PARÓQUIAS DE NISA
Terça-feira, 20 de abril de 2021
Terça-feira da III semana da Páscoa
LITURGIA
Terça-feira
da semana III
Branco – Ofício da
féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 At 7, 51 – 8, 1a; Sal 30 (31), 3cd-4. 6ab e 7b e 8a. 17 e 21ab
Ev Jo 6, 30-35
* Na Diocese de Vila Real – Aniversário da criação da Diocese (1922).
* Na Ordem de São Domingos – S. Inês de Montepulciano, virgem – MO
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Ap 19, 5; 12,
10
Louvai o Senhor, todos os seus servos, pequenos e grandes,
porque chegou a salvação e o poder e o reino de Cristo. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que abris as portas do vosso reino aos homens renascidos
pela água e pelo Espírito Santo, aumentai em nós os dons da vossa graça, para
que, purificados de toda a culpa, possamos alcançar a herança prometida. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
LEITURA I Atos 7, 51 _ 8, 1a
«Senhor Jesus, recebe o meu espírito»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
Naqueles dias, Estêvão disse ao povo, aos anciãos e aos escribas: «Homens de
dura cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre resistis ao Espírito
Santo. Como foram os vossos antepassados, assim sois vós também. A qual dos
Profetas não perseguiram os vossos antepassados? Eles também mataram os que
predisseram a vinda do Justo, do qual fostes agora traidores e assassinos, vós
que recebestes a Lei pelo ministério dos Anjos e não a tendes cumprido». Ao
ouvirem estas palavras, estremeciam de raiva em seu coração e rangiam os dentes
contra Estêvão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, de olhos fitos no Céu, viu a
glória de Deus e Jesus de pé à sua direita e exclamou: «Vejo o Céu aberto e o
Filho do homem de pé à direita de Deus». Então levantaram um grande clamor e
taparam os ouvidos; depois atiraram-se todos contra ele, empurraram-no para
fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas colocaram os mantos
aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão orava,
dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito». Depois ajoelhou-se e bradou com
voz forte: «Senhor, não lhes atribuas este pecado». Dito isto, expirou. Saulo
estava de acordo com a execução de Estêvão.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 3cd-4.6ab.7b.8a.17.21ab
(R. 6a)
Refrão: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me. Refrão
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Em Vós, Senhor, ponho a minha confiança:
hei-de exultar e alegrar-me com a vossa misericórdia. Refrão
Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Como é grande, Senhor, a vossa bondade,
que tendes reservada para os que Vos temem. Refrão
ALELUIA Jo 6, 35ab
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o pão da vida, diz o Senhor;
quem vem a Mim nunca mais terá fome. Refrão
EVANGELHO Jo 6, 30-35
«Não é Moisés, mas meu Pai, que vos dá o verdadeiro pão do Céu»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse a multidão a Jesus: «Que milagres fazes Tu, para que nós
vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais
comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do
céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés
que vos deu o pão que vem do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem
do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe
eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da
vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá
sede».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa: Vós que lhe destes tão
grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Rom 6, 8
Se morremos com Cristo, com Cristo viveremos. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa
ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 7, 51 - 8, 1a : A morte de S.
Estêvão é apresentada como a morte de Jesus. O Rei dos Mártires continuará, no
Corpo místico da sua Igreja, o mistério da sua própria Paixão. E à imitação do
Senhor na Cruz, a Igreja, a começar por Estêvão, vai-se entregando a Deus em
gesto de confiança no Pai e em oração, feita de amor pelos homens, a começar
pelos que a perseguem.
Jo
6, 30-35 : Jesus continua a afirmar-Se como o
verdadeiro alimento da fé. Ele é “o Pão que veio do Céu”, “o Pão de Deus”. Aos
israelitas no deserto, tinha-lhes sido dado o maná, vindo do céu. Mas, muito
mais do que o maná, é este Pão que Deus nos enviou, o seu próprio Filho, para
que acreditemos n’Ele e O recebamos pela fé. Assim vai sendo explicado, ao
longo de toda a fala de Jesus neste capítulo 6 de S. João, o “sinal” da
multiplicação dos pães. A ideia principal está no fim da leitura de hoje. S.
João usa uma linguagem simbólica.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR:
QUANDO UMA MÃE INSISTE E PERSISTE!...
