sábado, 20 de novembro de 2021

 

PARÓQUIAS DE NISA 

 

Domingo, 21 de novembro de 2021

 

XXXIV domingo do tempo comum

 

 

LITURGIA

 

 

DOMINGO XXXIV DO TEMPO COMUM

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.

L 1 Dan 7, 13-14; Sal 92 (93), 1ab. 1c-2. 5
L2 Ap 1, 5-8
Ev Jo 18, 33b-37


* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* Dia Mundial da Juventude.
* Na Diocese do Porto – Ofertório para o Apostolado dos Leigos.
* Na Diocese de Lamego – Dia da Diocese.
* Na Diocese de Santarém – Ofertório para a Diocese.
* Na Diocese de Setúbal – Ofertório para a Fraternidade Diocesana do Clero.
* Na Congregação das Irmãs de S. João Batista e de Maria Rainha e Missionários de S. João Batista – Festa Principal.
* II Vésp. da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Ap 5, 12; 1, 6
O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder
e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor.
Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.
Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente,
que no vosso amado Filho, Rei do universo,
quisestes instaurar todas as coisas,
concedei propício
que todas as criaturas, libertas da escravidão,
sirvam a vossa majestade e Vos glorifiquem eternamente.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Dan 7, 13-14
«O seu poder é eterno»


Leitura da Profecia de Daniel


Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença. Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 92 (93), 1ab.1c-2.5 (R. 1a)
Refrão: O Senhor é rei num trono de luz. Repete-se

O Senhor é rei,
revestiu-Se de majestade,
revestiu-Se e cingiu-Se de poder. Refrão

Firmou o universo, que não vacilará.
É firme o vosso trono desde sempre,
Vós existis desde toda a eternidade. Refrão

Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé,
a santidade habita na vossa casa
por todo o sempre. Refrão


LEITURA II Ap 1, 5-8
«O Príncipe dos reis da terra
fez de nós um reino de sacerdotes para Deus»


Leitura do Apocalipse


Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen. Ei-l’O que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram; e por sua causa hão de lamentar-se todas as tribos da terra. Sim. Amen. «Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor Deus, «Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo».


Palavra do Senhor.


ALELUIA Mc 11, 9.10
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendito o que vem em nome do Senhor,
bendito o reino do nosso pai David. Refrão


EVANGELHO Jo 18, 33b-37
«É como dizes: sou Rei»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade

escuta a minha voz».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, este sacrifício da reconciliação humana
e, pelos méritos de Cristo vosso Filho,
concedei a todos os povos o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


PREFÁCIO Cristo, Sacerdote e Rei do universo


V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.


Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte:
Com o óleo da alegria
consagrastes Sacerdote eterno e Rei do universo
o vosso Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor,
para que, oferecendo-Se no altar da cruz,
como vítima de reconciliação,
consumasse o mistério da redenção humana
e, submetendo ao seu poder todas as criaturas,
oferecesse à vossa infinita majestade
um reino eterno e universal:
reino de verdade e de vida,
reino de santidade e de graça,
reino de justiça, de amor e de paz.
Por isso, com os Anjos e os Arcanjos e todos os coros celestes,
proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 28, 10-11
O Senhor está sentado como Rei eterno;
O Senhor abençoará o seu povo na paz.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da imortalidade,
fazei que, obedecendo com santa alegria
aos mandamentos de Cristo, Rei do universo,
mereçamos viver para sempre com Ele no reino celeste.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS: Dan 7, 13-14: O “Filho de homem” de que fala o profeta é a maneira de falar que Jesus depois adotou, aplicando-a a Si mesmo. Este “Filho de homem” que recebe de Deus um reino eterno é Jesus, que, pela oblação de Si mesmo ao Pai na Cruz, mereceu a glória da ressurreição, e assim Se tornou o “Primogénito de entre os mortos”, Cabeça de toda a humanidade por Ele remida, Senhor de todo o Universo, sentado à direita do Pai.


Dan 7, 13-14; O “Filho de homem” de que fala o profeta é a maneira de falar que Jesus depois adoptou, aplicando-a a Si mesmo. Este “Filho de homem” que recebe de Deus um reino eterno é Jesus, que, pela oblação de Si mesmo ao Pai na Cruz, mereceu a glória da ressurreição, e assim Se tornou o “Primogénito de entre os mortos”, Cabeça de toda a humanidade por Ele remida, Senhor de todo o Universo, sentado à direita do Pai.

