terça-feira, 5 de abril de 2022

 




PARÓQUIAS DE NISA

Quarta, 6 de abril de 2022

Quarta-feira da V semana da quaresma

   

 

LITURGIA

 

 

Quarta-feira da semana V

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.

L1: Dan 3, 14-20. 91-92. 95; Sal Dan 3, 52. 53. 54. 55. 56
Ev: Jo 8, 31-42

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17, 48-49
Vós, Senhor, me libertais dos inimigos,
Vós me exaltais sobre os meus adversários,
Vós me salvais dos homens violentos.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita misericórdia, iluminai os corações dos vossos fiéis que se purificam na penitência e atendei as preces daqueles a quem inspirastes o desejo ardente de Vos servir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I Dan 3, 14-20.91-92.95
«Enviou os seus Anjos para livrar os seus servos»


Leitura da Profecia de Daniel

Naqueles dias, Nabucodonosor, rei de Babilónia, disse aos três jovens israelitas: «Será verdade, Sidrac, Misac e Abdénago, que não prestais culto aos meus deuses, nem adorais a estátua de ouro que mandei levantar? Pois bem. Quando ouvirdes tocar a trombeta, a flauta, a cítara,a harpa, o saltério, a gaita de foles e todos os outros instrumentos, estais dispostos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei fazer? Se não a quiserdes adorar, sereis imediatamente lançados na fornalha ardente. E qual é o deus que poderá livrar-Vos das minhas mãos?». Sidrac, Misac e Abdénago responderam ao rei Nabucodonosor: «Não é necessário responder-te a propósito disto, ó rei. O nosso Deus, a quem prestamos culto, pode livrar-nos da fornalha ardente e livrar-nos também das tuas mãos. Mas ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses, nem adoraremos a estátua de ouro que mandaste levantar». Então Nabucodonosor encheu-se de cólera e alterou o semblante contra Sidrac, Misac e Abdénago. Mandou aquecer a fornalha sete vezes mais do que o costume e ordenou a alguns dos seus mais valentes guerreiros que ligassem Sidrac, Misac e Abdénago e os lançassem na fornalha ardente. Entretanto, o rei Nabucodonosor, sobressaltado, levantou-se precipitadamente e perguntou aos seus conselheiros: «Não é verdade que ligámos e lançámos três homens na fornalha ardente?» Eles responderam: «Certamente, ó rei». Continuou o rei: «Mas eu vejo quatro homens a passearem livremente no meio do fogo sem nada sofrerem e o quarto tem o aspecto de um filho dos deuses». Então Nabucodonosor exclamou: «Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que enviou o seu Anjo para livrar os seus servos, que, confiando n’Ele, desobedeceram à ordem do rei e arriscaram a sua vida a fim de não prestarem culto ou adoração a qualquer divindade que não fosse o seu Deus».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Dan 3, 52.53.54.55.56 (R. 52b)
Refrão: Digno é o Senhor
de louvor e de glória para sempre.
Repete-se

Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito o vosso nome glorioso e santo:
digno de louvor e de glória para sempre. Refrão

Bendito sejais no templo santo da vossa glória:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no trono da vossa realeza:
digno de louvor e de glória para sempre. Refrão

Bendito sejais, Vós que sondais os abismos
e estais sentado sobre os Querubins:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no firmamento do céu:
digno de louvor e de glória para sempre. Refrão

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Lc 8, 15
Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se


Felizes os que recebem a palavra de Deus
de coração sincero e generoso
e produzem fruto pela perseverança. Refrão

EVANGELHO Jo 8, 31-42
Se o Filho vos libertar, sereis realmente livres»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, dizia Jesus aos judeus que tinham acreditado n’Ele: «Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará». Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que Tu dizes: ‘Ficareis livres’?» Respondeu Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Todo aquele que comete o pecado é escravo. Ora o escravo não fica para sempre em casa ; o filho é que fica para sempre. Mas se o Filho vos libertar, sereis realmente homens livres. Bem sei que sois descendentes de Abraão; mas procurais matar-Me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu digo o que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai». Eles disseram: «O nosso pai é Abraão». Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas procurais matar-Me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão não procedeu assim. Vós fazeis as obras do vosso pai». Disseram-Lhe eles: «Nós não somos filhos ilegítimos; só temos um pai, que é Deus». Respondeu-lhes Jesus: «Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis, porque saí de Deus e d’Ele venho. Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as ofertas que Vos são consagradas e fazei que estes dons, oferecidos para glória do vosso nome, sirvam de remédio para as nossas almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Paixão do Senhor I

