PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 26 de abril de 2021
Segunda da IV semana da Páscoa
LITURGIA
Segunda-feira
da semana IV
Branco – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 At 11, 1-18; Sal 41 (42), 2-3: 42, 3. 4
Ev Jo 10, 1-10
* Na Ordem Agostiniana (FESTA), na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (MF),
na Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho (FESTA),
na Congregação das Irmãs Missionárias de S. Pedro Claver (Padroeira principal –
FESTA) e nas Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor (Padroeira secundária –
FESTA) – Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho.
* Na Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs (Lassalistas/La Salle) – Nossa
Senhora do Bom Conselho – MO
* Na Congregação da Missão e na Companhia das Filhas da Caridade – Transladação
das relíquias de S. Vicente de Paulo – MF
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Rom 6, 9
Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não pode morrer. A morte não tem
domínio sobre Ele. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o
mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da
escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 11, 1-18
«Portanto, Deus concedeu também aos pagãos o arrependimento que conduz à vida»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, os Apóstolos e os irmãos da Judeia ouviram dizer que os gentios
também tinham recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os
que tinham vindo da circuncisão começaram a discutir com ele, dizendo: «Tu
entraste em casa dos incircuncisos e comeste com eles». Pedro começou então a
expor-lhes tudo por ordem: «Estava eu a orar na cidade de Jope, quando tive em
êxtase uma visão: Era um objeto semelhante a uma toalha que descia do Céu,
presa pelas quatro pontas, e chegou até junto de mim. Fitando os olhos nela,
pus-me a observar e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu. Ouvi
então uma voz que me dizia: ‘Levanta-te, Pedro; mata e come’. Mas eu respondi:
‘De modo nenhum, Senhor, porque na minha boca nunca entrou nada de profano ou
impuro’. Pela segunda vez, falou a voz lá do Céu: ‘Não chames impuro ao que
Deus purificou’. Isto sucedeu por três vezes e depois tudo foi novamente
retirado para o Céu. Nisto, apresentaram-se três homens na casa em que
estávamos, enviados de Cesareia à minha presença. O Espírito disse-me então que
fosse com eles sem hesitar. Foram também comigo estes seis irmãos aqui
presentes e entrámos em casa daquele homem. Ele contou-nos como tinha visto um
Anjo apresentar-se em sua casa e dizer-lhe: ‘Envia mensageiros a Jope e manda
chamar Simão, que tem o sobrenome de Pedro. Ele te dirá palavras, pelas quais
receberás a salvação, assim como toda a tua família’. Quando comecei a falar, o
Espírito Santo desceu sobre eles, como sobre nós ao princípio. Lembrei-me então
das palavras que o Senhor dizia: ‘João batizou com água, mas vós sereis batizados
no Espírito Santo’. Se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, por terem
acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para poder opor-me a Deus?»
Quando ouviram estas palavras, tranquilizaram-se e deram glória a Deus,
dizendo: «Portanto, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento que
conduz à vida».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 41 (42), 2.3; 42 (43), 3.4
(R. Salmo 41, 3a ou Aleluia)
Refrão: A minha alma tem sede do Deus vivo. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Como suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando irei contemplar a face de Deus? Refrão
Enviai a vossa luz e verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa
e ao vosso santuário. Refrão
E eu irei ao altar de Deus,
a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos louvarei,
Senhor, meu Deus. Refrão
ALELUIA Jo 10, 14
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. Refrão
EVANGELHO Jo 10, 1-10
«Eu sou a porta das ovelhas»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não
entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e
salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro
abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo
seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe
pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua
voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a
voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam
o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a
porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores,
mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será
salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão
não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas
tenham vida e a tenham em abundância».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa; Vós que lhe destes tão
grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 20, 19
Jesus apareceu aos seus discípulos e disse-lhes:
A paz esteja convosco. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa
ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
Atos 11, 1-18: O batismo de
Cornélio, pagão, estrangeiro, por nascimento, em relação ao povo judaico, e a
explicação que Pedro faz do acontecimento levaram a comunidade dos cristãos de
origem judaica a compreenderem que a Igreja de Cristo seria a comunidade
universal de todos a quem chegasse a palavra de Deus e a Ele se convertessem.
Jo 10, 1-10: Estamos ainda a
celebrar a Páscoa. “Páscoa” significa “Passagem”. Pela morte na Cruz, Cristo
passou para o Pai. Nesta leitura, Ele Se apresenta agora como a “Porta”; de
facto, é por que Ele todos passamos também para o Pai. A imagem do rebanho, que
segue atrás do pastor, é figura muito expressiva desta passagem do mundo
terrestre ao mundo celeste, por Cristo, o Bom Pastor, ao mesmo tempo que a da Porta,
por onde o rebanho pode passar. A imagem da Porta e a do Pastor completam-se
uma à outra.