 

Jo 18, 33b-37: No tribunal judaico do Sinédrio, Jesus tinha aplicado a Si o título de “Filho do homem”, referido pelo profeta Daniel na primeira leitura. Agora, no tribunal romano diante de Pilatos, confirma o título de Rei, que os seus inimigos citam contra Ele como motivo de condenação. Mas, só os que são da verdade podem compreender o que diz a sua voz.

 

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo.

10.00 horas: Missa em Arez

10.45 horas: Missa em Tolosa

11.00 horas: Missa em Nisa

12.00 horas: Missa em Alpalhão

12.00 horas: Missa em Gáfete

15.30 horas: Missa em Montalvão

15.30 horas: Missa em Cacheiro

15.30 horas: Missa em Arneiro.

 

 

PENSAMENTO DO DIA

 

 

«Buscai primeiramente o que une, em vez de buscar o que divide»

São João XXIII

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

UM JOVEM DETERMINADO QUE MUDA DE RUMO

 

Vamos celebrar a Jornada Mundial da Juventude 2021, em comunhão com jovens de todo o mundo. A personagem central da Mensagem para este dia é Paulo de Tarso, constituído testemunha do que viu e ouviu (cf. At 26,16). Foi um jovem de causas e corajoso. Manifestara ser um jovem culto, decidido, disponível, comprometido com o bem e as tradições do seu povo, um jovem de cara lavada e sonhador. No entanto, de costa voltadas às novidades da história e às surpresas de Deus, fechou-se na sua verdade, tornou-se sectário e perseguidor. Neste seu modo de ser e estar, respirando ameaças de morte contra os cristãos, ofereceu-se generosamente para ir, os perseguir e prender nas sinagogas de Damasco e os trazer para Jerusalém. Quando para lá se dirigia, sente-se envolvido por uma luz «mais brilhante do que o Sol» e ouve uma voz que o chama pelo nome: «Saulo, Saulo!” (cf. At 26,13).

Surpreendido pela estranha luz e voz, cai por terra e pergunta: «Quem és tu, Senhor?». «Eu sou Jesus a quem tu persegues». Jesus identifica-se com os cristãos a quem ele perseguia. Paulo “estava convencido da justeza da sua posição. Mas, quando o Senhor se lhe revela, é «lançado por terra» e fica cego. De repente, descobre que não é capaz, física e espiritualmente, de ver. As suas certezas vacilam. No íntimo, sente que aquilo que o animava com tanta paixão, ou seja, o zelo de eliminar os cristãos, estava completamente errado. Dá-se conta de não ser o detentor absoluto da verdade; antes pelo contrário, está bem longe dela. E, juntamente com as suas certezas, cai também a sua «grandeza». De repente, descobre-se perdido, frágil, «pequeno». Esta humildade – consciência da própria limitação – é fundamental. Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar Cristo. Tendo ficado cego, Saulo perdeu os seus pontos de referência. Ficando sozinho na escuridão, para ele as únicas coisas claras são a luz que viu e a voz que ouviu. Que paradoxo! Precisamente quando uma pessoa reconhece estar cega, começa a ver…”.

A sua vida transforma-se completamente. Reconhece quão longe estava da verdade e quão frágeis eram as suas certezas e ideais. De inimigo e perseguidor dos cristãos, transforma-se num apaixonado seguidor de Jesus Cristo. Não se cansa de contar a sua história pessoal do encontro com Jesus a caminho de Damasco. Lança-se nesta aventura de anunciar a pessoa e a mensagem de Jesus, sem medo e sem se retrair a sacrifícios e sem deixar de se enfrentar quem queria fazê-lo calar. E tudo vive com muito mais empenho que qualquer outro, “muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, imensamente mais pelos açoites, muitas vezes em perigo de morte. Cinco vezes recebi dos Judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com vergastadas, uma vez apedrejado, três vezes naufraguei, e passei uma noite e um dia no alto mar. Viagens a pé sem conta, perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus irmãos de raça, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos da parte dos falsos irmãos. Trabalhos e duras fadigas, muitas noites sem dormir, fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! Além de outras coisas, a minha preocupação quotidiana, a solicitude por todas as igrejas! (...). Em Damasco, o etnarca do rei Aretas mandou guardar a cidade dos damascenos para me prender. Mas fui descido num cesto, por uma janela, ao longo da muralha, e assim escapei das suas mãos” (2Cor 11,22-31).

