PARÓQUIAS DE NISA
Quinta-feira, 08 de abril de 2021
Quinta-feira da oitava de Páscoa
LITURGIA
QUINTA-FEIRA DA OITAVA DA PÁSCOA
Branco – Ofício próprio. Te Deum.
Missa própria, Glória, sequência facultativa, pf. pascal.
L 1 At 3, 11-26; Sal 8, 2ab e 5. 6-7. 8-9
Ev Lc 24, 35-48
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto
a exequial.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA
Sab 10, 20-21
Os justos celebraram em coro a vossa mão protetora,
Senhor, porque a sabedoria abriu a boca dos mudos
e tornou eloquente a língua das crianças. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLETA
Senhor nosso Deus, que reunistes os mais diversos povos na confissão do vosso
nome, concedei àqueles que renasceram pela água do Baptismo a graça de viverem
unidos na fé e na caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 3, 11-26
«Matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
Naqueles dias, o coxo de nascença que tinha sido curado não largava Pedro e
João e todo o povo, cheio de assombro, acorreu para junto deles, ao pórtico de
Salomão. Ao ver isto, Pedro falou ao povo, dizendo: «Homens de Israel, porque
vos admirais com isto? Porque fitais os olhos em nós, como se fosse pelo nosso
próprio poder ou piedade que fizemos andar este homem? O Deus de Abraão, de
Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, que vós
entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a
soltá-l’O. Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação dum assassino;
matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos
testemunhas disso. Foi pela fé no seu nome que este homem que vedes e conheceis
recuperou as forças; foi a fé que vem de Jesus que o curou completamente, na
presença de todos vós. Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como
também os vossos chefes. Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha
anunciado pela boca de todos os Profetas: que o seu Messias havia de padecer.
Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam
perdoados. Assim o Senhor fará que venham os tempos de conforto e vos enviará o
Messias Jesus, que de antemão vos foi destinado. Ele terá de ficar no Céu até à
restauração universal, que Deus anunciou, desde os tempos antigos, pela boca
dos seus santos profetas. Moisés disse: ‘O Senhor Deus fará que se levante para
vós, do meio dos vossos irmãos, um profeta como eu. Escutá-lo-eis em tudo
quanto vos disser. Quem não escutar esse profeta será exterminado do meio do
povo’. E todos os profetas que falaram, desde Samuel e seus sucessores,
anunciaram também estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que
Deus firmou com vossos pais, quando disse a Abraão: ‘Na tua descendência serão
abençoadas todas as famílias da terra’. Foi para vós, em primeiro lugar, que
Deus fez aparecer o seu Servo e O enviou para vos abençoar, afastando cada um
de vós das suas iniquidades».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 8, 4-9 (R. 2a)
Refrão: Como sois grande em toda a terra,
Senhor, nosso Deus! Repete-se
Senhor, nosso Deus,
como é admirável o vosso nome em toda a terra!
Que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes? Refrão
Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés: Refrão
Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos. Refrão
ALELUIA Salmo 117 (118), 24
Refrão: Aleluia. Repete-se
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Refrão
EVANGELHO Lc 24, 35-48
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer
e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no
caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto,
Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco».
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus:
«Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos
corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto,
mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não
queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?»
Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante
deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda
estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na
Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento
para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o
Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que
havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas
as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas
coisas».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei com bondade, Senhor, as ofertas que Vos apresentamos em ação de graças
por aqueles que renasceram no Batismo e concedei à Igreja o auxílio da vossa
proteção. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal I
[mas com maior solenidade neste dia]
ANTÍFONA DA COMUNHÃO 1 Pedro 2, 9
Povo resgatado, proclamai as maravilhas do Senhor,
que vos chamou das trevas para a sua luz admirável. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ouvi, Senhor, as nossas preces e fazei que estes santos mistérios da nossa
redenção nos auxiliem na vida presente e nos alcancem as alegrias eternas. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 3, 11-26 : Continua
a ouvir-se o grande anúncio: “Cristo foi morto pelos homens, mas Deus
ressuscitou-O dos mortos”. É esta afirmação que constitui o objecto da primeira
evangelização cristã. Sem a aceitação desta evangelização inicial, não é
possível aprofundar o mistério que ela encerra. Esse aprofundamento será
depois, num segundo tempo, fruto da catequese posterior. Todo este mistério, o
Antigo Testamento o profetiza e o Novo o vê realizado. É ele o objeto da fé da
Igreja.
Lc 24, 35-48: Tal como a primeira
leitura, também esta insiste na unidade dos dois Testamentos, ambos testemunhas
da mesma história da salvação. Para a primitiva comunidade cristã, vinda do
povo judeu, esta descoberta era fundamental: o que antes de Cristo fora
anunciado tinha agora n’Ele pleno cumprimento. O Novo Testamento, o tempo da
plenitude, continua a ser agora testemunha desta Boa Nova entre os povos.
