PARÓQUIAS DE NISA
Sexta-feira, 02 de abril de 2021
Sexta-feira Santa
LITURGIA
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
Vermelho.
Ofício divino com as particularidades indicadas no Próprio.
CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
L 1 Is 52, 13 – 53, 12; Sal 30 (31), 2 e 6. 12-13. 15-16. 17 e 25
L 2 Hebr 4, 14-16 – 5, 7-9
Ev Jo 18, 1 – 19, 42
* Em todas as dioceses de Portugal – Ofertas para os Lugares Santos de
Jerusalém.
* Nas Dioceses de Cabo Verde – Ofertas para os Lugares Santos de Jerusalém.
* Aqueles que participam na celebração da Paixão do Senhor, não dizem Vésperas.
* Completas dep. II Vésp. dom.
ORAÇÃO
Não se diz Oremos.
Lembrai-Vos das vossas misericórdias, Senhor; santificai e protegei sempre os vossos servos, para os quais Jesus Cristo vosso Filho instituiu no Seu Sangue o mistério pascal. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ou
Deus de infinita misericórdia, que pela paixão de Cristo Nosso Senhor destruístes a morte, herança do antigo pecado transmitida a todo o género humano, fazei que, renovados à imagem do vosso Filho, assim como, pela nossa natureza, levamos a imagem do homem terrestre, levemos também, pela vossa graça, a imagem do homem celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 52, 13 – 53, 12
Leitura do Livro de Isaías
Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim
como, à sua vista, muitos se encheram de espanto tão desfigurado estava o seu rosto que tinha
perdido toda a aparência de um ser humano
assim se hão de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis
ficarão calados, porque hão de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o
que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou
o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como
raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem
aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens,
homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o
rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas
enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem
castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das
nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o
castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como
ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez
cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente
e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante
aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença
iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos
e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os
ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido
injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor
esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício
de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor
prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado
na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as
suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte
nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à
morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das
multidões e intercedeu pelos pecadores.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc
23, 46)
Refrão: Pai, em vossas mãos entrego o meu
espírito. Repete-se
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me. Refrão
Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado. Refrão
Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem. Refrão
Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor. Refrão
LEITURA II Hebr 4, 14-16; 5, 7-9
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus,
permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo
sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele
mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos,
portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos
misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida
mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele
que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de
ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua
plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Filip 2, 8-9
Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do
Deus vivo. Repete-se
Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. Refrão
EVANGELHO Jo 18, 1 -19, 42
N Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
Jesus saiu com os seus discípulos
para o outro lado da torrente do Cedron.
Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local,
porque Jesus Se reunira lá muitas vezes
com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados
e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus,
Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer,
adiantou-Se e perguntou-lhes:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam-Lhe:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Jesus disse-lhes:
J «Sou Eu».
N Judas, que O ia entregar, também estava com eles.
Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu»,
recuaram e caíram por terra.
Jesus perguntou-lhes novamente:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam:
R «A Jesus, o Nazareno».
N Disse-lhes Jesus:
J «Já vos disse que sou Eu.
Por isso, se é a Mim que buscais,
deixai que estes se retirem».
N Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito:
«Daqueles que Me deste, não perdi nenhum».
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro:
J «Mete a tua espada na bainha.
Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
N Então, a companhia de soldados,
o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás,
por ser sogro de Caifás,
que era o sumo sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus:
«Convém que morra um só homem pelo povo».
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus
com outro discípulo.
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote
e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora.
Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote,
falou à porteira e levou Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro:
R «Tu não és dos discípulos desse homem?».
N Ele respondeu:
R «Não sou».
N Estavam ali presentes os servos e os guardas,
que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro
e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus
acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus respondeu-lhe:
J «Falei abertamente ao mundo.
Sempre ensinei na sinagoga e no templo,
onde todos os judeus se reúnem,
e não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas?
Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
N A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente
deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe:
R «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Se falei mal, mostra-Me em quê.