AGENDA DO DIA
A VOZ DO PASTOR:
QUANDO UMA MÃE INSISTE E PERSISTE!...
Desde que Adão e Eva partiram os
pratos e foram expulsos daquele jardim à beira rios plantado, a humanidade
jamais correu sobre rodas. Segundo a mensagem do Génesis, Adão e Eva não
tiveram pai nem mãe, mas foram os primeiros pais a sofrer a morte de um filho:
Caim matou Abel, eram irmãos. O Papa João
Paulo I, o “Papa do sorriso”, afirmou que "Deus é Pai, mas também é
Mãe". Foi Ele quem criou o homem e a mulher. Foi Ele quem esteve
junto deles nessas horas difíceis e trágicas da
sua vida familiar. Apesar de todo aquele mercadejar entre a serpente, Eva e
Adão, apesar de não se poder provar bem bem qual o conteúdo concreto desse ato
de corrupção, apesar de ninguém colocar em dúvida a sua existência, apesar de todos
estarmos a sofrer as suas pesadas consequências, nunca houve rosas que fizessem
esquecer tais espinhos nem tempo que fizesse prescrever esse delito. No
entanto, se os penalizou, nunca Deus os abandonou, nem a eles nem a nós, seus
descendentes, que apanhamos por tabela. Deus foi-nos falando ao longos dos
tempos, como a amigos, para nos reconvidar à comunhão com Ele, ao ponto de nos
enviar o seu Filho. A morte de Cristo na cruz é uma morte expiatória, cobre a
multidão das corrupções humanas. É uma morte propiciatória, Deus perdoa,
torna-se favorável. É um
sacrifício vicário, uma morte substitutiva, Jesus morre por todos nós, em nosso
lugar. É uma morte redentora, Jesus resgata-nos, reconcilia-nos com Deus, traz
vida nova aos que n’Ele creem e vivem em conformidade. Viver em conformidade, é
ter consciência daquela fragilidade humana que, se foi original, acabou por ser
originante de todas as corrupções humanas. No entanto, mesmo que nem sempre
seja fácil fugir aos hábeis truques do mafarrico, sabemos que Deus é fiel e
ninguém é tentado acima das suas próprias forças, desde que aceite os meios e a
força para suportar e sair da tentação (cf. 1Cor 10, 13). Com a formação humana
e a força que brota da cruz, o agir humano é sempre passível de aperfeiçoamento
nos caminhos do bem e do respeito pelos outros.
Na reflexão passada, realcei a força da
oração do pai, apresentando exemplos de pais que nos aparecem nos Evangelhos.
Hoje realçarei sobretudo a importância da oração da mãe, e o seu testemunho,
também a partir do Evangelho. Se é importante a presença ativa do pai para o
bem da família, não o é menos a da mãe, sem prejuízo, como é evidente, da sua
vida social e laboral (cf. GS52).
Embora por lá se encontrem perfis de
mães para muitos gostos, a Bíblia apresenta-nos grandes figuras de mães,
exemplos de fé, confiança em Deus e oração. A mais importante de todas é, sem
dúvida, Maria, esposa de José, a Mãe de Jesus. Nessas grandes figuras de mãe, a
fé, a escuta e a aceitação da vontade de Deus na vida, não significou que a
vida lhes fosse isenta de problemas, sofrimento e aflições, inclusive à Mãe de
Jesus. No entanto, se a fé e a oração não evitam nem minimizam as vergastadas
da vida sofridas por tantas pessoas e famílias, essas famílias e pessoas sabem
olhar e enfrentar de modo diferente o sofrimento. Acabam por ter uma força
interior capaz de tudo ultrapassar e transformar em caminho de santificação,
gerando empatia, contagiando.
Todos conhecemos a reação de Jesus tocado
pela tristeza e dor da viúva de Naim que levava a sepultar o seu único filho,
com grande presença e consternação da comunidade envolvente (Lc 7,11-17). Mas
não vou falar dessa mãe. Prefiro apresentar o testemunho orante duma outra mãe, uma mãe sofrida com a grave doença da sua
filha. Na linguagem de São Marcos, era uma mulher sirofenícia. São Mateus diz
que era cananeia.
Tanto para um como para outro, era
uma mulher não judia, pagã. Para mim, é uma das mais belas e comoventes atitudes dum coração de mãe sofrida com
a falta de saúde da sua filha. Ela reconhece em Jesus não só uma personalidade
humana excecional, mas Alguém que traz algo de novo com autoridade e verdade. E
confia plenamente que Ele lhe pode valer, por isso, embora sempre humilde e
perseverante, ela dá luta a Jesus. Apesar de ser estrangeira, ela chama-lhe
“filho de David”, um título messiânico dado ao futuro “rei de Israel”.
