PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 26 de agosto de 2021
Quinta-feira da XXI semana do tempo comum
LITURGIA
Quinta-feira
da semana XXI
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L 1 1 Tes 3, 7-13; Sal 89 (90), 3-4. 12-13. 14 e 17
Ev Mt 24, 42-51
* Na Arquidiocese de Braga – S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja – MO
* Na Ordem Agostiniana – SS. Liberato, Bonifácio e Companheiros, mártires – MF
* Na Ordem Carmelita – B. Tiago Retouret, presbítero e mártir – MF
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços e Carmelos de Clausura Femininos –
Transverberação do Coração de S. Teresa de Jesus – MF e MO
* Na Congregação da Paixão de Jesus Cristo – B. Domingos da Mãe de Deus,
presbítero – MO
* Na Congregação Salesiana – B. Zeferino Namuncurá – MF
* Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – S. Teresa de Jesus Jornet e Ibars,
virgem, Fundadora – SOLENIDADE
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 85, 1-3
Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o vosso servo, que em vós confia.
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus,
que unis os corações dos fiéis num único desejo,
fazei que o vosso povo ame o que mandais
e espere o que prometeis,
para que, no meio da instabilidade deste mundo,
fixemos os nossos corações
onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) 1 Tes 3, 7-13
«O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade
uns para com os outros e para com todos»
Leitura da
Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos
Tessalonicenses
A vossa fé, irmãos, foi para nós um
motivo de conforto no meio de todas as nossas angústias e tribulações. Agora
sentimo-nos reviver, porque estais firmes no Senhor. Como poderemos agradecer a
Deus por vós, por toda a alegria que nos destes diante do nosso Deus? Noite e
dia Lhe dirigimos as mais instantes súplicas, para que nos permita tornar a
ver- vos e completar o que ainda falta à vossa fé. Deus, nosso Pai, e Jesus,
nosso Senhor, dirijam o nosso caminho para junto de vós. O Senhor vos faça
crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, assim
como nós a temos tido para convosco. O Senhor confirme os vossos corações numa
santidade irrepreensível, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus,
nosso Senhor, com todos os seus santos.
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 89 (90), 3-4.12-13.14 e 17 (R. 14)
Refrão: Saciai-nos, Senhor, com a vossa
bondade
e exultaremos de alegria. Repete-se
Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite. Refrão
Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos. Refrão
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos. Refrão
ALELUIA Mt 24, 42a.44
Refrão: Aleluia Repete-se
Vigiai e estai preparados,
porque na hora em que não pensais
virá o Filho do homem. Refrão
EVANGELHO Mt 24, 42-51
«Estai preparados»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: «Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o
ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai
vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do
homem. Quem é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua casa,
para lhe dar o alimento em tempo oportuno? Feliz aquele servo que o senhor, ao
chegar, encontrar procedendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará a
administração de todos os seus bens. Mas se o servo for mau e disser consigo:
‘O meu senhor demora-se’, e começar a espancar os companheiros e a comer e
beber com os ébrios, quando o senhor daquele servo chegar, em dia que ele não
espera e à hora que ele não pensa, expulsá-lo-á e lhe dará a sorte dos
hipócritas. Aí haverá choro e ranger de dentes».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que pelo único sacrifício da cruz,
formastes para Vós um povo de adopção filial,
concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 103, 13-15
Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra fazeis brotar o pão
e o vinho que alegra o coração do homem.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Realizai em nós plenamente, Senhor,
a acção redentora da vossa misericórdia
e fazei-nos tão generosos e fortes
que possamos agradar-Vos em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: 1 Tes 3, 7-13 :As
notícias trazidas por Timóteo enchem de alegria o coração de Paulo, ao ouvir
como os cristãos de Tessalónica se mantêm “firmes no Senhor”. Essas boas
notícias são sempre ocasião de dar graças a Deus, o que significa que, para S.
Paulo, é Deus a fonte de todo o bem de que os cristãos dão testemunho. As boas
obras dos cristãos são testemunho da santidade de Deus. Mas a graça que o
Apóstolo mais deseja ver neles é a caridade.
24, 42-51: O
final do Evangelho de S. Mateus contém várias parábolas sobre a vigilância.
Aquela que hoje se lê dirige-se particularmente aos chefes da comunidade, que
hão de ser fiéis e avisados, mas é igualmente uma prevenção para todos nós, que
aguardamos a vinda do Senhor.
