PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 28 de agosto de 2021
Sábado da XXI semana do tempo comum
LITURGIA
Sábado
da semana XXI
S.
Agostinho, bispo e doutor da Igreja – MO
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 1 Tes 4, 9-11; Sal 97 (98), 1. 7-8. 9
Ev Mt 25, 14-30
* Na Arquidiocese de Braga – Aniversário da Dedicação da Igreja Catedral: na Sé
– SOLENIDADE; nas outras igrejas da Diocese – FESTA
* Na Diocese de Coimbra – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja, Padroeiro da
Diocese – FESTA
* Na Diocese de Lamego – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja, Padroeiro
secundário da Diocese – MO
* Na Diocese de Leiria-Fátima – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja,
Padroeiro igualmente principal – FESTA
* Na Ordem Agostiniana – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja, Fundador da
Ordem – SOLENIDADE
*
Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus e na Ordem de São Domingos – S.
Agostinho, bispo e doutor da Igreja – FESTA
* Nas Dioceses de Cabo Verde – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja – FESTA
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
S.
AGOSTINHO, bispo e doutor da Igreja
Nota
Histórica:
Nasceu em
Tagaste (África) no ano 354. Depois de uma juventude perturbada, quer
intelectualmente quer moralmente, converteu se à fé e foi batizado em Milão por
S. Ambrósio no ano 387. Voltou à sua pátria e aí levou uma vida de grande
ascetismo. Eleito bispo de Hipona, durante trinta e quatro anos foi perfeito
modelo do seu rebanho e deu lhe uma sólida formação cristã por meio de
numerosos sermões e escritos, com os quais combateu fortemente os erros do seu
tempo e ilustrou sabiamente a fé católica. Morreu no ano 430.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Sir 15, 5
O Senhor deu-lhe a palavra no meio da assembleia,
encheu-o com o espírito de sabedoria e inteligência
e revestiu-o com um manto de glória.
Em África diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Renovai, Senhor, na vossa Igreja o espírito com que enriquecestes o bispo Santo
Agostinho, para que, animados pelo mesmo espírito, tenhamos sede só de Vós,
única fonte de sabedoria, e só em Vós, origem do verdadeiro amor, descanse o
nosso coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Jo 4, 7-16
«Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós»
Leitura da
Primeira Epístola de São João
Caríssimos: Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus; e todo aquele
que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus
enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste
o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o
seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos
amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a
Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e em nós o seu amor
é perfeito. Nisto conhecemos que estamos n’Ele e Ele em nós: porque nos deu o
seu Espírito. E nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho
como Salvador do mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus
permanece nele e ele em Deus. Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e
acreditámos no seu amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus,
e Deus permanece nele.
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 118 (119), 9 e 10.11 e 12.13 e 14
(R.12b)
Refrão: Ensinai-me, Senhor, os vossos
mandamentos.
Como há de o jovem manter puro o seu caminho?
Guardando as vossas palavras.
De todo o coração Vos procuro,
não me deixeis afastar dos vossos mandamentos.
Conservo a vossa palavra dentro do coração,
para não pecar contra Vós.
Bendito sejais, Senhor,
ensinai-me os vossos decretos.
Enuncio com os meus lábios
todos os juízos da vossa boca.
Sinto mais alegria em seguir as vossas ordens
do que em todas as riquezas.
ALELUIA Mt 23, 9b.10b
Refrão: Aleluia Repete-se
Um só é o vosso Pai, o Pai celeste;
um só é o vosso mestre, Jesus Cristo. Refrão
EVANGELHO Mt 23, 8-12
«Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não vos deixeis tratar por ‘Mestres’,
porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a
ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis
tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for
o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se
humilha será exaltado».
