PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 5 de abril de 2022
Terça-feira da V semana da quaresma
LITURGIA
Terça-feira
da semana V
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.
L1: Num 21, 4-9; Sal 101 (102), 2-3. 16-18. 19-21
Ev: Jo 8, 21-30
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 26, 14
Confia no Senhor e sê forte.
Tem coragem e espera no Senhor.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, concedei-nos a perseverança no fiel cumprimento da vossa vontade, para
que, em nossos dias, aumente em mérito e em número, o povo dedicado ao vosso
serviço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Num 21, 4-9
«Todo aquele que for mordido e olhar para a serpente será curado»
Leitura do Livro
dos Números
Naqueles dias, os filhos de Israel
partiram do monte Hor para o Mar Vermelho, contornando a terra de Edom. No
caminho o povo impacientou-se e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos
fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água
e já nos causa fastio este alimento miserável». Então o Senhor mandou contra o
povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e
contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E
Moisés intercedeu pelo povo. Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente
de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para
ela ficará curado». Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste.
Quando alguém era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e
ficava curado.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 101 (102), 2-3.16-18.19-21 (R. 2)
Refrão: Ouvi, Senhor, a minha oração,
chegue até Vós o meu clamor. Repete-se
Ouvi, Senhor, a minha oração
e chegue até Vós o meu clamor.
Não escondais o vosso rosto
no dia da minha aflição.
Inclinai para mim o vosso ouvido;
no dia em que chamar por Vós
respondei-me sem demora. Refrão
Os povos temerão, Senhor, o vosso nome,
todos os reis da terra a vossa glória.
Quando o Senhor reconstruir Sião
e manifestar a sua glória,
atenderá a súplica do infeliz
e não desprezará a sua oração. Refrão
Escreva-se tudo isto para as gerações vindouras
e o povo que se há-de formar louvará o Senhor.
Debruçou-Se do alto da sua morada,
lá do Céu o Senhor olhou para a terra,
para ouvir os gemidos dos cativos,
para libertar os condenados à morte. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. Repete-se
A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo.
Quem O encontra viverá eternamente. Refrão
EVANGELHO Jo 8, 21-30
«Quando levantardes o Filho do homem,
então sabereis que ‘Eu sou’»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos
fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado.
Vós não podeis ir para onde Eu vou». Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se?
Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir para onde Eu vou’?» Mas Jesus
continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste
mundo, Eu não sou deste mundo. Ora Eu disse-vos que morrereis nos vossos
pecados, porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos
pecados». Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus:
«Absolutamente aquilo que vos digo. Tenho muito que dizer e julgar a respeito
de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe
ouvi». Eles não compreenderam que lhes falava do Pai. Disse-lhes então Jesus:
«Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim
nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo:
não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado». Enquanto Jesus
dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Por este sacrifício de reconciliação, perdoai benignamente, Senhor, os nossos
pecados e orientai os nossos corações no caminho da santidade e da paz. Por
Nosso Senhor.
Prefácio da Paixão do Senhor I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 12, 32
Quando Eu for levantado da terra,
atrairei tudo a Mim, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, participando assidua¬mente nestes
divinos mistérios, alcancemos as alegrias do Céu. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Num 21, 4-9: Na
leitura evangélica, Jesus vai fazer referência ao momento em que Ele será
“levantado”, isto é, “erguido” ou “exaltado” na Cruz. Será então que eles O
hão-de reconhecer como o Enviado do Pai, fonte de salvação para quem para Ele
olhar com fé. Esta palavra do Evangelho atraiu esta outra passagem em que a
serpente de bronze, elevada no poste, se tornou para os filhos de Israel,
mordidos pelas serpentes venenosas, sinal de cura e salvação. Uma tradição
popular, com origem histórica, explica esta passagem.