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Missa em Nisa
21.00
horas: Adoração ao Santíssimo em Nisa.
A VOZ DO PASTOR:
O
DIALETO DOS PAIS E AS DITADURAS IDEOLÓGICAS
Ao
longo da História sempre houve promotores de ditaduras e de colonizações
culturais e ideológicas. Se não é aqui, é acolá ou mais além. Colonizações, ditaduras,
autocracias, teocracias, totalitarismos, autoritarismos, despotismos e todos os
quejandos, mesmo que entre si carreguem alguma diferença, venha o diabo e
escolha, como soe dizer-se. A quem lhes resiste, impõe-se logo a lei da rolha,
do desprezo ou da morte. Os seus promotores logo conseguem uma caterva de
seguidores, alguns mais radicais do que eles, para engrossarem as hostes e
fazerem valer o seu produto tóxico. Se não vencem pelo bom senso e pela força
da razão, acham-se no direito de vencer pela razão da força e seus enfeites.
Logo se esmeram em concentrar o poder, em subverter a ordem anterior, em
suprimir os espaços de debate e decisão, em influenciar a comunicação social, o
poder legislativo e judicial. A par, roubam a liberdade e tentam monopolizar o
direito de pensar e decidir, anulam o passado e afunilam o ensino para
desconstruir a linguagem, as instituições e a história. Usam a mentira floreada
com rebuscado imaginário, afastam os profissionais dos empregos e lugares de
prestigio, formatam, desenraízam os jovens das origens culturais e religiosas
para, como afirma o Papa Francisco, os ‘homogeneizar’, transformando-os “em
sujeitos manipuláveis feitos em série”, causando “uma destruição cultural, que
é tão grave como a extinção das espécies animais e vegetais” (cf. CV185-186).
Tudo, tudo serve de arma para levar a água ao moinho, mesmo que, para enfeitar
todo esse processo, seja preciso borrifá-lo com algumas meias-verdades e alguns
mecanismos democráticos. A sofreguidão pelo poder e o bullying ideológico e
cultural são, muitas vezes, camaleonicamente apresentados como “saltos
civilizacionais” ou como se de direitos humanos se tratasse.
A
Sagrada Escritura também nos elucida sobre alguns desses artesãos da História.
Sabemos quanto o Povo de Deus, e outros povos, ontem e hoje, sofreram e sofrem
pelos desmandos colonizadores e totalitários de alguns dos seus líderes! Não só
por ambição do poder ou por causas ideológicas e políticas, também por questões
religiosas. Com uma diferença: enquanto, por causas ideológicas ou políticas,
alguém, para defender a pele, possa, porventura, fraquejar e dizer que não ao
que é sim, ou sim ao que é não, em questões religiosas não é bem assim. Com a
fé em Deus, se é fé verdadeira e não meros sentimentalismos religiosos ou
pieguices proselitistas, não se jogam interesses, a consciência da presença e a
força de Deus levam a antes quebrar que torcer.
O
rei Antíoco Epifânio, por exemplo, quis forçar os judeus a adotar os costumes,
a cultura e mesmo a religião dos gregos. Para ser mais fácil, tentou subornar e
convencer os mais influentes dos judeus a aderir às suas ordens, prometendo
amizade e recompensa. A resposta, porém, foi imediata e firme: “Não! Nós não
vamos obedecer às ordens do rei”. E se uma musculada perseguição caiu sobre
eles, também aumentou e se organizou a resistência na firme convicção de que é
“melhor morrer na batalha do que ficar a olhar a desgraça do nosso povo”. Ou,
como mais tarde haveriam de dizer Pedro e os Apóstolos, “é mais importante obedecer
a Deus do que aos homens” (cf. At 5, 29).
