sábado, 9 de maio de 2020






PARÓQUIAS DE NISA




Domingo, 10 de maio de 2020








V domingo do tempo de Páscoa









ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

CRISTO RESSUSCITOU!

CELEBREMOS





DOMINGO V DA PÁSCOA
Branco – Ofício próprio (Semana I do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. pascal.

L 1 Act 6, 1-7; Sal 33 (34), 1-2. 4-5. 18-19
L 2 1 Pedro 2, 4-9
Ev Jo 14, 1-12


* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* Em todas as Dioceses de Portugal – Começa hoje a Semana da Vida.
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Ofertório para o Seminário Diocesano.
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 97, 1-2
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque o Senhor fez maravilhas: aos olhos das nações revelou a sua justiça. Aleluia.


Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus,
que nos enviastes o Salvador
e nos fizestes vossos filhos adoptivos,
atendei com paternal bondade as nossas súplicas
e concedei que, pela nossa fé em Cristo,
alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Actos 6,1-7
«Escolheram sete homens cheios do Espírito Santo...»


Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas. Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia; e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles. A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém e obedecia à fé também grande número de sacerdotes.

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 32 (33), 1-2.4-5.18-19 (R. 22)
Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia. Repete-se
Ou: Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. Repete-se

Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa. Refrão

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. Refrão

Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. Refrão


LEITURA II 1 Pedro 2, 4-9
«Vós sois geração eleita, sacerdócio real»


Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos: Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na Escritura: «Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiança não será confundido». Honra, portanto, a vós que acreditais. Para os incrédulos, porém, «a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular», «pedra de tropeço e pedra de escândalo». Tropeçaram por não acreditarem na palavra, pois foram para isso destinados. Vós, porém, sois «geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores» d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.

Palavra do Senhor.


ALELUIA Jo 14, 6
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por mim. Refrão


EVANGELHO Jo 14, 1-12
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».

Palavra da salvação.


MEDITAÇÃO

Caminho, verdade e vida! O caminho do homem é o da vida que Deus lhe deu e o que conduz a Ele. A verdade que o homem conhece só se manifesta quando existem condições de liberdade. A vida desenrola-se em cada segundo, torna-se mais vida se a vivermos sem amarras, sem medo de a entregarmos, mesmo em condições de confinamento e de algumas restrições.
Caminho que se faz vivendo… Verdade que se escolheu para viver… Vida que se afirma caminhando…

1. Falta de fé

– O futuro inquieta-nos porque as incertezas são muitas e, cada vez mais… O medo pode abalar a nossa fé… A incerteza do futuro paralisa-nos… Perdemos a confiança na política, na ciência, na religião, na economia, nas soluções que nos são apresentadas… E o desabafo mais frequente é: “ninguém sabe como sair disto”, “isto já não tem remédio e temos que nos conformar”!
– Mesmo dentro da Igreja preocupam-nos as diferenças, as tensões, os que dizem que é tempo de abrir as portas e permitir às pessoas a celebração de todos os sacramentos e os que, com prudência, desaconselham os ajuntamentos e os contactos físicos… Admitimos, por vezes, que também a Igreja não terá grande futuro e, perante todas as restrições, as pessoas podem perder as suas rotinas saudáveis… Ora, tudo isto é falta de fé… O Papa Francisco diz-nos que “a fé é memória do futuro” (Lumen Fidei)…

2. Fé no futuro

– Jesus convida-nos a acreditar no futuro… Se o futuro está nas mãos de Deus, como costumamos dizer, então há que confiar n’Ele… Mais: há que confiar em Jesus, o enviado do Pai, a imagem do Pai entre os homens (“Filipe, quem me vê, vê o Pai”)…
– “Em casa de meu Pai há muitas moradas” – Jesus pede aos seus discípulos que acreditem no futuro e o tornem presente, que não apaguem a sua memória…
– Há um caminho a percorrer e esse caminho é Jesus… É um caminho de verdade, que leva à ressurreição e à vida…
– Ainda que este caminho, às vezes, pareça de morte, na realidade não o é: Jesus morreu mas, na sua ressurreição nasceu a Igreja onde já há muitas moradas (veja-se a 1ª leitura com as tensões – judeo-cristãos, helenistas,… e a resolução dos problemas…)