Jo 8, 21-30 : Jesus
é a manifestação do Pai, mas é a sua manifestação encarnada, a mais próxima do
homem; mas também, por isso mesmo, é manifestação que não será entendida da
mesma maneira por todos. Tudo dependerá da fé ou da falta da mesma com que os
homens vão olhar para Ele. Assim, alguns chegarão a dar-Lhe a morte, a
“elevá-l´O”. A palavra tem dois sentidos, que se completam um ao outro: será
elevado na cruz, quando Lhe derem a morte: será, ao mesmo tempo, esse o caminho
por onde Ele será elevado, exaltado, mas agora na glória do Pai. Será esse
também o grande “sinal” por onde todos poderão reconhecer quem Ele é e de onde
veio..
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Missa em Alpalhão
18.00
horas: Missa em Nisa.
Cruzes exteriores NA
ZONA PASTORAL DE NISA
Igreja do Espírito Santo |
A VOZ DO PASTOR
VERDADES PARA O DIA DAS MENTIRAS
Já que ninguém enxerga qualquer razão para o fazer, o
Outro, à míngua de quem se chegue à frente e lhe faça esse jeito, passa ele
mesmo o tempo a elogiar-se a si próprio. E o Outro é sempre alguém, masculino
ou feminino. O que esse outro fez ou está a fazer é por si elevado à mais alta
potência, com entusiasmo e resiliência. Desculpem por usar resiliência, mas é
que esta palavra resiliência, hoje, está na moda, é ‘in’, salva o discurso do
aprendiz e do menos aprendiz, é muitíssimo mais importante do que a descoberta
do caminho marítimo para a Índia!
A experiência estudantil diz-nos que as potenciações
matemáticas não são coisa fácil. Mas é interessante perceber também os meandros
destas outras operações potenciais em busca de aplausos. Faz-se crer que nunca
ninguém fez ou está a fazer o que eles fizeram ou fazem, nem jamais alguém será
capaz de o vir a fazer. Acho que deve ser por isso mesmo que os cemitérios
estão cheios de gente que se julgava insubstituível. Morreram, e nós cá vamos,
a vida e o mundo continuam sem as hecatombes pelos mesmos imaginadas. Se é
verdade que ninguém está a mais e todos temos o nosso lugar e somos
necessários, ninguém é insubstituível. A sabedoria do povo tem um ditado
inteligente que traduz este zelo humano: ‘Gaba-te cesta que vais à vindima’.
De facto, como diz o senso comum e mais não sei quem,
é muito mais salutar que sejam os outros a reconhecer e a realçar o trabalho de
alguém, se trabalho excecional houver, do que esse alguém se colocar em bicos
de pés numa azáfama de se querer promover. Aliás, sob o sorriso irónico de uns
e a adulação sarcástica de outros, pois todos os zombeteiros sabem tirar
partido destas evidências.
O que se faz no cumprimento do próprio dever, dentro
da atividade ou da responsabilidade humana para a qual se foi nomeado, eleito
ou mandatado, é uma obrigação fazê-lo. Regra geral, quem serve com reta
intenção e verdadeiro espírito de serviço em fidelidade à sua missão ou à
responsabilidade do cargo, mesmo quando os outros reconhecem o seu trabalho e
até lhe estão muito gratos, nunca julga que fez o suficiente. Pensa sempre que
poderia ter feito mais e melhor e sente-se penalizado por, de facto, não ter
ido mais além. E não é por fingimento ou falsa humildade. Na sua maneira de ser
e estar, assentam-lhe bem as palavras de Jesus: “quando tiverdes feito tudo o
que vos mandaram fazer, dizei: Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos
ter feito” (Lc 17, 7-10).
Não raro, àqueles que se exaltam o tiro sai-lhes pela
culatra. A título de exemplo, e para libertar o leitor de qualquer tentação de
querer enfiar a carapuça em alguém com essa habilidade, o que, aliás, seria
mera coincidência, torno presente o que aconteceu a um outro em busca de
elogios fáceis. Nas lonjuras dum tempo há muito ido, lá pelas montanhas
daqueles sítios em guerra, uns arqueiros filisteus atingiram o rei Saúl e
mataram os seus filhos.
