o dia de hoje
Estava no programa e cumpriu-se que o dia de hoje seria com S. José Freinademetz. Na verdade foi um que nos encheu. Como é que Deus foi buscar ao meio das montanhas um homem que foi um gigante da evangelização na China. Passou por perigos, foi perseguido, ridicularizado e, no final os cristãos tratam-no pelo nome de Padre Feliz. Quando começou o trabalho na missão havia 158 cristãos. No final da sua vida, após 30 anos de trabalho havia 40.000. Só num ano batizou 5000 adultos.
Nos próximos dias publicaremos algumas das suas cartas. São um testemunho de quem vive para a evangelização.
O dia de hoje foi grande, não só pelo encontro com as raízes do nosso ideal missionário, mas também pelo encontro de amigos e na admiração da natureza.
A beleza das montanhas
nevadas,
Passo Gardena
2160 metros
Junto da Casa de Oïes
O contato dos amigos: Pe. Valente, Pe. Jorge Fernando e Pe. João Miguel
CATEQUESE DE ADULTOS
PARÓQUIA DE
ALMODÔVAR
ATOS DOS
APÓSTOLOS (II):
AS PRIMEIRAS
COMUNIDADES CRISTÃS
Autor: Pe. José Maria Coelho
INTRODUÇÃO
1.
Em todos os lugares por onde passavam, desde Jerusalém a Roma, iluminados e
fortalecidos pelo Espírito Santo, os Apóstolos davam testemunho de Jesus e
proclamavam o Evangelho (Boa Nova) da salvação. E havia sempre um grupo
de pessoas, mais ou menos numeroso, que aderia à sua pregação, que
acreditava no Senhor Jesus e que recebia o batismo. Deste modo, surgiram, um
pouco por toda a parte, as primeiras comunidades cristãs.
2. Existe,
da nossa parte, uma certa curiosidade e um certo interesse em saber como viviam
os cristãos dos primeiros tempos da Igreja: aqueles que tiveram o
privilégio de receber a pregação e o testemunho de quem viveu e acompanhou o
próprio Jesus.
Partindo das informações
fornecidas pelo livro dos Actos dos Apóstolos, pretendemos apresentar, de um
modo simples e breve, esse modo de vida das comunidades cristãs primitivas, bem
como o seu impacto no mundo pagão que as rodeava.
·
Características da Comunidade Cristã ideal
·
A primeira comunidade numerosa que Lucas refere
é a de Jerusalém. O autor do livro dos Atos regista que, após o discurso de
Pedro proferido no dia de Pentecostes, cerca de três mil pessoas acolheram a
sua palavra e receberam o batismo (2, 41). Imediatamente a seguir (2,
42-47), Lucas oferece-nos um resumo sobre o modo como viviam os cristãos dos
primórdios da Igreja. É claro que não se refere só aos cristãos de
Jerusalém.
·
Ele tem em mente as muitas comunidades que já
existiam no momento em que escreve o seu livro. Uma descrição semelhante é
feita em At 4, 32-34. Através destes textos, Lucas apresenta um modelo
de vida cristã que pode servir como ponto de referência (não
necessariamente de imitação) aos cristãos de todos os tempos.
·
Antes demais, impressiona-nos a unidade que
existia entre os cristãos: «A multidão dos que haviam acreditado tinham um
só coração e uma só alma» (4, 32). Aqueles que viviam animados
pela mesma fé, que se encontravam unidos ao mesmo Senhor Jesus Cristo, que
experimentavam na sua vida o amor salvífico de Deus, esses viviam em sintonia,
em comunhão uns com os outros. Essa unidade, esse comum sentir e viver
tornam-se visíveis e fortificam-se na oração em comum, na fração do pão e na
partilha dos bens.
·
Este modo de vida parece ser a concretização do
ideal de comunhão que Jesus quer que exista entre todos os seus discípulos e
que Ele manifestou na oração ao Pai: «...a fim de que todos sejam
um... para que o mundo creia que Tu me enviaste» (Jo 17, 21). A
credibilidade de Jesus e da sua mensagem, diante dos homens de todos os tempos,
passa pela unidade existente entre os que acreditam no Seu nome – os cristãos.