Mas, se falei bem, porque Me bates?».
N Então Anás mandou Jesus manietado
ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se.
Disseram-lhe então:
R «Tu não és também um dos seus discípulos?».
N Ele negou, dizendo:
R «Não sou».
N Replicou um dos servos do sumo sacerdote,
parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
R «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
N Pedro negou novamente,
e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para
não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes:
R «Que acusação trazeis contra este homem?».
N Eles responderam-lhe:
R «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei».
N Os judeus responderam:
R «Não nos é permitido dar a morte a ninguém».
N Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito,
ao indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório,
chamou Jesus e perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É por ti que o dizes,
ou foram outros que to disseram de Mim?».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Porventura sou eu judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes
é que Te entregaram a Mim.
Que fizeste?».
N Jesus respondeu:
J «O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que Eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Então, Tu és Rei?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É como dizes: sou Rei.
Para isso nasci e vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Que é a verdade?».
N Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus:
R «Não encontro neste homem culpa nenhuma.
Mas vós estais habituados
a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».
N Eles gritaram de novo:
R «Esse não. Antes Barrabás».
N Barrabás era um salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus
e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos,
colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam:
R «Salve, Rei dos judeus».
N E davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse:
R «Eu vo-l’O trago aqui fora,
para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».
N Jesus saiu,
trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Pilatos disse-lhes:
R «Eis o homem».
N Quando viram Jesus,
os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O,
que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
N Responderam-lhe os judeus:
R «Nós temos uma lei
e, segundo a nossa lei, deve morrer,
porque Se fez Filho de Deus».
N Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus:
R «Donde és Tu?».
N Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar e para Te crucificar?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Nenhum poder terias sobre Mim,
se não te fosse dado do alto.
Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado».
N A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus.
Mas os judeus gritavam:
R «Se O libertares, não és amigo de César:
todo aquele que se faz rei é contra César».
N Ao ouvir estas palavras,
Pilatos trouxe Jesus para fora
e sentou-se no tribunal,
no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia.
Disse então aos judeus:
R «Eis o vosso Rei!».
N Mas eles gritaram:
R «À morte, à morte! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Hei-de crucificar o vosso Rei?».
N Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes:
R «Não temos outro rei senão César».
N Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado.
E eles apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz,
Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário,
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram, e com Ele mais dois:
um de cada lado e Jesus no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro
e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito:
«Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro,
porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado
era perto da cidade.
Estava escrito em hebraico, grego e latim.
Diziam então a Pilatos
os príncipes dos sacerdotes dos judeus:
R «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’,
mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’».
N Pilatos retorquiu:
R «O que escrevi está escrito».
N Quando crucificaram Jesus,
os soldados tomaram as suas vestes,
das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado,
e ficaram também com a túnica.
A túnica não tinha costura:
era tecida de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros:
R «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será».
N Assim se cumpria a Escritura:
«Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto,
Jesus disse a sua Mãe:
J «Mulher, eis o teu filho».
N Depois disse ao discípulo:
J «Eis a tua Mãe».
N E a partir daquela hora,
o discípulo recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado
e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse:
J «Tenho sede».
N Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre
e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
J «Tudo está consumado».
N E, inclinando a cabeça, expirou.
N Por ser a Preparação, e para que os corpos
não ficassem na cruz durante o sábado,
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto,
não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados
trespassou-Lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho
e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade,
para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
«Nenhum osso Lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura:
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia,
que era discípulo de Jesus,
embora oculto por medo dos judeus,
pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus.
Pilatos permitiu-lho.
José veio então tirar o corpo de Jesus.
Veio também Nicodemos,
aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus.
Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus
e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes,
como é costume sepultar entre os judeus.
