PARÓQUIAS DE NISA
Terça-feira, 06 de abril de 2021
Terça-feira de Páscoa
LITURGIA
TERÇA DA OITAVA DA PÁSCOA
Branco –
Ofício próprio. Te Deum.
Missa própria, Glória, sequência facultativa, pf. pascal.
L 1 At 2, 36-41; Sal 32 (33), 4-5. 18-19. 20 e 22
Ev Jo 20, 11-18
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA cf. Sir 15, 3-4
O Senhor deu-lhes a beber a água da sabedoria,
que os torna firmes e inabaláveis
e lhes dá em herança um nome eterno. Aleluia.
Diz- se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que nos renovastes e fortalecestes pela celebração dos mistérios
pascais, ajudai o vosso povo com a abundância da graça celeste para que alcance
a liberdade perfeita e goze um dia no Céu a alegria que já começou a saborear
na terra. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 2, 36-41
«Deus fê-l’O Senhor e Messias»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
No dia de Pentecostes, disse Pedro aos judeus: «Saiba com absoluta certeza toda
a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós
crucificastes». Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e
perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?»
Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Batismo em nome de
Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do
Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e
para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas
outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração
perversa». Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Batismo e naquele
dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 32 (33), 4-5.18-19.20.22 (R. 5b)
Refrão: A bondade do Senhor encheu a
terra. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.
Refrão
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. Refrão
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. Refrão
ALELUIA Salmo 117 (118), 24
Refrão: Aleluia Repete-se
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Refrão
EVANGELHO Jo 20, 11-18
«Vi o Senhor e disse-me...»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, Maria Madalena estava a chorar junto do sepulcro. Enquanto
chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro e viu dois Anjos vestidos de
branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde estivera deitado o corpo
de Jesus. Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?» Ela respondeu-
lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Dito isto, voltou-se
para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele. Disse-lhe Jesus: «Mulher,
porque choras? A quem procuras?» Pensando que era o jardineiro, ela
respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para
eu O ir buscar». Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela voltou-se e respondeu em
hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não Me
detenhas, porque ainda não subi para o Pai. Vai ter com os meus irmãos e
diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso
Deus». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes
o que Ele lhe tinha dito.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Acolhei benignamente, Senhor, os dons da vossa família e concedei-lhe o auxílio
da vossa protecção, para que não perca as graças recebidas e alcance os bens
eternos. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal I [mas com maior solenidade neste dia]: p. 412
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Col 3, 1-2
Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto,
onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus.
Saboreai as coisas do alto. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso, ouvi a nossa oração e dirigi os corações dos vossos fiéis,
para que, purificados pela graça do Batismo, mereçam alcançar a bem-aventurança
eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
Atos 2, 36-41: A primeira pregação dos Apóstolos fez
surgir o primeiro grupo da comunidade cristã. A palavra levou à fé, esta à
conversão e ao Batismo. A proclamação da palavra de Deus continua a presença do
Verbo, e os Sacramentos, a sua ação salvadora no meio dos homens.
Jo
20, 11-18: Maria Madalena, no jardim de José de
Arimateia, é a figura da Igreja, a nova Eva, no jardim do novo paraíso, o da
nova criação. Aí ela encontra o seu Senhor, O reconhece e O adora. E para
sempre, pela sua boca, continuará a ouvir-se a grande Boa Nova: “Vi o Senhor
ressuscitado”. Assim o proclama aqui hoje a assembleia dos seus discípulos..
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR:
QUE VOS PARECE?.... ELE NÃO VIRÁ À FESTA?
Face ao que ia acontecendo,
o diz-que-diz aumentava. As reuniões entre os senhores dos diversos poderes
multiplicavam-se. Os conhecedores da psicologia das multidões manipulavam o
povo. A unanimidade política apontava o crime: “se o deixarmos continuar assim,
todos acreditarão nele”. Dito e feito, para manterem o seu rame-rame
subserviente e a sua posição privilegiada, “decidiram matar Jesus”. E os que já
passeavam pelo recinto da festa perguntavam-se curiosos: ‘Que vos parece? Ele
não virá à festa?”.
Sim, Jesus foi à festa.
