deus,
que Vos adoremos de todo o coração
e amemos todos os homens com sincera caridade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Hebr 11, 32-40
«Pela fé conquistaram reinos.
Deus previa para nós um destino melhor»
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Que mais posso dizer? Faltar-me-ia o tempo se quisesse falar de Gedeão,
de Barac, de Sansão, de Jefté, de David, de Samuel e dos Profetas. Pela fé,
conquistaram reinos, exerceram a justiça, alcançaram os bens prometidos.
Fecharam a boca dos leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da
espada, convalesceram das enfermidades, tornaram-se fortes na guerra, venceram
exércitos inimigos. Mulheres houve que recuperaram os seus mortos pela
ressurreição. Mas outros foram torturados, recusando o resgate a fim de
alcançar uma ressurreição melhor. Outros sofreram o tormento das zombarias e da
flagelação, das algemas e da prisão. Foram apedrejados, serrados, mortos ao fio
da espada; andaram vagueando, cobertos de peles de ovelha e de cabra,
indigentes, oprimidos, maltratados. O mundo não era digno deles. Andaram
errantes pelos desertos, pelos montes, nas grutas e cavernas da terra. E todos
estes, que alcançaram testemunho favorável pela sua fé, ficaram sem obter a
realização da promessa. Porque Deus previa para nós um des¬tino melhor, eles
não deviam chegar sem nós à perfeição final.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 20.21.22.23.24 (R. 25)
Refrão: Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor. Repete-se
Como é grande, Senhor, a vossa bondade,
que tendes reservada para os que Vos temem!
À vista dos homens Vós a concedeis
àqueles que em Vós confiam. Refrão
Ao abrigo da vossa face Vós os defendeis
das maquinações dos homens;
no vosso tabernáculo Vós os escondeis
das línguas provocadoras. Refrão
Bendito seja o Senhor:
como em cidade fortificada,
em mim enalteceu a sua misericórdia. Refrão
Eu, porém, dizia na minha ansiedade:
«Estou banido da vossa presença».
Mas ouvistes a voz da minha súplica,
logo que Vos invoquei. Refrão
Amai o Senhor,
vós todos os seus fiéis.
O Senhor defende os que Lhe são fiéis,
mas castiga com rigor os orgulhosos. Refrão
ALELUIA Lc 7, 16
Refrão: Aleluia Repete-se
Apareceu no meio de nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo. Refrão
EVANGELHO Mc 5, 1-20
«Espírito impuro, sai desse homem»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo seg. São Marcos
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram ao outro lado do mar, à
região dos gerasenos. Logo que Ele desembarcou, saiu ao seu encontro, dos
túmulos onde morava, um homem possesso de um espírito impuro. Já ninguém
conseguia prendê-lo, nem sequer com correntes, pois estivera preso muitas vezes
com grilhões e cadeias e ele despedaçava os grilhões e quebrava as cadeias.
Ninguém era capaz de dominá-lo. Andava sempre, de dia e de noite, entre os
túmulos e pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras. Ao ver Jesus de
longe, correu a prostrar-se diante d’Ele e disse, clamando em alta voz: «Que
tens a ver comigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Conjuro-Te, por Deus, que
não me atormentes». Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito impuro, sai desse homem».
E perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?». Ele respondeu: «O meu nome é ‘Legião’,
porque somos muitos». E suplicava instantemente que não os expulsasse daquela
região. Ora, ali junto do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos. Os
espíritos impuros pediram a Jesus: «Manda-nos para os porcos e entraremos
neles». Jesus consentiu. Então os espíritos impuros saíram do homem e entraram
nos porcos. A vara, que era de cerca de dois mil, lançou-se ao mar, do
precipício abaixo, e os porcos afogaram-se. Os guardadores fugiram e levaram a
notícia à cidade e aos campos; e, de lá, vieram ver o que tinha acontecido. Ao
chegarem junto de Jesus, viram, sentado e em perfeito juízo, o possesso que
tinha tido a legião; e ficaram cheios de medo. Os que tinham visto narraram o
que havia acontecido ao possesso e o que se passara com os porcos. Então
pediram a Jesus que Se retirasse do seu território. Quando Ele ia a subir para
o barco, o homem que tinha sido possesso pediu-Lhe que o deixasse ir com Ele.
Jesus não lho permitiu, mas disse-lhe: «Vai para casa, para junto dos teus,
conta-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti». Então ele
foi-se embora e começou a apregoar na Decápole o que Jesus tinha feito por ele.