Desde que Adão e Eva partiram os
pratos e foram expulsos daquele jardim à beira rios plantado, a humanidade jamais
correu sobre rodas. Segundo a mensagem do Génesis, Adão e Eva não tiveram pai
nem mãe, mas foram os primeiros pais a sofrer a morte de um filho: Caim matou
Abel, eram irmãos. O Papa João Paulo I, o “Papa
do sorriso”, afirmou que "Deus é Pai, mas também é Mãe". Foi Ele
quem criou o homem e a mulher. Foi Ele quem esteve junto deles nessas horas difíceis e trágicas da sua vida familiar. Apesar de
todo aquele mercadejar entre a serpente, Eva e Adão, apesar de não se poder
provar bem bem qual o conteúdo concreto desse ato de corrupção, apesar de
ninguém colocar em dúvida a sua existência, apesar de todos estarmos a sofrer
as suas pesadas consequências, nunca houve rosas que fizessem esquecer tais
espinhos nem tempo que fizesse prescrever esse delito. No entanto, se os
penalizou, nunca Deus os abandonou, nem a eles nem a nós, seus descendentes,
que apanhamos por tabela. Deus foi-nos falando ao longos dos tempos, como a
amigos, para nos reconvidar à comunhão com Ele, ao ponto de nos enviar o seu
Filho. A morte de Cristo na cruz é uma morte expiatória, cobre a multidão das
corrupções humanas. É uma morte propiciatória, Deus perdoa, torna-se favorável.
É um sacrifício
vicário, uma morte substitutiva, Jesus morre por todos nós, em nosso lugar. É
uma morte redentora, Jesus resgata-nos, reconcilia-nos com Deus, traz vida nova
aos que n’Ele creem e vivem em conformidade. Viver em conformidade, é ter
consciência daquela fragilidade humana que, se foi original, acabou por ser
originante de todas as corrupções humanas. No entanto, mesmo que nem sempre
seja fácil fugir aos hábeis truques do mafarrico, sabemos que Deus é fiel e
ninguém é tentado acima das suas próprias forças, desde que aceite os meios e a
força para suportar e sair da tentação (cf. 1Cor 10, 13). Com a formação humana
e a força que brota da cruz, o agir humano é sempre passível de aperfeiçoamento
nos caminhos do bem e do respeito pelos outros.
Na reflexão passada, realcei a força da
oração do pai, apresentando exemplos de pais que nos aparecem nos Evangelhos.
Hoje realçarei sobretudo a importância da oração da mãe, e o seu testemunho,
também a partir do Evangelho. Se é importante a presença ativa do pai para o
bem da família, não o é menos a da mãe, sem prejuízo, como é evidente, da sua
vida social e laboral (cf. GS52).
Embora por lá se encontrem perfis de
mães para muitos gostos, a Bíblia apresenta-nos grandes figuras de mães,
exemplos de fé, confiança em Deus e oração. A mais importante de todas é, sem
dúvida, Maria, esposa de José, a Mãe de Jesus. Nessas grandes figuras de mãe, a
fé, a escuta e a aceitação da vontade de Deus na vida, não significou que a
vida lhes fosse isenta de problemas, sofrimento e aflições, inclusive à Mãe de
Jesus. No entanto, se a fé e a oração não evitam nem minimizam as vergastadas
da vida sofridas por tantas pessoas e famílias, essas famílias e pessoas sabem
olhar e enfrentar de modo diferente o sofrimento. Acabam por ter uma força
interior capaz de tudo ultrapassar e transformar em caminho de santificação,
gerando empatia, contagiando.
Todos conhecemos a reação de Jesus tocado
pela tristeza e dor da viúva de Naim que levava a sepultar o seu único filho,
com grande presença e consternação da comunidade envolvente (Lc 7,11-17). Mas
não vou falar dessa mãe. Prefiro apresentar o testemunho orante duma outra mãe, uma mãe sofrida com a grave doença da sua
filha. Na linguagem de São Marcos, era uma mulher sirofenícia. São Mateus diz
que era cananeia.
Tanto para um como para outro, era
uma mulher não judia, pagã. Para mim, é uma das mais belas e comoventes atitudes dum coração de mãe sofrida com
a falta de saúde da sua filha. Ela reconhece em Jesus não só uma personalidade
humana excecional, mas Alguém que traz algo de novo com autoridade e verdade. E
confia plenamente que Ele lhe pode valer, por isso, embora sempre humilde e
perseverante, ela dá luta a Jesus. Apesar de ser estrangeira, ela chama-lhe
“filho de David”, um título messiânico dado ao futuro “rei de Israel”.