1.2. «… Eram assíduos ao
ensinamento dos Apóstolos» (2, 42)
·
A fé
nasce da escuta da Palavra, do anúncio do Evangelho. No entanto, é necessário aprofundar e esclarecer a fé. Só
assim, ela se tornará cada vez mais forte e operante. Daí, a exigência
de continuar a frequentar o ensinamento dos Apóstolos. Não basta o primeiro anúncio do Evangelho, é necessária a catequese, a
pregação, o estudo pessoal.
·
Como os primeiros cristãos, também nós devemos ter humildade para continuar a
aprender, para procurar conhecer sempre melhor a razão de ser da nossa fé e da
nossa vida cristã.
1.3. «...
Eram assíduos... à comunhão fraterna» (2, 42)
·
Esta comunhão fraterna é explicitada no v. 44: «...Punham tudo em comum: vendiam as
suas propriedades e bens e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades
de cada um».
·
Aqueles que estão unidos pela mesma fé e pelo
mesmo amor, põem tudo em comum. A
comunhão de fé e de amor torna-se visível e credível quando passa pela partilha
dos próprios bens materiais, quando as pessoas estão atentas e abertas às reais
necessidades do seu semelhante. Em razão desta partilha e solidariedade, «não havia entre eles necessitado algum»
(4, 34). Vivendo deste modo, os cristãos ensinavam aos seus contemporâneos
que todos os bens da terra foram criados por Deus e se destinam a todos os
homens.
·
Ninguém pode considerar, como exclusivamente
seus, os bens que possui! Eis um princípio importante a ter presente também
hoje! Mas a comunhão fraterna não consiste
apenas em dar bens materiais. Ela implica a doação de si mesmo: ser e viver com
os outros e para os outros. Os cristãos sentem-se irmãos uns dos outros,
porque estão unidos pela mesma fé em Jesus Cristo. Como consequência, eles
encontram-se envolvidos na mesma aventura existencial e comprometidos no mesmo
projeto de Deus.
1.4.
«…Eram assíduos à fração do pão» (2, 42)
•Com estas palavras, o autor
dos Atos quer dizer-nos que os cristãos participavam frequentemente na
Eucaristia. A expressão «fração do
pão» está ligada ao gesto que Jesus realizou na última ceia, quando
instituiu a Eucaristia: «E tomou o
pão, deu graças, partiu-o... dizendo: ‘Isto é o meu corpo’» (Lc
22, 19). Nos primeiros tempos da
vidada Igreja, a Eucaristia (a fração do pão) tinha lugar durante uma
verdadeira refeição.
1.5. «…eram assíduos às orações» (2, 42)
•Para além da Eucaristia, os cristãos «eram assíduos às orações»
(2, 42). No início, no que se refere aos cristãos provenientes do
judaísmo, eles tomavam parte nas orações do povo e continuaram a frequentar o
Templo. Assim, em At 3, 1, lemos: «Pedro e João subiam ao Templo
para a oração da hora nona» (três horas da tarde).
•
Em razão da sua especificidade, o Cristianismo
comportava novas exigências de vida espiritual. A fé no Deus de Jesus Cristo implicava um novo tipo de relação com Deus,
também ao nível da oração.
•
Assim
encontramos os cristãos expressamente reunidos para rezarem. É importante realçar a oração em comum, como
um momento privilegiado da vida da Comunidade Cristã.
1.6. «...gozavam da simpatia de todo o povo» (2, 47)
•
Os cristãos distinguiam-se ainda pela «alegria e simplicidade de
coração»(2, 46). Encontrando em Jesus Cristo o verdadeiro
sentido da sua vida, eles experimentavam e testemunhavam a alegria da salvação.
Aquele que se sente amado por Deus, aquele que conhece o rumo e a meta da sua
vida, aquele que se sente amado, compreendido e ajudado pela comunidade dos
crentes, esse é a pessoa autenticamente feliz.
•
E, na verdade, é a alegria que torna credível o
cristianismo e lhe dá um rosto atraente. Podemos mesmo dizer que a alegria dos cristãos tem uma força missionária.
Com efeito, os cristãos «gozavam da
simpatia de todo o povo» (2, 47) e em cada dia o Senhor acrescentava
o número dos que acreditavam em Jesus.
2. A outra face das Comunidades Cristãs
1. Lucas quis idealizar a comunidade cristã das origens. No entanto,
e o próprio livro dos Atos permite-nos tirar essa conclusão, nem todos viviam
desse modo. No capítulo 5, 1-11, deparamo-nos com um caso que desmente a
universalidade da partilha dos bens. Ananias e Safira venderam uma propriedade.
