sábado, 31 de março de 2012


CHEGADA DO GRUPO DE FORMADORES


O dia ficou marcado pela chegada dos formadores, que iniciaram a sua formação no berço da Congregação, em Steyl. Durante esse tempo foram a Goch e outros locais, importantes para a compreensão da nossa espiritualidade. Daí  a Oïes e rumaram para Nemi.

Este grupo traz a marca verbita: representam os cinco continentes, sendo na maioria asiáticos.

Neste grupo de formadores vem o nosso Pe. Constantino, congolês, que trabalha em Tortosendo, Covilhã.


Durante o jantar fomos todos mutuamente apresentados. A boa disposição foi a característica desta refeição de missionários mais velhos e mais novos. O grupo formado pelos de língua espanhola e portuguesa manifestaram logo os traços comuns que nos caracteriza.

Do grupo da Índia vem o Pe. Salvador Carvalho, goês, que conhece bem o nosso Pe, Pradeep  , que está em Almodôvar. Na Congregação do Verbo Divino há algo que ultrapassa a globalização: acontece a  comunhão entre culturas e povos.

sexta-feira, 30 de março de 2012


O dia em Nemi

Em Nemi, sob um sol primaveril, o curso da terceira idade continuou no seu ritmo normal. O Pe. Miguel McGuiness, com o agrado geral, continuou o tema sobre os votos religiosos.

Um grupo de leigos da cidade de Albano, que veio para um fim de semana de reflexão, fez-nos companhia durante o jantar.

O dia terminou com um serão dedicado ao Brasil. Foi apresentado um CD da Verbo Filmes sobre as Comunidades de Base, onde a Igreja aparece com um rosto popular, acolhedor e participativo.

Como não poderia faltar a famosa caipirinha, o Pe. Agostinho fez o favor de inventar um modo de no-la apresentar, embora sem a caraterística aguardente de cana. Mas serviu de tal modo que as vozes ficaram suficientemente fortes para as canções brasileiras.

Catequese sobre S-ao Paulo - 1ª Parte


PARÓQUIA DE ALMODÔVAR
Catequese semanal
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PAULO, APÓSTOLO
DE JESUS CRISTO

Autor: Pe. José Maria Coelho
Introdução:
          O nome de Paulo aparece como autor de 13 Cartas do Novo Testamento, escritas a diferentes comunidades, ao longo de uns cinquenta anos. Não sabemos ao certo quem e como se fez a colecção do chamado “Corpus Paulino”. Esta colecção contém as Cartas “proto-paulinas” – ou seja, as autênticas, as que ele próprio escreveu – e as deutero-paulinas, escritas talvez pelos seus discípulos. São proto-paulinas: Romanos, Gálatas, 1 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Filipenses e Filémon; as deutero-paulinas – escritas entre 70 e 100 – são as “Cartas Pastorais” – 1 e 2 Timóteo, Tito – e as restantes: Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses. Ao todo, treze Cartas. No fim do séc. II, a colecção das treze “Cartas de Paulo” (lista que incluía frequentemente Hebreus) estava feita e era aceite em toda a Igreja como Palavra de Deus (ver 2 Pe 3,15-16).
I.                  O APÓSTOLO PAULO

1.     Quem é Saulo de Tarso?
          Paulo nasceu em Tarso, cidade situada na costa sul da actual Turquia, perto da Síria. A sua família era judia e os seus antepassados eram naturais da Galileia, a terra de Jesus. Ao nascer puseram-lhe o nome de Saul – que em grego se transformou em Saulo. Anos depois, quando cristão e missionário, tomaria o nome latino de Paulo pelo qual é conhecido.
Desconhecemos a data de nascimento, mas sabemos que esteve presente na lapidação de Estêvão – ocorrida em Jerusalém, no ano 36 – quando ainda era jovem, o que nos leva a concluir que teria nascido por volta do ano 10.
          Os bons conhecimentos que Paulo tem do grego fazem-nos pensar que teria passado em Tarso a infância e a adolescência. Mais tarde, mudou-se para Jerusalém para aprofundar os seus estudos da Bíblia, na escola do rabino Gamaliel, preparando-se assim para ser também rabino. Talvez Paulo nunca tenha chegado a conhecer Jesus antes da sua ressurreição, tendo recebido de outros o que sabia da sua vida.

2.     A conversão de Paulo
·         Não sabemos com rigor o momento da conversão de Paulo, mas talvez esteja relacionada com o martírio de Estêvão e com a perseguição aos cristãos que aconteceu no ano 36, quando a Palestina esteve uns meses sem Procurador romano e o Sinédrio gozava de autonomia para tomar decisões de tamanha importância.
·         próprio Paulo, e também Lucas, seu discípulo e colaborador, contam-nos a conversão de Paulo a caminho de Damasco como um momento decisivo na sua vida. Foi um encontro pessoal com Cristo ressuscitado, com o Senhor, que levou Paulo a deixar todas as suas convicções religiosas judaicas para adoptar uma nova fé e um novo estilo de vida: o cristão. Foi esta experiência que transformou Paulo em Apóstolo de Cristo.