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Col 1, 13-14
O Senhor chamou-nos para o reino do seu amado Filho, que nos remiu com o seu sangue e perdoou os nossos pecados.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
O sacramento que recebemos, Senhor, seja para nós remédio celeste que purifique os nossos corações de todo o mal e nos assegure a vossa contínua protecção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS Dan 3, 14-20.91-92.95: A libertação será a situação em que seja possível viver a vida em plenitude sem nada a entravar-lhe o contínuo crescimento. Só apoiados em Deus o poderemos conseguir. Assim o experimentaram os jovens vítimas do rei de Babilónia. Esta leitura representa a imagem da Igreja neste mundo, sempre perseguido pelo espírito do mal, sempre liberto pelo poder e pelo amor de Deus. Já nas catacumbas se encontra, com frequência, a alusão ao martírio dos jovens da fornalha de Babilónia, como tipo da perseguição de que sofre o povo de Deus neste mundo.

Jo 8, 31-42: Mais ainda do que os jovens mártires de Babilónia, poderá experimentar a libertação todo aquele que se tornar, dia a dia, discípulo na escola de Cristo: aí poderá experimentar, dia a dia, o crescimento no espírito, na verdade, no amor. É-se filho de Abraão, do povo de Deus, não pelo sangue, mas pela fé em Cristo. Está-se livre, quando se não é escravo do pecado. A Páscoa é a festa da libertação, para ela nos encaminhamos nestes dias de preparação quaresmal.

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

15.00 horas: Missa no Lar de  Arez

17.00 horas: Missa em Gáfete

18.00 horas: Missa em Tolosa

18.00 horas: Missa em Nisa.

 

 

Cruzes exteriores NA ZONA PASTORAL DE NISA

 

 

Espírito Santo

 Cruz Exterior da Capela do Calvário

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

VERDADES PARA O DIA DAS MENTIRAS

 

Já que ninguém enxerga qualquer razão para o fazer, o Outro, à míngua de quem se chegue à frente e lhe faça esse jeito, passa ele mesmo o tempo a elogiar-se a si próprio. E o Outro é sempre alguém, masculino ou feminino. O que esse outro fez ou está a fazer é por si elevado à mais alta potência, com entusiasmo e resiliência. Desculpem por usar resiliência, mas é que esta palavra resiliência, hoje, está na moda, é ‘in’, salva o discurso do aprendiz e do menos aprendiz, é muitíssimo mais importante do que a descoberta do caminho marítimo para a Índia!

A experiência estudantil diz-nos que as potenciações matemáticas não são coisa fácil. Mas é interessante perceber também os meandros destas outras operações potenciais em busca de aplausos. Faz-se crer que nunca ninguém fez ou está a fazer o que eles fizeram ou fazem, nem jamais alguém será capaz de o vir a fazer. Acho que deve ser por isso mesmo que os cemitérios estão cheios de gente que se julgava insubstituível. Morreram, e nós cá vamos, a vida e o mundo continuam sem as hecatombes pelos mesmos imaginadas. Se é verdade que ninguém está a mais e todos temos o nosso lugar e somos necessários, ninguém é insubstituível. A sabedoria do povo tem um ditado inteligente que traduz este zelo humano: ‘Gaba-te cesta que vais à vindima’.

De facto, como diz o senso comum e mais não sei quem, é muito mais salutar que sejam os outros a reconhecer e a realçar o trabalho de alguém, se trabalho excecional houver, do que esse alguém se colocar em bicos de pés numa azáfama de se querer promover. Aliás, sob o sorriso irónico de uns e a adulação sarcástica de outros, pois todos os zombeteiros sabem tirar partido destas evidências.

O que se faz no cumprimento do próprio dever, dentro da atividade ou da responsabilidade humana para a qual se foi nomeado, eleito ou mandatado, é uma obrigação fazê-lo. Regra geral, quem serve com reta intenção e verdadeiro espírito de serviço em fidelidade à sua missão ou à responsabilidade do cargo, mesmo quando os outros reconhecem o seu trabalho e até lhe estão muito gratos, nunca julga que fez o suficiente. Pensa sempre que poderia ter feito mais e melhor e sente-se penalizado por, de facto, não ter ido mais além. E não é por fingimento ou falsa humildade. Na sua maneira de ser e estar, assentam-lhe bem as palavras de Jesus: “quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram fazer, dizei: Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos ter feito” (Lc 17, 7-10).

