PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 24 de agosto de 2021
Terça feira da XXI semana do tempo comum
LITURGIA
Terça-feira
da semana XXI
S.
Bartolomeu, Apóstolo – FESTA
Vermelho
– Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. dos Apóstolos.
L 1 Ap 21, 9b-14; Sal 144 (145), 10-11. 12-13. 17-18
Ev Jo 1, 45-51
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
S.
BARTOLOMEU, Apóstolo
Nota
Histórica:
Nasceu
em Caná. O apóstolo Filipe conduziu o a Jesus. Diz a tradição que depois da
ascensão do Senhor pregou o Evangelho na Índia e aí recebeu a coroa do
martírio.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 95,
2.3
Anunciai em toda a terra a salvação de Deus,
proclamai entre os povos a sua glória.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, fortalecei em nós a fé
pela qual o apóstolo São Bartolomeu
se consagrou de coração sincero a Cristo vosso Filho
e concedei, por sua intercessão, que a vossa Igreja
seja o sacramento de salvação para todos os povos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Ap 21, 9b-14
«Na muralha da cidade estavam escritos os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro»
Leitura do Apocalipse de São João
O Anjo falou-me, dizendo:
«Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro».
Transportou-me em espírito
ao cimo de uma alta montanha
e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém,
que descia do Céu, da presença de Deus,
resplandecente da glória de Deus.
O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima,
como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande e alta muralha,
com doze portas e, junto delas, doze Anjos;
tinha também nomes gravados,
os nomes das doze tribos dos filhos de Israel:
três portas ao oriente, três portas ao norte,
três portas ao sul e três portas ao ocidente.
A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes
e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 144 (145), 10-11.12-13.17-18 (R. cf.
12a)
Refrão: Aqueles que Vos amam, Senhor,
proclamem a glória do vosso reino.
Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos;
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder,
a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos,
perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.
ALELUIA cf. Jo 1, 49b
Refrão: Aleluia. Repete-se
Senhor, Vós sois o Filho de Deus,
Vós sois o Rei de Israel. Refrão
EVANGELHO Jo 1, 45-51
«Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
Filipe encontrou Natanael e disse-lhe:
«Encontrámos Aquele de quem está escrito na Lei de Moisés
e nos Profetas.
É Jesus de Nazaré, filho de José».
Disse-lhe Natanael:
«De Nazaré pode vir alguma coisa boa?».
Filipe respondeu-lhe: «Vem ver».
Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse:
«Eis um verdadeiro israelita,
em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?».
Jesus respondeu-lhe:
«Antes que Filipe te chamasse,
Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira».
Disse-lhe Natanael:
«Mestre, Tu és o Filho de Deus,
Tu és o Rei de Israel!».
Jesus respondeu:
«Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da figueira’, acreditas.
Verás coisas maiores do que estas».
E acrescentou:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Vereis o Céu aberto
e os Anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do homem».
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, este sacrifício de louvor,
ao celebrarmos a festa do apóstolo São Bartolomeu,
e concedei-nos, por sua intercessão, o auxílio da vossa graça.
Por Nosso Senhor.
Prefácio dos Apóstolos I ou II
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lc 22, 29-30
Preparei para vós um reino, diz o Senhor,
como o Pai o preparou para Mim:
comereis e bebereis à minha mesa no meu reino.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Humildemente Vos suplicamos, Senhor,
que o penhor de salvação eterna
que recebemos neste sacramento
ao celebrar a festa do apóstolo São Bartolomeu,
nos fortaleça na vida presente e nos conduza à glória futura.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS:
AGENDA DO DIA:
11.30
horas: Missa no Pé da Serra
18.00
horas: Missa em Nisa
18.00
horas: Missa em Alpalhão
A VOZ DO PASTOR:
O
DIALETO DOS PAIS E AS DITADURAS IDEOLÓGICAS
Ao
longo da História sempre houve promotores de ditaduras e de colonizações
culturais e ideológicas. Se não é aqui, é acolá ou mais além. Colonizações,
ditaduras, autocracias, teocracias, totalitarismos, autoritarismos, despotismos
e todos os quejandos, mesmo que entre si carreguem alguma diferença, venha o
diabo e escolha, como soe dizer-se. A quem lhes resiste, impõe-se logo a lei da
rolha, do desprezo ou da morte. Os seus promotores logo conseguem uma caterva
de seguidores, alguns mais radicais do que eles, para engrossarem as hostes e
fazerem valer o seu produto tóxico. Se não vencem pelo bom senso e pela força
da razão, acham-se no direito de vencer pela razão da força e seus enfeites.