·         Depois da sua conversão, Paulo foi baptizado e ficou em Damasco com a comunidade cristã durante algum tempo. Partiu então para a Arábia – assim se denominava então a região ao sul do Mar Morto – donde regressou a Damasco para pregar o Evangelho. Ao fim de três anos, foi a Jerusalém para conhecer Pedro e os outros membros da comunidade. A oposição que lhe fizeram os judeus de Jerusalém, que antes o contavam entre os seus e agora o consideravam inimigo, levou-o a mudar-se para Tarso, sua cidade natal. Passados quatro anos, foi procurado por Barnabé que vinha de Jerusalém e o levou para Antioquia, então capital da Síria, onde uma jovem comunidade cheia de vida se tinha lançado a anunciar o Evangelho aos gregos ali residentes. Foi lá que os discípulos de Jesus receberam pela primeira vez o nome de cristãos. Em Antioquia decidiram mandar missionários a outras cidades gregas e para essa missão escolheram Paulo, Barnabé e Marcos. Assim começaram as viagens missionárias de Paulo.

3.     Paulo, missionário do Evangelho
·         Paulo sentiu a necessidade de levar a mensagem salvadora de Jesus a todos os homens; até chegou a dizer: «Ai de mim se não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9, 17). Fez diversas viagens por terras das actuais Turquia e Grécia para pregar o Evangelho às pessoas de cultura grega.

1ª Viagem
          Durante a primeira viagem missionária. Paulo e Barnabé percorreram Chipre – onde Paulo deixou o nome grego de Saulo e tomou o latino de Paulo – e o sul da actual Turquia: as cidades de Atália. Perge, Antioquia da Pisídia, Icónio, Listra e Derbe. São nomes que hoje nos parecem estranhos e de que nos restam uns montões de minas; mas que naqueles tempos eram cidades florescentes, cheias de vitalidade. O facto de Paulo ter chegado até aos seus habitantes pressupõe um grande progresso da Boa Nova. Durante a viagem de regresso voltaram a visitar as comunidades cristãs que tinham fundado, para as animar e organizar numa maior estabilidade.
2.ª Viagem
          Na segunda viagem, Paulo visitou estas mesmas cidades e seguiu mais para a frente até chegar à costa ocidental da Turquia, donde passou para a Grécia. Lá percorreu as cidades de Filipos, Tessalónica, Atenas e Corinto. Seguidamente embarcou para Éfeso, na actual Turquia e daí para Jerusalém, a visitar as comunidades cristãs que tinham fundado, para as animar e organizar numa maior estabilidade.

3ª  Viagem
·         Paulo começou a terceira viagem, a mais comprida de todas, em Antioquia, donde se dirigiu para a região dos Gálatas – no centro da actual Turquia. Passou dois anos em Éfeso, onde escreveu algumas das suas cartas, dirigidas às comunidades que tinha visitado anteriormente. Depois visitou novamente as cidades gregas onde tinha fundado comunidades cristãs na segunda viagem. Durante esta terceira, realizou uma colecta a favor da comunidade de Jerusalém, que estava a atravessar tempos difíceis.
·         Em todas as viagens, Paulo seguiu sempre a mesma táctica: começava a pregar aos sábados na sinagoga do lugar; quando os judeus, escandalizados com a sua pregação, o expulsavam da sinagoga, então, com os poucos judeus convertidos, dirigia-se aos pagãos, que costumavam recebê-lo melhor. Assim foram nascendo as primeiras comunidades cristãs de origem não judaica.

4.    Últimos anos de Paulo
No ano 58, ao chegar a Jerusalém, depois da terceira viagem, Paulo foi preso no Templo por judeus procedentes da região de Éfeso que o reconheceram. Acusaram-no de promover a violação da lei de Moisés e de introduzir no recinto do Templo um pagão. Tentaram linchá-lo imediatamente, mas foi salvo por um destacamento romano de guarda. O chefe romano de Jerusalém, com medo dos judeus, enviou Paulo ao governador Félix, que residia em Cesareia. O governador romano pretendia obter dinheiro de Paulo em troca da sua liberdade. Depois de dois anos de prisão em Cesareia, Paulo, como cidadão romano que era, apelou ao tribunal de César e foi mandado para Roma a fim de ser julgado.
5.     ª Viagem
Foi esta a quarta viagem de Paulo de que temos noticia. Em Roma esteve mais dois anos em prisão domiciliária. Durante a sua estada nesta cidade, deve ter escrito a Carta aos Colossenses. A partir daqui perdemos a pista do Apóstolo.  



O martírio de São Paulo
A tradição situa o martírio de Paulo em Roma, mas a data não é segura; estabelece-se como data mais provável o ano 67. Não sabemos, no entanto, o que é que Paulo fez durante estes anos.

quinta-feira, 29 de março de 2012

ORAÇÃO PELOS MAIS PRÓXIMOS


OS VOTOS RELIGIOSOS VIVIDOS HOJE

Na sequência do tema apresentado pelo Pe. Abreu, o Pe. Miguel McGuiness, responsável na casa de Nemi, iniciou hoje, segundo o programa previsto para o curso de Terceira Idade, o tema dos votos religiosos, na perspetiva do testemunho profético para época pós moderna em que vivemos. Pe. Miguel, embora irlandês por nascimento, fala fluentemente português, pois trabalhou no Brasil por trinta anos.