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ao celebrarmos o memorial da nossa salvação, humildemente Vos pedimos, Senhor,
que este sacramento do vosso amor seja para todos nós sinal de unidade e
vínculo de caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Mt 23, 10.8
Um só é o nosso Mestre, Jesus Cristo,
e todos nós somos irmãos.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Santificai-nos, Senhor, por esta participação na mesa de Cristo, para que, como
verdadeiros membros do seu Corpo, nos transformemos n’Aquele que recebemos. Ele
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS:
AGENDA DO DIA:
11.00
horas: Casamento em Gáfete
15.00
horas: Missa na Falagueira
16.00
horas: Missa no Monte Claro
16.00
horas: Missa no Pardo
18.00
horas: Missa em Alpalhão
18.00
horas: Missa em Nisa,
A VOZ DO PASTOR:
O
DIALETO DOS PAIS E AS DITADURAS IDEOLÓGICAS
Ao
longo da História sempre houve promotores de ditaduras e de colonizações
culturais e ideológicas. Se não é aqui, é acolá ou mais além. Colonizações, ditaduras,
autocracias, teocracias, totalitarismos, autoritarismos, despotismos e todos os
quejandos, mesmo que entre si carreguem alguma diferença, venha o diabo e
escolha, como soe dizer-se. A quem lhes resiste, impõe-se logo a lei da rolha,
do desprezo ou da morte. Os seus promotores logo conseguem uma caterva de
seguidores, alguns mais radicais do que eles, para engrossarem as hostes e
fazerem valer o seu produto tóxico. Se não vencem pelo bom senso e pela força
da razão, acham-se no direito de vencer pela razão da força e seus enfeites.
Logo se esmeram em concentrar o poder, em subverter a ordem anterior, em
suprimir os espaços de debate e decisão, em influenciar a comunicação social, o
poder legislativo e judicial. A par, roubam a liberdade e tentam monopolizar o
direito de pensar e decidir, anulam o passado e afunilam o ensino para
desconstruir a linguagem, as instituições e a história. Usam a mentira floreada
com rebuscado imaginário, afastam os profissionais dos empregos e lugares de
prestigio, formatam, desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas
para, como afirma o Papa Francisco, os ‘homogeneizar’, transformando-os “em
sujeitos manipuláveis feitos em série”, causando “uma destruição cultural, que
é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais” (cf. CV185-186).
Tudo, tudo serve de arma para levar a água ao moinho, mesmo que, para enfeitar
todo esse processo, seja preciso borrifá-lo com algumas meias-verdades e alguns
mecanismos democráticos. A sofreguidão pelo poder e o bullying ideológico e
cultural são, muitas vezes, camaleonicamente apresentados como “saltos
civilizacionais” ou como se de direitos humanos se tratasse.
A
Sagrada Escritura também nos elucida sobre alguns desses artesãos da História.
Sabemos quanto o Povo de Deus, e outros povos, ontem e hoje, sofreram e sofrem
pelos desmandos colonizadores e totalitários de alguns dos seus líderes! Não só
por ambição do poder ou por causas ideológicas e políticas, também por questões
religiosas. Com uma diferença: enquanto, por causas ideológicas ou políticas,
alguém, para defender a pele, possa, porventura, fraquejar e dizer que não ao
que é sim, ou sim ao que é não, em questões religiosas não é bem assim. Com a
fé em Deus, se é fé verdadeira e não meros sentimentalismos religiosos ou
pieguices proselitistas, não se jogam interesses, a consciência da presença e a
força de Deus levam a antes quebrar que torcer.
O
rei Antíoco Epifânio, por exemplo, quis forçar os judeus a adotar os costumes,
a cultura e mesmo a religião dos gregos. Para ser mais fácil, tentou subornar e
convencer os mais influentes dos judeus a aderir às suas ordens, prometendo
amizade e recompensa. A resposta, porém, foi imediata e firme: “Não! Nós não
vamos obedecer às ordens do rei”. E se uma musculada perseguição caiu sobre
eles, também aumentou e se organizou a resistência na firme convicção de que é
“melhor morrer na batalha do que ficar a olhar a desgraça do nosso povo”. Ou,
como mais tarde haveriam de dizer Pedro e os Apóstolos, “é mais importante obedecer
a Deus do que aos homens” (cf. At 5, 29).
