PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 25 de agosto de 2021
Quarta-feira da XXI semana do tempo comum
LITURGIA
Quarta-feira
da semana XXI
S.
Luís de França – MF
S. José de Calasanz, presbítero – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L 1 1 Tes 2, 9-13; Sal 138 (139), 7-8. 9-10. 11-12
Ev Mt 23, 27-32
* Na
Arquidiocese de Braga – B. Miguel de Carvalho, presbítero e mártir – MF
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – S. Maria de Jesus Crucificado, virgem –
MF
* Na Ordem Franciscana (III Ordem) – S. Luís IX, rei, da III Ordem– MO
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Luís, rei, da III Ordem – MO
* Na Companhia de Jesus – B. Miguel de Carvalho, presbítero e mártir – MF
* Na Congregação Salesiana – B. Maria Troncatti, virgem – MF
* Na Congregação do Santíssimo Redentor – B. Domingos Metódio Treka, presbítero
e mártir – MO
*
Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – I Vésp. de S. Teresa de Jesus Jornet
e Ibars.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 85, 1-3
Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o vosso servo, que em vós confia.
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus,
que unis os corações dos fiéis num único desejo,
fazei que o vosso povo ame o que mandais
e espere o que prometeis,
para que, no meio da instabilidade deste mundo,
fixemos os nossos corações
onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) 1 Tes 2, 9-13
«Foi a trabalhar noite e dia que vos pregámos o Evangelho de Deus»
Leitura da
Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Bem vos lembrais, irmãos, dos nossos trabalhos e canseiras. Foi a trabalhar
noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, que vos pregámos o
Evangelho de Deus. Vós sois testemunhas, e Deus também, de como nos portámos de
maneira justa, santa e irrepreensível em relação a vós, os crentes. E bem
sabeis que, como um pai trata os seus filhos, exortámos, animámos e conjurámos
cada um de vós a proceder de maneira digna de Deus, que vos chama ao seu reino
e à sua glória. Por isso, não cessamos de dar graças a Deus, porque, depois de
terdes recebido a palavra de Deus por nós pregada, vós a acolhestes, não como palavra
humana, mas como ela é realmente, palavra de Deus, que permanece ativa em vós,
os crentes.
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 138 (139), 7-8.9-10.11-12 (R. cf. 1)
Refrão: Senhor, Vós conheceis o íntimo do
meu coração. Repete-se
Onde poderei ocultar-me ao vosso espírito?
Onde evitarei a vossa presença?
Se subir ao céu, Vós lá estais;
se descer aos abismos, ali Vos encontrais. Refrão
Se voar nas asas da aurora,
se habitar nos confins do oceano,
mesmo ali a vossa mão me guiará
e a vossa direita me sustentará. Refrão
Se disser: «Talvez as trevas me hão de ocultar
e a luz, em volta de mim, se fará noite»,
nem as trevas têm para Vós escuridade:
a noite brilha como o dia
e a escuridão é clara como a luz. Refrão
ALELUIA 1 Jo 2, 5
Refrão: Aleluia. Repete-se
Quem observa a palavra de Cristo,
nesse o amor de Deus é perfeito. Refrão
EVANGELHO Mt 23, 27-32
«Sois os filhos daqueles que mataram os profetas»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois
semelhantes a sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão
cheios de ossos de mortos e de toda a podridão. Assim sois vós também: por fora
pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de
hipocrisia e maldade. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque
edificais os sepulcros dos profetas e ornamentais os túmulos dos justos; e
dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos pais, não teríamos sido
cúmplices na morte dos profetas’. Assim dais testemunho contra vós mesmos,
confessando que sois os filhos daqueles que mataram os profetas. Completai
então a obra dos vossos pais».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que pelo único sacrifício da cruz,
formastes para Vós um povo de adoção filial,
concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 103, 13-15
Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra fazeis brotar o pão
e o vinho que alegra o coração do homem.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Realizai em nós plenamente, Senhor,
a acção redentora da vossa misericórdia
e fazei-nos tão generosos e fortes
que possamos agradar-Vos em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: 1
Tes 2, 9-13: S. Paulo continua ainda
hoje a justificar a sua pregação entre os Tessalonicenses, lembrando, como
ontem, o género de vida que aí levou. Recorda-lhes ainda a fé com que eles
receberam, no princípio, a palavra da sua pregação, que eles aceitaram como
palavra de Deus, e não como simples palavras humanas.
