quarta-feira, 6 de abril de 2022

 




PARÓQUIAS DE NISA

Quinta, 7 de abril de 2022

Quinta-feira da V semana da quaresma

   

 

LITURGIA

 

 

Quinta-feira da semana V

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.

L1: Gen 17, 3-9; Sal 104 (105), 4-5. 6-7. 8-9
Ev: Jo 8, 51-59

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Hebr 9, 15
Cristo é o mediador da nova aliança. Pela sua morte, os eleitos recebem a herança eterna prometida.


ORAÇÃO COLECTA
Atendei, Senhor, as nossas súplicas e olhai benignamente por aqueles que esperam na vossa misericórdia, para que, purificados das suas culpas, vivam santamente e alcancem as vossas promessas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Gen 17, 3-9
«Será pai de um grande número de nações»


Leitura do Livro do Génesis

Naqueles dias, Abrão caiu de rosto por terra e Deus falou-lhe assim: «Esta é a minha aliança contigo: Serás pai de um grande número de nações. Já não te chamarás Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque farei de ti o pai de um grande número de nações. Farei que tenhas incontável descendência que dês origem a povos e de ti sairão reis. Estabelecerei a minha aliança contigo e com a tua descendência, de geração em geração. Será uma aliança perpétua, para que Eu seja o teu Deus e o Deus dos teus futuros descendentes. A ti e à tua futura descendência darei a terra em que tens habitado como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em posse perpétua. Serei o vosso Deus». Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência futura de geração em geração».


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 104 (105), 4-5.6-7.8-9 (R. 8a)
Refrão: O Senhor recorda a sua aliança para sempre. Repete-se

Procurai o Senhor e o seu poder,
buscai sempre a sua face.
Recordai as suas maravilhas,
os seus prodígios e os oráculos da sua boca. Refrão

Vós, descendentes de Abraão, seu servo,
filhos de Jacob, seu eleito,
o Senhor é o nosso Deus
e as suas sentenças são lei em toda a terra. Refrão

Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações,
o pacto que estabeleceu com Abraão,
o juramento que fez a Isaac. Refrão



ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Salmo 94 (95), 8ab
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. Repete-se
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão


EVANGELHO Jo 8, 51-59
«Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte». Responderam-Lhe os judeus: «Agora sabemos que tens o demónio. Abraão morreu, os profetas também, mas Tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, nunca sofrerá a morte’. Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes ser?» Disse-lhes Jesus: «Se Eu Me glorificar a Mim próprio, a minha glória não vale nada. Quem Me glorifica é meu Pai, Aquele de quem dizeis: ‘É o nosso Deus’. Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O; e se dissesse que não O conhecia, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de alegria». Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?!» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, ‘Eu sou’». Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e saiu do templo.


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para o sacrifício que Vos apresentamos e fazei que ele sirva para a nossa conversão e para a salvação de todos os homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Paixão do Senhor I


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Rom 8, 32
Para nos salvar, Deus não poupou o seu próprio Filho,
mas entregou-O à morte por todos nós.
Com Ele tudo nos deu.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados, concedei-nos, por este sacramento, com que nos alimentais na vida presente, a comunhão convosco na vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS Gen 17, 3-9: Abraão, que Jesus vai recordar no Evangelho, aparece aqui como o homem com quem Deus faz Aliança e que, por isso mesmo, se torna o pai de todo o futuro povo de Deus. Abraão é igualmente o símbolo de todos os que se entregam, confiadamente, ao poder da palavra de Deus, e, por isso, se tornam instrumento providencial da acção de Deus entre os homens e objecto da sua divina intimidade.

Jo 8, 51-59: Toda a obra de Jesus é o que é e tem o valor que tem por Ele ser quem é: o Filho de Deus, imagem do Pai. Aquele que estabelece a aliança entre o Pai e os homens. Esta aliança já vem de longe: um dos seus grandes momentos foi quando Deus a fez com Abraão. Mas Jesus é maior do que Abraão, e é antes dele e será depois dele. Por isso, a aliança selada no sangue da sua cruz é aliança eterna, que havemos de recordar perpetuamente, como também Ele jamais a esquecerá.

 

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

16,00 horas: Confissões em Alpalhão

18.00 horas: Missa em Nisa.

 

 

Cruzes exteriores NA ZONA PASTORAL DE NISA

 

 

 

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

VERDADES PARA O DIA DAS MENTIRAS

 

Já que ninguém enxerga qualquer razão para o fazer, o Outro, à míngua de quem se chegue à frente e lhe faça esse jeito, passa ele mesmo o tempo a elogiar-se a si próprio. E o Outro é sempre alguém, masculino ou feminino. O que esse outro fez ou está a fazer é por si elevado à mais alta potência, com entusiasmo e resiliência. Desculpem por usar resiliência, mas é que esta palavra resiliência, hoje, está na moda, é ‘in’, salva o discurso do aprendiz e do menos aprendiz, é muitíssimo mais importante do que a descoberta do caminho marítimo para a Índia!

A experiência estudantil diz-nos que as potenciações matemáticas não são coisa fácil. Mas é interessante perceber também os meandros destas outras operações potenciais em busca de aplausos. Faz-se crer que nunca ninguém fez ou está a fazer o que eles fizeram ou fazem, nem jamais alguém será capaz de o vir a fazer. Acho que deve ser por isso mesmo que os cemitérios estão cheios de gente que se julgava insubstituível. Morreram, e nós cá vamos, a vida e o mundo continuam sem as hecatombes pelos mesmos imaginadas. Se é verdade que ninguém está a mais e todos temos o nosso lugar e somos necessários, ninguém é insubstituível. A sabedoria do povo tem um ditado inteligente que traduz este zelo humano: ‘Gaba-te cesta que vais à vindima’.