No local em que Jesus tinha sido crucificado,
havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo,
no qual ainda ninguém fora sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus,
porque o sepulcro ficava perto,
depositaram Jesus.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus eterno e omnipotente, que nos renovastes pela gloriosa morte e
ressurreição de Cristo, confirmai em nós a obra da vossa misericórdia, a fim de
que, pela comunhão neste mistério, Vos consagremos toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
ORAÇÃO SOBRE O POVO
Derramai, Senhor, a vossa bênção sobre este povo que celebrou a morte do vosso
Filho na esperança da Sua ressurreição; concedei-lhe o perdão e o conforto,
aumentai a sua fé e confirmai-o na esperança da salvação eterna. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Is 52, 13 – 53, 12
: Escolhido por Deus para libertar da opressão do pecado o Seu Povo, o «Servo»
realizará na humilhação e na dor a sua missão de resgate. Rei e profeta, será
também consagrado, com a unção do «Servo», para exercer a função sacerdotal de
mediador. Pelo sacrifício da sua vida, oferecido a favor dos homens e em sua
substituição, reconciliará os homens com Deus. No seu aniquilamento conhecerá a
glorificação: o seu sacrifício dará origem a uma humanidade nova. Apresentando
a figura misteriosa do «Servo» é Jesus Cristo que o profeta anuncia. Ele é o
«Servo de Deus». Da Sua morte nascerá um novo Povo, a Igreja.
Hebr 4, 14-16; 5, 7-9
:Solidário com o homem, em virtude da natureza humana que assumiu, com todas as
limitações e sofrimentos, Jesus Cristo não é apenas o «Homem das dores»,
apresentado por Isaías. É também o nosso Sumo Sacerdote e o único Mediador
entre Deus e os homens. Pelo seu sacrifício de obediência, que o levou à cruz
Ele resgatou a humanidade e com a confiança do Pai, restituiu-lhe a
misericórdia e a graça. A sua morte foi causa da nossa salvação.
Jo 18, 1 -19, 42: O discípulo predileto de Jesus foi aquele que,
mais de perto, viveu a sua Paixão. No relato que dela nos transmitiu, deixa,
sobretudo, transparecer a sua admiração pela maneira como Jesus enfrenta a
morte. Não é, na verdade, como um vencido pelo sofrimento que avança para ela.
Consciente de que chegara a Sua «Hora», encaminha-Se, livremente e como senhor
dos acontecimentos, a cumprir a ação solene, que havia predito e constitui a
sua missão. Acompanhando-O no Seu sofrimento, João vê n'Ele o Verbo Encarnado,
O Verdadeiro Cordeiro de Deus, cujo Sacrifício redentor se prolongará,
sacramentalmente, na Igreja, presente em Maria que junto da Cruz de Jesus e ao
lado do Evangelista, se associava à geração da nova humanidade.
AGENDA DO DIA
09.30 horas: Funeral em
Gáfete
16.15 horas: Funeral em
Montalvão
17.00 horas: Celebração
da Paixão do Senhor em Gáfete
18.00 horas: Celebração
da Paixão do Senhor em Nisa
18.00 horas: Celebração
da Paixão do Senhor em Alpalhão
18.00 horas: Celebração
da Paixão do Senhor em Tolosa.
A VOZ DO PASTOR:
E
CADA UM VOLTOU PARA SUA CASA!...
Há frases a que nunca damos qualquer importância,
mesmo que as leiamos vezes sem conta. Mas lá chega um momento em que nos fazem
acordar como se de um relógio despertador se tratasse. Levantam-nos da soneira
e levam o pensamento para voos sem fim. Isso acontece, sobretudo, quando lemos
a Sagrada Escritura. Mesmo que conheçamos certos livros e passagens, há sempre
novas perspetivas a descobrir, novas lições a tirar, passagens que, apesar de
tantas vezes lidas e escutadas, nunca nos disseram nada. Mas chega um momento
em que nos fazem abrir as janelas ao ar fresco da vida, trazem luz,
sacodem-nos, levam-nos a outras paragens. É a riqueza da Palavra de Deus, de
Deus que sempre nos surpreende e toca no ombro. Há dias, o Evangelho da
Eucaristia terminava dizendo que “e cada um voltou para sua casa”.
