PARÓQUIAS DE NISA
Quarta-feira, 21 de abril de 2021
Quarta-feira da III semana da Páscoa
LITURGIA
Quarta-feira
da semana III
S. Anselmo, bispo e doutor da Igreja
– MF
Branco – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 At 8, 1b-8; Sal 65 (66), 1-3a. 4-5. 6-7a
Ev Jo 6, 35-40
* Na Ordem de Cister e na Ordem Cisterciense da Estrita Observância – S.
Anselmo, bispo e doutor da Igreja – MO
* Na Ordem Beneditina – S. Anselmo – MO
* Na Ordem Franciscana – S. Conrado de Parzham, religioso, da I Ordem – MF
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Conrado de Parzham, religioso, da
I Ordem – MO
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 70, 8.23
Cante a minha boca, Senhor, a vossa glória,
proclamando continuamente os vossos louvores.
Os meus lábios exultem de alegria. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Vinde, Senhor, em auxílio da vossa família reunida em oração e concedei que
participem eternamente na ressurreição do vosso Filho Unigénito aqueles a quem
destes a graça da fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 8, 1b-8
«Andaram de terra em terra a anunciar a palavra do Evangelho»
Leitura dos Atos
dos Apóstolos
Naquele dia, levantou-se uma grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém e
todos, à exceção dos Apóstolos, se dispersaram pelas terras da Judeia e da
Samaria. Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grandes
lamentações por ele. Saulo, por sua vez, devastava a Igreja: ia de casa em
casa, arrastava homens e mulheres e metia-os na prisão. Entretanto, os irmãos
dispersos andaram de terra em terra, a anunciar a palavra do Evangelho. Foi
assim que Filipe, tendo descido a uma cidade da Samaria, começou a anunciar Cristo
àquela gente. As multidões aderiam unânimemente às palavras de Filipe, porque
ouviam falar dos milagres que fazia e também os viam. De muitos possessos saíam
espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos
foram curados. E houve muita alegria naquela cidade.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 65 (66) l-3a.4-5.6-7a (R. l)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Aclamai o Senhor, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores, dizei a Deus:
«Maravilhosas são as vossas obras». Refrão
«A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome».
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens. Refrão
Mudou o mar em terra firme,
atravessaram o rio a pé enxuto.
Alegremo-nos n’Ele:
domina eternamente com o seu poder. Refrão
ALELUIA cf. Jo 6, 40
Refrão: Aleluia. Repete-se
Quem acredita no Filho de Deus tem a vida eterna:
Eu o ressuscitarei no último dia, diz o Senhor. Refrão
EVANGELHO Jo 6, 35-40
«A vontade d’Aquele que Me enviou é esta:
que Eu não perca nenhum dos que Ele Me deu»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão da vida: Quem vem a Mim
nunca mais terá fome e quem acredita em Mim nunca mais terá sede. No entanto,
como vos disse, ‘embora tivésseis visto, não acreditais’. Todos aqueles que o
Pai Me dá virão a Mim e àqueles que vêm a Mim não os rejeitarei, porque desci
do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou. E
a vontade d’Aquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum dos que Ele Me
deu, mas os ressuscite no último dia. De facto, é esta a vontade de meu Pai:
que todo aquele que vê o Filho e acredita n’Ele tenha a vida eterna; e Eu o
ressuscitarei no último dia».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que em todo o tempo possamos alegrar-nos com estes mistérios
pascais, de modo que o ato sempre renovado da nossa redenção seja para nós
causa de alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Fomos resgatados pelo Sangue de Cristo
que, ressuscitando de entre os mortos,
fez brilhar sobre nós a sua luz. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ouvi, Senhor, as nossas preces e fazei que estes santos mistérios da nossa
redenção nos auxiliem na vida presente e nos alcancem as alegrias eternas. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 8, 1b-8 : Um conjunto de pequenas notícias
enche esta leitura; mas em todas elas perpassa o sopro do Espírito do
Ressuscitado. Até a dispersão de que sofreu a comunidade de Jerusalém foi
ocasião para que o Evangelho chegasse ás outras províncias mais distantes. E o
próprio ardor de Saulo, aquela testemunha ocular da morte de Estêvão, irá
transformar-se em zelo pela Boa Nova de Jesus ressuscitado. Está-se
verdadeiramente no Tempo Pascal da Igreja, sob o signo do Espírito.
Jo 6, 35-40: Jesus afirma-Se agora, claramente, o
“Pão da Vida”. Já assim fora anteriormente prefigurado no pão multiplicado e no
maná evocado na fala com os Judeus; mas agora é Ele mesmo que Se apresenta
claramente como o Pão, o alimento que mata a fome. E este Pão assimila-se pela
fé. Por isso, Jesus, como outrora a Sabedoria (cf. Pr 9) ergue a voz e clama,
convidando para o banquete. Quem d’Ele se alimentar terá a vida eterna na
glória da ressurreição, que o Tempo Pascal prefigura.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Tolosa
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Tolosa.