E todos ficavam admirados.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Apresentamos, Senhor, ao vosso altar
os dons do vosso povo santo;
aceitai-os benignamente
e fazei deles o sacramento da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 30, 17-18
Fazei brilhar sobre mim o vosso rosto,
salvai-me, Senhor, pela vossa bondade
e não serei confundido por Vos ter invocado.
Ou Mt 5, 3-4
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra prometida.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecidos pelo sacramento da nossa redenção,
nós Vos suplicamos, Senhor,
que, por este auxílio de salvação eterna,
cresça sempre no mundo a verdadeira fé.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS : Hebr 11, 32-40: Os nossos antepassados do Antigo
Testamento deixaram-nos exemplos admiráveis de fé e santidade. Mas a perfeição,
no sentido de acesso à vida de filhos de Deus, foi só Cristo quem no-la
alcançou. Reconhecer esta situação e corresponder-lhe constitui agora para nós
o caminho para chegar àquele “destino melhor” que Deus nos preparou.
Mc 5, 1-20: Este estranho caso, contado de
maneira popular, manifesta, uma vez mais, o mistério da pessoa de Jesus: Ele é
o Filho de Deus, que veio ao mundo dos homens para aqui lançar as raízes do
Reino dos Céus; e este triunfará do reino de Satanás pelo seu poder divino. Os
habitantes da região do homem curado parecem reagir ao que tomaram por um dano
puramente material. Jesus não Se demora por lá, mas deixa aí o miraculado, para
que anuncie entre os seus vizinhos as maravilhas de Deus.
AGENDA DO DIA
A VOZ DO PASTOR:
JOVENS,
SE VOS CALARDES, GRITARÃO AS PEDRAS
Cruzes,
abrenúncio!... Será mesmo que as pedras agora vão falar?!... Não?!... Mas olham
que foi o Papa quem o recordou!... No tempo em que se andava descalço, as
pedras nunca falavam, mas faziam falar quem nelas tropeçava, e que galanteios
tão bem sonantes!...
Bem,
com calma, vamos lá falar de algumas pedras famosas, mais famosas que a pedra
de dois olhos em Vila Velha, Brasil. Com certeza que o leitor já alguma vez
disse ou ouviu suspirar: “ai se estas pedras falassem!... Quantos segredos não
teriam a revelar!... Quantas correções à história não se haveriam de
fazer!...”. Até “as pedras das paredes gritarão vingança e as vigas do telhado
te reprovarão”, diz Habacuc sobre quem constrói a casa (a vida) com dinheiro e
materiais rapinados (cf. Hab 2,14). Com a sua serenidade de jovem feliz e
empenhado, David, com uma pequena pedra na sua funda, fez os filisteus dar às
de vila-diogo e defendeu a honra dos israelitas (1Sam 17, 49). João Batista, em
pose de jovem zeloso, bravo e austero, salta do deserto a apelar à coerência de
vida: “Porque eu vos digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de
Abraão” (Mt 3,8-9). Porque apedrejou, matou e desprezou o apelo dos profetas,
Jesus chorou sobre a cidade de Jerusalém (Lc 19, 41-44), pois iria ser de tal
forma espremida pelos seus inimigos que não ficaria pedra sobre pedra. E as
pedras como que “falaram”, confirmando as palavras de Jesus: Jerusalém foi
totalmente arrasada (Lc 21,6). Aquando da morte de Jesus, a própria natureza
associou-se àquele triste mas solene pontifical da Cruz. As pedras do Calvário
fenderam-se, como que “falaram” também elas, testemunhando a morte do Salvador.
O oficial do exército arregalou os olhos e, boquiaberto, exclamou:
“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” (Mt 27, 54). Julgando-se
exceção, os pides ou espiões do comportamento alheio, já de pedras na mão,
apresentaram a Jesus uma senhora que, segundo as leis, deveria ser morta à
pedrada. Jesus, com delicadeza, levou-os a reconhecer que eles eram muito
piores do que ela, largaram as pedras e afastaram-se envergonhados. Paulo,
ainda jovem safadinho, foi quem guardou os mantos de quem arregaçou as mangas
para matar Santo Estevão à pedrada (At 7, 54-60). Essas pedras, porém, fizeram
acordar muitos para o discipulado de Cristo, inclusive o próprio Paulo.