Oh! Que frase tão comezinha e nada importante, é
verdade! Mas o silêncio feito depois de a escutar, fê-la ecoar no sótão
pensante e pôs-me a divagar. Neste voltar a casa, a casa pode ser entendida
como a pátria, a terra natal, à qual nem sempre há gosto em voltar, sobretudo,
se, por falta de condições, até se foi obrigado a sair de lá, ou, como neste
momento, muitos não poderão regressar por causa da pandemia. Mas deixemos essa
dimensão e fixemo-nos na outra casa, na casa de família. Pode-se voltar para
casa vindo de muitos lugares: do trabalho, do cinema, do baile, da tasca, da
noite, do café, do casino, da criminalidade, da casa do vizinho, da festa, do
estrangeiro... Atendendo às circunstâncias de cada um, esse voltar a casa, pode
não trazer consigo o sentimento de alegria, do desejo do encontro. Pode trazer
tristeza e até rancor. Tristeza, por tantas e tantas razões. Talvez por saber
que tem gente doente em casa, a sofrer, e não sabe o que lhe há de fazer,
porque não tem pão na mesa para dar aos filhos e acaba de ser despedido do
emprego, porque o amor e a paz deixaram de existir lá dentro daquelas paredes,
porque...porque... Mas quem volta a casa pode também vir carregado de más
intenções, de revolta, de desejo de violência, de ajuste de contas, de
desprezo, vingança.... É verdade que tudo isso, aqui ou ali, pode acontecer.
Esse voltar a casa, porém, também pode suscitar diferentes estados de alma a
quem está em casa. Pode suscitar sentimentos de alegria e de boas-vindas
naqueles que valorizam a família, que a cultivam nos valores e na verdade, que
a promovem cada vez mais como comunidade de vida e de amor, como lugar saudável
de refúgio e acolhimento, de alegria e de paz, de solidariedade e
corresponsabilidade. Mas também pode acontecer que, quem está em casa, esteja
sempre com o coração nas mãos. Pressente que quem está a chegar vem alcoolizado
como de costume, esmurrado porque sempre em zaragatas, violento a exigir a
mísera reforma de seus pais para a sua vida airada, useiro e vezeiro em
violência, truculento com jeitos de quem pode e manda e a pensar que quanto
mais alto fala mais razão tem...pobres filhos, pobres pais, pobre comunidade
familiar!
E cada um voltou para sua casa!... A frase em
questão aparece no contexto da discussão sobre quem era afinal aquele homem
chamado Jesus, o Senhor da vida e da alegria de viver. Os próprios guardas do
Templo, que foram mandatados para o prender, encostaram-se aos outros a ouvir o
que Ele dizia e acabaram por regressar a casa sem o prender. Nunca tinham
ouvido ninguém falar como aquele homem. A pessoa de Jesus fascinava, era
profundamente atraente e inspiradora, nunca fechada a ninguém, sempre
disponível ao dom e à alegria. Multidões sem conta apertavam-se para o ouvir
falar e lhe tocar. A sua fama espalhava-se cada vez mais por toda a região.
Muitos deixavam-se dominar pelo espanto e permaneciam encantados a louvar a
Deus por estarem a ver e ouvir coisas tão extraordinárias e diferentes, como
transformar a água em vinho, multiplicar o pão e o peixe, perdoar os pecados,
ressuscitar os mortos, dar vista aos cegos, curar os coxos, sarar os doentes,
acalmar os ventos e as tempestades.... Outros, sem palavras que os
satisfizesse, limitavam-se a dizer que um grande profeta aparecera entre eles,
que Deus, de facto, tinha visitado o seu povo. Outros, ainda, não menos
maravilhados, também se perguntavam, boquiabertos, de onde é que lhe vinha tanta sabedoria e poder,
pois pensavam conhecê-lo muito bem como o filho do carpinteiro e de Maria. O
impacto que Jesus provocava, não por malabarismos ou excentricidades, mas pelas
maravilhas que operava e pela força empática da sua palavra cheia de serenidade
e beleza, alegrava as multidões e muitos deixavam tudo para o seguir. No
entanto, se uns se maravilhavam com tudo o que estava a acontecer, os que se
julgavam donos da verdade e dos outros, sentiam-se incomodados no seu posto, tornaram-se adversários
rancorosos de Jesus, mesmo que em
desacordo quanto à sua pessoa. Uns diziam: “Ele é realmente o Profeta”,
outros afirmavam: “É o Messias”. Outros, porém, contestavam: “poderá o Messias
vir da Galileia? Não diz a escritura que o Messias será da linhagem de David e
virá de Belém, a cidade de David?”. “De Nazaré poderá vir alguma coisa boa?”.
