PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 09 de abril de 2022
Sábado da V semana da quaresma
LITURGIA
Sábado da semana V
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.
L1: Ez 37, 21-28; Sal Jer 31, 10. 11-12ab. 13
Ev: Jo 11, 45-56
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Aniversário da tomada de posse de D.
Ildo Augusto dos Santos Lopes Fortes.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo
21, 20.7
Senhor, não Vos afasteis de mim, socorrei-me e salvai-me,
porque sou verme e não um homem,
o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que em todo o momento realizais a salvação dos homens e
agora alegrais o vosso povo com graças mais abundantes, olhai benignamente para
os vossos eleitos e fortalecei, com o auxílio da vossa protecção, os que se
preparam para o renascimento do Baptismo e aqueles que já o receberam. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
LEITURA I Ez 37, 21-28
«Farei deles um só povo»
Leitura da
Profecia de Ezequiel
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Jer 31, 10.11-12ab.13 (R. cf. 10d)
Refrão: Como o pastor guarda o seu rebanho,
assim nos guarda o Senhor. Repete-se
Escutai, ó povos, a palavra do Senhor
e anunciai-as às ilhas distantes:
Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo
e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho. Refrão
O Senhor resgatou Jacob
e libertou-o das mãos do seu dominador.
Regressarão com brados de alegria ao monte Sião,
acorrendo às bênçãos do Senhor. Refrão
A virgem dançará alegremente,
exultarão os jovens e os velhos.
Converterei o seu luto em alegria
e a sua dor será mudada em consolação e júbilo. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Ez 18, 31
Refrão: A salvação, a glória e o poder a
Jesus Cristo,
Nosso Senhor. Repete-se
Deixai todos os vossos pecados, diz o Senhor;
criai um coração novo e um espírito novo. Refrão
EVANGELHO Jo 11, 45-56
«Para congregar na unidade os filhos de Deus
que andavam dispersos»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus eterno e omnipotente, que fazeis renascer para a vida eterna os que no
sacramento do Batismo proclamam a fé no vosso nome, recebei as ofertas e as
orações dos vossos servos, para que se confirme a esperança dos que em Vós
confiam e sejam perdoados todos os seus pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Paixão do Senhor I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 11, 52
Cristo foi entregue à morte
para reunir os filhos de Deus que andavam dispersos.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade, que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso
Filho, tornai-nos também participantes da sua natureza divina. Ele que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Ez 37, 21-28: O profeta anuncia o projeto
de Deus em relação ao seu povo disperso e perdido no meio dos pagãos, por causa
dos seus egoísmos e pecados. O anúncio referia-se diretamente à reunião das
tribos do Antigo Testamento, unidade que chegou a ser realizada no reinado de
David; mas este rei é figura, que antecipa o reinado de Jesus, o Filho de Deus,
como vai ser solenemente anunciado até por um descrente no Evangelho.
Jo 11, 45-56: O
que o profeta Ezequiel anteviu em relação ao povo da Antiga Aliança, será
finalmente realizado em Jesus Cristo. E quem o anuncia profeticamente é o sumo
sacerdote judaico, que, sem compreender o que dizia, - falava apenas como
politico -, anunciava uma grande verdade, que o evangelista depois interpretou:
“que Jesus havia de morrer para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam
dispersos”. E a leitura termina numa pergunta posta na boca do povo, em que
fervilhava Jerusalém nas vésperas da Páscoa: “Ele não virá à festa?” Sim, virá,
e será Ele, o Senhor, o próprio objeto da festa.
AGENDA DO DIA:
15.00
horas: Missa na Falagueira
16.00
horas: Missa no Monte Claro
16.00
horas: Missa no Pardo
18.00
horas: Missa em Nisa
18.00
horas: Missa em
igrejas NA ZONA PASTORAL DE NISA
Igreja do Espírito Santo - Nisa
A VOZ DO PASTOR
VERDADES PARA O DIA DAS MENTIRAS
Já que ninguém enxerga qualquer razão para o fazer, o
Outro, à míngua de quem se chegue à frente e lhe faça esse jeito, passa ele
mesmo o tempo a elogiar-se a si próprio. E o Outro é sempre alguém, masculino
ou feminino. O que esse outro fez ou está a fazer é por si elevado à mais alta
potência, com entusiasmo e resiliência. Desculpem por usar resiliência, mas é
que esta palavra resiliência, hoje, está na moda, é ‘in’, salva o discurso do
aprendiz e do menos aprendiz, é muitíssimo mais importante do que a descoberta
do caminho marítimo para a Índia!
A experiência estudantil diz-nos que as potenciações matemáticas
não são coisa fácil. Mas é interessante perceber também os meandros destas
outras operações potenciais em busca de aplausos. Faz-se crer que nunca ninguém
fez ou está a fazer o que eles fizeram ou fazem, nem jamais alguém será capaz
de o vir a fazer. Acho que deve ser por isso mesmo que os cemitérios estão
cheios de gente que se julgava insubstituível. Morreram, e nós cá vamos, a vida
e o mundo continuam sem as hecatombes pelos mesmos imaginadas. Se é verdade que
ninguém está a mais e todos temos o nosso lugar e somos necessários, ninguém é
insubstituível. A sabedoria do povo tem um ditado inteligente que traduz este
zelo humano: ‘Gaba-te cesta que vais à vindima’.
