PARÓQUIAS DE NISA
Terça. 01 de janeiro de 2019
Terça. 01 de janeiro de 2019
Santa Maria, Mãe de Deus
TERÇA-FEIRA:
Oitava do Natal do Senhor
SANTA MARIA, MÃE DE DEUS –
SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. de Nossa Senhora.
L 1 Num 6, 22-27; Sal 66 (67), 2-3. 5-6 e 8
L 2 Gal 4, 4-7
Ev Lc 2, 16-21
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* LII Dia Mundial da Paz.
* Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus – Aniversário da aprovação do Instituto da Hospitalidade, mais tarde designado Ordem Hospitaleira (1572).
* Na Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição – Santa Maria, Mãe de Deus, Padroeira do Vicariato Português – SOLENIDADE
* Nas Dioceses de Cabo Verde – Ofertório para a Obra da Santa Infância.
* II Vésperas da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. de Nossa Senhora.
L 1 Num 6, 22-27; Sal 66 (67), 2-3. 5-6 e 8
L 2 Gal 4, 4-7
Ev Lc 2, 16-21
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* LII Dia Mundial da Paz.
* Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus – Aniversário da aprovação do Instituto da Hospitalidade, mais tarde designado Ordem Hospitaleira (1572).
* Na Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição – Santa Maria, Mãe de Deus, Padroeira do Vicariato Português – SOLENIDADE
* Nas Dioceses de Cabo Verde – Ofertório para a Obra da Santa Infância.
* II Vésperas da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
SANTA MARIA, MÃE DE
DEUS
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Sedúlio
Salvé, Santa Mãe, que destes à luz o Rei do céu e da terra.
Ou cf. Is 9, 2.6; Lc 1,33
Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.
O seu nome será admirável, Deus forte, Pai da eternidade,
Príncipe da paz. E o seu reino não terá fim.
Salvé, Santa Mãe, que destes à luz o Rei do céu e da terra.
Ou cf. Is 9, 2.6; Lc 1,33
Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.
O seu nome será admirável, Deus forte, Pai da eternidade,
Príncipe da paz. E o seu reino não terá fim.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus,
que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima,
destes aos homens a salvação eterna,
fazei-nos sentir a intercessão daquela
que nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso filho.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Num 6, 22-27
«Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei»
Leitura do Livro dos Números
O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e
aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O
Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te
seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim
invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 66 (67), 2-3.5.6 e 8 (R. 2a)
Refrão: Deus Se compadeça de nós
e nos dê a sua bênção. Repete-se
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação. Refrão
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra. Refrão
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra. Refrão
LEITURA II Gal 4, 4-7
«Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Hebr 1, 1-2
Refrão: Aleluia. Repete-se
Muitas vezes e de muitos modos
falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos,
Deus falou-nos por seu Filho. Refrão
EVANGELHO Lc 2, 16-21
«Encontraram Maria, José e o Menino.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus,
que dais origem a todos os bens
e os levais à sua plenitude,
nós vos pedimos,
nesta solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus:
Assim como celebramos festivamente as primícias da vossa graça,
tenhamos também a alegria de receber os seus frutos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio de Nossa Senhora I [na maternidade]
No Cânone Romano diz-se o communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria do Natal.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Hebr 13, 8
Jesus Cristo, ontem e hoje e por toda a eternidade.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
recebemos com alegria os vossos sacramentos
nesta solenidade em que proclamamos
a Virgem Santa Maria, Mãe do vosso Filho e Mãe da Igreja:
fazei que esta comunhão nos ajude a crescer para a vida eterna.
Por Nosso Senhor.
«Rezar
não é uma obrigação. É o prazer de falar com Deus».
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita, situa
o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Num 6, 22-27: Recitada
sobre o povo, que se havia reunido para o sacrifício da manhã, esta bênção
sacerdotal é um augúrio de paz para os filhos de Israel. Esta «paz», que em si
concentra todos os bens, é um dom de Deus. Invadiu o mundo com o Nascimento de
Jesus, pois o Salvador, realizando em Si as promessas divinas de salvação,
reconciliou-nos com o Pai e estabeleceu relações fraternais entre os homens.
Mas esta Paz, que se fundamenta na Paternidade divina, é também uma conquista
do homem. Na verdade, a paz, antes de ser uma realidade externa, é uma
disposição interior. «Se antes não se travassem guerras em milhões de corações,
também se não travariam no campo de batalha». Cada um de nós deve ser, pois,
construtor da paz verdadeira.