Infelizmente, a pena de morte, por lapidação, ainda hoje é praticada em alguns
países, sem que as pedras sejam capazes de mover os corações de pedra ou
inverter a marcha e atingir quem as pedras manda usar. Entre nós, para exprimir
a rudeza da fraca hospitalidade, usamos a expressão: “fui recebido de pedras na
mão”! “Fui recebido à pedrada!”. Também há quem saiba “atirar pedras e esconder
a mão”, o que, em bom português, de antes e depois do acordo ortográfico, se
traduz por cobardia! Outros há que apedrejam com invenções, calúnias, intrigas,
deturpações da verdade ou meias verdades, apenas para humilhar e denegrir,
pensando que assim se elevam a si próprios. Também há quem manqueje “com pedras
no sapato” contra alguém, com ou sem razão. Não falta quem viva na ilusão de
colocar pedras sobre assuntos mal resolvidos. Mas muito, muito mais importante
e proveitoso, é que haja cada vez mais gente que goste de “sopa da pedra”, isso
é que sim, dá cor e genica!.
Na
entrega dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude aos jovens de Portugal,
em 22 de novembro passado, o Papa Francisco disse-lhes: “Queridos jovens,
gritai com a vossa vida que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor!
Se vos calardes, garanto-vos que gritarão as pedras!” (cf. Lc 19, 40). Mas será
mesmo que o Papa fez acordar as pedras e vão falar?
Bem,
tudo seria possível. Aquele que tudo criou e pode, bem poderia ordenar que as
pedras falassem. Mas não é isso que está em causa. Falar é uma prerrogativa
humana, dotada de inteligência, vontade e capacidade para amar, pensar e
comunicar. O Senhor criou-nos à sua imagem e semelhança, fez de nós pedras
vivas da sua Igreja, uma Igreja edificada sobre a Pedra firme que é Pedro,
sendo Cristo a Pedra angular. Chamou-nos, confiou em nós, enviou-nos em seu
nome, sem pedras na mão, mas com a certeza da sua presença para nos ajudar a
saltar, contornar ou retirar as pedras do caminho! Ele é a plenitude da Vida,
assim se apresentou quando mandou retirar a pedra do sepulcro de Lázaro! (Jo
11, 41). As mulheres que queriam ungir o corpo de Jesus morto, pelo caminho
perguntavam-se quem é que lhes iria retirar a pedra do sepulcro, pois era
grande e pesada para as suas forças. Porque não desistiram perante a
dificuldade, o milagre deu-se, encontraram a pedra removida e foi excelente o
raiar daquela madrugada (Mc 16,4).
Seguros
nas nossas capacidades, nem sempre queremos perceber o amor e os sinais que o
Senhor nos dá para nos chamar à pedra!... Facilmente viramos resmungões. O
Senhor, porém, deve rir-se destas nossas subtilezas, mas não desiste de nós,
serve-se de tudo, às vezes de coisas insignificantes, impensáveis, estranhas
até. A título de exemplo, recordo o que aconteceu a Balaão quando teimava em
seguir por caminho errado. A sua jumenta - ora vejam lá! -, a sua jumenta viu
primeiro do que ele que por aí é que não deveria ir, e não foi, deitou-se
debaixo do assanhado Balaão. Acasmurrado com tão asinina atitude, logo pulou,
de bastão na mão, furioso, a zurzir nos costados da pobre e fiel burrita. Com
ameaças de morte, despejou nela uma forte carga de porrada em três atos de
furibunda e intervalada raiva. A façanha durou tanto tempo quanto Balaão
precisou para ver e reconhecer os sinais que Deus lhe dava para que mudasse de
rumo e não se encaminhasse para a morte. Se fosse hoje, não se esquivaria dos
tribunais humanos do bom senso, nem da impertinência dos caçadores de notícias
quais abelhas à volta da colmeia com perguntas de lhe moer o toutiço, tampouco
faltaria quem dissesse que ele é que merecia um arraial de pancadaria a
colocá-lo entre a cruz e a caldeirinha!... (cf. Nm 22, 1-41).
