PARÓQUIAS DE NISA
Quinta-feira, 22 de abril de 2021
Quinta-feira da III semana da Páscoa
LITURGIA
Quinta-feira
da semana III
Branco
– Ofício da féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 At 8, 26-40; Sal 65 (66), 8-9. 16-17. 20
Ev Jo 6, 44-51
* Na Arquidiocese de Braga – S. Senhorinha, religiosa – MO
* Na Ordem de Cister e na Ordem Cisterciense da Estrita Observância – B. Maria
Gabriela Sagheddu, monja OCEO – MF e FESTA
* Na Companhia de Jesus – Nossa Senhora, Mãe da Companhia de Jesus – FESTA
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Ex 15, 1-2
Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória.
O Senhor é a minha força e a minha alegria.
Ele é o meu Salvador. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, neste tempo pascal, nos fi¬zestes conhecer mais
profundamente a grandeza do vosso amor, aumentai em nós os dons da vossa graça,
a fim de que, libertos das trevas do pecado, possamos aderir mais firmemente à
vossa palavra de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 8, 26-40
«Ali está água. Que me impede de ser batizado?»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
Naqueles dias, o Anjo do Senhor disse a Filipe: «Levanta-te e dirige-te para o
sul, pelo caminho deserto que vai de Jerusalém para Gaza». Filipe partiu e
dirigiu-se para lá. Quando ia a caminho, encontrou-se com um eunuco etíope, que
era alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia, e administrador geral do
seu tesouro. Tinha ido a Jerusalém para adorar a Deus e regressava ao seu país,
sentado no seu carro, a ler o livro do profeta Isaías. O Espírito de Deus disse
a Filipe: «Aproxima-te e acompanha esse carro». Filipe aproximou-se do carro e,
ouvindo o etíope a ler o profeta Isaías, perguntou-lhe: «Entendes, porventura,
o que estás a ler?». Ele respondeu: «Como é que eu posso entender sem ninguém
me explicar?» Convidou então Filipe a subir para o carro e a sentar-se junto
dele. A passagem da Escritura que ele ia a ler era a seguinte: «Como cordeiro
levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não
abriu a boca. Foi humilhado e não se lhe fez justiça. Quem poderá falar da sua
descendência? Porque a sua vida desapareceu da terra». O eunuco perguntou a
Filipe: «Diz-me, por favor: de quem é que o profeta está a falar? De si próprio
ou de outro?». Então Filipe tomou a palavra e, a partir daquela passagem da
Escritura, anunciou-lhe Jesus. Ao passar por um lugar onde havia água, o eunuco
exclamou: «Ali está água. Que me impede de ser batizado?». Mandou parar o
carro, desceram ambos à água e Filipe batizou-o. Quando saíram da água, o
Espírito do Senhor arrebatou Filipe e o eunuco deixou de o ver. Mas continuou o
seu caminho cheio de alegria. Filipe encontrou-se em Azoto e foi anunciando a
boa nova a todas as cidades por onde passava, até que chegou a Cesareia.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 65 (66), 8-9.16-17.20 (R. 1)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor.
Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Povos da terra, bendizei o nosso Deus,
fazei ressoar os seus louvores.
Foi Ele quem conservou a nossa vida
e não deixou que nossos pés vacilassem. Refrão
Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Meus lábios O invocaram
e minha língua O louvou. Refrão
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia. Refrão
ALELUIA Jo 6, 51
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente. Refrão
EVANGELHO Jo 6, 44-51
«Eu sou o pão vivo que desce do Céu»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que
Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no
livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o
Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só
Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo:
Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos
pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não
morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste
pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne que Eu darei
pela vida do mundo».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que, pela admirável permuta de dons neste sacrifício, nos
fazeis participar na comunhão convosco, único e sumo bem, concedei-nos que,
conhecendo a vossa verdade, dêmos testemunho dela na prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO 2 Cor 5, 15
Cristo morreu por todos os homens,
para que já não vivam para si mesmos,
mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Protegei, Senhor, o vosso povo que saciastes nestes divinos mistérios e
fazei-nos passar da antiga condição do pecado à vida nova da graça. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que
lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 8, 26-40: O peregrino de Jerusalém, que
regressa agora à sua terra, a Etiópia, e no caminho encontra Filipe e é por ele
evangelizado, é uma das primeiras pessoas de origem estranha ao antigo povo de
Deus a receber o batismo de Jesus. O batismo aparece aqui profundamente ligado
à fé e esta tem como tema central Jesus Cristo, o Servo sofredor, que dá a vida
para salvação dos homens. É esta a fé de todo o que é batizado.