3. A Igreja, caminho de futuro

– A igreja é una, mas manifesta-se de maneiras diferentes… Assim como na Igreja há muitas moradas, também as haverá no céu…
– Nós acreditamos num futuro, um futuro que é graça de Deus e que está garantido pela palavra de Jesus…
– Os conflitos, as diferenças, as tensões, não servem só para causar receios, mas são sobretudo um estímulo para a fé: o Espírito de Jesus ressuscitado ajuda a gerir as diferenças e cria a harmonia… “Acreditais em Deus, acreditai também em mim” – acreditai no futuro…
– Jesus convida-nos a percorrer os caminhos da história com todos e não só com alguns; a assumir a nossa responsabilidade com as futuras gerações…
– O nosso desafio é com a vida, ainda que preservar a vida, por vezes nos custe… Esta vida ganha sentido quando se partilha para que todos “tenham vida em abundância”…
– As provações por que passamos ajudam a apoiar o nosso futuro naquele que é “o caminho, a verdade e a vida”…



ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus,
que, pela admirável permuta de dons neste sacrifício,
nos fazeis participar na comunhão convosco,
único e sumo bem,
concedei-nos que, conhecendo a vossa verdade,
dêmos testemunho dela na prática das boas obras.
Por Nosso Senhor.


Prefácio pascal


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 15, 1.5
Eu sou a videira e vós sois os ramos, diz o Senhor. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, dá fruto abundante. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Protegei, Senhor, o vosso povo
que saciastes nestes divinos mistérios
e fazei-nos passar da antiga condição do pecado
à vida nova da graça.
Por Nosso Senhor. 

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« O homem sem Deus é um ser mutilado. »



São Padre Pio







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia



1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS I: Actos 6,1-7: Logo desde o princípio, os Apóstolos começaram a sentir a necessidade de chamar outras pessoas para colaborarem em diversos ministérios da comunidade cristã. O grupo dos sete, de que hoje se referem os nomes, foram dos primeiros a serem escolhidos. O seu campo de acção foi a assistência material aos mais necessitados, no caso imediato, a certo grupo de viúvas; deste modo os Apóstolos ficavam mais disponíveis para a oração e a pregação da palavra de Deus. A Igreja começava a organizar-se, conforme as necessidades o pediam.
1 Pedro 2, 4-9: A Igreja foi comparada pelo Senhor a um edifício. Agora, o Apóstolo desenvolve a comparação: Cristo é a Pedra, viva pela sua ressurreição e fonte de vida; os cristãos são, por sua vez, pedras vivas, vivendo da vida do Ressuscitado, que unidos a Cristo, vão formando o edifício, o templo novo, em que habita o Espírito Santo, a Igreja. Ela é a comunidade dos crentes, escolhida na continuação do povo escolhido do Antigo Testamento, comunidade sacerdotal, que há-de levar aos pagãos a Boa Nova do reino de Deus, e fazer que também eles proclamem os louvores d’Aquele que os chamou das trevas para a luz do reino de Deus.
Jo 14, 1-12: Jesus vai deixar visivelmente os seus, a quem o mundo há de perseguir. Procura, por isso, incutir-lhes coragem e esperança. Ele parte, mas vai para o Pai. Os seus discípulos têm todos lá também o seu lugar. A Igreja seguirá o seu Senhor. Ele mesmo é o caminho, não só pelo que ensina, mas pelo que Ele mesmo é. Ele é a verdade e vida. Mas os seus discípulos, agora ainda mais profundamente unidos a Ele, hão de continuar no mundo a sua presença e a sua acção, agora na Igreja, enviada ao mundo, sob a ação do Espírito Santo..




AGENDA DO DIA



1100 horas: Missa dominical
12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da epidemia covid – 19.