Saúl, ferido e naquelas circunstâncias, receando que
os inimigos o viessem a encontrar, ultrajar e humilhar ainda mais, pediu ao seu
escudeiro que desembainhasse a sua espada e o matasse de vez. O escudeiro,
porém, cheio de medo ou de lá o que fosse, negou fazer tal serviço ao seu rei,
o rei de Israel, o ungido. Então, Saúl, pega ele próprio na sua espada,
atira-se sobre ela e põe fim à vida. O escudeiro não resiste ao macabro
espetáculo. Vendo-o morto, faz o mesmo. Atira-se sobre a sua espada e morre
junto do rei. No dia seguinte, os filisteus vieram saquear os mortos e
encontraram o rei Saúl naquele estado. Levaram-lhe a cabeça e as armas,
espalharam a notícia da sua morte, espetaram o seu crânio para lá numa parede
(cf. 1Cr 10, 1-14). Quando alguns israelitas souberam o que tinha acontecido ao
seu rei e o que lhe tinham feito, puseram-se a caminho e foram buscar o seu
cadáver e o cadáver dos seus filhos. Queimaram-nos e enterraram-nos debaixo
duma tamareira (2 Sm 1, 1-16). Se a Bíblia, mais do que mostrar como o rei
morreu, nos pretende dizer que tudo o que lhe aconteceu foi uma consequência da
sua rebelião e afastamento de Deus (1Cr 10, 13-14), tudo isto não deixou de ser
uma desgraça para uns, uma alegria para outros e uma possível oportunidade para
o outro de que falamos.
David regressara duma peleja vitoriosa contra o povo
amalecita, e estava nuns dias de descanso. Eis senão quando, aparece-lhe um
homem andrajoso que afirmou vir do acampamento de Saúl. Prostrou-se por terra
diante de David e desfez-se em salamaleques, com profunda reverência. David
perguntou-lhe de onde é que ele vinha e ele, com certeza de resposta estudada,
não se fez esperar: “Escapei do acampamento de Israel”. David, muito curioso,
pergunta-lhe o que é que tinha acontecido por lá. E disse ele: “As tropas
fugiram do campo de batalha, muitos tombaram, Saúl, assim como seu filho
Jónatas, pereceram”. David insiste: “Como sabes que Saúl e o seu filho Jónatas
morreram?”. Logo respondeu que, por mero acaso, estava por perto e viu Saúl
atirar-se sobre a própria lança, enquanto os carros e os cavaleiros o
perseguiam. Como Saúl o tivesse visto, afirmou que Saúl o chamou e lhe pediu
que acabasse com ele porque estava em agonia e não podia sobreviver à derrota.
Tendo aceitado o pedido e pensando que David iria ficar contente,
apresentou-lhe o diadema que Saúl tinha na cabeça e o bracelete do seu braço
(cf. 2 Sm 31, 1-13).
David, e todos os que estavam com ele, rasgaram as
vestes, prantearam, choraram e jejuaram até à tarde, por amor a Saúl, a seu
filho Jónatas, ao povo do Senhor e ao povo de Israel, porque tinham sido
passados ao fio da espada. Mas David acabou por explodir: “Como é que tu não
receaste levantar a mão para matar o ungido do Senhor?”. E acrescentou: “Só tu
és o culpado da tua morte. A tua própria boca deu testemunho contra ti ao
dizeres: 'Matei o ungido do Senhor'”. Sem meias medidas, David chamou um dos
seus homens e deu-lhe ordem para acabar com ele. Mentindo, fabulando, pensando
que seria uma boa notícia para David, quis passar por ter sido ele o herói,
concretizado o que, de facto, não fez, isto é, quis fazer crer ter sido ele
quem matou o rei. Com muita pena nossa, nem sequer conseguiu uma placazita lá
no princípio da calçada, no coreto, no largo da terra ou no beco da esquina.
Paciência, são sortes!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-04-2022.
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