De facto, como diz o senso comum e mais não sei quem,
é muito mais salutar que sejam os outros a reconhecer e a realçar o trabalho de
alguém, se trabalho excecional houver, do que esse alguém se colocar em bicos
de pés numa azáfama de se querer promover. Aliás, sob o sorriso irónico de uns
e a adulação sarcástica de outros, pois todos os zombeteiros sabem tirar
partido destas evidências.
O que se faz no cumprimento do próprio dever, dentro
da atividade ou da responsabilidade humana para a qual se foi nomeado, eleito
ou mandatado, é uma obrigação fazê-lo. Regra geral, quem serve com reta
intenção e verdadeiro espírito de serviço em fidelidade à sua missão ou à
responsabilidade do cargo, mesmo quando os outros reconhecem o seu trabalho e
até lhe estão muito gratos, nunca julga que fez o suficiente. Pensa sempre que
poderia ter feito mais e melhor e sente-se penalizado por, de facto, não ter
ido mais além. E não é por fingimento ou falsa humildade. Na sua maneira de ser
e estar, assentam-lhe bem as palavras de Jesus: “quando tiverdes feito tudo o
que vos mandaram fazer, dizei: Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos
ter feito” (Lc 17, 7-10).
Não raro, àqueles que se exaltam o tiro sai-lhes pela
culatra. A título de exemplo, e para libertar o leitor de qualquer tentação de
querer enfiar a carapuça em alguém com essa habilidade, o que, aliás, seria
mera coincidência, torno presente o que aconteceu a um outro em busca de
elogios fáceis. Nas lonjuras dum tempo há muito ido, lá pelas montanhas
daqueles sítios em guerra, uns arqueiros filisteus atingiram o rei Saúl e
mataram os seus filhos.
Saúl, ferido e naquelas circunstâncias, receando que
os inimigos o viessem a encontrar, ultrajar e humilhar ainda mais, pediu ao seu
escudeiro que desembainhasse a sua espada e o matasse de vez. O escudeiro,
porém, cheio de medo ou de lá o que fosse, negou fazer tal serviço ao seu rei,
o rei de Israel, o ungido. Então, Saúl, pega ele próprio na sua espada,
atira-se sobre ela e põe fim à vida. O escudeiro não resiste ao macabro
espetáculo. Vendo-o morto, faz o mesmo. Atira-se sobre a sua espada e morre junto
do rei. No dia seguinte, os filisteus vieram saquear os mortos e encontraram o
rei Saúl naquele estado. Levaram-lhe a cabeça e as armas, espalharam a notícia
da sua morte, espetaram o seu crânio para lá numa parede (cf. 1Cr 10, 1-14).
Quando alguns israelitas souberam o que tinha acontecido ao seu rei e o que lhe
tinham feito, puseram-se a caminho e foram buscar o seu cadáver e o cadáver dos
seus filhos. Queimaram-nos e enterraram-nos debaixo duma tamareira (2 Sm 1,
1-16). Se a Bíblia, mais do que mostrar como o rei morreu, nos pretende dizer
que tudo o que lhe aconteceu foi uma consequência da sua rebelião e afastamento
de Deus (1Cr 10, 13-14), tudo isto não deixou de ser uma desgraça para uns, uma
alegria para outros e uma possível oportunidade para o outro de que falamos.
David regressara duma peleja vitoriosa contra o povo
amalecita, e estava nuns dias de descanso. Eis senão quando, aparece-lhe um
homem andrajoso que afirmou vir do acampamento de Saúl. Prostrou-se por terra
diante de David e desfez-se em salamaleques, com profunda reverência. David
perguntou-lhe de onde é que ele vinha e ele, com certeza de resposta estudada,
não se fez esperar: “Escapei do acampamento de Israel”. David, muito curioso,
pergunta-lhe o que é que tinha acontecido por lá. E disse ele: “As tropas
fugiram do campo de batalha, muitos tombaram, Saúl, assim como seu filho
Jónatas, pereceram”. David insiste: “Como sabes que Saúl e o seu filho Jónatas
morreram?”. Logo respondeu que, por mero acaso, estava por perto e viu Saúl atirar-se
sobre a própria lança, enquanto os carros e os cavaleiros o perseguiam. Como
Saúl o tivesse visto, afirmou que Saúl o chamou e lhe pediu que acabasse com
ele porque estava em agonia e não podia sobreviver à derrota. Tendo aceitado o
pedido e pensando que David iria ficar contente, apresentou-lhe o diadema que
Saúl tinha na cabeça e o bracelete do seu braço (cf. 2 Sm 31, 1-13).
David, e todos os que estavam com ele, rasgaram as
vestes, prantearam, choraram e jejuaram até à tarde, por amor a Saúl, a seu
filho Jónatas, ao povo do Senhor e ao povo de Israel, porque tinham sido
passados ao fio da espada. Mas David acabou por explodir: “Como é que tu não
receaste levantar a mão para matar o ungido do Senhor?”. E acrescentou: “Só tu
és o culpado da tua morte. A tua própria boca deu testemunho contra ti ao
dizeres: 'Matei o ungido do Senhor'”. Sem meias medidas, David chamou um dos
seus homens e deu-lhe ordem para acabar com ele. Mentindo, fabulando, pensando
que seria uma boa notícia para David, quis passar por ter sido ele o herói,
concretizado o que, de facto, não fez, isto é, quis fazer crer ter sido ele
quem matou o rei. Com muita pena nossa, nem sequer conseguiu uma placazita lá
no princípio da calçada, no coreto, no largo da terra ou no beco da esquina. Paciência,
são sortes!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-04-2022.
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