Ao olhar para Paulo, o Papa Francisco, afirmando que a atitude de Paulo, antes do encontro com Jesus ressuscitado, não nos é muito estranha, escreve aos jovens a dizer-lhes que “se a escuridão ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles que estão mais próximo de vós. Há também o perigo de lutar por causas que, originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para espalhar venenos e demolir os seus adversários. Quando o Senhor irrompe na vida de Paulo, não anula a sua personalidade, não cancela o seu zelo e paixão, mas usa os seus dotes para fazer dele o grande evangelizador até aos confins da terra”. E acrescenta: “Hoje, o convite de Cristo a Paulo é dirigido a cada um e cada uma de vós, jovens: Levanta-te! Não podes ficar por terra a «lamentar-te com pena de ti mesmo»; há uma missão que te espera! Também tu podes ser testemunha das obras que Jesus começou a realizar em ti. Por isso, em nome de Cristo, eu te digo (...), levanta-te e testemunha com alegria que Cristo vive! Espalha a sua mensagem de amor e salvação entre os teus coetâneos, na escola, na universidade, no trabalho, no mundo digital, por todo o lado”.

Força, jovem, coragem, o Senhor chama-te pelo nome, confia em ti. Se reivindicas uma Igreja jovem, a Igreja será jovem quando tu fores Igreja!

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 19-11-2021.

 

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A XXXVI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 

21 de novembro de 2021

“Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!” (cf. At 26, 16)

 

Queridos jovens,

Gostaria de tomar-vos pela mão, mais uma vez, para continuarmos juntos na peregrinação espiritual que nos conduz rumo à Jornada Mundial da Juventude de Lisboa em 2023.

No ano passado, pouco antes de se propagar a pandemia, assinava a mensagem cujo tema era «Jovem, Eu te digo, levanta-te!» (cf. Lc 7, 14). Na sua providência, o Senhor já queria preparar-nos para o desafio duríssimo que estávamos para viver.

O mundo inteiro teve de defrontar-se com o sofrimento causado pela perda de tantos entes queridos e pelo isolamento social. A emergência sanitária impediu também a vós jovens – por natureza projetados para o exterior – de sair para irdes à escola, à universidade, ao trabalho, para vos encontrardes… Vistes-vos em situações difíceis, que não estáveis acostumados a gerir. Aqueles que estavam menos preparados e desprovidos de apoio sentiram-se desorientados. Em muitos casos, surgiram problemas familiares, bem como desemprego, depressão, solidão e vícios; para não falar do stresse acumulado, das tensões e explosões de raiva, do aumento da violência.

Mas, graças a Deus, este não é o único lado da moeda. Se a provação pôs a descoberto as nossas fragilidades, fez emergir também as nossas virtudes, nomeadamente a predisposição à solidariedade. Em toda a parte, vimos tantas pessoas, incluindo muitos jovens, a lutar pela vida, semear esperança, defender a liberdade e a justiça, ser artífices de paz e construtores de pontes.

Quando cai um jovem, de certo modo cai a humanidade. Mas também é verdade que, quando um jovem se levanta, é como se o mundo inteiro se levantasse. Queridos jovens, que grande potencialidade tendes nas vossas mãos! Que força trazeis nos vossos corações!

Por isso, hoje, Deus diz a cada um de vós mais uma vez: «Levanta-te!» Espero de todo o coração que esta mensagem ajude a preparar-nos para tempos novos, para uma página nova na história da humanidade. Mas não há possibilidades de recomeçar sem vós, queridos jovens. Para levantar-se, o mundo precisa da vossa força, do vosso entusiasmo, da vossa paixão. É neste sentido que gostaria de meditar, juntamente convosco, sobre o trecho dos Atos dos Apóstolos onde Jesus diz a Paulo: «Levanta-te! Constituo-te testemunha do que viste» (cf. At 26, 16).

Paulo, testemunha diante do rei

O versículo que serve de inspiração ao tema do Dia Mundial da Juventude de 2021 encontra-se no testemunho de Paulo diante do rei Agripa, no tempo em que estava detido na prisão. Outrora inimigo e perseguidor dos cristãos, agora é julgado precisamente pela sua fé em Cristo. À distância de vinte e cinco anos dos factos, o Apóstolo conta a sua história e o episódio fundamental do seu encontro com Cristo.