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MAIO, MÊS DE MARIA
Terço diário

É um costume muito louvável de rezar o terço todos os dias. Sabemos todos as graças que recebemos por tão bela devoção. Desde há muito que o povo cristão se habituou a rezar o terço comunitariamente na Igreja, durante o mês de maio. Neste ano, devido ao covid-19, e por velarmos pela saúde de todos, não nos reunimos no ambiente apropriado que é a Igreja paroquial. Esperamos que, num dia muito em breve, o possamos realizar com toda a segurança. Entretanto Deus quer que valorizemos o ambiente familiar para que, como igreja doméstica que somos, a santifiquemos com a proteção de Nossa Senhora, rezando diariamente o terço.

Para facilitar, apresentaremos diariamente ume meditação sobre os mistérios do terço. Pensamos que poderá facilitar na oração pessoal e familiar.

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DIA 10 
MISTÉRIOS GLORIOSOS


INTRODUÇÃO

… e continuamos a caminho. CAMINHO… palavra do dia a dia. Palavra de TODOS. Palavra de SEMPRE e até sempre. Há caminho no nosso respirar. Há JESUS no caminho! Um Homem ressuscitou e mostrou-nos como ser de Deus. E ser de Deus é sermos Homens Novos! Homens que, sendo normais, bem reais, homens e mulheres que, tendo fragilidades e defeitos, são seres que Deus procura e quer chamar de seus. Quem (não) cabe nesta Igreja? “Em casa [do] Pai” há muitas moradas” (Jo, 14).. “Como podemos conhecer o caminho?” (Jo, 14,5). Oferecer a Deus aquilo que temos de mais precioso: a vida e o amor. Neste dia, rezemos por cada ser humano, para que encontre no caminho Aquele que os faça sentir homens de uma família fraterna, comunidade santa, de serviço e animada pela força do Espírito Santo.

PRIMEIRO MISTÉRIO:
 RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO

“Ó morte, sempre vencedora, onde está agora a tua vitória?” Vivemos tempos de alegria Pascal. Temos o conforto de que a nossa existência não ficará por aqui! É tempo de sair da escravidão terrena e pôr ao serviço os dons de que dispomos para servir este Deus que nos oferece um plano de salvação. Aderir a Ele é encontrar a esperança da eternidade! Não desanimemos, pois estamos destinados a triunfar com Cristo!

SEGUNDO MISTÉRIO:
ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU

Ainda hoje, Jesus, lembramos as Tuas palavras que ecoam no nosso coração: estarás sempre connosco até ao fim dos tempos. Subiste, sim, mas sabemos poder contar conTigo, pedra angular, preciosa, sempre viva! “Aqui ao leme, sou mais do que eu”: vamos em família, unida e com a força do Espírito Santo. O nosso céu és Tu! E estamos a caminho! Subiremos até Ti!
 
TERCEIRO MISTÉRIO:
 DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO SOBRE NOSSA SENHORA E OS APÓSTOLOS, REUNIDOS NO CENÁCULO

Seremos homens “cheios do Espírito Santo” se o nosso eixo for Cristo Ressuscitado. As “crises” que fazem parte da caminhada ganham novas leituras quando o Espírito atua e nos põe de novo a caminho. Fazemo-nos em contínuo processo de conversão. Maria e os apóstolos (iniciáticos da missão da Igreja) são luz que serve os tempos, e mostram-nos que ser de Deus é ser missão, vocação e serviço. Eis-nos aqui!

QUARTO MISTÉRIO:
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AO CÉU EM CORPO E ALMA

Com Maria, ventre do amor, da humildade e da humanidade, aprendemos o que é aceitar, em silêncio, os planos do Pai. O que estava reservado para ela foi de elevado preço: ver o Seu Filho morrer por simplesmente falar de Amor. Maria encoraja-nos a pensar “mais alto”, a viver numa autêntica adesão a Cristo, num sim incondicional, mas absolutamente gratificante. Toma a nossa contemplação e oração!