Não raro, àqueles que se exaltam o tiro sai-lhes pela culatra. A título de exemplo, e para libertar o leitor de qualquer tentação de querer enfiar a carapuça em alguém com essa habilidade, o que, aliás, seria mera coincidência, torno presente o que aconteceu a um outro em busca de elogios fáceis. Nas lonjuras dum tempo há muito ido, lá pelas montanhas daqueles sítios em guerra, uns arqueiros filisteus atingiram o rei Saúl e mataram os seus filhos.

Saúl, ferido e naquelas circunstâncias, receando que os inimigos o viessem a encontrar, ultrajar e humilhar ainda mais, pediu ao seu escudeiro que desembainhasse a sua espada e o matasse de vez. O escudeiro, porém, cheio de medo ou de lá o que fosse, negou fazer tal serviço ao seu rei, o rei de Israel, o ungido. Então, Saúl, pega ele próprio na sua espada, atira-se sobre ela e põe fim à vida. O escudeiro não resiste ao macabro espetáculo. Vendo-o morto, faz o mesmo. Atira-se sobre a sua espada e morre junto do rei. No dia seguinte, os filisteus vieram saquear os mortos e encontraram o rei Saúl naquele estado. Levaram-lhe a cabeça e as armas, espalharam a notícia da sua morte, espetaram o seu crânio para lá numa parede (cf. 1Cr 10, 1-14). Quando alguns israelitas souberam o que tinha acontecido ao seu rei e o que lhe tinham feito, puseram-se a caminho e foram buscar o seu cadáver e o cadáver dos seus filhos. Queimaram-nos e enterraram-nos debaixo duma tamareira (2 Sm 1, 1-16). Se a Bíblia, mais do que mostrar como o rei morreu, nos pretende dizer que tudo o que lhe aconteceu foi uma consequência da sua rebelião e afastamento de Deus (1Cr 10, 13-14), tudo isto não deixou de ser uma desgraça para uns, uma alegria para outros e uma possível oportunidade para o outro de que falamos.

David regressara duma peleja vitoriosa contra o povo amalecita, e estava nuns dias de descanso. Eis senão quando, aparece-lhe um homem andrajoso que afirmou vir do acampamento de Saúl. Prostrou-se por terra diante de David e desfez-se em salamaleques, com profunda reverência. David perguntou-lhe de onde é que ele vinha e ele, com certeza de resposta estudada, não se fez esperar: “Escapei do acampamento de Israel”. David, muito curioso, pergunta-lhe o que é que tinha acontecido por lá. E disse ele: “As tropas fugiram do campo de batalha, muitos tombaram, Saúl, assim como seu filho Jónatas, pereceram”. David insiste: “Como sabes que Saúl e o seu filho Jónatas morreram?”. Logo respondeu que, por mero acaso, estava por perto e viu Saúl atirar-se sobre a própria lança, enquanto os carros e os cavaleiros o perseguiam. Como Saúl o tivesse visto, afirmou que Saúl o chamou e lhe pediu que acabasse com ele porque estava em agonia e não podia sobreviver à derrota. Tendo aceitado o pedido e pensando que David iria ficar contente, apresentou-lhe o diadema que Saúl tinha na cabeça e o bracelete do seu braço (cf. 2 Sm 31, 1-13).

David, e todos os que estavam com ele, rasgaram as vestes, prantearam, choraram e jejuaram até à tarde, por amor a Saúl, a seu filho Jónatas, ao povo do Senhor e ao povo de Israel, porque tinham sido passados ao fio da espada. Mas David acabou por explodir: “Como é que tu não receaste levantar a mão para matar o ungido do Senhor?”. E acrescentou: “Só tu és o culpado da tua morte. A tua própria boca deu testemunho contra ti ao dizeres: 'Matei o ungido do Senhor'”. Sem meias medidas, David chamou um dos seus homens e deu-lhe ordem para acabar com ele. Mentindo, fabulando, pensando que seria uma boa notícia para David, quis passar por ter sido ele o herói, concretizado o que, de facto, não fez, isto é, quis fazer crer ter sido ele quem matou o rei. Com muita pena nossa, nem sequer conseguiu uma placazita lá no princípio da calçada, no coreto, no largo da terra ou no beco da esquina. Paciência, são sortes!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 01-04-2022.

 

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