A VOZ DO PASTOR:
QUANDO UMA MÃE INSISTE E PERSISTE!...
Desde que Adão e Eva partiram os
pratos e foram expulsos daquele jardim à beira rios plantado, a humanidade
jamais correu sobre rodas. Segundo a mensagem do Génesis, Adão e Eva não
tiveram pai nem mãe, mas foram os primeiros pais a sofrer a morte de um filho:
Caim matou Abel, eram irmãos. O Papa João
Paulo I, o “Papa do sorriso”, afirmou que "Deus é Pai, mas também é
Mãe". Foi Ele quem criou o homem e a mulher. Foi Ele quem esteve
junto deles nessas horas difíceis e trágicas da
sua vida familiar. Apesar de todo aquele mercadejar entre a serpente, Eva e
Adão, apesar de não se poder provar bem bem qual o conteúdo concreto desse ato
de corrupção, apesar de ninguém colocar em dúvida a sua existência, apesar de
todos estarmos a sofrer as suas pesadas consequências, nunca houve rosas que
fizessem esquecer tais espinhos nem tempo que fizesse prescrever esse delito.
No entanto, se os penalizou, nunca Deus os abandonou, nem a eles nem a nós,
seus descendentes, que apanhamos por tabela. Deus foi-nos falando ao longos dos
tempos, como a amigos, para nos reconvidar à comunhão com Ele, ao ponto de nos
enviar o seu Filho. A morte de Cristo na cruz é uma morte expiatória, cobre a
multidão das corrupções humanas. É uma morte propiciatória, Deus perdoa,
torna-se favorável. É um
sacrifício vicário, uma morte substitutiva, Jesus morre por todos nós, em nosso
lugar. É uma morte redentora, Jesus resgata-nos, reconcilia-nos com Deus, traz
vida nova aos que n’Ele creem e vivem em conformidade. Viver em conformidade, é
ter consciência daquela fragilidade humana que, se foi original, acabou por ser
originante de todas as corrupções humanas. No entanto, mesmo que nem sempre
seja fácil fugir aos hábeis truques do mafarrico, sabemos que Deus é fiel e
ninguém é tentado acima das suas próprias forças, desde que aceite os meios e a
força para suportar e sair da tentação (cf. 1Cor 10, 13). Com a formação humana
e a força que brota da cruz, o agir humano é sempre passível de aperfeiçoamento
nos caminhos do bem e do respeito pelos outros.
Na reflexão passada, realcei a força da
oração do pai, apresentando exemplos de pais que nos aparecem nos Evangelhos.
Hoje realçarei sobretudo a importância da oração da mãe, e o seu testemunho,
também a partir do Evangelho. Se é importante a presença ativa do pai para o
bem da família, não o é menos a da mãe, sem prejuízo, como é evidente, da sua
vida social e laboral (cf. GS52).
Embora por lá se encontrem perfis de
mães para muitos gostos, a Bíblia apresenta-nos grandes figuras de mães,
exemplos de fé, confiança em Deus e oração. A mais importante de todas é, sem
dúvida, Maria, esposa de José, a Mãe de Jesus. Nessas grandes figuras de mãe, a
fé, a escuta e a aceitação da vontade de Deus na vida, não significou que a
vida lhes fosse isenta de problemas, sofrimento e aflições, inclusive à Mãe de
Jesus. No entanto, se a fé e a oração não evitam nem minimizam as vergastadas
da vida sofridas por tantas pessoas e famílias, essas famílias e pessoas sabem
olhar e enfrentar de modo diferente o sofrimento. Acabam por ter uma força
interior capaz de tudo ultrapassar e transformar em caminho de santificação,
gerando empatia, contagiando.
Todos conhecemos a reação de Jesus tocado
pela tristeza e dor da viúva de Naim que levava a sepultar o seu único filho,
com grande presença e consternação da comunidade envolvente (Lc 7,11-17). Mas
não vou falar dessa mãe. Prefiro apresentar o testemunho orante duma outra mãe, uma mãe sofrida com a grave doença da sua
filha. Na linguagem de São Marcos, era uma mulher sirofenícia. São Mateus diz
que era cananeia.