ORAÇÃO PELOS MAIS PRÓXIMOS

Hoje, Pai, quero pedir-Te
pela minha família e pelos meus vizinhos.
Tu nos conheces a todos pessoalmente:
nos conheces pelo nome e pelo apelido,
conheces as nossas alegrias e penas,
as nossas capacidades e defeitos,
conheces a história de cada uma e de cada um .

Tu nos aceitas como somos
e nos vivificas com o teu Espírito.

Tu, Senhor, nos amas a todos,
não porque sejamos bons,
mas porque somos tuas filhas e teus filhos.

Ensina-me  aceitá-los e  aceitá-las como Tu,
não pelo que dizem ou fazem, mas pelo que são.
Ensina-me a descobrir em cada uma e em cada um,
especialmente nos mais fracos,
o mistério do teu amor infinito.

Dou-te graças, Pai,
porque puseste junto da minha porta
irmãs e irmãos.
Todos são para mim uma oferta,
um verdadeiro sacramento,
sinal vivo, sensível e eficaz
da presença do teu Filho.

Concede-me o olhar de Jesus para os contemplar.
Concede-me um coração semelhante ao d’Ele,
para os amar sem limites,
porque também quero ser para cada uma  e para cada um
“sacramento” vivo da presença de JESUS.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Até velhice...


Até na velhice...


O Pe. Manuel Abreu terminou o seu trabalho em Nemi. Veio de propósito de Portugal para refletir connosco sob o tema: “o ancião na Bíblia”. A frase bíblica que a coordenação do curso propôs foi: “até na velhice continuarão a dar frutos e hão-de manter sempre a seiva e o frescor” Sl 92,15. Sem fugir ao tema, preferiu apresentar as suas reflexões sobre o ângulo “os nossos pais nos contaram”. Acentuou que a Bíblia nos narra o amor que Deus manifesta pela humanidade e as várias respostas desta a Deus. Interessante o convite que o Pe. Abreu fez a todos os participantes a “re-escreverem” a partir da própria vida um parágrafo do Evangelho. Surgiram autênticas surpresas. Bem hajas, Pe. Manuel

terça-feira, 27 de março de 2012

Bem-aventurados


As bem-aventuranças ecológicas


Bem-aventurados
os que olham este mundo
como criação divina,
porque Deus lhes dará a Terra.

Bem-aventurados
os que respeitam tudo quanto vive,
porque Deus lhes dará are puro e água fresca.

Bem-aventurados
os que não exploram violentamente a natureza,
porque em cada ano receberão de novo a Terra
cheia de dons paradisíacos.

Bem-aventurados
os que se comprometem para que exista are puro;
Deus lhes dará o seu alento.

Bem-aventurados
os que se privam de algo pelo bem da Criação,
experimentarão o amor de Deus.

Bem-aventurados
os que levantam a voz contra a destruição da Terra,
serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados
os que tratam as plantas e os animais
como seus irmãos ou suas irmãs,
porque estarão perto de Deus. Assim seja.


segunda-feira, 26 de março de 2012

O ANCIÃO NA BÍBLIA

O ANCIÃO NA BÍBLIA

O Pe. Manuel Abreu começou um novo tema bíblico. Foi um dia calmo. Reflectimos sobre o "ancião na Bíblia". A expressão que mais acentuou foi a de "os nossos pais nos contaram" e ainda "o Deus de nossos pais". Acentuou a nossa tarefa de fazer memória da fé. 

Liturgicamente celebrámos, como em toda a Igreja, a festa da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Celebração simples mas muito vivida. É a festa da Incarnação do Verbo. O Pe. Eugénio Bagisnski que hoje festejou os 79 anos de idade (o dia de aniversário foi ontem), presidiu e acentuou o grande significado desta festa para os missionários do Verbo Divino.

O serão foi dedicado à Argentina.

domingo, 25 de março de 2012

Carta de São José Freinademetz


Este Domingo foi passado na tranquilidade, aprofundando o muito que vivemos na peregrinação a Oïes, terra natal de São José Freinademetz. Preparamo-nos para mais uma semana do nosso curso. O primeiro orientador será o Pe. Abreu que veio de Portugal para nos falar do ancião na Bíblia. Hoje publicamos numa tradução portuguesa a primeira carta que o nosso santo missionário escreveu ao chegar à China. Escreveu esta carta oito dias depois de chegar. É realmente uma carta para familiares e amigos, onde conta as primeiras impressões, ainda sem conhecer profundamente o povo chinês. Neste momento as dificuldades ainda não chegaram e a novidade é o constante. Notamos e admiramos aqui um aspeto muito humano da sua personalidade. Nota-se a saudade que tem pela sua terra, que sabe que nunca mais verá. As palavras mais carinhosas vão para os pais e demais familiares. É uma carta bela, que vale a pena ler e meditar.