Logo se esmeram em concentrar o poder, em subverter a ordem anterior, em
suprimir os espaços de debate e decisão, em influenciar a comunicação social, o
poder legislativo e judicial. A par, roubam a liberdade e tentam monopolizar o
direito de pensar e decidir, anulam o passado e afunilam o ensino para
desconstruir a linguagem, as instituições e a história. Usam a mentira floreada
com rebuscado imaginário, afastam os profissionais dos empregos e lugares de
prestigio, formatam, desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas
para, como afirma o Papa Francisco, os ‘homogeneizar’, transformando-os “em
sujeitos manipuláveis feitos em série”, causando “uma destruição cultural, que
é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais” (cf. CV185-186).
Tudo, tudo serve de arma para levar a água ao moinho, mesmo que, para enfeitar
todo esse processo, seja preciso borrifá-lo com algumas meias-verdades e alguns
mecanismos democráticos. A sofreguidão pelo poder e o bullying ideológico e
cultural são, muitas vezes, camaleonicamente apresentados como “saltos
civilizacionais” ou como se de direitos humanos se tratasse.
A
Sagrada Escritura também nos elucida sobre alguns desses artesãos da História.
Sabemos quanto o Povo de Deus, e outros povos, ontem e hoje, sofreram e sofrem
pelos desmandos colonizadores e totalitários de alguns dos seus líderes! Não só
por ambição do poder ou por causas ideológicas e políticas, também por questões
religiosas. Com uma diferença: enquanto, por causas ideológicas ou políticas,
alguém, para defender a pele, possa, porventura, fraquejar e dizer que não ao
que é sim, ou sim ao que é não, em questões religiosas não é bem assim. Com a
fé em Deus, se é fé verdadeira e não meros sentimentalismos religiosos ou
pieguices proselitistas, não se jogam interesses, a consciência da presença e a
força de Deus levam a antes quebrar que torcer.
O
rei Antíoco Epifânio, por exemplo, quis forçar os judeus a adotar os costumes,
a cultura e mesmo a religião dos gregos. Para ser mais fácil, tentou subornar e
convencer os mais influentes dos judeus a aderir às suas ordens, prometendo
amizade e recompensa. A resposta, porém, foi imediata e firme: “Não! Nós não
vamos obedecer às ordens do rei”. E se uma musculada perseguição caiu sobre
eles, também aumentou e se organizou a resistência na firme convicção de que é
“melhor morrer na batalha do que ficar a olhar a desgraça do nosso povo”. Ou,
como mais tarde haveriam de dizer Pedro e os Apóstolos, “é mais importante
obedecer a Deus do que aos homens” (cf. At 5, 29).