Aquela
frase, recordada pelo Santo Padre aos jovens, é uma bonita forma de exprimir a
força e a certeza de que a vontade de Deus não pode ser calada. Essa expressão
situa-se no contexto da entrada solene de Jesus em Jerusalém. O povo
acompanhava e aclamava Jesus, maravilhado com o que Ele dizia e fazia. A
multidão, de ramos na mão e capas pelo chão, aclamava-o entusiasticamente. Os
fariseus, assaltados por uma terrível dor de cotovelo, ficaram com ciúmes, não
viram com bons olhos esse entusiasmo do povo, reconhecendo Jesus como o
Messias. No entanto, se incomodados com a aclamação e adesão do povo a Jesus, eles
não tinham coragem para agir, sabiam as consequências se o viessem a fazer.
Então, com cara de caso e de quem manda, dirigiram-se a Jesus para que Ele
repreendesse os seus discípulos e acabasse com toda aquela festiva algazarra:
“Mestre, repreende os teus discípulos”. Jesus, porém, respondeu: “Eu vos digo,
se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 35-40). Não era que isso fosse
acontecer, mas a sua hora é que tinha chegado e ninguém a poderia silenciar. O
entusiasmo do povo era inevitável, tinha chegado a hora de Jesus se manifestar,
Ele era o enviado de Deus, o Messias, aquele de quem as Escrituras falavam.
Ninguém o poderia esconder, ninguém o poderia calar, nem que fosse necessário
que as pedras gritassem.
Essa
Hora e Hoje de Jesus é também o nosso hoje. Por isso, caro jovem e menos jovem,
não te canses de gritar com a tua vida “que Cristo vive, que Cristo reina, que
Cristo é o Senhor!” (cf. Lc 19, 40). “Proclama a Palavra, insiste, no tempo
oportuno e inoportuno, refuta, adverte, exorta com toda a paciência e doutrina.
Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a sã doutrina; pelo contrário,
desejosos de ouvir novidades, rodear-se-ão de mestres a seu bel-prazer.
Desviarão os ouvidos da verdade, orientando-se para as fábulas” (2Tm 4, 2-5).
Se,
com Deus, até das pedras podem nascer filhos de Abraão, os filhos de Abraão,
sem Deus, podem virar em pedras. Tudo o que o homem é e tem, tem-no e é por
graça de Deus. Por isso, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor, diz São
Paulo.
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 29-01-2021.
*****************
Comunicado
do Conselho Permanente da CEP face à aprovação da eutanásia
Os bispos portugueses exprimem a sua tristeza e
indignação diante da aprovação parlamentar da lei que autoriza a eutanásia e o
suicídio assistido. Essa tristeza e indignação são acrescidas pelo facto de se
legalizar uma forma de morte provocada no momento do maior agravamento de uma
pandemia mortífera, em que todos queremos empenhar-nos em salvar o maior número
de vidas, para tal aceitando restrições da liberdade e sacrifícios económicos
sem paralelo. É um contrassenso legalizar a morte provocada neste contexto,
recusando as lições que esta pandemia nos tem dado sobre o valor precioso da
vida humana, que a comunidade em geral e nomeadamente os profissionais de saúde
tentam salvar de modo sobrehumano. Salientamos que a lei aprovada poderá ainda
ser sujeita a fiscalização da constitucionalidade, por ofender o princípio da
inviolabilidade da vida humana consagrado na nossa Lei fundamental. Não podemos
aceitar que a morte provocada seja resposta à doença e ao sofrimento. Aceitar
que o seja é desistir de combater e aliviar o sofrimento e veicular a ideia
errada de que a vida marcada pela doença e pelo sofrimento deixa de merecer
proteção e se torna um peso para o próprio, para os que o rodeiam, para os
serviços de saúde e para a sociedade no seu todo. Não podemos nunca desistir de
combater e aliviar o sofrimento, físico, psicológico ou existencial, e aceitar
que a morte provocada seja resposta para essas situações. A resposta à doença e
ao sofrimento deverá ser, antes, a proteção da vida sobretudo quando ela é mais
frágil por todos os meios e, nomeadamente pelo acesso aos cuidados paliativos,
de que a maioria da população portuguesa está ainda privada. Para além da
política legislativa lesiva da dignidade de toda a vida humana, somos
confrontados com um retrocesso cultural sem precedentes, caraterizado pela
absolutização da autonomia e autodeterminação da pessoa. A ele temos de reagir
energicamente. Por isso, agora, mais do que nunca, reforçamos o nosso propósito
de acompanhar com solicitude e amor todos os doentes, em todas as etapas da sua
vida terrena e, de modo especial, na sua etapa final.
Lisboa, 29 de janeiro de 2021