Jo 6, 44-51: A compreensão dos dons de Deus é já,
por si, grande dom de Deus. É o Pai quem atrai os homens para o Filho, como é
pelo Filho que o Pai nos dá a vida. De novo, Jesus Se contrapõe ao maná que
caiu do Céu no tempo de Moisés. O verdadeiro Pão do Céu é Ele próprio, que na
Eucaristia Se torna o alimento do seu povo. Na Cruz, Ele deu a vida por nós; na
Eucaristia, dá-nos o sacramento da sua passagem da morte à vida, e assim, pela
Eucaristia, Ela faz chegar até nós essa mesma vida.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Nisa.
A VOZ DO PASTOR:
QUANDO UMA MÃE INSISTE E PERSISTE!...
Desde que Adão e Eva partiram os pratos
e foram expulsos daquele jardim à beira rios plantado, a humanidade jamais
correu sobre rodas. Segundo a mensagem do Génesis, Adão e Eva não tiveram pai
nem mãe, mas foram os primeiros pais a sofrer a morte de um filho: Caim matou
Abel, eram irmãos. O Papa João Paulo I, o “Papa
do sorriso”, afirmou que "Deus é Pai, mas também é Mãe". Foi Ele
quem criou o homem e a mulher. Foi Ele quem esteve junto deles nessas horas difíceis e trágicas da sua vida familiar. Apesar de
todo aquele mercadejar entre a serpente, Eva e Adão, apesar de não se poder
provar bem bem qual o conteúdo concreto desse ato de corrupção, apesar de
ninguém colocar em dúvida a sua existência, apesar de todos estarmos a sofrer
as suas pesadas consequências, nunca houve rosas que fizessem esquecer tais
espinhos nem tempo que fizesse prescrever esse delito. No entanto, se os
penalizou, nunca Deus os abandonou, nem a eles nem a nós, seus descendentes,
que apanhamos por tabela. Deus foi-nos falando ao longos dos tempos, como a
amigos, para nos reconvidar à comunhão com Ele, ao ponto de nos enviar o seu
Filho. A morte de Cristo na cruz é uma morte expiatória, cobre a multidão das
corrupções humanas. É uma morte propiciatória, Deus perdoa, torna-se favorável.
É um sacrifício
vicário, uma morte substitutiva, Jesus morre por todos nós, em nosso lugar. É
uma morte redentora, Jesus resgata-nos, reconcilia-nos com Deus, traz vida nova
aos que n’Ele creem e vivem em conformidade. Viver em conformidade, é ter
consciência daquela fragilidade humana que, se foi original, acabou por ser
originante de todas as corrupções humanas. No entanto, mesmo que nem sempre
seja fácil fugir aos hábeis truques do mafarrico, sabemos que Deus é fiel e
ninguém é tentado acima das suas próprias forças, desde que aceite os meios e a
força para suportar e sair da tentação (cf. 1Cor 10, 13). Com a formação humana
e a força que brota da cruz, o agir humano é sempre passível de aperfeiçoamento
nos caminhos do bem e do respeito pelos outros.
Na reflexão passada, realcei a força da
oração do pai, apresentando exemplos de pais que nos aparecem nos Evangelhos.
Hoje realçarei sobretudo a importância da oração da mãe, e o seu testemunho,
também a partir do Evangelho. Se é importante a presença ativa do pai para o
bem da família, não o é menos a da mãe, sem prejuízo, como é evidente, da sua
vida social e laboral (cf. GS52).
Embora por lá se encontrem perfis de
mães para muitos gostos, a Bíblia apresenta-nos grandes figuras de mães,
exemplos de fé, confiança em Deus e oração. A mais importante de todas é, sem
dúvida, Maria, esposa de José, a Mãe de Jesus. Nessas grandes figuras de mãe, a
fé, a escuta e a aceitação da vontade de Deus na vida, não significou que a
vida lhes fosse isenta de problemas, sofrimento e aflições, inclusive à Mãe de
Jesus. No entanto, se a fé e a oração não evitam nem minimizam as vergastadas
da vida sofridas por tantas pessoas e famílias, essas famílias e pessoas sabem
olhar e enfrentar de modo diferente o sofrimento. Acabam por ter uma força
interior capaz de tudo ultrapassar e transformar em caminho de santificação,
gerando empatia, contagiando.
Todos conhecemos a reação de Jesus tocado
pela tristeza e dor da viúva de Naim que levava a sepultar o seu único filho,
com grande presença e consternação da comunidade envolvente (Lc 7,11-17). Mas
não vou falar dessa mãe. Prefiro apresentar o testemunho orante duma outra mãe, uma mãe sofrida com a grave doença da sua
filha. Na linguagem de São Marcos, era uma mulher sirofenícia. São Mateus diz
que era cananeia.