Paulo confessa que, no passado, perseguira os cristãos, até que um dia, quando ia a Damasco para prender alguns deles, uma luz «mais brilhante do que o Sol» o envolveu, a ele e aos seus companheiros de viagem (cf. At 26, 13), mas só ele ouviu «uma voz»: falou-lhe Jesus, chamando-o pelo nome.

«Saulo, Saulo!»

Aprofundemos, juntos, o acontecimento. Ao chamá-lo pelo nome, o Senhor faz saber a Saulo que o conhece pessoalmente. É como se lhe dissesse: «Sei quem és, sei o que estás a tramar, mas, não obstante isso, é precisamente a ti que estou a falar». Pronuncia o seu nome duas vezes, querendo significar uma vocação especial e muito importante, como fizera com Moisés (cf. Ex 3, 4) e com Samuel (cf. 1 Sam 3, 10). Caindo por terra, Saulo reconhece que é testemunha duma manifestação divina, duma revelação vigorosa, que o transtorna mas sem o aniquilar; pelo contrário, interpela-o usando o nome.

Com efeito, só muda a vida um encontro pessoal, não anónimo, com Cristo. Jesus mostra que conhece bem Saulo, que «o conhece intimamente». Embora Saulo seja um perseguidor, embora haja ódio no seu coração contra os cristãos, Jesus sabe que isso se fica a dever à ignorância e quer manifestar nele a sua misericórdia. Será precisamente esta graça, este amor imerecido e incondicional, a luz que transformará radicalmente a vida de Saulo.

«Quem és tu, Senhor?»

Perante esta presença misteriosa que o chama pelo nome, Saulo pergunta: «Quem és tu, Senhor?» (At 26, 15). Trata-se duma questão extremamente importante, e todos nós mais cedo ou mais tarde na vida a devemos colocar. Não basta ter ouvido outros a falarem de Cristo; é necessário falar com Ele pessoalmente. No fundo, rezar é isto. É falar diretamente com Jesus, embora porventura tenhamos o coração ainda em desordem, a cabeça cheia de dúvidas ou mesmo de desprezo por Cristo e pelos cristãos. Faço votos de que cada jovem chegue, do fundo do coração, a fazer esta pergunta: «Quem és tu, Senhor?».

Não podemos presumir que todos conheçam Jesus, mesmo na era da internet. A pergunta que muitas pessoas dirigem a Jesus e à Igreja é precisamente esta: «Quem és?». Em toda a narrativa da vocação de São Paulo, esta é a única vez que ele fala. E, à sua pergunta, o Senhor responde prontamente: «Eu sou Jesus a quem tu persegues» (26, 15).

«Eu sou Jesus a quem tu persegues!»

Através desta resposta, o Senhor Jesus revela um grande mistério a Saulo: que Ele Se identifica com a Igreja, com os cristãos. Até então Saulo não vira nada de Cristo, senão os fiéis que metera na prisão (cf. At 26, 10), dando o próprio assentimento à sua condenação à morte (26, 10). E vira como os cristãos respondiam ao mal com o bem, ao ódio com o amor, aceitando as injustiças, as violências, as calúnias e as perseguições suportadas pelo nome de Cristo. Assim, bem vistas as coisas, de algum modo Saulo – sem o saber – tinha encontrado Cristo: encontrara-O nos cristãos.

Quantas vezes ouvimos dizer: «Jesus sim, a Igreja não», como se um pudesse ser alternativa à outra. Não se pode conhecer Jesus, se não se conhece a Igreja. Só se pode conhecer Jesus por meio dos irmãos e irmãs da sua comunidade. Ninguém pode dizer-se plenamente cristão, se não viver a dimensão eclesial da fé.

«É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão»

Estas são as palavras que o Senhor dirige a Saulo, depois que ele caiu por terra. Mas é como se, já desde algum tempo, lhe estivesse a falar misteriosamente procurando atraí-lo para Si, e Saulo resistisse. A mesma suave «repreensão», dirige-a Nosso Senhor a cada jovem que se mantém afastado: «Até quando fugirás de Mim? Porque é que não sentes que te estou a chamar? Estou à espera do teu regresso». À semelhança do que sucedeu ao profeta Jeremias, às vezes dizemos: «Não pensarei mais n’Ele!?» (Jr 20, 9). Mas, no coração de cada um, há como que um fogo ardente: embora nos esforcemos por contê-lo, não conseguimos porque é mais forte do que nós.