Tanto para um como para outro, era
uma mulher não judia, pagã. Para mim, é uma das mais belas e comoventes atitudes dum coração de mãe sofrida com
a falta de saúde da sua filha. Ela reconhece em Jesus não só uma personalidade
humana excecional, mas Alguém que traz algo de novo com autoridade e verdade. E
confia plenamente que Ele lhe pode valer, por isso, embora sempre humilde e
perseverante, ela dá luta a Jesus. Apesar de ser estrangeira, ela chama-lhe
“filho de David”, um título messiânico dado ao futuro “rei de Israel”. Apresenta-se
com uma fé inabalável, com uma confiança total em Jesus a quem pede, com
humildade e perseverança, a cura da sua filha: “Senhor, filho de David, tem
piedade de mim”.
Jesus, porém, parece que tinha acordado mal
disposto. Mostra-se duro, dá a entender que não ouve, não lhe dirige uma
palavra nem um olhar. Os discípulos, impacientes, acabam por pedir a Jesus que
mande aquela mulher embora. Não com pena dela nem da filha, com certeza, mas
para se verem livres dela: “Manda embora essa mulher, porque ela vem a gritar
atrás de nós”. Jesus, continuando com ares de pouca ou nenhuma graça, lembra
que a sua missão se limita ao povo judeu: “Eu fui mandado somente para as
ovelhas perdidas do povo de Israel”. A mulher, porém, é que não desarma, ela
precisava de ajuda, a sua filha estava a morrer! Por isso, aproxima-se mais um
pouco, ajoelha-se diante de Jesus e reitera o seu angustiante pedido: “Senhor, ajuda-me”.
Para os israelitas, os estrangeiros e os
pagãos eram considerados como “cachorros”, desconhecedores que eram da lei de
Deus. Segundo os chefes israelitas, só Israel era a alegria do Senhor,
tinham-se como as únicas pessoas dignas das atenções de Deus. Jesus permanece
na sua e testa a senhora duma forma que, para a nossa sensibilidade, até nos
parece tremendamente indelicado: “Não está certo tirar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher, porém, permanece firme e confiante, ela
precisava de ajuda. E perante esta resposta tão forte de Jesus, ela responde
com delicadeza: “Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as
migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Para ela, uma migalhinha caída da
mesa de Jesus significava tudo aquilo de que ela precisava naquele momento: o
dom, a graça da cura da sua filha que estava às portas da morte. Perante a sua
resposta e confiança, Jesus nada mais teve a dizer senão louvar-lhe a sua
grande fé e atendê-la: “Mulher, é grande a tua fé! Seja feito como desejas”. E
desde aquele momento a sua filha ficou curada” (Mt 15, 21-28; Mc 7, 24-30).
A salvação trazida por Jesus, embora devesse
ser anunciada em primeiro lugar ao povo de Israel, que, aliás, foi preparado
para isso ao longo dos tempos, não era para ser seu monopólio ou privilégio.
Nem tampouco bastava pertencer a esse povo para que alguém fosse considerado
justo e bom. A salvação que Jesus trouxe é para todos os que acreditarem n’Ele
e na sua missão, em qualquer tempo, em qualquer parte, seja quem for. Na
atitude desta mulher, para além da sua fé em Jesus e num mundo novo por Ele anunciado,
para além da sua oração, humildade, perseverança e confiança, aplica-se o que
diz o Evangelho: “Pedi e ser-vos-á dado! Procurai e encontrareis! Batei e
abrir-vos-ão a porta! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura,
encontra; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7, 7-8). Jesus elogiou a fé
desta mulher não judia: “Mulher, é grande a tua fé!”. Mas também, noutra
ocasião, reagiu perante a pouca fé dos seus discípulos quando a tempestade os
assustou: “Porque tendes medo, homens de pouca fé?”. Os momentos de crise e
dificuldade na vida são sempre uma espécie de termómetro a medir o grau de
consciência que as pessoas ou as famílias têm da presença de Cristo entre elas,
é um sintoma da sua maturidade ou infantilidade na fé.
A Exortação Apostólica sobre a Família Cristã
afirma que um elemento fundamental e insubstituível da educação para a oração é
o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais. Só rezando em conjunto com os
filhos, o pai e a mãe, entram em profundidade no coração deles, deixando marcas
que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer. E se,
no artigo passado, lembrei o apelo de Paulo VI ao pai de família, hoje lembro o
seu apelo às mães: “Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em
consonância como os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos
da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos,
a pensar em Cristo que sofre, a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos
Santos? Rezais o terço em família?” (FC60). E afirma o Papa Francisco: “ser mãe não significa somente colocar
um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe,
qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha
de dar a vida. E isto é grande, é bonito”.
Como seria belo que a fé de cada
filho fosse elogiada como São Paulo elogiou a de seu amigo Timóteo: “Lembro-me
da fé sincera que há em ti, a mesma que havia antes na tua avó Loide, depois na
tua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também está em ti” (2Tm 1, 5).
Como é bom entender a palavra de Jesus: “que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro se perde a própria vida?” (Mc 8, 36).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 16-04-2021.
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