PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 10 de abril de 2021
Sábado da oitava de Páscoa
LITURGIA
SÁBADO DA OITAVA DA PÁSCOA
Branco – Ofício próprio. Te Deum.
Missa própria, Glória, sequência facultativa, pf. pascal.
L 1 At 4, 13-21; Sal 117 (118), 1 e 14-15. 16ab-18. 19-21
Ev Mc 16, 9-15
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. Pio Gonçalo Alves de Sousa, Bispo de
Acque Flaviae (2011).
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Aniversário da entrada solene de D. Ildo
Augusto dos Santos Lopes Fortes.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA
Salmo 104, 43
O Senhor libertou o seu povo entre vozes de alegria
e os seus eleitos com brados de júbilo. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que, na vossa imensa bondade, ofereceis a todos os povos o
dom da fé, olhai benignamente para os vossos filhos e fazei que, renascidos
pelo sacramento do Baptismo, sejam revestidos da vida imortal na glória
celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 4, 13-21
«Não podemos calar o que vimos e ouvimos»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
Naqueles dias, os chefes do povo, os anciãos e os escribas, vendo a firmeza de
Pedro e de João e verificando que eram homens iletrados e plebeus, ficaram
surpreendidos. Reconheciam-nos como companheiros de Jesus, mas, como viam
diante deles o homem que fora curado, nada podiam replicar. Mandaram-nos então
sair do Sinédrio e começaram a deliberar entre si: «Que havemos de fazer a
estes homens? Que se realizou por meio deles um milagre, sabem-no todos os
habitantes de Jerusalém e não podemos negá-lo. Mas para que isto não continue a
divulgar-se entre o povo, vamos intimá-los com ameaças que não falem desse nome
a ninguém. Chamaram-nos então e proibiram-nos terminantemente falar ou ensinar
em nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: «Se é justo aos olhos de Deus
obedecer-vos antes a vós que a Ele, julgai-o vós próprios. Nós é que não
podemos calar o que vimos e ouvimos». Depois de novas ameaças, puseram-nos em
liberdade, pois não encontravam modo de os castigar, por causa do povo, uma vez
que todos davam glória a Deus pelo que tinha acontecido.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 117 (118),1.14-15.16ab-18.19-21 (R.
21a)
Refrão: Eu Vos dou graças, Senhor, porque
me ouvistes. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
O Senhor é a minha força e a minha glória,
foi Ele o meu salvador.
Há gritos de júbilo e de vitória
nas tendas dos justos. Refrão
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer. Refrão
Abri-me as portas da justiça:
entrarei para dar graças ao Senhor.
Esta é a porta do Senhor:
os justos entrarão por ela.
Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu salvador. Refrão
ALELUIA Salmo 117 (118), 24
Refrão: Aleluia Repete-se
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Refrão
EVANGELHO Mc 16, 9-15
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Jesus ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e apareceu em primeiro
lugar a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios. Ela foi anunciar
aos que tinham andado com Ele e estavam mergulhados em tristeza e pranto. Eles,
porém, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não
acreditaram. Depois disto, manifestou-Se com aspeto diferente a dois deles que
iam a caminho do campo. E eles correram a anunciar aos outros, mas também não
lhes deram crédito. Mais tarde apareceu aos Onze, quando eles estavam sentados
à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não
acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide por
todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que em todo o tempo possamos alegrar-nos com estes mistérios
pascais, de modo que o ato sempre renovado da nossa redenção seja para nós
causa de alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal I [mas com maior
solenidade neste dia]
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Gal 3, 27
Vós que fostes batizados em Cristo
estais revestidos de Cristo. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa
ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 4, 13-21: A
primeira semana da Páscoa termina com a grande afirmação dos Apóstolos diante
do tribunal judaico, a que justificará, para sempre, a presença da Igreja no
meio mundo: “Não podemos calar o que vimos e ouvimos”. Assim o proclamamos
agora na celebração da liturgia, proclamação que sentimos necessidade de
prolongar para além desta semana, por uma longa semana ou oitava de Domingos
durante todo o Tempo Pascal, e, fora da celebração da liturgia, todos os dias e
em toda a parte.
Mc 16, 9-15: Está exatamente na linha
da leitura anterior o que o Senhor deixou como última mensagem aos seus
Apóstolos: “Ide... e proclamai a Boa Nova”. As aparições dos primeiros dias
após a Ressurreição do Senhor revestiram-se de oportunidade e valor particular,
pois que eram como que a resposta à sua Morte na Cruz. Mas, se a vida terrena
de Jesus findou no Calvário, a sua vida gloriosa é eterna. Por isso, Ele pode
continuar a ser reconhecido, até que venha no fim dos tempos, na assembleia do
seu povo reunido, na sua palavra, nos seus sacramentos, particularmente no da
Eucaristia, na vida quotidiana dos que vivem da sua própria Vida. Assim o
afirmou o Concílio (SC 7).