Apresenta-se com uma fé inabalável, com uma confiança total em Jesus a quem
pede, com humildade e perseverança, a cura da sua filha: “Senhor, filho de
David, tem piedade de mim”.
Jesus, porém, parece que tinha acordado mal
disposto. Mostra-se duro, dá a entender que não ouve, não lhe dirige uma
palavra nem um olhar. Os discípulos, impacientes, acabam por pedir a Jesus que
mande aquela mulher embora. Não com pena dela nem da filha, com certeza, mas
para se verem livres dela: “Manda embora essa mulher, porque ela vem a gritar
atrás de nós”. Jesus, continuando com ares de pouca ou nenhuma graça, lembra
que a sua missão se limita ao povo judeu: “Eu fui mandado somente para as
ovelhas perdidas do povo de Israel”. A mulher, porém, é que não desarma, ela
precisava de ajuda, a sua filha estava a morrer! Por isso, aproxima-se mais um
pouco, ajoelha-se diante de Jesus e reitera o seu angustiante pedido: “Senhor, ajuda-me”.
Para os israelitas, os estrangeiros e os
pagãos eram considerados como “cachorros”, desconhecedores que eram da lei de
Deus. Segundo os chefes israelitas, só Israel era a alegria do Senhor,
tinham-se como as únicas pessoas dignas das atenções de Deus. Jesus permanece
na sua e testa a senhora duma forma que, para a nossa sensibilidade, até nos
parece tremendamente indelicado: “Não está certo tirar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher, porém, permanece firme e confiante, ela
precisava de ajuda. E perante esta resposta tão forte de Jesus, ela responde
com delicadeza: “Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as
migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Para ela, uma migalhinha caída da
mesa de Jesus significava tudo aquilo de que ela precisava naquele momento: o
dom, a graça da cura da sua filha que estava às portas da morte. Perante a sua
resposta e confiança, Jesus nada mais teve a dizer senão louvar-lhe a sua
grande fé e atendê-la: “Mulher, é grande a tua fé! Seja feito como desejas”. E
desde aquele momento a sua filha ficou curada” (Mt 15, 21-28; Mc 7, 24-30).
A salvação trazida por Jesus, embora devesse
ser anunciada em primeiro lugar ao povo de Israel, que, aliás, foi preparado
para isso ao longo dos tempos, não era para ser seu monopólio ou privilégio.
Nem tampouco bastava pertencer a esse povo para que alguém fosse considerado
justo e bom. A salvação que Jesus trouxe é para todos os que acreditarem n’Ele
e na sua missão, em qualquer tempo, em qualquer parte, seja quem for. Na
atitude desta mulher, para além da sua fé em Jesus e num mundo novo por Ele
anunciado, para além da sua oração, humildade, perseverança e confiança, aplica-se
o que diz o Evangelho: “Pedi e ser-vos-á dado! Procurai e encontrareis! Batei e
abrir-vos-ão a porta! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura,
encontra; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7, 7-8). Jesus elogiou a fé
desta mulher não judia: “Mulher, é grande a tua fé!”. Mas também, noutra
ocasião, reagiu perante a pouca fé dos seus discípulos quando a tempestade os
assustou: “Porque tendes medo, homens de pouca fé?”. Os momentos de crise e
dificuldade na vida são sempre uma espécie de termómetro a medir o grau de
consciência que as pessoas ou as famílias têm da presença de Cristo entre elas,
é um sintoma da sua maturidade ou infantilidade na fé.
A Exortação Apostólica sobre a Família Cristã
afirma que um elemento fundamental e insubstituível da educação para a oração é
o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais. Só rezando em conjunto com os
filhos, o pai e a mãe, entram em profundidade no coração deles, deixando marcas
que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer. E se,
no artigo passado, lembrei o apelo de Paulo VI ao pai de família, hoje lembro o
seu apelo às mães: “Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em
consonância como os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos
da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos,
a pensar em Cristo que sofre, a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos
Santos? Rezais o terço em família?” (FC60). E afirma o Papa Francisco: “ser mãe não significa somente colocar
um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe,
qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha
de dar a vida. E isto é grande, é bonito”.
Como seria belo que a fé de cada
filho fosse elogiada como São Paulo elogiou a de seu amigo Timóteo: “Lembro-me
da fé sincera que há em ti, a mesma que havia antes na tua avó Loide, depois na
tua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também está em ti” (2Tm 1, 5).
Como é bom entender a palavra de Jesus: “que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro se perde a própria vida?” (Mc 8, 36).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 16-04-2021.
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