O
tempo de perseguição religiosa, porém, é sempre palco de testemunhas radicais
da verdade, é cenário de testemunhos heroicos até ao sacrifício da própria
vida. É verdade que há “mártires” de muitas outras causas nobres, justas e
necessárias, tornando-se inspiração para outros e aos quais muitos devem a
liberdade e o bem estar social nesta vida. No entanto, a palavra “martírio”
situa-se mais no contexto religioso, faz parte da sua gramática e significa
testemunho, aponta para o supremo bem que é a vida eterna. Neste contexto, se a
família dos Macabeus, no que respeita à fé, é digna de registo, o episódio duma
família de sete filhos não o é menos. Num só dia, a mãe vê torturar e matar
cada um dos filhos, à vez, até que, por fim, também ela é torturada e morta. Se
há fanatismo religioso e odiosamente doentio que persegue e mata quem não
acredita de igual forma, se há, até, quem, habilidosamente manipulado, se torne
pessoa bomba (kamikaze) para maiores estragos, há, sem dúvida, nestes
processos, muitas outras razões associadas como, por exemplo, fatores
culturais, sociais, políticos, psicológicos... São atitudes que não se podem
analisar de ânimo leve ou superficialmente. No entanto, e simplificando, uma
coisa é perseguir e matar os outros, ou suicidar-se, usando até,
ilegitimamente, o nome de Deus para o fazer, outra coisa é suportar com
fortaleza o dom do martírio em fidelidade a Deus que é Amor e nos ama
infinitamente. Mais tarde, perante tanta perseguição aos cristãos, Tertuliano
haveria de dizer que “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Ainda mais
perto de nós, São Óscar Romero, sentindo-se perseguido por fomentar a
liberdade, a justiça e a paz entre o seu povo, havia dito: “o martírio é uma
graça de Deus que eu acho que não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da
minha vida, que o meu sangue seja uma semente de liberdade e o sinal de que a
esperança será em breve realidade”. Foi assassinado pelo exército salvadorenho
enquanto celebrava a Eucaristia em 24 de março de 1980. Hoje, se muitos
cristãos continuam a dar um testemunho sem igual no quotidiano da sua vida
familiar, social e laboral, outros continuam a dar o supremo testemunho do
martírio em defesa da fé em Cristo Jesus, morto e ressuscitado, ao qual estão
unidos pela caridade. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Domingo passado, no
Sudão do Sul. Quando regressavam a casa depois duma celebração numa paróquia
dedicada a Nossa Senhora da Assunção, duas religiosas foram mortas numa
emboscada.
Mas
voltando àquela mãe, é extraordinária a sua coragem e o seu sentido de
responsabilidade na educação e perseverança da fé dos filhos. Até ao último
momento, amparada pela esperança que tinha no Senhor, e tanto quanto naquela
circunstância o podia fazer, não se cansou de exortar os seus filhos a serem
fiéis ao Senhor e a não obedecerem ao rei, a serem dignos dos seus antepassados
e a reconhecerem Deus que a tudo deu origem. A atitude dos filhos, porém, se
consola a mãe, enerva o rei até ao limite, que, aquando do momento da tortura
ao último filho, pede mesmo à mãe que lhe dê conselhos para o demover e lhe
salvar a vida. Inclinando-se para o filho, a mãe, ludibriando o rei, falou-lhe
na sua própria língua, a qual o rei não entendia: “Eu te peço, meu filho: Contempla
o céu e a terra e observa todas as coisas que neles há, reconhece que não foi
de coisas existentes que Deus as fez e que também o gênero humano tem a mesma
origem. Não temas este verdugo, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte,
para que eu te reencontre com eles no dia da misericórdia”. Enquanto ela ainda
falava, o menino reafirma corajosamente a sua fé, é torturado e morto. Depois
dos filhos, foi a vez da mãe.
Em
tempos, o Papa Francisco, referindo-se a esta tirânica colonização cultural e
ideológica do rei Antíoco, destacava a atitude da mãe. A mãe falava “na língua
dos pais”: falava em dialeto, e, por isso, o rei não entendia, o intérprete não
compreendia». Hoje “estamos diante de muitas colonizações que querem destruir
tudo e começar de novo». Apresentam novos «valores» e dizem que «a história
começa aqui», o resto «passou». No entanto, “não existe colonização cultural
alguma que possa vencer o dialeto», o dialeto “tem raízes históricas”, a
memória e o dialeto defendem-nos sempre.
A
fé também se transmite em dialeto, afirmou Francisco: “A fé verdadeira
aprende-se dos lábios da mãe, o dialeto que só a criança pode conhecer». “Este
é um exemplo do modo como as mães, as mulheres, são capazes de defender um
povo, a história de um povo, os filhos: transmitir a fé» (cf. L’OR7.12.17).
Quão
importante é a transmissão da fé em família, pela palavra e pelo testemunho,
pela alegria com que se vive e pela forma de a traduzir em atitudes de vida!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-08-2021.
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