Mt 23, 27-32: Os
ouvintes de Jesus mostram-se generosos para com a memória dos profetas, a quem
seus antepassados mataram e a quem eles agora restauram os sepulcros. Mas, no
fundo, tomam a respeito de Jesus atitudes idênticas às que os seus antepassados
tomaram para com esses profetas. Todas estas atitudes são sinais de cegueira de
espírito por orgulho e espírito de contradição.
AGENDA DO DIA:
17.00
horas: Missa em Gáfete
18.00
horas: Missa em Nisa
18.00
horas: Missa em Tolosa e visita a doentes.
A VOZ DO PASTOR:
O
DIALETO DOS PAIS E AS DITADURAS IDEOLÓGICAS
Ao
longo da História sempre houve promotores de ditaduras e de colonizações
culturais e ideológicas. Se não é aqui, é acolá ou mais além. Colonizações,
ditaduras, autocracias, teocracias, totalitarismos, autoritarismos, despotismos
e todos os quejandos, mesmo que entre si carreguem alguma diferença, venha o
diabo e escolha, como soe dizer-se. A quem lhes resiste, impõe-se logo a lei da
rolha, do desprezo ou da morte. Os seus promotores logo conseguem uma caterva
de seguidores, alguns mais radicais do que eles, para engrossarem as hostes e
fazerem valer o seu produto tóxico. Se não vencem pelo bom senso e pela força
da razão, acham-se no direito de vencer pela razão da força e seus enfeites.
Logo se esmeram em concentrar o poder, em subverter a ordem anterior, em
suprimir os espaços de debate e decisão, em influenciar a comunicação social, o
poder legislativo e judicial. A par, roubam a liberdade e tentam monopolizar o
direito de pensar e decidir, anulam o passado e afunilam o ensino para
desconstruir a linguagem, as instituições e a história. Usam a mentira floreada
com rebuscado imaginário, afastam os profissionais dos empregos e lugares de
prestigio, formatam, desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas
para, como afirma o Papa Francisco, os ‘homogeneizar’, transformando-os “em
sujeitos manipuláveis feitos em série”, causando “uma destruição cultural, que
é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais” (cf. CV185-186).
Tudo, tudo serve de arma para levar a água ao moinho, mesmo que, para enfeitar
todo esse processo, seja preciso borrifá-lo com algumas meias-verdades e alguns
mecanismos democráticos. A sofreguidão pelo poder e o bullying ideológico e
cultural são, muitas vezes, camaleonicamente apresentados como “saltos
civilizacionais” ou como se de direitos humanos se tratasse.
A
Sagrada Escritura também nos elucida sobre alguns desses artesãos da História.
Sabemos quanto o Povo de Deus, e outros povos, ontem e hoje, sofreram e sofrem
pelos desmandos colonizadores e totalitários de alguns dos seus líderes! Não só
por ambição do poder ou por causas ideológicas e políticas, também por questões
religiosas. Com uma diferença: enquanto, por causas ideológicas ou políticas,
alguém, para defender a pele, possa, porventura, fraquejar e dizer que não ao
que é sim, ou sim ao que é não, em questões religiosas não é bem assim. Com a
fé em Deus, se é fé verdadeira e não meros sentimentalismos religiosos ou
pieguices proselitistas, não se jogam interesses, a consciência da presença e a
força de Deus levam a antes quebrar que torcer.
O
rei Antíoco Epifânio, por exemplo, quis forçar os judeus a adotar os costumes,
a cultura e mesmo a religião dos gregos. Para ser mais fácil, tentou subornar e
convencer os mais influentes dos judeus a aderir às suas ordens, prometendo
amizade e recompensa. A resposta, porém, foi imediata e firme: “Não! Nós não
vamos obedecer às ordens do rei”. E se uma musculada perseguição caiu sobre
eles, também aumentou e se organizou a resistência na firme convicção de que é
“melhor morrer na batalha do que ficar a olhar a desgraça do nosso povo”. Ou,
como mais tarde haveriam de dizer Pedro e os Apóstolos, “é mais importante
obedecer a Deus do que aos homens” (cf. At 5, 29).