De facto, como diz o senso comum e mais não sei quem, é muito mais salutar que sejam os outros a reconhecer e a realçar o trabalho de alguém, se trabalho excecional houver, do que esse alguém se colocar em bicos de pés numa azáfama de se querer promover. Aliás, sob o sorriso irónico de uns e a adulação sarcástica de outros, pois todos os zombeteiros sabem tirar partido destas evidências.

O que se faz no cumprimento do próprio dever, dentro da atividade ou da responsabilidade humana para a qual se foi nomeado, eleito ou mandatado, é uma obrigação fazê-lo. Regra geral, quem serve com reta intenção e verdadeiro espírito de serviço em fidelidade à sua missão ou à responsabilidade do cargo, mesmo quando os outros reconhecem o seu trabalho e até lhe estão muito gratos, nunca julga que fez o suficiente. Pensa sempre que poderia ter feito mais e melhor e sente-se penalizado por, de facto, não ter ido mais além. E não é por fingimento ou falsa humildade. Na sua maneira de ser e estar, assentam-lhe bem as palavras de Jesus: “quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram fazer, dizei: Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos ter feito” (Lc 17, 7-10).

Não raro, àqueles que se exaltam o tiro sai-lhes pela culatra. A título de exemplo, e para libertar o leitor de qualquer tentação de querer enfiar a carapuça em alguém com essa habilidade, o que, aliás, seria mera coincidência, torno presente o que aconteceu a um outro em busca de elogios fáceis. Nas lonjuras dum tempo há muito ido, lá pelas montanhas daqueles sítios em guerra, uns arqueiros filisteus atingiram o rei Saúl e mataram os seus filhos.

Saúl, ferido e naquelas circunstâncias, receando que os inimigos o viessem a encontrar, ultrajar e humilhar ainda mais, pediu ao seu escudeiro que desembainhasse a sua espada e o matasse de vez. O escudeiro, porém, cheio de medo ou de lá o que fosse, negou fazer tal serviço ao seu rei, o rei de Israel, o ungido. Então, Saúl, pega ele próprio na sua espada, atira-se sobre ela e põe fim à vida. O escudeiro não resiste ao macabro espetáculo. Vendo-o morto, faz o mesmo. Atira-se sobre a sua espada e morre junto do rei. No dia seguinte, os filisteus vieram saquear os mortos e encontraram o rei Saúl naquele estado. Levaram-lhe a cabeça e as armas, espalharam a notícia da sua morte, espetaram o seu crânio para lá numa parede (cf. 1Cr 10, 1-14). Quando alguns israelitas souberam o que tinha acontecido ao seu rei e o que lhe tinham feito, puseram-se a caminho e foram buscar o seu cadáver e o cadáver dos seus filhos. Queimaram-nos e enterraram-nos debaixo duma tamareira (2 Sm 1, 1-16). Se a Bíblia, mais do que mostrar como o rei morreu, nos pretende dizer que tudo o que lhe aconteceu foi uma consequência da sua rebelião e afastamento de Deus (1Cr 10, 13-14), tudo isto não deixou de ser uma desgraça para uns, uma alegria para outros e uma possível oportunidade para o outro de que falamos.

David regressara duma peleja vitoriosa contra o povo amalecita, e estava nuns dias de descanso. Eis senão quando, aparece-lhe um homem andrajoso que afirmou vir do acampamento de Saúl. Prostrou-se por terra diante de David e desfez-se em salamaleques, com profunda reverência. David perguntou-lhe de onde é que ele vinha e ele, com certeza de resposta estudada, não se fez esperar: “Escapei do acampamento de Israel”. David, muito curioso, pergunta-lhe o que é que tinha acontecido por lá. E disse ele: “As tropas fugiram do campo de batalha, muitos tombaram, Saúl, assim como seu filho Jónatas, pereceram”. David insiste: “Como sabes que Saúl e o seu filho Jónatas morreram?”. Logo respondeu que, por mero acaso, estava por perto e viu Saúl atirar-se sobre a própria lança, enquanto os carros e os cavaleiros o perseguiam. Como Saúl o tivesse visto, afirmou que Saúl o chamou e lhe pediu que acabasse com ele porque estava em agonia e não podia sobreviver à derrota. Tendo aceitado o pedido e pensando que David iria ficar contente, apresentou-lhe o diadema que Saúl tinha na cabeça e o bracelete do seu braço (cf. 2 Sm 31, 1-13).

David, e todos os que estavam com ele, rasgaram as vestes, prantearam, choraram e jejuaram até à tarde, por amor a Saúl, a seu filho Jónatas, ao povo do Senhor e ao povo de Israel, porque tinham sido passados ao fio da espada. Mas David acabou por explodir: “Como é que tu não receaste levantar a mão para matar o ungido do Senhor?”. E acrescentou: “Só tu és o culpado da tua morte. A tua própria boca deu testemunho contra ti ao dizeres: 'Matei o ungido do Senhor'”. Sem meias medidas, David chamou um dos seus homens e deu-lhe ordem para acabar com ele. Mentindo, fabulando, pensando que seria uma boa notícia para David, quis passar por ter sido ele o herói, concretizado o que, de facto, não fez, isto é, quis fazer crer ter sido ele quem matou o rei. Com muita pena nossa, nem sequer conseguiu uma placazita lá no princípio da calçada, no coreto, no largo da terra ou no beco da esquina. Paciência, são sortes!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 01-04-2022.

 

 

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