PARÓQUIAS DE NISA
Sexta, 27 de agosto de 2021
Sexta-feira da XXI semana do tempo comum
LITURGIA
Sexta-feira
da semana XXI
S. Mónica – MO
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 1 Tes 4, 1-8; Sal 96 (97), 1 e 2ab.
5-6. 10. 11-12
Ev Mt 25, 1-13
* Na Ordem Agostiniana – S. Mónica, mãe de S. Agostinho – FESTA; I Vésp. de S.
Agostinho.
* Na Arquidiocese de Braga (Sé) – I Vésp. do Aniversário da Dedicação da Igreja
Catedral.
S. Mónica
Nota
Histórica:
Nasceu
em Tagaste (África) no ano 331, de uma família cristã. Ainda muito jovem foi
dada em matrimónio a um homem chamado Patrício. Teve vários filhos, entre os
quais Agostinho, por cuja conversão derramou muitas lágrimas e orou
insistentemente a Deus. Exemplo de mãe verdadeiramente santa, alimentou a sua
fé com uma vida de intensa oração e enriqueceu a com suas virtudes. Morreu em
Óstia no ano 387.
MISSA
ORAÇÃO
COLECTA
Senhor nosso Deus, consolação dos que choram, Vós que atendestes
misericordiosamente as lágrimas de Santa Mónica pela conversão do seu filho
Agostinho, concedei-nos, pela intercessão da mãe e do filho, que saibamos
chorar os nossos pecados para alcançar a graça do vosso perdão. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I Sir 26, 1-4.16-21 (gr. 1-4.13-16)
«Como o sol que brilha no alto dos céus,
assim é a beleza da mulher virtuosa, como ornamento da sua casa»
Leitura do Livro
de Ben-Sirá
Feliz o homem que tem uma mulher virtuosa, porque
será dobrado o número dos seus dias. A mulher forte é a alegria do seu marido:
ele passará em paz os anos da sua vida. A mulher virtuosa é uma sorte
excelente: é o prémio dos que temem o Senhor. Rico ou pobre, o seu coração será
feliz e o seu rosto mostrar-se-á sempre alegre. A graça da esposa diligente
alegra o seu marido e fortalece-o a sua sabedoria. É um dom do Senhor a mulher
sensata e silenciosa: nada se compara à mulher bem educada. A mulher santa e
honesta é uma graça inestimável e não tem preço uma alma casta. Como o sol que
brilha no alto dos céus, assim é a beleza da mulher virtuosa, como ornamento da
sua casa.
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 130 (131), 1.2 e 3
Refrão: Guardai-me na vossa paz, Senhor.
Ou: Guardai-me junto de Vós, na vossa paz, Senhor.
Senhor, não se eleva soberbo o meu coração,
nem se levantam altivos os meus olhos.
Não ambiciono riquezas,
nem coisas superiores a mim.
Antes fico sossegado e tranquilo,
como criança ao colo da mãe.
Espera, Israel, no Senhor,
agora e para sempre.
ALELUIA Jo 8, 12b
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor:
Quem Me segue terá a luz da vida. Refrão
EVANGELHO Lc 7, 11-17
«No sepulcro do seu pensamento, ela apresentava-me a Vós,
para que dissésseis ao filho da viúva: ‘Jovem, Eu te digo: levanta-te’»
(S. Agostinho, Conf. l. VI, c.1)
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus
discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um
defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita
gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não
chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam
pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e
começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e
davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus
visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia
e pelas regiões vizinhas.
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as nossas orações e, para servirmos dignamente ao vosso altar, protegei-nos com a intercessão dos vossos santos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO (cf.