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Hongkong, 28 de Abril de 1879

Meus queridos no Sagrado Coração de Jesus.

Aqui me encontro no país pelo qual tanto rezei e que Deus achou por bem mostrar-me. Depois de uma viagem que demorou entre quatro a cinco mil horas, cheguei finalmente à China, o meu novo lar, pelo qual esperei tanto tempo. Louvado seja o meu Senhor e Deus porque olhou com o seu coração paternal e me trouxe em seus braços nesta longuíssima viagem cheia de perigos e obstáculos. Também vos agradeço a vós, pai e mãe, e a todos os que me acompanham com a sua oração, porque na verdade, vós partilhais comigo esta missão.

No último Domingo, dia 20, cheguei ao meu destino, Hongkong, China. Durante a  última semana, depois de que saímos de Ceilão, escrevi algumas linhas a bordo, embora o mar estivesse algo turbulento. O mar da China é conhecido pelas suas tempestades, e de facto assim sucedeu quando o cruzámos. Padeci de náuseas, pelo que tive de permanecer na cama. Esta última parte da nossa viagem foi desagradável; o barco estava simplesmente repleto de passageiros. Apenas se podia caminhar um pouco. Podereis imaginar quanto desejava chegar a Hongkong. Aconteceu finalmente o momento desejado. Seguro e, finalmente, cheio de esperança, desembarcamos. Um seminarista veio-nos buscar e levou-nos ao longo da grande cidade, enquanto que, com o coração palpitando de alegria, recitámos mentalmente o Te Deum, agradecendo ao bom Deus. Como vos confidenciei, no ano passado um jovem e bom sacerdote perdeu a vida na travessia. Dou realmente graças a Deus por me ter permitido fazer esta longa viagem através do mar sem nenhum acidente.

Aqui em Hongkong nunca mais encontrarei a nossa bela Val Badia, e nunca mais aí voltarei, pois todos buscamos o nosso verdadeiro lar muito para além das estrelas. Em vão buscarei por aqui a minha terra natal Oïes, sem dúvida o lugar mais bonito do mundo. E o pior é nunca mais poder ter junto de mim o meu pai, a minha mãe, os meus irmãos e as minhas irmãs, assim como muitos dos meus bons amigos que estão do outro lado do mar. Anima-me o facto de não estar aqui por minha própria vontade ou em busca de ouro, prata, mas para ganhar almas para Deus, vencer uma guerra contra o demónio e o inferno, destruir os falsos templos dos deuses, implantar no seu lugar a árvore da Cruz, conduzir os pobres pagãos, que também são nossos irmãos e irmãs, ao conhecimento do amor de nosso Deus crucificado, do Sagrado Coração de Jesus e de Maria. Ao pensar nisto, sinto que nunca poderei agradecer o suficiente a Deus por me ter enviado para a China.

Quando penso nestes pobres pagãos carregando tanta miséria e pensar que eu poderia ser um deles, e contudo Deus fez-me, por sua misericórdia, um missionário para e a favor deles. Pensando em tudo isto começo a gritar de alegria. Imaginem, nesta cidade há aproximadamente 100.000 habitantes e entre estes apenas uns mil católicos. Quase todos são pagãos, e não lhes interessa a religião nem a sua alma.
Outros têm alguma religião. Oferecem sacrifícios a seus ídolos. Às vezes oferecem um porco aos seus deuses. Porém, só o fumo vai para estes ídolos e isto os satisfaz, porque eles próprios comem depois esta carne. Até as crianças sabem como fazê-lo. Muitos entregam os filhos nos mosteiros que há por aqui mas, para além de uma moedas, não lhes dão mais nada e nem se preocupam mais por eles. Nestes mosteiros se entregam mais de mil crianças por ano, muitos deles morrem, mas pelo menos são batizados. Por aqui todos ficam a conhecer como a Igreja pode ser boa mãe e valorizar os religiosos e sacerdotes; porém, os pagãos pensam apenas em receber dinheiro. Contudo são muito trabalhadores e habilidosos no fazer qualquer coisa. Por aqui não há cavalos e tudo é carregado por pessoas que fazem este trabalho por 40 cêntimos hora, e as ruas estão repletas destes carregadores humanos.

A cidade é grande, e neste ano foram demolias de 400 a 500 casas. A região é bonita. Pode-se ver o mar e há montanhas como no Tirol. A terra é muito fértil. O calor é tolerável e nos meses Junho, Julho e Agosto pode ser muito quente. Amanhece 7 ou 8 horas mais cedo do que Oïes. Estamos vivendo na casa do Bispo, que nos acolheu cordialmente. O bispo é e Milão, chama-se Raimondi, e acolheu-nos muito cordialmente.