Apresenta-se com uma fé inabalável, com uma confiança total em Jesus a quem
pede, com humildade e perseverança, a cura da sua filha: “Senhor, filho de
David, tem piedade de mim”.
Jesus, porém, parece que tinha acordado mal
disposto. Mostra-se duro, dá a entender que não ouve, não lhe dirige uma
palavra nem um olhar. Os discípulos, impacientes, acabam por pedir a Jesus que
mande aquela mulher embora. Não com pena dela nem da filha, com certeza, mas
para se verem livres dela: “Manda embora essa mulher, porque ela vem a gritar
atrás de nós”. Jesus, continuando com ares de pouca ou nenhuma graça, lembra
que a sua missão se limita ao povo judeu: “Eu fui mandado somente para as
ovelhas perdidas do povo de Israel”. A mulher, porém, é que não desarma, ela
precisava de ajuda, a sua filha estava a morrer! Por isso, aproxima-se mais um
pouco, ajoelha-se diante de Jesus e reitera o seu angustiante pedido: “Senhor, ajuda-me”.
Para os israelitas, os estrangeiros e os
pagãos eram considerados como “cachorros”, desconhecedores que eram da lei de
Deus. Segundo os chefes israelitas, só Israel era a alegria do Senhor,
tinham-se como as únicas pessoas dignas das atenções de Deus. Jesus permanece
na sua e testa a senhora duma forma que, para a nossa sensibilidade, até nos
parece tremendamente indelicado: “Não está certo tirar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher, porém, permanece firme e confiante, ela
precisava de ajuda. E perante esta resposta tão forte de Jesus, ela responde
com delicadeza: “Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as
migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Para ela, uma migalhinha caída da
mesa de Jesus significava tudo aquilo de que ela precisava naquele momento: o
dom, a graça da cura da sua filha que estava às portas da morte. Perante a sua
resposta e confiança, Jesus nada mais teve a dizer senão louvar-lhe a sua
grande fé e atendê-la: “Mulher, é grande a tua fé! Seja feito como desejas”. E
desde aquele momento a sua filha ficou curada” (Mt 15, 21-28; Mc 7, 24-30).
A salvação trazida por Jesus, embora devesse
ser anunciada em primeiro lugar ao povo de Israel, que, aliás, foi preparado
para isso ao longo dos tempos, não era para ser seu monopólio ou privilégio.
Nem tampouco bastava pertencer a esse povo para que alguém fosse considerado
justo e bom. A salvação que Jesus trouxe é para todos os que acreditarem n’Ele
e na sua missão, em qualquer tempo, em qualquer parte, seja quem for. Na
atitude desta mulher, para além da sua fé em Jesus e num mundo novo por Ele
anunciado, para além da sua oração, humildade, perseverança e confiança,
aplica-se o que diz o Evangelho: “Pedi e ser-vos-á dado! Procurai e
encontrareis! Batei e abrir-vos-ão a porta! Pois todo aquele que pede, recebe;
quem procura, encontra; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7, 7-8). Jesus
elogiou a fé desta mulher não judia: “Mulher, é grande a tua fé!”. Mas também,
noutra ocasião, reagiu perante a pouca fé dos seus discípulos quando a
tempestade os assustou: “Porque tendes medo, homens de pouca fé?”. Os momentos
de crise e dificuldade na vida são sempre uma espécie de termómetro a medir o
grau de consciência que as pessoas ou as famílias têm da presença de Cristo entre
elas, é um sintoma da sua maturidade ou infantilidade na fé.
A Exortação Apostólica sobre a Família Cristã
afirma que um elemento fundamental e insubstituível da educação para a oração é
o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais. Só rezando em conjunto com os
filhos, o pai e a mãe, entram em profundidade no coração deles, deixando marcas
que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer. E se,
no artigo passado, lembrei o apelo de Paulo VI ao pai de família, hoje lembro o
seu apelo às mães: “Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em
consonância como os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos
da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos,
a pensar em Cristo que sofre, a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos
Santos? Rezais o terço em família?” (FC60). E afirma o Papa Francisco: “ser mãe não significa somente colocar
um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe,
qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha
de dar a vida. E isto é grande, é bonito”.
Como seria belo que a fé de cada
filho fosse elogiada como São Paulo elogiou a de seu amigo Timóteo: “Lembro-me
da fé sincera que há em ti, a mesma que havia antes na tua avó Loide, depois na
tua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também está em ti” (2Tm 1, 5).
Como é bom entender a palavra de Jesus: “que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro se perde a própria vida?” (Mc 8, 36).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 16-04-2021.
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