Nesse animado e desconfiado palanfrório de que nos dá conta o Evangelho, depois
de terem ouvido Jesus e de se terem ouvido uns aos outros, puseram fim à
discussão “e cada um voltou para sua casa”! Se discordavam quanto à pessoa de
Jesus, este voltar a casa transportava neles um pensamento unânime. Todos
magicavam como é que se haveriam de ver livres daquela “pestinha”, espécie de
intruso a quem era preciso fazer calar, prender e matar. No próximo Domingo, na
Leitura da Paixão, à pergunta hipócrita de Pilatos sobre o que havia de fazer a
Jesus, ouvi-los-emos a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Obtido esse objetivo
e muito senhores de si, também “cada um voltou para sua casa!”
Pensando curtir a vida na libertinagem, fora e longe
da casa paterna, também o filho pródigo acabou por voltar para casa. Caindo em
si, constatou que a sua atitude aventureira o fez cair na maior das misérias.
Nostálgico da casa paterna, sentiu o abandono dos amigos da onça, sentiu a
vergonha e a solidão, o vazio e o nada, a tristeza e a fome. Arrependido e
confiante, ganha coragem e decide regressar. Incerto quanto à reação do pai,
ensaiou-se para lhe pedir perdão e que o tratasse como a um simples empregado.
O pai, porém, surpreende-o. Logo que o
vê, corre ao seu encontro, abraça-o, beija-o numa felicidade inaudita que nem
sequer o quer ouvir a pedir perdão e apoio. Reveste-o com a dignidade de filho,
de filho querido e amado com todos os direitos de filho, faz festa e festa
rija. Que bom, o filho tinha regressado!
Esta parábola do pai do filho pródigo, foi-nos
contada por Jesus para nos revelar o amor de Deus por cada um de nós. O pecado,
tantas vezes manifestado no desejo de domínio, na falta de diálogo e
transparência, na corrupção, nas formas de vida dupla, na tibieza ou vazio
espiritual, na apatia e indiferença, faz-nos sentir mal, afasta-nos de Deus,
gera vazio interior, mal estar, desassossega. Mas ninguém pode perdoar os
pecados a si próprio. O perdão pede-se a quem se ofendeu. Pelo pecado, pela
fuga da casa paterna, cava-se uma rutura na comunhão com Deus e com a Igreja, o
que implica a necessidade do perdão de Deus e da reconciliação com a Igreja.
Isto acontece através do sacramento da Confissão. Por maior que seja o pecado,
a misericórdia de Deus é muito maior. Até no alto da cruz Ele perdoa a quem o
matava! É por isso que o perdão dos pecados no sacramento da Confissão deve ser
procurado e recebido “como uma prenda, como um dom do Espírito Santo, que nos
enche da torrente de misericórdia e de graça que brota incessantemente do
Coração aberto de Cristo Crucificado e Ressuscitado”, como afirma o Papa
Francisco. É lá que experimentamos, de novo, a
proximidade, a misericórdia, a surpresa de Deus que vem ao nosso encontro, nos
abraça e dá paz. Não como mera segurança e conforto pessoal, mas como encontro
vivo com Ele na força do Espírito Santo, donde nasce um renovado compromisso na
construção da santidade e de um mundo melhor. Se o Sacramento da Reconciliação,
ou Confissão, for central na vida de cada cristão, tudo será diferente e
poderemos dizer uns dos outros que “cada um voltou para sua casa”, com uma fé
mais adulta e madura, fermento de renovação familiar e social.