AGENDA DO DIA
15.00 horas: Missa na
Falagueira
16.00 horas: Missa em
Monte Claro
16.00 horas: Missa no
Pardo
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR:
QUE VOS PARECE?.... ELE NÃO VIRÁ À FESTA?
Face ao que ia
acontecendo, o diz-que-diz aumentava. As reuniões entre os senhores dos
diversos poderes multiplicavam-se. Os conhecedores da psicologia das multidões
manipulavam o povo. A unanimidade política apontava o crime: “se o deixarmos
continuar assim, todos acreditarão nele”. Dito e feito, para manterem o seu
rame-rame subserviente e a sua posição privilegiada, “decidiram matar Jesus”. E
os que já passeavam pelo recinto da festa perguntavam-se curiosos: ‘Que vos
parece? Ele não virá à festa?”.
Sim, Jesus foi à
festa. Ele começou a sua vida pública numa festa, nas Bodas de Caná. Também a
vai terminar numa festa, a da Páscoa. Mas não é próprio da festa transmitir e
cultivar sentimentos de alegria e amizade? Pois é, mas não foi o caso. Costuma
apresentar-se três forças como indispensáveis para que o homem sinta defendidas
a sua vida e a sua honra. São elas a força da amizade, a força da justiça e a
força da compaixão ou piedade. Quando estas virtudes desaparecem do convívio
social, nem sequer a santidade é respeitada. E Jesus foi traído por todas elas
e mais algumas! Todos preferiram salvaguardar a sua “grandeza”, a sua autoridade,
o seu prestígio em reles subserviência ou dominados pelo medo e cobardia.
A AMIZADE EVAPOROU-SE. Jesus Cristo
foi traído pela amizade, sim. A amizade provoca a união dos homens e leva a
auxiliarem-se mutuamente nos trabalhos da vida. Este sentimento que nos une, a
amizade, tem as suas leis, leis que ela não pode abandonar sem se trair a si
própria. É próprio da amizade proteger aquele a quem se dedica, defender o
amigo, não abandonar, não negar, não vender, não atraiçoar, evitar tudo aquilo
que se possa confundir com indiferença. É próprio da amizade ser reconhecida
como valor e valor essencial. No entanto, os discípulos foram indiferentes à
dor e à preocupação do Amigo. Jesus, perturbado, sentiu necessidade de presença
e apoio em momentos tão trágicos da sua vida: “A minha alma está numa tristeza
de morte, ficai aqui e vigiai comigo”. O Evangelista Lucas, que era médico e
sabia o que era a hematidrose, diz que “o seu suor se tornou como gotas de
sangue, que caiam no chão”. Jesus sua sangue e reza... Eles dormem… Judas foi
procurar a quem vender e entregar Jesus por uma gorjeta e com um beijo… É a
amizade convertida em indiferença e ódio, em brutalidade e ingratidão. Os
outros abandonam o Mestre, todos fogem. Jesus vai sozinho para a casa de Anás.
Pedro, meio sorrateiro e a curtir o medo à distância, ao aproximar-se mais um
pouco, nega o Mestre: “Uma das criadas olhou-o de frente e disse-lhe: ‘tu
também estava com Jesus o Nazareno’. Mas ele negou: ‘Não sei nem entendo o que
dizes’. A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: ‘este é um
deles’. Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a
Pedro: ‘Na verdade, tu és deles, pois também és galileu’. Mas ele começou a
dizer imprecações e a jurar: ‘Não conheço esse homem de quem falais”.
Abandonar, renegar o amigo, é doloroso e triste. Vender, entregar o amigo aos
próprios inimigos é a maior das infâmias! Tal como outrora, quantas vezes os
amigos de hoje se convertem nos inimigos de amanhã!
A JUSTIÇA PREFERIU
BARRABÁS. Se faltou a amizade, esperava-se que a justiça salvaguardasse a vida
e a honra de Jesus, a sua inocência. Pode o juiz não ser amigo do réu, mas tem
a obrigação de o julgar segundo o direito e as leis vigentes. Mas Jesus, se traído
pela amizade dos seus, foi também traído pela própria justiça. As
irregularidades praticadas contra Jesus no Sinédrio são mais que muitas. Há
irregularidade no júri constituído, todos são suspeitos, pois eram inimigos de
Cristo, fariseus fanáticos, escribas orgulhosos, juízes e acusadores ao mesmo
tempo. Há irregularidades no andamento dum processo onde “procuravam um
testemunho contra Jesus para lhe dar a morte, mas não o encontravam”. Não há
ninguém que o defenda, são todos acusadores, todos. Os depoimentos são de
falsas testemunhas que nem sequer concordam nas afirmações: “Muitos
testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram
concordes”. Deturpam as palavras de Jesus acerca do templo do seu corpo. O
próprio Caifás transforma-se em acusador, mente, afirma que Jesus “blasfemou”
ao dizer-se o Messias, o Filho de Deus. No Tribunal de Herodes, é tratado como
um louco e objeto de troça. No Pretório de Pilatos, aparece igualmente
injustiçado. Pilatos impõe-se e faz-se valer com a linguagem deste mundo: “não
sabes que tenho poder para te libertar e te crucificar?”. «Não respondes nada?
Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada responde, não vale a pena.
Pressionado pelo povo, Pilatos, tenta uma última chance. Valendo-se de uma tradição
que havia pela festa da Páscoa, de ele ou o povo ter o direito de escolher a
liberdade de algum preso, manda buscar um condenado tido como ladrão e
assassino e pergunta ao povo quem quer que lhe solte: Jesus ou Barrabás. O
povo, manipulado pelos populistas, prefere Barrabás, Barrabás foi solto.
Pilatos, forte com os fracos ali representados em Jesus, é subserviente, tem
medo do imperador romano, tem medo das autoridades judaicas, tem medo da
multidão, tem medo da sua própria consciência que o massacra a dizer-lhe que
Jesus é justo e inocente: “Eu não encontro n’Ele nenhum motivo de condenação”.
A própria esposa lhe havia dito: “Não te intrometas no caso desse justo, porque
hoje sofri muito em sonhos por causa dele” (Mt 27,19). No entanto, mais
importante é assegurar os seus próprios interesses. Jesus é condenado à morte,
ridicularizado, flagelado, coroado de espinhos e carregado com a cruz até ao
alto do Calvário. Aí, é pregado na cruz e morre. Como alguém afirma e se
constata, Jesus nunca se descontrola, nunca recua, nunca exerce resistência,
mantém-se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino. Pilatos dá-se conta
dessa coerência de Jesus, mas permanece dividido entre um sentimento de justiça
e a necessidade de satisfazer a multidão e os seus cabecilhas. A justiça não
funcionou.
A COMPAIXÃO TAMBÉM
FOI NEGADA. Faltou, pois, a amizade e a justiça a defender a inocência de
Jesus. Esperar-se-ia que, ao menos, surgisse a compaixão, a piedade, esse
sentimento que leva a ter pena de quem sofre, a respeitar a sua honra e
dignidade. O último refúgio da inocência é a compaixão que a inocência sempre é
capaz de inspirar. Quem se não comove perante os sofrimentos alheios? E quem se
não comove perante os sofrimentos infringidos a um inocente? Com Jesus Cristo não
há compaixão. Algumas mulheres choram impotentes, é verdade. Um homem, talvez
obrigado, ajuda-o a levar a cruz, sim, também é verdade. Mas são muito poucos
aqueles que o seguem até ao Calvário. Os outros não manifestam qualquer gesto
de compaixão. Vede a atitude dos criados dos pontífices, no Sinédrio: “alguns
começaram a cuspir-lhe, a tapar-lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe punhadas,
dizendo: ‘advinha’ quem te bateu. E os guardas davam-lhe bofetadas”. Reparai na
atitude dos soldados de Roma aquando da flagelação e da coroação de espinhos:
“Os soldados entrançaram uma coroa com espinhos e colocaram-na na cabeça de
Jesus. Vestiram Jesus com um manto vermelho. Aproximavam-se d’Ele e diziam:
“Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas. Vede a reação do povo quando
Pilatos lhe apresenta Cristo sem saber o que lhe havia de fazer:
“Crucifica-o!”. “Crucifica-o!”. Olhai os fariseus, também no Calvário, cheios
de ódio, desafiando-o a que descesse da cruz: “Tu que destruías o templo e o
reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz”. Também os
príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo:
‘Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Esse Messias, o rei de
Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos’. Até os que
estavam crucificados com Ele o injuriavam”. Tendo perdido “toda a aparência de
um ser humano”, ali está “sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar,
nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens,
homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o
rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós”. Até a própria natureza se
torna mais triste.
Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude que Jesus assumiu e
solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo por causas tão
mesquinhas ou sem qualquer valor. Aprendamos com Jesus a entregar a vida por
amor, numa dinâmica que a morte não pode vencer, porque o amor gera vida nova e
faz-nos entrar nos dinamismos da ressurreição. Na cruz vemos todas as dimensões
da nossa vida. A cruz não é um símbolo, é uma realidade bem concreta.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 02-04-2021.
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