SL 67,4)
Os justos alegram-se na glória de Deus, exultam de alegria na sua presença.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus eterno e
omnipotente, Pai de toda a consolação e da paz, fazei que a vossa família, congregada
na festa memória dos santos para celebrar o louvor do vosso nome, receba na
comunhão destes santos mistérios o penhor da redenção eterna. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Missa em Nisa
18.00
horas: Missa em Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR:
O
DIALETO DOS PAIS E AS DITADURAS IDEOLÓGICAS
Ao
longo da História sempre houve promotores de ditaduras e de colonizações
culturais e ideológicas. Se não é aqui, é acolá ou mais além. Colonizações,
ditaduras, autocracias, teocracias, totalitarismos, autoritarismos, despotismos
e todos os quejandos, mesmo que entre si carreguem alguma diferença, venha o
diabo e escolha, como soe dizer-se. A quem lhes resiste, impõe-se logo a lei da
rolha, do desprezo ou da morte. Os seus promotores logo conseguem uma caterva
de seguidores, alguns mais radicais do que eles, para engrossarem as hostes e
fazerem valer o seu produto tóxico. Se não vencem pelo bom senso e pela força
da razão, acham-se no direito de vencer pela razão da força e seus enfeites.
Logo se esmeram em concentrar o poder, em subverter a ordem anterior, em
suprimir os espaços de debate e decisão, em influenciar a comunicação social, o
poder legislativo e judicial. A par, roubam a liberdade e tentam monopolizar o
direito de pensar e decidir, anulam o passado e afunilam o ensino para
desconstruir a linguagem, as instituições e a história. Usam a mentira floreada
com rebuscado imaginário, afastam os profissionais dos empregos e lugares de
prestigio, formatam, desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas
para, como afirma o Papa Francisco, os ‘homogeneizar’, transformando-os “em
sujeitos manipuláveis feitos em série”, causando “uma destruição cultural, que
é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais” (cf. CV185-186).
Tudo, tudo serve de arma para levar a água ao moinho, mesmo que, para enfeitar
todo esse processo, seja preciso borrifá-lo com algumas meias-verdades e alguns
mecanismos democráticos. A sofreguidão pelo poder e o bullying ideológico e
cultural são, muitas vezes, camaleonicamente apresentados como “saltos
civilizacionais” ou como se de direitos humanos se tratasse.
A
Sagrada Escritura também nos elucida sobre alguns desses artesãos da História.
Sabemos quanto o Povo de Deus, e outros povos, ontem e hoje, sofreram e sofrem
pelos desmandos colonizadores e totalitários de alguns dos seus líderes! Não só
por ambição do poder ou por causas ideológicas e políticas, também por questões
religiosas. Com uma diferença: enquanto, por causas ideológicas ou políticas,
alguém, para defender a pele, possa, porventura, fraquejar e dizer que não ao
que é sim, ou sim ao que é não, em questões religiosas não é bem assim. Com a
fé em Deus, se é fé verdadeira e não meros sentimentalismos religiosos ou
pieguices proselitistas, não se jogam interesses, a consciência da presença e a
força de Deus levam a antes quebrar que torcer.
O
rei Antíoco Epifânio, por exemplo, quis forçar os judeus a adotar os costumes,
a cultura e mesmo a religião dos gregos. Para ser mais fácil, tentou subornar e
convencer os mais influentes dos judeus a aderir às suas ordens, prometendo
amizade e recompensa. A resposta, porém, foi imediata e firme: “Não! Nós não
vamos obedecer às ordens do rei”. E se uma musculada perseguição caiu sobre
eles, também aumentou e se organizou a resistência na firme convicção de que é
“melhor morrer na batalha do que ficar a olhar a desgraça do nosso povo”. Ou,
como mais tarde haveriam de dizer Pedro e os Apóstolos, “é mais importante
obedecer a Deus do que aos homens” (cf. At 5, 29).