QUINTO MISTÉRIO:
COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA, COMO RAINHA DO CÉU E DA TERRA

És Rainha, sim! Rainha amada. Somos o teu povo, erguidos e acolhidos em ti! Ter-te como Mãe é ter o suporte que precisamos para nos sentirmos amados, vigiados e abençoados. Estar de olhos e de coração postos em ti é aceitar que nos chamas das “trevas para a luz admirável” (1Pedro 2, 9). Ao teu colo, conhecemos o inigualável amor de mãe, filhos como Cristo, amados pelo mesmo Pai.

PRECE

Pedimos a Jesus, por intercessão de Maria, nossa Mãe e Rainha, que nos faça ser homens e mulheres num caminho de vida, cheio de gestos de amor. Que sejamos autênticos raios de amor: de amor-obediência, de amor-serviço, de amor-vocação. Afinal, é de amor que fala a Sua história (a mais bela de amor!). Se nos parecer duro o caminho, que saibamos levar a Cruz como Ele, certos de que “no fim do caminho, o céu”!






A VOZ DO PASTOR




A FRAGILIDADE HUMANIZA A VIDA

O Sr. Presidente da Assembleia da República, em 25 de abril, marcou pontos ao propor um minuto de silêncio pelos mortos com o covid-19. Com certeza que colocou muitos portugueses em guerra com as lágrimas que teimavam em rolar por cara abaixo. Eu vi, foi um momento solene, bonito e humano, também me perfilei! Mas logo pensei: que bom seria se o mesmo sentimento fizesse levantar os senhores parlamentares a fazer um minuto de silêncio por dezenas e dezenas de milhar de crianças saudáveis que foram mortas antes de nascer. Ou será que dizer que “as crianças são o melhor do mundo”, é coisa de poetas?... Segundo um recente estudo feito com números oficiais do INE e da DGS, já ultrapassam 200 mil as crianças abortadas desde julho de 2007, fora os que não se sabe ou fogem ao controle. A culpa daquelas mortes que mereceram um minuto de silêncio no Parlamento não foi dos ilustres deputados ali mui solenes. Foi do covid-19. A morte de dezenas e dezenas de milhar de crianças que foram mortas não foi culpa do covid-19. Foi das leis que os senhores representantes do povo ali amassaram e cozinharam em nome da liberdade, lavando tranquilamente as mãos ensanguentadas e como se a verdade e a vida dependessem de maiorias parlamentares. Como se não bastasse, ainda se esticam a carpir mágoas pelo calamitoso “inverno demográfico” que atravessamos! Aquelas mortes foram consequência “de uma grave pandemia internacional”, disse o Sr. Presidente, e bem. Estas, a das crianças, são a prova de um enorme descarte nacional apoiado pelo Estado insensível aos gritos de quem pede socorro e não se pode defender, isto digo eu e muitos, mas não vale nada. Para os legisladores sábios e omnipotentes, somos retrógrados demais para entender os sentimentos e a ciência daquelas cátedras e os seus pinchos civilizacionais!... Ai se essas 200 mil crianças se pudessem manifestar em direção ao Parlamento!... como seria bonito!... como seria uma vergonha!... No entanto, se tal bonito não pode acontecer, a vergonha não deixará de o ser!..
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“Onde está o teu irmão Abel?”. Caim, que tinha amuado com os êxitos do irmão e o matara, respondeu: “Não sei. Sou, porventura, o guarda do meu irmão?”. E de novo: “Que fizeste? Ouço o sangue do teu irmão a clamar da terra por Mim”. E Caim, caindo em si, disse a Deus: “A minha culpa é grande e atormenta-me...” (cf. Gn4, 9-13).

