sábado, 3 de abril de 2021

 

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Domingo, 04 de abril de 2021

Domingo de Páscoa

 

 

 

LITURGIA

DOMINGO DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
+ Missa própria, Glória, sequência, Credo, pf. I da Páscoa.
L 1 At 10, 34a. 37-43; Sal 117 (118), 1-2. 16ab-17. 22-23
L 2 Col 3, 1-4 ou 1 Cor 5, 6b-8
Ev Jo 20, 1-9
* Na Missa vespertina pode ler-se Lc 24, 13-35.
* Hoje são proibidas todas as outras celebrações, e todas as Missas de defuntos.
* Proibidas as Missas em oratórios privados.
* Com as Vésperas do Domingo da Ressurreição encerra-se o Tríduo Pascal.
* Hoje, e durante toda a oitava, Completas dom. (dep. I ou II Vésperas), antífona Este é o dia, com oração da Ressurreição.
* No fim das Completas e em vez da oração O Anjo do Senhor, diz-se a antífona Rainha do céu, durante todo o Tempo Pascal.

 

DOMINGO DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

MISSA


ANTÍFONA DE ENTRADA
Salmo 139, 18.5-6
Ressuscitei e estou convosco para sempre; pusestes sobre mim a vossa mão: é admirável a vossa sabedoria.

Ou Lc 24, 34; cf. Ap 1, 5
O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Glória e louvor a Cristo para sempre. Aleluia.

Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por Nosso Senhor.


Leitura I Act. 10, 34a, 37-43


Leitura dos Atos dos Apóstolos


Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n'O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».


Palavra do Senhor.


Salmo Responsorial Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a Sua misericórdia. Refrão

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei de viver,
para anunciar as obras do Senhor. Refrão

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
e é admirável aos nossos olhos. Refrão


Leitura II
Col. 3, 1-4
Pelo seu Batismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.


Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Colossenses


Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.


Palavra do Senhor.


Ou I Cor 5, 6b-8
Para significar o começo de uma nova existência, que teve lugar com a libertação do Egipto, os judeus celebravam a Páscoa com pão sem fermento, pois deitavam para fora de casa o fermento antigo.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

 
Irmãos: Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa? Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, visto que sois pães ázimos. Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado. Celebremos a festa, não com fermento velho, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com os pães ázimos da pureza e da verdade.


Palavra do Senhor.


SEQUÊNCIA PASCAL
À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor
O Cordeiro resgatou as ovelhas:


Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.


Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo,
e a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.


Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.


ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO I Cor 5, 7b-8a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado:
celebremos a festa do Senhor. Refrão


Evangelho Jo 20, 1-9
Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João


No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro¬. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro:¬ viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.


Palavra da Salvação.


Em vez deste Evangelho pode ler-se o que se leu na Vigília da Noite Santa. Nas Missas Vespertinas pode ler-se o Evangelho de Lc 24, 13-15.

EVANGELHO (Facultativo para as Missas Vespertinas) Lc. 24, 13-35

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas

Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos, a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de seguir para diante. Mas eles convenceram-n'O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n'O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


Palavra da Salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Exultando de alegria pascal, nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício, no qual tão admiravelmente renasce e se alimenta a vossa Igreja. Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal I [mas com maior solenidade neste dia].


ANTÍFONA DA COMUNHÃO 1 Cor 5, 7-8
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado: celebremos a festa com o pão ázimo da pureza e da verdade. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, protegei sempre com paternal bondade a vossa Igreja, para que, renovada pelos mistérios pascais, mereça chegar à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor.
Na despedida, durante toda a Oitava, diz-se:
Ide em paz e o Senhor vos acompanhe. Aleluia. Aleluia.
R. Graças a Deus. Aleluia. Aleluia.

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

 

LEITURAS: Act. 10, 34a, 37-43: Diante de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia», garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:

– Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.

 Pela Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.