O Senhor escolhe alguém que até O persegue, completamente hostil a Ele e aos seus. Mas, para Deus, não há pessoa que seja irrecuperável. Através do encontro pessoal com Ele, é sempre possível recomeçar. Nenhum jovem está fora do alcance da graça e da misericórdia de Deus. De ninguém se pode dizer: Está demasiado longe... É demasiado tarde... Quantos jovens sentem a paixão de se opor e ir contra corrente, mas trazem escondida no coração a necessidade de se comprometer, de amar com todas as suas forças, de se identificar com uma missão! No jovem Saulo, Jesus vê exatamente isto.

Reconhecer a própria cegueira

Podemos imaginar que, antes do encontro com Cristo, Saulo estivesse de certo modo «cheio de si», considerando-se «grande» pela sua integridade moral, o seu zelo, as suas origens, a sua cultura. Seguramente estava convencido da justeza da sua posição. Mas, quando o Senhor se lhe revela, é «lançado por terra» e fica cego. De repente, descobre que não é capaz, física e espiritualmente, de ver. As suas certezas vacilam. No íntimo, sente que aquilo que o animava com tanta paixão, ou seja, o zelo de eliminar os cristãos, estava completamente errado. Dá-se conta de não ser o detentor absoluto da verdade; antes pelo contrário, está bem longe dela. E, juntamente com as suas certezas, cai também a sua «grandeza». De repente, descobre-se perdido, frágil, «pequeno».

Esta humildade – consciência da própria limitação – é fundamental. Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar Cristo. Tendo ficado cego, Saulo perdeu os seus pontos de referência. Ficando sozinho na escuridão, para ele as únicas coisas claras são a luz que viu e a voz que ouviu. Que paradoxo! Precisamente quando uma pessoa reconhece estar cega, começa a ver…

Depois da fulguração na estrada de Damasco, Saulo preferirá ser chamado Paulo, que significa «pequeno». Não se trata dum pseudónimo nem dum «nome de arte» (tão usado hoje mesmo entre as pessoas comuns): o encontro com Cristo fê-lo sentir-se verdadeiramente assim, derrubando o muro que o impedia de se conhecer com toda a verdade. De si mesmo afirma: «É que eu sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus» (1 Cor 15, 9).

Santa Teresa de Lisieux gostava de repetir, como aliás outros santos, que a humildade é a verdade. Hoje em dia muitas «histórias» condimentam os nossos dias, principalmente nas redes sociais, muitas vezes criadas habilmente com muitas filmagens, telecâmaras, variados cenários. Procuram-se cada vez mais as luzes da ribalta, sabiamente orientadas, para poder mostrar aos «amigos» e seguidores uma imagem de si mesmo que às vezes não reflete a própria verdade. Cristo, meridiana luz, vem iluminar-nos devolvendo-nos a nossa autenticidade, libertando-nos de todas as máscaras. Mostra-nos claramente o que somos, porque nos ama tal como somos.

Mudar de perspetiva

A conversão de Paulo não é um voltar para trás, mas abrir-se para uma perspetiva totalmente nova. Com efeito, ele continua o caminho para Damasco, mas já não é o mesmo de antes; é uma pessoa diversa (cf. At 22, 10). É possível converter-se e renovar-se na vida ordinária, realizando as coisas que costumamos fazer, mas com o coração transformado e com motivações diferentes. Neste caso, Jesus pede expressamente a Paulo que vá até Damasco, para onde se dirigia. Paulo obedece, mas agora a finalidade e a perspetiva da sua viagem mudaram radicalmente. A partir de agora, verá a realidade com olhos novos: antes, eram os olhos do perseguidor justiceiro; a partir de agora, serão os do discípulo testemunha. Em Damasco, Ananias batiza-o e introdu-lo na comunidade cristã. No silêncio e na oração, Paulo aprofundará a sua experiência e a nova identidade que o Senhor Jesus lhe deu.

Não dispersar a força e a paixão dos jovens

A atitude de Paulo, antes do encontro com Jesus ressuscitado, não nos é muito estranha. Quanta força e paixão vivem também nos vossos corações, queridos jovens! Mas, se a escuridão ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles que estão mais próximo de vós. Há também o perigo de lutar por causas que, originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para espalhar venenos e demolir os seus adversários.