O
tempo de perseguição religiosa, porém, é sempre palco de testemunhas radicais
da verdade, é cenário de testemunhos heroicos até ao sacrifício da própria
vida. É verdade que há “mártires” de muitas outras causas nobres, justas e
necessárias, tornando-se inspiração para outros e aos quais muitos devem a
liberdade e o bem estar social nesta vida. No entanto, a palavra “martírio”
situa-se mais no contexto religioso, faz parte da sua gramática e significa
testemunho, aponta para o supremo bem que é a vida eterna. Neste contexto, se a
família dos Macabeus, no que respeita à fé, é digna de registo, o episódio duma
família de sete filhos não o é menos. Num só dia, a mãe vê torturar e matar
cada um dos filhos, à vez, até que, por fim, também ela é torturada e morta. Se
há fanatismo religioso e odiosamente doentio que persegue e mata quem não
acredita de igual forma, se há, até, quem, habilidosamente manipulado, se torne
pessoa bomba (kamikaze) para maiores estragos, há, sem dúvida, nestes
processos, muitas outras razões associadas como, por exemplo, fatores
culturais, sociais, políticos, psicológicos... São atitudes que não se podem
analisar de ânimo leve ou superficialmente. No entanto, e simplificando, uma
coisa é perseguir e matar os outros, ou suicidar-se, usando até,
ilegitimamente, o nome de Deus para o fazer, outra coisa é suportar com
fortaleza o dom do martírio em fidelidade a Deus que é Amor e nos ama
infinitamente. Mais tarde, perante tanta perseguição aos cristãos, Tertuliano
haveria de dizer que “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Ainda mais
perto de nós, São Óscar Romero, sentindo-se perseguido por fomentar a
liberdade, a justiça e a paz entre o seu povo, havia dito: “o martírio é uma
graça de Deus que eu acho que não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da
minha vida, que o meu sangue seja uma semente de liberdade e o sinal de que a
esperança será em breve realidade”. Foi assassinado pelo exército salvadorenho
enquanto celebrava a Eucaristia em 24 de março de 1980. Hoje, se muitos
cristãos continuam a dar um testemunho sem igual no quotidiano da sua vida
familiar, social e laboral, outros continuam a dar o supremo testemunho do
martírio em defesa da fé em Cristo Jesus, morto e ressuscitado, ao qual estão
unidos pela caridade. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Domingo passado, no
Sudão do Sul. Quando regressavam a casa depois duma celebração numa paróquia
dedicada a Nossa Senhora da Assunção, duas religiosas foram mortas numa
emboscada.
Mas
voltando àquela mãe, é extraordinária a sua coragem e o seu sentido de
responsabilidade na educação e perseverança da fé dos filhos. Até ao último
momento, amparada pela esperança que tinha no Senhor, e tanto quanto naquela
circunstância o podia fazer, não se cansou de exortar os seus filhos a serem
fiéis ao Senhor e a não obedecerem ao rei, a serem dignos dos seus antepassados
e a reconhecerem Deus que a tudo deu origem. A atitude dos filhos, porém, se
consola a mãe, enerva o rei até ao limite, que, aquando do momento da tortura
ao último filho, pede mesmo à mãe que lhe dê conselhos para o demover e lhe
salvar a vida. Inclinando-se para o filho, a mãe, ludibriando o rei, falou-lhe
na sua própria língua, a qual o rei não entendia: “Eu te peço, meu filho:
Contempla o céu e a terra e observa todas as coisas que neles há, reconhece que
não foi de coisas existentes que Deus as fez e que também o gênero humano tem a
mesma origem. Não temas este verdugo, mas sê digno de teus irmãos e aceita a
morte, para que eu te reencontre com eles no dia da misericórdia”. Enquanto ela
ainda falava, o menino reafirma corajosamente a sua fé, é torturado e morto.
Depois dos filhos, foi a vez da mãe.
Em
tempos, o Papa Francisco, referindo-se a esta tirânica colonização cultural e
ideológica do rei Antíoco, destacava a atitude da mãe. A mãe falava “na língua
dos pais”: falava em dialeto, e, por isso, o rei não entendia, o intérprete não
compreendia». Hoje “estamos diante de muitas colonizações que querem destruir
tudo e começar de novo». Apresentam novos «valores» e dizem que «a história
começa aqui», o resto «passou». No entanto, “não existe colonização cultural
alguma que possa vencer o dialeto», o dialeto “tem raízes históricas”, a
memória e o dialeto defendem-nos sempre.
A
fé também se transmite em dialeto, afirmou Francisco: “A fé verdadeira
aprende-se dos lábios da mãe, o dialeto que só a criança pode conhecer». “Este
é um exemplo do modo como as mães, as mulheres, são capazes de defender um
povo, a história de um povo, os filhos: transmitir a fé» (cf. L’OR7.12.17).
Quão
importante é a transmissão da fé em família, pela palavra e pelo testemunho,
pela alegria com que se vive e pela forma de a traduzir em atitudes de vida!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-08-2021.
Sem comentários:
Enviar um comentário