É necessário aprender muitas línguas, porque aqui fala-se chinês, italiano, alemão, português francês, inglês e ladino é o único que posso falar. Todos usam uma trança de cabelo quase até ao chão. O Bispo tem um seminário com 11 seminaristas. Quando os ouvimos rezar ou cantar, por exemplo a oração da tarde, no Tirol todos pensariam que eram loucos. Mas o senhor alegra-se por estes pequenos que chamou a ser sacerdotes para o seu povo desafortunado. Os chineses quase sempre rezam cantando, pelo que pode tornar terrivelmente ruidoso o ambiente na igreja.
Termino esta carta com uma oração por todos vós, meus amigos em Badia e São Martinho. Recordem-me nas vossas orações. Não cesso de vos ter presentes a todos diante do Sagrado Coração de Jesus e de Maria, principalmente  os meus queridos pai e mãe. Estou mesmo feliz por estar aqui na China e não se preocupem por mim. Quando me quiserem ver entrem no Sagrado Coração de Jesus e ali nos encontramos mutuamente. Por favor, escrevam-me se ainda o não fizeram.
Saudações
GF Giuseppe Freinademetz)

sábado, 24 de março de 2012

ECOS DA PEREGRINAÇÃO A OÏES


Foram muitas centenas de quilómetros percorridos de Nemi até Oïes, à casa onde nasceu Santo José Freinademetz. Mas mais marcante que os quilómetros percorridos, é a caminhada interior. Só cada um pode avaliar se valeu  ou não pena. Mas o inegável é o clima espiritual que se respira nesta casa. Sei que várias pessoas conhecidas me acompanharam espiritualmente nesta peregrinação, e sei também que recordam  a marca que lhes ficou da ida a este lugar que é 
santo, porque aí alguém, - José - teve a coragem de prestar ouvidos a Deus que o chamou para uma tarefa tão sublime como difícil: a de ser anunciador do Evangelho na China.
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Também  hoje ainda não é possível, dado o cansaço, fazer uma apresentação mais elaborada. Fala-emos aos poucos nos próximos dias.
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Algumas fotos:
      


 

sexta-feira, 23 de março de 2012

OÏES



o dia de hoje

Estava no programa e cumpriu-se que o dia de hoje seria com S. José  Freinademetz. Na verdade foi um que nos encheu. Como é que Deus foi buscar ao meio das montanhas um homem que foi um gigante da evangelização na China. Passou por perigos, foi perseguido, ridicularizado e, no final os cristãos tratam-no pelo nome de Padre Feliz. Quando começou o trabalho na missão havia 158 cristãos. No final da sua vida, após 30 anos de trabalho havia 40.000. Só num ano batizou 5000 adultos.
Nos próximos dias publicaremos algumas das suas cartas. São um testemunho de quem vive para a evangelização.

O dia de hoje foi grande, não só pelo encontro com as raízes do nosso ideal missionário, mas também pelo encontro de amigos e na admiração da natureza.


                     A beleza das montanhas
                     nevadas,
                           Passo Gardena
                           2160 metros






 Junto da Casa de Oïes
O contato dos amigos: Pe. Valente, Pe. Jorge Fernando e Pe. João Miguel

CATEQUESE DE ADULTOS


PARÓQUIA DE ALMODÔVAR


ATOS DOS APÓSTOLOS (II):
AS PRIMEIRAS COMUNIDADES  CRISTÃS

Autor:  Pe. José Maria Coelho

INTRODUÇÃO
1. Em todos os lugares por onde passavam, desde Jerusalém a Roma, iluminados e fortalecidos pelo Espírito Santo, os Apóstolos davam testemunho de Jesus e proclamavam o Evangelho (Boa Nova) da salvação. E havia sempre um grupo de pessoas, mais ou menos numeroso, que aderia à sua pregação, que acreditava no Senhor Jesus e que recebia o batismo. Deste modo, surgiram, um pouco por toda a parte, as primeiras comunidades cristãs.
2. Existe, da nossa parte, uma certa curiosidade e um certo interesse em saber como viviam os cristãos dos primeiros tempos da Igreja: aqueles que tiveram o privilégio de receber a pregação e o testemunho de quem viveu e acompanhou o próprio Jesus.
                Partindo das informações fornecidas pelo livro dos Actos dos Apóstolos, pretendemos apresentar, de um modo simples e breve, esse modo de vida das comunidades cristãs primitivas, bem como o seu impacto no mundo pagão que as rodeava.
·        Características da Comunidade Cristã ideal

·         A primeira comunidade numerosa que Lucas refere é a de Jerusalém. O autor do livro dos Atos regista que, após o discurso de Pedro proferido no dia de Pentecostes, cerca de três mil pessoas acolheram a sua palavra e receberam o batismo (2, 41). Imediatamente a seguir (2, 42-47), Lucas oferece-nos um resumo sobre o modo como viviam os cristãos dos primórdios da Igreja. É claro que não se refere só aos cristãos de Jerusalém.
·         Ele tem em mente as muitas comunidades que já existiam no momento em que escreve o seu livro. Uma descrição semelhante é feita em At 4, 32-34. Através destes textos, Lucas apresenta um modelo de vida cristã que pode servir como ponto de referência (não necessariamente de imitação) aos cristãos de todos os tempos.
·         Antes demais, impressiona-nos a unidade que existia entre os cristãos: «A multidão dos que haviam acreditado tinham um só coração e uma alma» (4, 32). Aqueles que viviam animados pela mesma fé, que se encontravam unidos ao mesmo Senhor Jesus Cristo, que experimentavam na sua vida o amor salvífico de Deus, esses viviam em sintonia, em comunhão uns com os outros. Essa unidade, esse comum sentir e viver tornam-se visíveis e fortificam-se na oração em comum, na fração do pão e na partilha dos bens.
·         Este modo de vida parece ser a concretização do ideal de comunhão que Jesus quer que exista entre todos os seus discípulos e que Ele manifestou na oração ao Pai: «...a fim de que todos sejam um... para que o mundo creia que Tu me enviaste» (Jo 17, 21). A credibilidade de Jesus e da sua mensagem, diante dos homens de todos os tempos, passa pela unidade existente entre os que acreditam no Seu nome – os cristãos.