Col. 3, 1-4 : Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça e paz. Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo. Feito nova criatura pela Ressurreição de Cristo, o cristão viverá a vida de cada dia, sem perder de vista o fim superior, para que foi criado.


Jo 20, 1-9: No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico, descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.

 

 AGENDA DO DIA

 

 

09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo

10.00 horas: Missa em Arez

10.45 horas: Missa em Tolosa

11.00 horas: Missa em Nisa

12.00 horas: Missa em Gáfete

12.00 horas: Missa em Alpalhão

15.00 horas: Missa em Montalvão

15.00 horas: Missa na Perulheira

15.00 horas: Missa no Cacheiro

16.30 horas: Missa em Monte Claro

16.30 horas: Missa no Arneiro

16.30 horas: Missa em Pé da Serra.

 

A VOZ DO PASTOR:

 

QUE VOS PARECE?.... ELE NÃO VIRÁ À FESTA?

 

Face ao que ia acontecendo, o diz-que-diz aumentava. As reuniões entre os senhores dos diversos poderes multiplicavam-se. Os conhecedores da psicologia das multidões manipulavam o povo. A unanimidade política apontava o crime: “se o deixarmos continuar assim, todos acreditarão nele”. Dito e feito, para manterem o seu rame-rame subserviente e a sua posição privilegiada, “decidiram matar Jesus”. E os que já passeavam pelo recinto da festa perguntavam-se curiosos: ‘Que vos parece? Ele não virá à festa?”.

Sim, Jesus foi à festa. Ele começou a sua vida pública numa festa, nas Bodas de Caná. Também a vai terminar numa festa, a da Páscoa. Mas não é próprio da festa transmitir e cultivar sentimentos de alegria e amizade? Pois é, mas não foi o caso. Costuma apresentar-se três forças como indispensáveis para que o homem sinta defendidas a sua vida e a sua honra. São elas a força da amizade, a força da justiça e a força da compaixão ou piedade. Quando estas virtudes desaparecem do convívio social, nem sequer a santidade é respeitada. E Jesus foi traído por todas elas e mais algumas! Todos preferiram salvaguardar a sua “grandeza”, a sua autoridade, o seu prestígio em reles subserviência ou dominados pelo medo e cobardia.


      A AMIZADE EVAPOROU-SE. Jesus Cristo foi traído pela amizade, sim. A amizade provoca a união dos homens e leva a auxiliarem-se mutuamente nos trabalhos da vida. Este sentimento que nos une, a amizade, tem as suas leis, leis que ela não pode abandonar sem se trair a si própria. É próprio da amizade proteger aquele a quem se dedica, defender o amigo, não abandonar, não negar, não vender, não atraiçoar, evitar tudo aquilo que se possa confundir com indiferença. É próprio da amizade ser reconhecida como valor e valor essencial. No entanto, os discípulos foram indiferentes à dor e à preocupação do Amigo. Jesus, perturbado, sentiu necessidade de presença e apoio em momentos tão trágicos da sua vida: “A minha alma está numa tristeza de morte, ficai aqui e vigiai comigo”. O Evangelista Lucas, que era médico e sabia o que era a hematidrose, diz que “o seu suor se tornou como gotas de sangue, que caiam no chão”. Jesus sua sangue e reza... Eles dormem… Judas foi procurar a quem vender e entregar Jesus por uma gorjeta e com um beijo… É a amizade convertida em indiferença e ódio, em brutalidade e ingratidão. Os outros abandonam o Mestre, todos fogem. Jesus vai sozinho para a casa de Anás. Pedro, meio sorrateiro e a curtir o medo à distância, ao aproximar-se mais um pouco, nega o Mestre: “Uma das criadas olhou-o de frente e disse-lhe: ‘tu também estava com Jesus o Nazareno’. Mas ele negou: ‘Não sei nem entendo o que dizes’. A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: ‘este é um deles’. Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro: ‘Na verdade, tu és deles, pois também és galileu’. Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar: ‘Não conheço esse homem de quem falais”. Abandonar, renegar o amigo, é doloroso e triste. Vender, entregar o amigo aos próprios inimigos é a maior das infâmias! Tal como outrora, quantas vezes os amigos de hoje se convertem nos inimigos de amanhã!