Quando o Senhor irrompe na vida de Paulo, não anula a sua personalidade, não cancela o seu zelo e paixão, mas usa os seus dotes para fazer dele o grande evangelizador até aos confins da terra.

Apóstolo dos gentios

Em seguida, Paulo será conhecido como «o apóstolo dos gentios»; ele, que fora um fariseu escrupulosamente observante da Lei! Aqui está outro paradoxo: o Senhor deposita a sua confiança precisamente naquele que O perseguia. À semelhança de Paulo, cada um de nós pode ouvir no fundo do coração esta voz que lhe diz: «Confio em ti. Conheço a tua história e tomo-a nas minhas mãos juntamente contigo. Apesar de muitas vezes teres estado contra Mim, escolho-te e torno-te minha testemunha». A lógica divina pode fazer do pior perseguidor uma grande testemunha.

O discípulo de Cristo é chamado a ser «luz do mundo» (Mt 5, 14). Paulo tem de testemunhar o que viu, mas agora está cego. Estamos de novo perante um paradoxo! Mas, precisamente através desta sua experiência pessoal, Paulo poderá identificar-se com aqueles a quem o Senhor o envia. Com efeito, é constituído testemunha «para lhes abrir os olhos e fazê-los passar das trevas à luz» (At 26, 18).

«Levanta-te e testemunha!»

Ao abraçar a vida nova que nos é dada no Batismo, recebemos também uma missão do Senhor: «Serás minha testemunha». É uma missão que pede a nossa dedicação e faz mudar a vida.

Hoje, o convite de Cristo a Paulo é dirigido a cada um e cada uma de vós, jovens: Levanta-te! Não podes ficar por terra a «lamentar-te com pena de ti mesmo»; há uma missão que te espera! Também tu podes ser testemunha das obras que Jesus começou a realizar em ti. Por isso, em nome de Cristo, eu te digo:

– Levanta-te e testemunha a tua experiência de cego que encontrou a luz, viu o bem e a beleza de Deus em si mesmo, nos outros e na comunhão da Igreja que vence toda a solidão.

– Levanta-te e testemunha o amor e o respeito que se podem estabelecer nas relações humanas, na vida familiar, no diálogo entre pais e filhos, entre jovens e idosos.

– Levanta-te e defende a justiça social, a verdade e a retidão, os direitos humanos, os perseguidos, os pobres e vulneráveis, aqueles que não têm voz na sociedade, os imigrantes.

– Levanta-te e testemunha o novo olhar que te faz ver a criação com olhos cheios de maravilha, te faz reconhecer a Terra como a nossa casa comum e te dá a coragem de defender a ecologia integral.

– Levanta-te e testemunha que as existências fracassadas podem ser reconstruídas, as pessoas já mortas no espírito podem ressuscitar, as pessoas escravizadas podem voltar a ser livres, os corações oprimidos pela tristeza podem reencontrar a esperança.

– Levanta-te e testemunha com alegria que Cristo vive! Espalha a sua mensagem de amor e salvação entre os teus coetâneos, na escola, na universidade, no trabalho, no mundo digital, por todo o lado.

O Senhor, a Igreja, o Papa confiam em vós e constituem-vos testemunhas junto de muitos outros jovens que encontrais pelos «caminhos de Damasco» do nosso tempo. Não vos esqueçais: «Se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 120).

Levantai-vos e celebrai a JMJ nas Igrejas Particulares!

Renovo a todos vós, jovens do mundo inteiro, o convite a tomar parte nesta peregrinação espiritual que nos levará à celebração da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa no ano de 2023. O próximo encontro, porém, é nas vossas Igrejas Particulares, nas várias dioceses e eparquias da terra, onde, na Solenidade de Cristo Rei, será celebrado – a nível local – o Dia Mundial da Juventude de 2021.

Espero que todos nós possamos viver estas etapas como verdadeiros peregrinos e não como «turistas da fé»! Abramo-nos às surpresas de Deus, que quer fazer resplandecer a sua luz sobre o nosso caminho. Abramo-nos à escuta da sua voz, inclusive através dos nossos irmãos e irmãs. Assim ajudar-nos-emos uns aos outros a levantar-nos juntos e, neste difícil momento histórico, tornar-nos-emos profetas de tempos novos, cheios de esperança! A Bem-Aventurada Virgem Maria interceda por nós.

Roma, São João de Latrão, na Festa da Exaltação da Santa Cruz, 14 de setembro de 2021.

 

Francisco

 

 

 

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