1.2.  «… Eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos» (2, 42)

·         A fé nasce da escuta da Palavra, do anúncio do Evangelho. No entanto, é necessário aprofundar e esclarecer a fé. Só assim, ela se tornará cada vez mais forte e operante. Daí, a exigência de continuar a frequentar o ensinamento dos Apóstolos. Não basta o primeiro anúncio do Evangelho, é necessária a catequese, a pregação, o estudo pessoal.
·        Como os primeiros cristãos, também nós devemos ter humildade para continuar a aprender, para procurar conhecer sempre melhor a razão de ser da nossa fé e da nossa vida cristã.
1.3. «... Eram assíduos... à comunhão fraterna» (2, 42)
·         Esta comunhão fraterna é explicitada no v. 44: «...Punham tudo em comum: vendiam as suas propriedades e bens e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um».
·         Aqueles que estão unidos pela mesma fé e pelo mesmo amor, põem tudo em comum. A comunhão de fé e de amor torna-se visível e credível quando passa pela partilha dos próprios bens materiais, quando as pessoas estão atentas e abertas às reais necessidades do seu semelhante. Em razão desta partilha e solidariedade, «não havia entre eles necessitado algum» (4, 34). Vivendo deste modo, os cristãos ensinavam aos seus contemporâneos que todos os bens da terra foram criados por Deus e se destinam a todos os homens.
·         Ninguém pode considerar, como exclusivamente seus, os bens que possui! Eis um princípio importante a ter presente também hoje! Mas a comunhão fraterna não consiste apenas em dar bens materiais. Ela implica a doação de si mesmo: ser e viver com os outros e para os outros. Os cristãos sentem-se irmãos uns dos outros, porque estão unidos pela mesma fé em Jesus Cristo. Como consequência, eles encontram-se envolvidos na mesma aventura existencial e comprometidos no mesmo projeto de Deus.

1.4. «…Eram assíduos à fração do pão» (2, 42)
Com estas palavras, o autor dos Atos quer dizer-nos que os cristãos participavam frequentemente na Eucaristia. A expressão «fração do pão» está ligada ao gesto que Jesus realizou na última ceia, quando instituiu a Eucaristia: «E tomou o pão, deu graças, partiu-o... dizendo: ‘Isto é o meu corpo’» (Lc 22, 19). Nos primeiros tempos da vidada Igreja, a Eucaristia (a fração do pão) tinha lugar durante uma verdadeira refeição.
1.5. «…eram assíduos às orações» (2, 42)
Para além da Eucaristia, os cristãos «eram assíduos às orações» (2, 42). No início, no que se refere aos cristãos provenientes do judaísmo, eles tomavam parte nas orações do povo e continuaram a frequentar o Templo. Assim, em At 3, 1, lemos: «Pedro e João subiam ao Templo para a oração da hora nona» (três horas da tarde).  
          Em razão da sua especificidade, o Cristianismo comportava novas exigências de vida espiritual. A fé no Deus de Jesus Cristo implicava um novo tipo de relação com Deus, também ao nível da oração.
           Assim encontramos os cristãos expressamente reunidos para rezarem. É importante realçar a oração em comum, como um momento privilegiado da vida da Comunidade Cristã.
1.6. «...gozavam da simpatia de todo o povo» (2, 47)
          Os cristãos distinguiam-se ainda pela «alegria e simplicidade de coração»(2, 46). Encontrando em Jesus Cristo o verdadeiro sentido da sua vida, eles experimentavam e testemunhavam a alegria da salvação. Aquele que se sente amado por Deus, aquele que conhece o rumo e a meta da sua vida, aquele que se sente amado, compreendido e ajudado pela comunidade dos crentes, esse é a pessoa autenticamente feliz.
          E, na verdade, é a alegria que torna credível o cristianismo e lhe dá um rosto atraente. Podemos mesmo dizer que a alegria dos cristãos tem uma força missionária. Com efeito, os cristãos «gozavam da simpatia de todo o povo» (2, 47) e em cada dia o Senhor acrescentava o número dos que acreditavam em Jesus.
2. A outra face das Comunidades Cristãs
1. Lucas quis idealizar a comunidade cristã das origens. No entanto, e o próprio livro dos Atos permite-nos tirar essa conclusão, nem todos viviam desse modo. No capítulo 5, 1-11, deparamo-nos com um caso que desmente a universalidade da partilha dos bens. Ananias e Safira venderam uma propriedade. De comum acordo, retiveram parte da importância para eles e entregaram a outra parte aos Apóstolos, afirmando que era todo o valor da propriedade.
          O mal de Ananias e Safira não está em entregar apenas uma parte. Como Pedro dá a entender, uma vez que o terreno lhes pertencia, eles podiam ter ficado com tudo. O mal está em terem mentido. E não mentiram apenas aos homens, mentiram também ao Espírito Santo. Como consequência desta atitude, Ananias e Safira são expulsos do seio da comunidade. Esta exclusão é entendida como uma morte. Por isso mesmo se diz que morreram e foram levados para fora. Quem não é fiel ao Espírito, que é Espírito de verdade, não pode permanecer no interior da Igreja, não pode fazer parte da comunidade cristã.
          O egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por pessoas santas e pecadoras.
2. À medida que a Igreja primitiva cresce, surgem também alguns conflitos no seu interior. E não nos devemos admirar disso. De resto, esses conflitos, não raras vezes, são ocasião para um desenvolvimento benéfico. É nessa perspetiva que devemos encarar a crise que é provocada pelos cristãos de origem helenista (pagã) – (6,1s).
          Estes queixam-se, porque não é prestada a assistência devida às suas viúvas. Para resolver esta situação, os Apóstolos escolhem 7 homens – os diáconos, os quais ficam com o encargo de atender as necessidades materiais dos cristãos. Esta preocupação é de um grande alcance. Ela diz-nos que a Igreja não se interessa apenas por salvar a alma, mas tem em vista o bem integral do homem.
          Os diáconos não se limitarão ao serviço das mesas. Eles dedicar-se-ão também à pregação do Evangelho. No último encontro, nós vimos o diácono Filipe a anunciar o Evangelho na Samaria e ao Etíope.
3. Os cristãos são chamados a identificarem-se com Jesus no sofrimento, nas perseguições e na morte