O projeto inicial da fraternidade era fazer com que cada um fosse protetor e se alegrasse com a presença do outro, em liberdade. É certo que o egoísmo e a dureza do coração humano desvirtuaram este projeto. Cristo, porém, veio restabelecê-lo, dando a vida, por amor. Ele é o Senhor da Vida! Dois mil anos depois, a humanidade ainda não entendeu, não quer entender, é preconceituosa demais. O direito à vida é um direito natural fundamental: “não matarás”! É reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e todos os tratados que abordam tais direitos. A Constituição Portuguesa escreve que “a vida humana é inviolável”, que “em caso algum haverá pena de morte”, que “a integridade moral e física das pessoas é inviolável”, que “ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos” (Artigos 24º e 25º). Tais crianças foram condenadas à morte, injustamente, com tratos desumanos e degradantes, por quem abriu as portas ao aborto e disponibilizou, para o efeito, o Serviço Nacional de Saúde e os estabelecimentos de saúde privados e autorizados. Tudo foi facilitado para destruir os mais frágeis, para lhes negar o primeiro e fundamental direito e promover a cultura da morte. O aborto clandestino, uma tragédia que a todos envergonha, impõe saber as causas que levam a isso, erradicá-las tanto quanto possível e educar para o respeito pela vida própria e alheia, e apoiar a maternidade e as famílias. À pergunta sobre “onde está o teu irmão?”, ninguém, muito menos quem tem o dever de cuidar e proteger a vida e de promover a sua qualidade, ninguém, poderá assobiar para o ar e esquivar-se à responsabilidade, dizendo: “Não sei. Sou, porventura, o guarda do meu irmão?”. Sim, és, somos!

Agora, estão sobre a mesa quatro projetos de lei que se propõem definir e regular os casos e as condições em que não seja punível a provocação intencional da morte de uma pessoa, a seu pedido, homicídio, ou por si própria, suicídio. Os artigos 134º e 135º do Código Penal afirmam que quem matar outra pessoa a seu pedido sério e expresso, ou quem incitar outra pessoa a suicidar-se, ou lhe prestar ajuda para esse fim, seja punido com pena de prisão. Para levarem a água ao seu moinho, usam-se eufemismos, como, “antecipação da morte a pedido” ou “morte medicamente assistida”. E também se usam, acentuam e exploram os sentimentos de humanidade e compaixão para com quem sofre, como a quererem convencer que pedir que o matem ou matar-se seja um exercício da liberdade para se morrer com dignidade e acabar com o sofrimento. É por isso que o resultado de um Referendo, quando a campanha se torna camaleónica e empática para explorar os sentimentos do povo, é sempre problemático, o povo rege-se mais pelos sentimentos de compaixão que lhe fizeram despertar do que pela razão e a verdade que lhe esconderam, para, no fim, baterem palmas e cantarem vitória, mas não deixará de ser uma verdadeira derrota para a humanidade! Com a morte suprime-se a própria raiz da liberdade, não se acaba com o sofrimento, acaba-se com a vida. Também afirmam que é só para casos excecionais. Há dados conhecidos de países em que tal prática se liberalizou, que os critérios para a sua aplicação estão em constante alargamento, já aumentaram cem vezes mais, e sempre em nome da perda da dignidade da pessoa! Depois da demência na mira de alguns partidos, também já lançaram a discussão política e social para legalizar a eutanásia para aqueles que, não tendo qualquer doença, estão fartos de viver e querem requisitar os serviços da barca de Caronte. E mais veremos!...

Garantir ao doente um fim de vida digno não é levá-lo a pedir a morte. É garantir-lhe os cuidados paliativos que aliviem o sofrimento físico e psíquico e todos os cuidados a que tem direito, os quais revestem a natureza de uma imposição constitucional, conforme o artigo 64º da Constituição. E como é bom saber que profissionais da saúde cumprem os seus deveres de solicitude e de compromisso para com os mais frágeis e os mais vulneráveis, sentindo-se chamados a tratar a pessoa e não apenas a sua doença. Um abraço de gratidão para eles nestes tempos tão difíceis! Uma sociedade que não cuida dos mais velhos carrega o vírus da morte e os jovens não têm futuro (Francisco).

“A Fragilidade humaniza a vida” é o tema da Semana da Vida que em Portugal, este ano, decorre de 10 a 17 deste mês de maio.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 08-04-2020.




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