O
tempo de perseguição religiosa, porém, é sempre palco de testemunhas radicais
da verdade, é cenário de testemunhos heroicos até ao sacrifício da própria
vida. É verdade que há “mártires” de muitas outras causas nobres, justas e
necessárias, tornando-se inspiração para outros e aos quais muitos devem a
liberdade e o bem estar social nesta vida. No entanto, a palavra “martírio”
situa-se mais no contexto religioso, faz parte da sua gramática e significa
testemunho, aponta para o supremo bem que é a vida eterna. Neste contexto, se a
família dos Macabeus, no que respeita à fé, é digna de registo, o episódio duma
família de sete filhos não o é menos. Num só dia, a mãe vê torturar e matar
cada um dos filhos, à vez, até que, por fim, também ela é torturada e morta. Se
há fanatismo religioso e odiosamente doentio que persegue e mata quem não
acredita de igual forma, se há, até, quem, habilidosamente manipulado, se torne
pessoa bomba (kamikaze) para maiores estragos, há, sem dúvida, nestes
processos, muitas outras razões associadas como, por exemplo, fatores
culturais, sociais, políticos, psicológicos... São atitudes que não se podem
analisar de ânimo leve ou superficialmente. No entanto, e simplificando, uma
coisa é perseguir e matar os outros, ou suicidar-se, usando até,
ilegitimamente, o nome de Deus para o fazer, outra coisa é suportar com
fortaleza o dom do martírio em fidelidade a Deus que é Amor e nos ama
infinitamente. Mais tarde, perante tanta perseguição aos cristãos, Tertuliano
haveria de dizer que “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Ainda mais
perto de nós, São Óscar Romero, sentindo-se perseguido por fomentar a
liberdade, a justiça e a paz entre o seu povo, havia dito: “o martírio é uma
graça de Deus que eu acho que não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da
minha vida, que o meu sangue seja uma semente de liberdade e o sinal de que a
esperança será em breve realidade”. Foi assassinado pelo exército salvadorenho
enquanto celebrava a Eucaristia em 24 de março de 1980. Hoje, se muitos
cristãos continuam a dar um testemunho sem igual no quotidiano da sua vida
familiar, social e laboral, outros continuam a dar o supremo testemunho do
martírio em defesa da fé em Cristo Jesus, morto e ressuscitado, ao qual estão
unidos pela caridade. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Domingo passado, no
Sudão do Sul. Quando regressavam a casa depois duma celebração numa paróquia
dedicada a Nossa Senhora da Assunção, duas religiosas foram mortas numa
emboscada.
Mas
voltando àquela mãe, é extraordinária a sua coragem e o seu sentido de
responsabilidade na educação e perseverança da fé dos filhos. Até ao último
momento, amparada pela esperança que tinha no Senhor, e tanto quanto naquela
circunstância o podia fazer, não se cansou de exortar os seus filhos a serem
fiéis ao Senhor e a não obedecerem ao rei, a serem dignos dos seus antepassados
e a reconhecerem Deus que a tudo deu origem. A atitude dos filhos, porém, se
consola a mãe, enerva o rei até ao limite, que, aquando do momento da tortura
ao último filho, pede mesmo à mãe que lhe dê conselhos para o demover e lhe
salvar a vida. Inclinando-se para o filho, a mãe, ludibriando o rei, falou-lhe
na sua própria língua, a qual o rei não entendia: “Eu te peço, meu filho:
Contempla o céu e a terra e observa todas as coisas que neles há, reconhece que
não foi de coisas existentes que Deus as fez e que também o gênero humano tem a
mesma origem. Não temas este verdugo, mas sê digno de teus irmãos e aceita a
morte, para que eu te reencontre com eles no dia da misericórdia”. Enquanto ela
ainda falava, o menino reafirma corajosamente a sua fé, é torturado e morto.
Depois dos filhos, foi a vez da mãe.
Em
tempos, o Papa Francisco, referindo-se a esta tirânica colonização cultural e
ideológica do rei Antíoco, destacava a atitude da mãe. A mãe falava “na língua
dos pais”: falava em dialeto, e, por isso, o rei não entendia, o intérprete não
compreendia». Hoje “estamos diante de muitas colonizações que querem destruir
tudo e começar de novo». Apresentam novos «valores» e dizem que «a história
começa aqui», o resto «passou». No entanto, “não existe colonização cultural
alguma que possa vencer o dialeto», o dialeto “tem raízes históricas”, a
memória e o dialeto defendem-nos sempre.
A
fé também se transmite em dialeto, afirmou Francisco: “A fé verdadeira
aprende-se dos lábios da mãe, o dialeto que só a criança pode conhecer». “Este
é um exemplo do modo como as mães, as mulheres, são capazes de defender um
povo, a história de um povo, os filhos: transmitir a fé» (cf. L’OR7.12.17).
Quão
importante é a transmissão da fé em família, pela palavra e pelo testemunho,
pela alegria com que se vive e pela forma de a traduzir em atitudes de vida!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-08-2021.
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