Ele começou a sua vida pública numa festa, nas Bodas de Caná. Também a vai
terminar numa festa, a da Páscoa. Mas não é próprio da festa transmitir e
cultivar sentimentos de alegria e amizade? Pois é, mas não foi o caso. Costuma
apresentar-se três forças como indispensáveis para que o homem sinta defendidas
a sua vida e a sua honra. São elas a força da amizade, a força da justiça e a
força da compaixão ou piedade. Quando estas virtudes desaparecem do convívio
social, nem sequer a santidade é respeitada. E Jesus foi traído por todas elas
e mais algumas! Todos preferiram salvaguardar a sua “grandeza”, a sua
autoridade, o seu prestígio em reles subserviência ou dominados pelo medo e
cobardia.
A AMIZADE EVAPOROU-SE. Jesus Cristo
foi traído pela amizade, sim. A amizade provoca a união dos homens e leva a
auxiliarem-se mutuamente nos trabalhos da vida. Este sentimento que nos une, a
amizade, tem as suas leis, leis que ela não pode abandonar sem se trair a si
própria. É próprio da amizade proteger aquele a quem se dedica, defender o
amigo, não abandonar, não negar, não vender, não atraiçoar, evitar tudo aquilo
que se possa confundir com indiferença. É próprio da amizade ser reconhecida
como valor e valor essencial. No entanto, os discípulos foram indiferentes à
dor e à preocupação do Amigo. Jesus, perturbado, sentiu necessidade de presença
e apoio em momentos tão trágicos da sua vida: “A minha alma está numa tristeza
de morte, ficai aqui e vigiai comigo”. O Evangelista Lucas, que era médico e
sabia o que era a hematidrose, diz que “o seu suor se tornou como gotas de
sangue, que caiam no chão”. Jesus sua sangue e reza... Eles dormem… Judas foi
procurar a quem vender e entregar Jesus por uma gorjeta e com um beijo… É a
amizade convertida em indiferença e ódio, em brutalidade e ingratidão. Os
outros abandonam o Mestre, todos fogem. Jesus vai sozinho para a casa de Anás.
Pedro, meio sorrateiro e a curtir o medo à distância, ao aproximar-se mais um
pouco, nega o Mestre: “Uma das criadas olhou-o de frente e disse-lhe: ‘tu
também estava com Jesus o Nazareno’. Mas ele negou: ‘Não sei nem entendo o que
dizes’. A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: ‘este é um
deles’. Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a
Pedro: ‘Na verdade, tu és deles, pois também és galileu’. Mas ele começou a
dizer imprecações e a jurar: ‘Não conheço esse homem de quem falais”.
Abandonar, renegar o amigo, é doloroso e triste. Vender, entregar o amigo aos
próprios inimigos é a maior das infâmias! Tal como outrora, quantas vezes os
amigos de hoje se convertem nos inimigos de amanhã!
A JUSTIÇA PREFERIU
BARRABÁS. Se faltou a amizade, esperava-se que a justiça salvaguardasse a vida
e a honra de Jesus, a sua inocência. Pode o juiz não ser amigo do réu, mas tem
a obrigação de o julgar segundo o direito e as leis vigentes. Mas Jesus, se
traído pela amizade dos seus, foi também traído pela própria justiça. As
irregularidades praticadas contra Jesus no Sinédrio são mais que muitas. Há
irregularidade no júri constituído, todos são suspeitos, pois eram inimigos de
Cristo, fariseus fanáticos, escribas orgulhosos, juízes e acusadores ao mesmo
tempo. Há irregularidades no andamento dum processo onde “procuravam um
testemunho contra Jesus para lhe dar a morte, mas não o encontravam”. Não há
ninguém que o defenda, são todos acusadores, todos. Os depoimentos são de
falsas testemunhas que nem sequer concordam nas afirmações: “Muitos
testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram
concordes”. Deturpam as palavras de Jesus acerca do templo do seu corpo. O
próprio Caifás transforma-se em acusador, mente, afirma que Jesus “blasfemou”
ao dizer-se o Messias, o Filho de Deus. No Tribunal de Herodes, é tratado como
um louco e objeto de troça. No Pretório de Pilatos, aparece igualmente
injustiçado. Pilatos impõe-se e faz-se valer com a linguagem deste mundo: “não
sabes que tenho poder para te libertar e te crucificar?”. «Não respondes nada?
Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada responde, não vale a pena.
Pressionado pelo povo, Pilatos, tenta uma última chance. Valendo-se de uma
tradição que havia pela festa da Páscoa, de ele ou o povo ter o direito de
escolher a liberdade de algum preso, manda buscar um condenado tido como ladrão
e assassino e pergunta ao povo quem quer que lhe solte: Jesus ou Barrabás. O
povo, manipulado pelos populistas, prefere Barrabás, Barrabás foi solto.
Pilatos, forte com os fracos ali representados em Jesus, é subserviente, tem
medo do imperador romano, tem medo das autoridades judaicas, tem medo da
multidão, tem medo da sua própria consciência que o massacra a dizer-lhe que
Jesus é justo e inocente: “Eu não encontro n’Ele nenhum motivo de condenação”.
A própria esposa lhe havia dito: “Não te intrometas no caso desse justo, porque
hoje sofri muito em sonhos por causa dele” (Mt 27,19). No entanto, mais
importante é assegurar os seus próprios interesses. Jesus é condenado à morte,
ridicularizado, flagelado, coroado de espinhos e carregado com a cruz até ao
alto do Calvário. Aí, é pregado na cruz e morre. Como alguém afirma e se
constata, Jesus nunca se descontrola, nunca recua, nunca exerce resistência,
mantém-se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino. Pilatos dá-se conta
dessa coerência de Jesus, mas permanece dividido entre um sentimento de justiça
e a necessidade de satisfazer a multidão e os seus cabecilhas. A justiça não
funcionou.
A COMPAIXÃO TAMBÉM
FOI NEGADA. Faltou, pois, a amizade e a justiça a defender a inocência de
Jesus. Esperar-se-ia que, ao menos, surgisse a compaixão, a piedade, esse
sentimento que leva a ter pena de quem sofre, a respeitar a sua honra e
dignidade. O último refúgio da inocência é a compaixão que a inocência sempre é
capaz de inspirar. Quem se não comove perante os sofrimentos alheios? E quem se
não comove perante os sofrimentos infringidos a um inocente? Com Jesus Cristo
não há compaixão. Algumas mulheres choram impotentes, é verdade. Um homem,
talvez obrigado, ajuda-o a levar a cruz, sim, também é verdade. Mas são muito
poucos aqueles que o seguem até ao Calvário. Os outros não manifestam qualquer
gesto de compaixão. Vede a atitude dos criados dos pontífices, no Sinédrio:
“alguns começaram a cuspir-lhe, a tapar-lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe
punhadas, dizendo: ‘advinha’ quem te bateu. E os guardas davam-lhe bofetadas”.
Reparai na atitude dos soldados de Roma aquando da flagelação e da coroação de
espinhos: “Os soldados entrançaram uma coroa com espinhos e colocaram-na na
cabeça de Jesus. Vestiram Jesus com um manto vermelho. Aproximavam-se d’Ele e
diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas. Vede a reação do povo
quando Pilatos lhe apresenta Cristo sem saber o que lhe havia de fazer:
“Crucifica-o!”. “Crucifica-o!”. Olhai os fariseus, também no Calvário, cheios
de ódio, desafiando-o a que descesse da cruz: “Tu que destruías o templo e o
reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz”. Também os
príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo:
‘Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Esse Messias, o rei de
Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos’. Até os que
estavam crucificados com Ele o injuriavam”. Tendo perdido “toda a aparência de
um ser humano”, ali está “sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar,
nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens,
homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o
rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós”. Até a própria natureza se
torna mais triste.
Contemplar a cruz significa assumir a mesma
atitude que Jesus assumiu e solidarizar-se com aqueles que são crucificados
neste mundo por causas tão mesquinhas ou sem qualquer valor. Aprendamos com
Jesus a entregar a vida por amor, numa dinâmica que a morte não pode vencer,
porque o amor gera vida nova e faz-nos entrar nos dinamismos da ressurreição.
Na cruz vemos todas as dimensões da nossa vida. A cruz não é um símbolo, é uma
realidade bem concreta.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 02-04-2021.
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