O
tempo de perseguição religiosa, porém, é sempre palco de testemunhas radicais
da verdade, é cenário de testemunhos heroicos até ao sacrifício da própria
vida. É verdade que há “mártires” de muitas outras causas nobres, justas e
necessárias, tornando-se inspiração para outros e aos quais muitos devem a
liberdade e o bem estar social nesta vida. No entanto, a palavra “martírio”
situa-se mais no contexto religioso, faz parte da sua gramática e significa
testemunho, aponta para o supremo bem que é a vida eterna. Neste contexto, se a
família dos Macabeus, no que respeita à fé, é digna de registo, o episódio duma
família de sete filhos não o é menos. Num só dia, a mãe vê torturar e matar
cada um dos filhos, à vez, até que, por fim, também ela é torturada e morta. Se
há fanatismo religioso e odiosamente doentio que persegue e mata quem não
acredita de igual forma, se há, até, quem, habilidosamente manipulado, se torne
pessoa bomba (kamikaze) para maiores estragos, há, sem dúvida, nestes
processos, muitas outras razões associadas como, por exemplo, fatores
culturais, sociais, políticos, psicológicos... São atitudes que não se podem
analisar de ânimo leve ou superficialmente. No entanto, e simplificando, uma coisa
é perseguir e matar os outros, ou suicidar-se, usando até, ilegitimamente, o
nome de Deus para o fazer, outra coisa é suportar com fortaleza o dom do
martírio em fidelidade a Deus que é Amor e nos ama infinitamente. Mais tarde,
perante tanta perseguição aos cristãos, Tertuliano haveria de dizer que “o
sangue dos mártires é semente de cristãos”. Ainda mais perto de nós, São Óscar
Romero, sentindo-se perseguido por fomentar a liberdade, a justiça e a paz
entre o seu povo, havia dito: “o martírio é uma graça de Deus que eu acho que
não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da minha vida, que o meu sangue
seja uma semente de liberdade e o sinal de que a esperança será em breve
realidade”. Foi assassinado pelo exército salvadorenho enquanto celebrava a Eucaristia
em 24 de março de 1980. Hoje, se muitos cristãos continuam a dar um testemunho
sem igual no quotidiano da sua vida familiar, social e laboral, outros
continuam a dar o supremo testemunho do martírio em defesa da fé em Cristo
Jesus, morto e ressuscitado, ao qual estão unidos pela caridade. Foi o que
aconteceu, por exemplo, no Domingo passado, no Sudão do Sul. Quando regressavam
a casa depois duma celebração numa paróquia dedicada a Nossa Senhora da
Assunção, duas religiosas foram mortas numa emboscada.
Mas
voltando àquela mãe, é extraordinária a sua coragem e o seu sentido de
responsabilidade na educação e perseverança da fé dos filhos. Até ao último
momento, amparada pela esperança que tinha no Senhor, e tanto quanto naquela
circunstância o podia fazer, não se cansou de exortar os seus filhos a serem
fiéis ao Senhor e a não obedecerem ao rei, a serem dignos dos seus antepassados
e a reconhecerem Deus que a tudo deu origem. A atitude dos filhos, porém, se
consola a mãe, enerva o rei até ao limite, que, aquando do momento da tortura
ao último filho, pede mesmo à mãe que lhe dê conselhos para o demover e lhe
salvar a vida. Inclinando-se para o filho, a mãe, ludibriando o rei, falou-lhe
na sua própria língua, a qual o rei não entendia: “Eu te peço, meu filho:
Contempla o céu e a terra e observa todas as coisas que neles há, reconhece que
não foi de coisas existentes que Deus as fez e que também o gênero humano tem a
mesma origem. Não temas este verdugo, mas sê digno de teus irmãos e aceita a
morte, para que eu te reencontre com eles no dia da misericórdia”. Enquanto ela
ainda falava, o menino reafirma corajosamente a sua fé, é torturado e morto.
Depois dos filhos, foi a vez da mãe.
Em
tempos, o Papa Francisco, referindo-se a esta tirânica colonização cultural e
ideológica do rei Antíoco, destacava a atitude da mãe. A mãe falava “na língua
dos pais”: falava em dialeto, e, por isso, o rei não entendia, o intérprete não
compreendia». Hoje “estamos diante de muitas colonizações que querem destruir
tudo e começar de novo». Apresentam novos «valores» e dizem que «a história
começa aqui», o resto «passou». No entanto, “não existe colonização cultural
alguma que possa vencer o dialeto», o dialeto “tem raízes históricas”, a
memória e o dialeto defendem-nos sempre.
A
fé também se transmite em dialeto, afirmou Francisco: “A fé verdadeira
aprende-se dos lábios da mãe, o dialeto que só a criança pode conhecer». “Este
é um exemplo do modo como as mães, as mulheres, são capazes de defender um
povo, a história de um povo, os filhos: transmitir a fé» (cf. L’OR7.12.17).
Quão
importante é a transmissão da fé em família, pela palavra e pelo testemunho,
pela alegria com que se vive e pela forma de a traduzir em atitudes de vida!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-08-2021.
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