Gal
4, 4-7: O Mistério da Incarnação realiza-se na plenitude dos
tempos, no termo duma longa expectativa da humanidade, numa maravilhosa
manifestação da benevolência divina. Em Cristo, com efeito, Deus cumula os
homens de todas as bênçãos, concedendo-lhes a filiação divina e libertando-os
da escravidão da lei mosaica. Para produzir, porém, este duplo efeito, a
Encarnação realiza-se pela via normal dos homens e da lei. Cristo aceita um
nascimento humano e a submissão à lei. A lei situa-O na História da Salvação,
na História do Seu Povo; Maria situa-O entre os homens, Seus irmãos, que vem
libertar e salvar, tornando-os, à Sua semelhança, filhos do Pai.
Maria assume assim um papel insubstituível nesta revelação da Paternidade divina. É a Mãe de Deus, que concebe Seu Filho por obra e graça do Espírito Santo. É a Mãe da Igreja, Corpo de Cristo na terra.
Lc 2, 16-21: E, depois de oito dias, deram-Lhe o nome de Jesus». De todos aqueles que virão a ser adoptados em Cristo como filhos de Deus, os pastores são os primeiros a receberem a Boa Notícia da Salvação. É, porém, junto de Maria, Sua Mãe, a primeira crente, a totalmente disponível a Deus, que encontram o Salvador e, n’Ele, se encontram com Deus. A intervenção discreta de Maria ajudou-os, na verdade, a descobrir o verdadeiro rosto de Seu Filho. «A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a Encarnação do Verbo, por disposição da divina providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor – Cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça» (LG., 61).
______________________
LEITURA DO EVANGELHO:
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Ajuda-nos, Senhor, a gostar de nós mesmos,
simplesmente porque tu nos amas.
AGENDA
09.30.00 horas: Missa em
Amieira do Tejo
10.00 horas: Missa em
Arez
10.45 horas: Nissa em
Tolosa
11.00 horas: Missa em
Nisa
12.00 horas: Missa em
Alpalhão
12.00 horas: Missa em
Gáfete
15.30 horas: Missa em
Montalvão
15.30 horas: Missa no
Cachriro
15.30 horas: Missa no
Arneiro.
A VOZ DO PASTOR
«A BOA POLÍTICA ESTÁ AO
SERVIÇO DA PAZ»
Mensagem do Papa Francisco
para a celebração do Dia Mundial da Paz
1º de janeiro de 2019
1. «A paz esteja nesta
casa!»
Jesus,
ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem
de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10,
5-6).
Oferecer
a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita
a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história
humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que
fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua
singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem
discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos
colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis,
pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»
2. O desafio da boa
política
A
paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma
flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como
sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política
é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas,
quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana,
pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se
alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o
servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério
a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar
o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o
valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem
realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com
efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente
para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as
pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e
justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a
dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma
eminente de caridade.
3.
Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e
da paz
O
Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade,
conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na
pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma
valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do
homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui
para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde
caminha a história da família humana».[4] Trata-se de um
programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação
cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família
humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a
justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a
fidelidade.
A
propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas
por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen
Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado
o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado
o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado
o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado
o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado
o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado
o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado
o político que sabe escutar.
Bem-aventurado
o político que não tem medo.[5]
Cada
renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida
pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que
inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está
ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são
igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e
gratidão entre as gerações do presente e as futuras.
4. Os vícios da
política
A
par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos
quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições.
Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos
sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e
à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal
duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em
perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação
indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do
direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento
ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da
«razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o
racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos
naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao
exílio.
5.
A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando
o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos
indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser
tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da
sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo
contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos
talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se
nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa
«fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem
comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento
dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão
estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para
matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver.
Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um instrumento
de diálogo».[6]
Cada
um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida
política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os
sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada
geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias
relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é
fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em
particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do
outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e
manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de
fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o
nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas sociedades
necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos mensageiros e
testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família humana.
6. Não à guerra nem à
estratégia do medo
Cem
anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante
aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje,
ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a
paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter
o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua
dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação,
bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à
busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais
vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra
de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os
migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário,
deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa,
independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela
criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações
passadas.
O
nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem
nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua
vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças
sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é
requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O
testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das
crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.
7. Um grande projeto de
paz
Celebra-se,
nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a
observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos
próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular
de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua
dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com
efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade
mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que
requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma,
sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e
comunitária:
-
a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e –
como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para
consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
-
a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o
atribulado..., tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz
consigo;
-
a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de
responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo,
cidadão e ator do futuro.
A
política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode
sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador
e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do
Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos
de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como
tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc
1, 50-55).
Vaticano,
8 de dezembro de 2018.
Franciscus