Na esperança da Ressurreição, a Quaresma
passa por aí! Feliz Páscoa para todos, com muita saúde, alegria e paz.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-03-2021.
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QUARESMA - “SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS
CURAVA”
Na
Igreja, a Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de
descoberta e redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança
no Senhor Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de
Cristo para onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e
existencial se a Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e
redescoberta da relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós,
surpreende-se, comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão
nosso e tão de Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da
eternidade. Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos,
já Ele se nos disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de
proximidade, cativa-nos. Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a
nossa inteligência, a nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos,
por bênção sua, capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres,
estabelecemos com Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde,
doravante, passará a vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém
indiferente e cura todos os males.
A
fé não é, portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria
legitimar. Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria
justificar e ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria
manter. Tudo isso seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a
erguer. Dom recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas
dinâmicas mais elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do
encontro com o dom de Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e
ritmo. É esta fé, vivida como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado,
é esta fé que vai atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os
seus encantos e desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida
como bênção, que purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com
ousadia profética de batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa
fé, que está em causa em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e
oração são exercícios batismais da nossa vida cristã porque são expressão da
nossa vital confiança em Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da
vida.
A
pandemia que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa
fé é chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise,
há um conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de
consciência da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não
escravo da desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença,
saber ser cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e
promover; na prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em
comum; nas palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes quotidianas,
saber eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de cidadania, saber
respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que exerce em toda a
sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente descarriláveis e
irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos vários à nossa vida.
E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos olhos, ter sempre Cristo
no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser uma maioria social,
percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até ser uma minoria, mas,
sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita, saberemos ser Igreja à
dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.
Este
ano, e por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da
“Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este
ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus.
Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus,
homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos
tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um
homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo
aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a
alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do
amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando
promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da
família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja
promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a
reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises
familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da
Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano
faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão
pelo dom da santidade de S. José.
De
Jesus, na sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade,
brota uma força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus
sempre em processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma
Quaresma, mais um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a
mundaneidade convida ao ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial
atenção ao ser. É um tempo de penitência e conversão. Um tempo de oração filial
que nos ajuda a limpar, arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a
Deus e aos irmãos. Uma oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa
de estar, pensar e falar, à privação do que não é essencial, à penitência e
austeridade pessoal, ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve
àquela partilha a que chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino
determinado por cada Bispo diocesano, tornado público no início da Quaresma e,
ao longo da Quaresma, entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para
poupar, não se trata de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos,
não se trata de dar para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata
de pagar, não se trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita,
embora não se deva permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma
caminhada espiritual disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão
interior, do pensar em Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade
e da fraternidade. Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também
se pode traduzir em renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue
apetecível, não é necessário, e o seu custo se coloca de parte para a causa
social anunciada. Para além disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar
dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc 18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas
crianças e tantos jovens nos dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo,
a um cigarro, a um café, a um programa televisivo, a ser escravo das redes
socias... ou os leva a estudar mais e melhor, a programar momentos de oração, a
visitar o vizinho acamado ou a viver mais comprometido nas causas da fé e do bem
comum, a respeitar os apelos ao confinamento e a vivê-lo com esperança,
pensando na própria saúde e saúde dos outros... Enfim, trata-se de cada um,
pelos caminhos possíveis, viver a Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa,
descobrindo e redescobrindo cada vez mais o gesto do amor de Deus para connosco
manifestado em Cristo Jesus seu Filho.
A Renúncia Quaresmal de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento rigoroso, foi mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à construção de um Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga, República Democrática do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta nossa Diocese. Este ano de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria Diocesana uma verba de renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o destino anunciado nessa altura.
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