O
tempo de perseguição religiosa, porém, é sempre palco de testemunhas radicais
da verdade, é cenário de testemunhos heroicos até ao sacrifício da própria
vida. É verdade que há “mártires” de muitas outras causas nobres, justas e
necessárias, tornando-se inspiração para outros e aos quais muitos devem a
liberdade e o bem estar social nesta vida. No entanto, a palavra “martírio”
situa-se mais no contexto religioso, faz parte da sua gramática e significa
testemunho, aponta para o supremo bem que é a vida eterna. Neste contexto, se a
família dos Macabeus, no que respeita à fé, é digna de registo, o episódio duma
família de sete filhos não o é menos. Num só dia, a mãe vê torturar e matar
cada um dos filhos, à vez, até que, por fim, também ela é torturada e morta. Se
há fanatismo religioso e odiosamente doentio que persegue e mata quem não
acredita de igual forma, se há, até, quem, habilidosamente manipulado, se torne
pessoa bomba (kamikaze) para maiores estragos, há, sem dúvida, nestes
processos, muitas outras razões associadas como, por exemplo, fatores
culturais, sociais, políticos, psicológicos... São atitudes que não se podem
analisar de ânimo leve ou superficialmente. No entanto, e simplificando, uma
coisa é perseguir e matar os outros, ou suicidar-se, usando até,
ilegitimamente, o nome de Deus para o fazer, outra coisa é suportar com
fortaleza o dom do martírio em fidelidade a Deus que é Amor e nos ama
infinitamente. Mais tarde, perante tanta perseguição aos cristãos, Tertuliano
haveria de dizer que “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Ainda mais
perto de nós, São Óscar Romero, sentindo-se perseguido por fomentar a
liberdade, a justiça e a paz entre o seu povo, havia dito: “o martírio é uma
graça de Deus que eu acho que não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da
minha vida, que o meu sangue seja uma semente de liberdade e o sinal de que a
esperança será em breve realidade”. Foi assassinado pelo exército salvadorenho
enquanto celebrava a Eucaristia em 24 de março de 1980. Hoje, se muitos
cristãos continuam a dar um testemunho sem igual no quotidiano da sua vida
familiar, social e laboral, outros continuam a dar o supremo testemunho do
martírio em defesa da fé em Cristo Jesus, morto e ressuscitado, ao qual estão
unidos pela caridade. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Domingo passado, no
Sudão do Sul. Quando regressavam a casa depois duma celebração numa paróquia
dedicada a Nossa Senhora da Assunção, duas religiosas foram mortas numa
emboscada.
Mas
voltando àquela mãe, é extraordinária a sua coragem e o seu sentido de
responsabilidade na educação e perseverança da fé dos filhos. Até ao último
momento, amparada pela esperança que tinha no Senhor, e tanto quanto naquela
circunstância o podia fazer, não se cansou de exortar os seus filhos a serem
fiéis ao Senhor e a não obedecerem ao rei, a serem dignos dos seus antepassados
e a reconhecerem Deus que a tudo deu origem. A atitude dos filhos, porém, se
consola a mãe, enerva o rei até ao limite, que, aquando do momento da tortura
ao último filho, pede mesmo à mãe que lhe dê conselhos para o demover e lhe
salvar a vida. Inclinando-se para o filho, a mãe, ludibriando o rei, falou-lhe
na sua própria língua, a qual o rei não entendia: “Eu te peço, meu filho: Contempla
o céu e a terra e observa todas as coisas que neles há, reconhece que não foi
de coisas existentes que Deus as fez e que também o gênero humano tem a mesma
origem. Não temas este verdugo, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte,
para que eu te reencontre com eles no dia da misericórdia”. Enquanto ela ainda
falava, o menino reafirma corajosamente a sua fé, é torturado e morto. Depois
dos filhos, foi a vez da mãe.
Em
tempos, o Papa Francisco, referindo-se a esta tirânica colonização cultural e
ideológica do rei Antíoco, destacava a atitude da mãe. A mãe falava “na língua
dos pais”: falava em dialeto, e, por isso, o rei não entendia, o intérprete não
compreendia». Hoje “estamos diante de muitas colonizações que querem destruir
tudo e começar de novo». Apresentam novos «valores» e dizem que «a história
começa aqui», o resto «passou». No entanto, “não existe colonização cultural
alguma que possa vencer o dialeto», o dialeto “tem raízes históricas”, a
memória e o dialeto defendem-nos sempre.
A
fé também se transmite em dialeto, afirmou Francisco: “A fé verdadeira
aprende-se dos lábios da mãe, o dialeto que só a criança pode conhecer». “Este
é um exemplo do modo como as mães, as mulheres, são capazes de defender um
povo, a história de um povo, os filhos: transmitir a fé» (cf. L’OR7.12.17).
Quão
importante é a transmissão da fé em família, pela palavra e pelo testemunho,
pela alegria com que se vive e pela forma de a traduzir em atitudes de vida!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-08-2021.
Sem comentários:
Enviar um comentário