AGENDA DO DIA
11.30 horas: Funeral em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Nisa.
A VOZ DO PASTOR:
QUE VOS PARECE?.... ELE NÃO VIRÁ À FESTA?
Face ao que ia
acontecendo, o diz-que-diz aumentava. As reuniões entre os senhores dos diversos
poderes multiplicavam-se. Os conhecedores da psicologia das multidões
manipulavam o povo. A unanimidade política apontava o crime: “se o deixarmos
continuar assim, todos acreditarão nele”. Dito e feito, para manterem o seu
rame-rame subserviente e a sua posição privilegiada, “decidiram matar Jesus”. E
os que já passeavam pelo recinto da festa perguntavam-se curiosos: ‘Que vos
parece? Ele não virá à festa?”.
Sim, Jesus foi à
festa. Ele começou a sua vida pública numa festa, nas Bodas de Caná. Também a
vai terminar numa festa, a da Páscoa. Mas não é próprio da festa transmitir e
cultivar sentimentos de alegria e amizade? Pois é, mas não foi o caso. Costuma
apresentar-se três forças como indispensáveis para que o homem sinta defendidas
a sua vida e a sua honra. São elas a força da amizade, a força da justiça e a
força da compaixão ou piedade. Quando estas virtudes desaparecem do convívio
social, nem sequer a santidade é respeitada. E Jesus foi traído por todas elas
e mais algumas! Todos preferiram salvaguardar a sua “grandeza”, a sua
autoridade, o seu prestígio em reles subserviência ou dominados pelo medo e
cobardia.
A AMIZADE EVAPOROU-SE. Jesus Cristo
foi traído pela amizade, sim. A amizade provoca a união dos homens e leva a
auxiliarem-se mutuamente nos trabalhos da vida. Este sentimento que nos une, a
amizade, tem as suas leis, leis que ela não pode abandonar sem se trair a si
própria. É próprio da amizade proteger aquele a quem se dedica, defender o
amigo, não abandonar, não negar, não vender, não atraiçoar, evitar tudo aquilo
que se possa confundir com indiferença. É próprio da amizade ser reconhecida
como valor e valor essencial. No entanto, os discípulos foram indiferentes à
dor e à preocupação do Amigo. Jesus, perturbado, sentiu necessidade de presença
e apoio em momentos tão trágicos da sua vida: “A minha alma está numa tristeza
de morte, ficai aqui e vigiai comigo”. O Evangelista Lucas, que era médico e
sabia o que era a hematidrose, diz que “o seu suor se tornou como gotas de
sangue, que caiam no chão”. Jesus sua sangue e reza... Eles dormem… Judas foi
procurar a quem vender e entregar Jesus por uma gorjeta e com um beijo… É a
amizade convertida em indiferença e ódio, em brutalidade e ingratidão. Os
outros abandonam o Mestre, todos fogem. Jesus vai sozinho para a casa de Anás.
Pedro, meio sorrateiro e a curtir o medo à distância, ao aproximar-se mais um
pouco, nega o Mestre: “Uma das criadas olhou-o de frente e disse-lhe: ‘tu
também estava com Jesus o Nazareno’. Mas ele negou: ‘Não sei nem entendo o que
dizes’. A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: ‘este é um
deles’. Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a
Pedro: ‘Na verdade, tu és deles, pois também és galileu’. Mas ele começou a
dizer imprecações e a jurar: ‘Não conheço esse homem de quem falais”.
Abandonar, renegar o amigo, é doloroso e triste. Vender, entregar o amigo aos
próprios inimigos é a maior das infâmias! Tal como outrora, quantas vezes os
amigos de hoje se convertem nos inimigos de amanhã!
A JUSTIÇA PREFERIU
BARRABÁS. Se faltou a amizade, esperava-se que a justiça salvaguardasse a vida
e a honra de Jesus, a sua inocência. Pode o juiz não ser amigo do réu, mas tem
a obrigação de o julgar segundo o direito e as leis vigentes. Mas Jesus, se
traído pela amizade dos seus, foi também traído pela própria justiça. As
irregularidades praticadas contra Jesus no Sinédrio são mais que muitas. Há
irregularidade no júri constituído, todos são suspeitos, pois eram inimigos de
Cristo, fariseus fanáticos, escribas orgulhosos, juízes e acusadores ao mesmo
tempo. Há irregularidades no andamento dum processo onde “procuravam um
testemunho contra Jesus para lhe dar a morte, mas não o encontravam”. Não há
ninguém que o defenda, são todos acusadores, todos. Os depoimentos são de
falsas testemunhas que nem sequer concordam nas afirmações: “Muitos
testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram
concordes”. Deturpam as palavras de Jesus acerca do templo do seu corpo. O
próprio Caifás transforma-se em acusador, mente, afirma que Jesus “blasfemou”
ao dizer-se o Messias, o Filho de Deus. No Tribunal de Herodes, é tratado como
um louco e objeto de troça. No Pretório de Pilatos, aparece igualmente
injustiçado. Pilatos impõe-se e faz-se valer com a linguagem deste mundo: “não
sabes que tenho poder para te libertar e te crucificar?”. «Não respondes nada?
Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada responde, não vale a pena.
Pressionado pelo povo, Pilatos, tenta uma última chance. Valendo-se de uma
tradição que havia pela festa da Páscoa, de ele ou o povo ter o direito de
escolher a liberdade de algum preso, manda buscar um condenado tido como ladrão
e assassino e pergunta ao povo quem quer que lhe solte: Jesus ou Barrabás. O
povo, manipulado pelos populistas, prefere Barrabás, Barrabás foi solto.
Pilatos, forte com os fracos ali representados em Jesus, é subserviente, tem
medo do imperador romano, tem medo das autoridades judaicas, tem medo da
multidão, tem medo da sua própria consciência que o massacra a dizer-lhe que
Jesus é justo e inocente: “Eu não encontro n’Ele nenhum motivo de condenação”.
A própria esposa lhe havia dito: “Não te intrometas no caso desse justo, porque
hoje sofri muito em sonhos por causa dele” (Mt 27,19). No entanto, mais
importante é assegurar os seus próprios interesses. Jesus é condenado à morte,
ridicularizado, flagelado, coroado de espinhos e carregado com a cruz até ao
alto do Calvário. Aí, é pregado na cruz e morre. Como alguém afirma e se
constata, Jesus nunca se descontrola, nunca recua, nunca exerce resistência,
mantém-se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino. Pilatos dá-se conta
dessa coerência de Jesus, mas permanece dividido entre um sentimento de justiça
e a necessidade de satisfazer a multidão e os seus cabecilhas. A justiça não
funcionou.
A COMPAIXÃO TAMBÉM
FOI NEGADA. Faltou, pois, a amizade e a justiça a defender a inocência de
Jesus. Esperar-se-ia que, ao menos, surgisse a compaixão, a piedade, esse
sentimento que leva a ter pena de quem sofre, a respeitar a sua honra e
dignidade. O último refúgio da inocência é a compaixão que a inocência sempre é
capaz de inspirar. Quem se não comove perante os sofrimentos alheios? E quem se
não comove perante os sofrimentos infringidos a um inocente? Com Jesus Cristo
não há compaixão. Algumas mulheres choram impotentes, é verdade. Um homem,
talvez obrigado, ajuda-o a levar a cruz, sim, também é verdade. Mas são muito
poucos aqueles que o seguem até ao Calvário. Os outros não manifestam qualquer
gesto de compaixão. Vede a atitude dos criados dos pontífices, no Sinédrio:
“alguns começaram a cuspir-lhe, a tapar-lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe
punhadas, dizendo: ‘advinha’ quem te bateu. E os guardas davam-lhe bofetadas”.
Reparai na atitude dos soldados de Roma aquando da flagelação e da coroação de
espinhos: “Os soldados entrançaram uma coroa com espinhos e colocaram-na na
cabeça de Jesus. Vestiram Jesus com um manto vermelho. Aproximavam-se d’Ele e
diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas. Vede a reação do povo
quando Pilatos lhe apresenta Cristo sem saber o que lhe havia de fazer:
“Crucifica-o!”. “Crucifica-o!”. Olhai os fariseus, também no Calvário, cheios
de ódio, desafiando-o a que descesse da cruz: “Tu que destruías o templo e o
reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz”. Também os
príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo:
‘Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Esse Messias, o rei de
Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos’. Até os que
estavam crucificados com Ele o injuriavam”. Tendo perdido “toda a aparência de
um ser humano”, ali está “sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar,
nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens,
homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o
rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós”. Até a própria natureza se
torna mais triste.
Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude que Jesus assumiu e
solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo por causas tão
mesquinhas ou sem qualquer valor. Aprendamos com Jesus a entregar a vida por
amor, numa dinâmica que a morte não pode vencer, porque o amor gera vida nova e
faz-nos entrar nos dinamismos da ressurreição. Na cruz vemos todas as dimensões
da nossa vida. A cruz não é um símbolo, é uma realidade bem concreta.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 02-04-2021.
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