          Ainda, segundo o que nos diz o autor dos Actos dos Apóstolos, os discípulos de Jesus (os cristãos) são chamados a identificar-se com o Mestre também no sofrimento, nas perseguições e na morte. Jesus já os havia prevenido de tudo isso: «acautelai-vos dos homens: eles entregar-vos-ão aos sinédrios e flagelar-vos-ão nas suas sinagogas. E por causa de mim, sereis conduzidos à presença de governadores e de reis, para dardes testemunho perante eles e perante as nações» (Mt 10, 17-18).
·         A oposição aos cristãos virá, antes de mais, da parte dos judeus. Tal como perseguiram Jesus, também agora perseguem os cristãos por os considerarem uns renegados da religião judaica e das tradições dos seus antepassados. Mais tarde, e ainda quanto nos informa Lucas, também terão de enfrentar a oposição das autoridades romanas.
·         O livro dos Actos refere que os Apóstolos foram metidos na prisão em diversas ocasiões. Pedro e João têm de comparecer diante do sinédrio por terem curado um coxo (4,3-7).
·         O diácono Estêvão será martirizado (At 7). Igual sorte conhecerá o Apóstolo Tiago, morto às ordens de Herodes (12,1-2). Paulo, que antes fora um acérrimo perseguidor dos discípulos de Jesus, conhecerá também ele a oposição dos judeus e mesmo a prisão.
·         Podemos afirmar que os cristãos dos Actos entenderam e levaram bem a sério as palavras de Jesus: «Felizes sereis, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,12).
Conclusão
          Lucas termina o seu livro com a narração da chegada de Paulo a Roma, referindo que ele vivia em regime de prisão domiciliária à espera do seu julgamento (Paulo havia apelado para César).
          Seria de esperar que o livro se concluísse com a morte do Apóstolo. Mas não. Os Atos dos Apóstolos é um livro aberto, um livro que deve permanecer incompleto. É que a missão dos Apóstolos ainda continua. Continua na missão da Igreja, na missão de cada cristão. Enquanto existir o mundo dos homens, o mundo onde é preciso anunciar e testemunhar Jesus Cristo, não se pode escrever a conclusão do livro dos Atos dos Apóstolos!
          O egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por pessoas santas e pecadoras.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O DESAFIO DE UMA VIAGEM


O programa do curso trouxe-nos a Bressanone. Mais do que uma viagem ela é uma peregrinação às raízes da nossa vocação. Olhar o exemplo de José é sentir o renovado desafio que Deus nos dirige: “Sede santos”. Esta não está na fuga, mas no valorizar o que de mais autêntico e humano existe em nós.
A primeira carta de São José Freinademetz aos pais e irmãos que transcrevemos numa tradução, é o mais belo testemunho de que Deus quando chama alguém o chama a partir da sua situação concreta.



A CIDADE DE BRESSANONE

Bressanone em italiano, ou Brixen em alemão, é uma cidade situada no Alto Adige italiano. Cidade muito antiga e com muita história.