Tanto para um como para outro, era
uma mulher não judia, pagã. Para mim, é uma das mais belas e comoventes atitudes dum coração de mãe sofrida com
a falta de saúde da sua filha. Ela reconhece em Jesus não só uma personalidade
humana excecional, mas Alguém que traz algo de novo com autoridade e verdade. E
confia plenamente que Ele lhe pode valer, por isso, embora sempre humilde e
perseverante, ela dá luta a Jesus. Apesar de ser estrangeira, ela chama-lhe
“filho de David”, um título messiânico dado ao futuro “rei de Israel”.
Apresenta-se com uma fé inabalável, com uma confiança total em Jesus a quem
pede, com humildade e perseverança, a cura da sua filha: “Senhor, filho de
David, tem piedade de mim”.
Jesus, porém, parece que tinha acordado mal
disposto. Mostra-se duro, dá a entender que não ouve, não lhe dirige uma
palavra nem um olhar. Os discípulos, impacientes, acabam por pedir a Jesus que
mande aquela mulher embora. Não com pena dela nem da filha, com certeza, mas
para se verem livres dela: “Manda embora essa mulher, porque ela vem a gritar
atrás de nós”. Jesus, continuando com ares de pouca ou nenhuma graça, lembra
que a sua missão se limita ao povo judeu: “Eu fui mandado somente para as
ovelhas perdidas do povo de Israel”. A mulher, porém, é que não desarma, ela precisava
de ajuda, a sua filha estava a morrer! Por isso, aproxima-se mais um pouco,
ajoelha-se diante de Jesus e reitera o seu angustiante pedido: “Senhor, ajuda-me”.
Para os israelitas, os estrangeiros e os
pagãos eram considerados como “cachorros”, desconhecedores que eram da lei de
Deus. Segundo os chefes israelitas, só Israel era a alegria do Senhor,
tinham-se como as únicas pessoas dignas das atenções de Deus. Jesus permanece
na sua e testa a senhora duma forma que, para a nossa sensibilidade, até nos
parece tremendamente indelicado: “Não está certo tirar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher, porém, permanece firme e confiante, ela
precisava de ajuda. E perante esta resposta tão forte de Jesus, ela responde
com delicadeza: “Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as
migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Para ela, uma migalhinha caída da
mesa de Jesus significava tudo aquilo de que ela precisava naquele momento: o
dom, a graça da cura da sua filha que estava às portas da morte. Perante a sua
resposta e confiança, Jesus nada mais teve a dizer senão louvar-lhe a sua
grande fé e atendê-la: “Mulher, é grande a tua fé! Seja feito como desejas”. E
desde aquele momento a sua filha ficou curada” (Mt 15, 21-28; Mc 7, 24-30).
A salvação trazida por Jesus, embora devesse
ser anunciada em primeiro lugar ao povo de Israel, que, aliás, foi preparado
para isso ao longo dos tempos, não era para ser seu monopólio ou privilégio.
Nem tampouco bastava pertencer a esse povo para que alguém fosse considerado
justo e bom. A salvação que Jesus trouxe é para todos os que acreditarem n’Ele
e na sua missão, em qualquer tempo, em qualquer parte, seja quem for. Na
atitude desta mulher, para além da sua fé em Jesus e num mundo novo por Ele anunciado,
para além da sua oração, humildade, perseverança e confiança, aplica-se o que
diz o Evangelho: “Pedi e ser-vos-á dado! Procurai e encontrareis! Batei e
abrir-vos-ão a porta! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura,
encontra; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7, 7-8). Jesus elogiou a fé
desta mulher não judia: “Mulher, é grande a tua fé!”. Mas também, noutra
ocasião, reagiu perante a pouca fé dos seus discípulos quando a tempestade os
assustou: “Porque tendes medo, homens de pouca fé?”. Os momentos de crise e
dificuldade na vida são sempre uma espécie de termómetro a medir o grau de
consciência que as pessoas ou as famílias têm da presença de Cristo entre elas,
é um sintoma da sua maturidade ou infantilidade na fé.
A Exortação Apostólica sobre a Família Cristã
afirma que um elemento fundamental e insubstituível da educação para a oração é
o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais. Só rezando em conjunto com os
filhos, o pai e a mãe, entram em profundidade no coração deles, deixando marcas
que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer. E se,
no artigo passado, lembrei o apelo de Paulo VI ao pai de família, hoje lembro o
seu apelo às mães: “Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em
consonância como os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos
da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos,
a pensar em Cristo que sofre, a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos
Santos? Rezais o terço em família?” (FC60). E afirma o Papa Francisco: “ser mãe não significa somente colocar
um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe,
qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha
de dar a vida. E isto é grande, é bonito”.
Como seria belo que a fé de cada
filho fosse elogiada como São Paulo elogiou a de seu amigo Timóteo: “Lembro-me
da fé sincera que há em ti, a mesma que havia antes na tua avó Loide, depois na
tua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também está em ti” (2Tm 1, 5).
Como é bom entender a palavra de Jesus: “que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro se perde a própria vida?” (Mc 8, 36).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 16-04-2021.
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