De comum acordo, retiveram parte da
importância para eles e entregaram a outra parte aos Apóstolos,
afirmando que era todo o valor da propriedade.
•
O mal de Ananias e Safira não está em entregar
apenas uma parte. Como Pedro dá a entender, uma vez que o terreno lhes
pertencia, eles podiam ter ficado com tudo. O mal está em terem mentido. E não
mentiram apenas aos homens, mentiram também ao Espírito Santo. Como
consequência desta atitude, Ananias e
Safira são expulsos do seio da comunidade. Esta exclusão é entendida como uma
morte. Por isso mesmo se diz que morreram e foram levados para fora. Quem não é fiel ao Espírito, que é Espírito
de verdade, não pode permanecer no interior da Igreja, não pode fazer parte da
comunidade cristã.
•
O
egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo
vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por
pessoas santas e pecadoras.
2. À medida que a Igreja primitiva cresce, surgem também
alguns conflitos no seu interior. E não nos devemos admirar disso. De resto, esses conflitos, não raras vezes, são ocasião
para um desenvolvimento benéfico. É nessa perspetiva que devemos encarar
a crise que é provocada pelos cristãos de origem helenista (pagã) – (6,1s).
•
Estes queixam-se, porque não é prestada a
assistência devida às suas viúvas. Para resolver esta situação, os Apóstolos escolhem 7 homens – os diáconos,
os quais ficam com o encargo de atender as necessidades materiais dos cristãos.
Esta preocupação é de um grande alcance. Ela diz-nos que a Igreja não se
interessa apenas por salvar a alma, mas tem em vista o bem integral do homem.
•
Os diáconos não se limitarão ao serviço das
mesas. Eles dedicar-se-ão também à
pregação do Evangelho. No último encontro, nós vimos o diácono Filipe a
anunciar o Evangelho na Samaria e ao Etíope.
3. Os
cristãos são chamados a identificarem-se com Jesus no sofrimento, nas
perseguições e na morte
•
Ainda, segundo o que nos diz o autor dos Actos
dos Apóstolos, os discípulos de Jesus (os cristãos) são chamados a
identificar-se com o Mestre também no sofrimento, nas perseguições e na morte.
Jesus já os havia prevenido de tudo isso:
«acautelai-vos dos homens: eles entregar-vos-ão aos sinédrios e flagelar-vos-ão nas suas
sinagogas. E por causa de mim, sereis conduzidos à presença de
governadores e de reis, para dardes testemunho perante eles e perante as
nações» (Mt 10, 17-18).
·
A oposição aos cristãos virá, antes de mais, da
parte dos judeus. Tal como perseguiram Jesus, também agora perseguem os cristãos por os considerarem uns renegados da
religião judaica e das tradições dos seus antepassados. Mais tarde, e
ainda quanto nos informa Lucas, também terão
de enfrentar a oposição das autoridades romanas.
·
O livro dos Actos refere que os Apóstolos foram
metidos na prisão em diversas ocasiões. Pedro e João têm de comparecer diante
do sinédrio por terem curado um coxo (4,3-7).
·
O diácono Estêvão será martirizado (At 7). Igual
sorte conhecerá o Apóstolo Tiago, morto às ordens de Herodes (12,1-2). Paulo,
que antes fora um acérrimo perseguidor dos discípulos de Jesus, conhecerá
também ele a oposição dos judeus e mesmo a prisão.
·
Podemos afirmar que os cristãos dos Actos entenderam
e levaram bem a sério as palavras de Jesus:
«Felizes sereis, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo,
disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,12).
Conclusão
•
Lucas termina o seu livro com a narração da
chegada de Paulo a Roma, referindo que ele vivia em regime de prisão
domiciliária à espera do seu julgamento (Paulo havia apelado para César).
•
Seria de esperar que o livro se concluísse com a
morte do Apóstolo. Mas não. Os Atos dos
Apóstolos é um livro aberto, um livro que deve permanecer incompleto. É que a
missão dos Apóstolos ainda continua. Continua na missão da Igreja, na missão de
cada cristão. Enquanto existir o mundo dos homens, o mundo onde é preciso
anunciar e testemunhar Jesus Cristo, não se pode escrever a conclusão do livro
dos Atos dos Apóstolos!
•
O
egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo
vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por pessoas
santas e pecadoras.