Lindíssima pela sua paisagem. Encravada entre montanhas, é uma cidade  que tem tanto de mistério como de encanto. Para que o horizonte da nossa vista se alargue, obriga-nos a olhar para o alto e imaginar o que está para além dos cumes dos montes, nesta altura do ano cobertos de neve.

O rio de águas límpidas, não muito grande e sempre cantarolando entre as pedras, convida-nos a pensar na simplicidade e na beleza das coisas naturais. As ruas limpas e ordenadas, dão razão de ser a uma população serena, ordeira e sem pressas.

Foi o que vimos e sentimos hoje nesta cidade, enquanto nela percorríamos os passos de São José Freinademetz. Neste envolvimento quase que o víamos e sentíamos, tal o fascínio que este ambiente provoca em nós.

Estivemos na catedral, onde José foi menino do coro, graças à melodiosa voz que possuía.

No Cassianeu, escola elementar onde Freinademetz estudou, parece que as paredes renovadas ainda o recordam, e no Seminário a capela ainda sussurra a lembrança da ordenação sacerdotal de um santo.

O convento dos franciscanos, ali bem perto, foi testemunha do encontro difícil entre duas pessoas a caminho da santidade: Arnaldo Janssen e José Freinademetz.

O Paço episcopal, na na rua quase a seguir foi testemunha de uma frase profética do Bispo que diz: “o bispo de Brixen diz não à partida do seu sacerdote José para as missões, mas o bispo católico diz sim”.

E de fato, passados dois meses depois desta autorização episcopal, José Freinademetz já estava em Steyl, Holanda.

Foi uma viagem longa e penosa, a primeira entre tantas a que Deus o convidou. A mais importante de todas foi o êxodo interior que o acompanhou em toda a sua vida.

Primeira carta de São José Freinademetz aos pais e irmãos, depois de chegar a Steyl.

Steyl, 29 de Agosto de 1878.

Queridos pais, irmãos e irmãs:

Sei muito bem que estais esperando esta carta de minha parte, vosso filho e irmão. Por isso apresso-me a escrever-vos apenas algumas linhas, prometendo-vos outra carta dentro de três semanas.

Estava de coração muito triste e senti muito como filho e irmão aquele momento em que me despedi de vós, meus queridos, para ir para um país longínquo do qual não conhecia nada. Quando em Insbruck me vi só e abandonado, senti-me como um órfão; mas de repente vieram-me aquelas palavras que vieram de um bom amigo: “Enquanto mais abandonado e afastado te sentires dos homens, tanto mais perto estarás de Deus”. Senti, então, uma certa alegria e consolo no coração que me dizia: “tu abandonas-te tudo por Deus, portanto Deus não te abandonará”.

Abri o pequeno livro de Tomás de Kempis, único amigo que escolhi para companheiro de viagem, e as primeiras palavras que os meus olhos leram, foram: “vinde a Mim todos os que estão atribulados e Eu o consolarei”. Assim segui de viagem, um dia depois do outro, sem que me tivesse sucedido qualquer desgraça e sem a mínima dificuldade em encontrar o caminho. Para vos contar as coisas que vi, não saberia por começar e acabar. As visitas principais as fiz sobretudo às Igrejas, entre as quais vi algumas mesmo mais bonitas do que a da minha Badia. Um bom trecho da viagem foi por rio. Foram dezoito horas. Da grandeza, maravilha e da comodidade do barco, eu não tinha a menor ideia.

A distância de Oïes até ao lugar onde estou agora, é verdadeiramente muito grande, nunca o tinha imaginado. De Insbruck até agora não encontrei ninguém conhecido. Cheguei aqui Terça à tarde. A viagem custou cerca de 50 florins, e a bagagem que também já chegou custou 15florins. A experiência geral que tenho desta viagem é aquela que mamã dizia: “Dêem graças a Deus, filhos e filhas, que estais em Badia e a quem Deus não chamou, e não abandonem a formosa Badia”.

Agora umas palavras sobre a Casa da Missões, onde estou atualmente. Esta é realmente uma casa de Deus, onde se respira o espírito de piedade e de temor de Deus. Digo sinceramente, do pouco que vi nestes dias desde que estou aqui, não temo dizer demasiado, se disser que não encontrei até agora uma coisa igual em Cassianeu nem no seminário de Bressanone. O zelo o fervor, a modéstia dos estudantes desta casa, é uma coisa totalmente nova para mim. Que jovens, tão jovens, que conheçam já de tal modo que a vida sobre a terra não é uma brincadeira, não pode vir de outro lado senão do fato de todos estes quererem ser missionários. Por isso estou contentíssimo de estar aqui e não sei como agradecer ao Senhor o suficiente. Poderei aproveitar muito. Primeiro a viver como verdadeiro cristão, em segundo lugar começar a aprender a língua chinesa. Aqui há sete sacerdotes, quarenta estudantes e diversos artesãos. Nesta casa temos uma capela, onde se encontra o Santíssimo Sacramento.

Bom termino desta vez. Peçam muito por mim para que possa responder à vocação a que Deus me chamou. Eu nunca vos esquecerei.

Fico convosco no Santíssimo Coração de Jesus.


GF (Giuseppe Freinademetz)