A JUSTIÇA PREFERIU BARRABÁS. Se faltou a amizade, esperava-se que a justiça salvaguardasse a vida e a honra de Jesus, a sua inocência. Pode o juiz não ser amigo do réu, mas tem a obrigação de o julgar segundo o direito e as leis vigentes. Mas Jesus, se traído pela amizade dos seus, foi também traído pela própria justiça. As irregularidades praticadas contra Jesus no Sinédrio são mais que muitas. Há irregularidade no júri constituído, todos são suspeitos, pois eram inimigos de Cristo, fariseus fanáticos, escribas orgulhosos, juízes e acusadores ao mesmo tempo. Há irregularidades no andamento dum processo onde “procuravam um testemunho contra Jesus para lhe dar a morte, mas não o encontravam”. Não há ninguém que o defenda, são todos acusadores, todos. Os depoimentos são de falsas testemunhas que nem sequer concordam nas afirmações: “Muitos testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram concordes”. Deturpam as palavras de Jesus acerca do templo do seu corpo. O próprio Caifás transforma-se em acusador, mente, afirma que Jesus “blasfemou” ao dizer-se o Messias, o Filho de Deus. No Tribunal de Herodes, é tratado como um louco e objeto de troça. No Pretório de Pilatos, aparece igualmente injustiçado. Pilatos impõe-se e faz-se valer com a linguagem deste mundo: “não sabes que tenho poder para te libertar e te crucificar?”. «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada responde, não vale a pena. Pressionado pelo povo, Pilatos, tenta uma última chance. Valendo-se de uma tradição que havia pela festa da Páscoa, de ele ou o povo ter o direito de escolher a liberdade de algum preso, manda buscar um condenado tido como ladrão e assassino e pergunta ao povo quem quer que lhe solte: Jesus ou Barrabás. O povo, manipulado pelos populistas, prefere Barrabás, Barrabás foi solto. Pilatos, forte com os fracos ali representados em Jesus, é subserviente, tem medo do imperador romano, tem medo das autoridades judaicas, tem medo da multidão, tem medo da sua própria consciência que o massacra a dizer-lhe que Jesus é justo e inocente: “Eu não encontro n’Ele nenhum motivo de condenação”. A própria esposa lhe havia dito: “Não te intrometas no caso desse justo, porque hoje sofri muito em sonhos por causa dele” (Mt 27,19). No entanto, mais importante é assegurar os seus próprios interesses. Jesus é condenado à morte, ridicularizado, flagelado, coroado de espinhos e carregado com a cruz até ao alto do Calvário. Aí, é pregado na cruz e morre. Como alguém afirma e se constata, Jesus nunca se descontrola, nunca recua, nunca exerce resistência, mantém-se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino. Pilatos dá-se conta dessa coerência de Jesus, mas permanece dividido entre um sentimento de justiça e a necessidade de satisfazer a multidão e os seus cabecilhas. A justiça não funcionou.

A COMPAIXÃO TAMBÉM FOI NEGADA. Faltou, pois, a amizade e a justiça a defender a inocência de Jesus. Esperar-se-ia que, ao menos, surgisse a compaixão, a piedade, esse sentimento que leva a ter pena de quem sofre, a respeitar a sua honra e dignidade. O último refúgio da inocência é a compaixão que a inocência sempre é capaz de inspirar. Quem se não comove perante os sofrimentos alheios? E quem se não comove perante os sofrimentos infringidos a um inocente? Com Jesus Cristo não há compaixão. Algumas mulheres choram impotentes, é verdade. Um homem, talvez obrigado, ajuda-o a levar a cruz, sim, também é verdade. Mas são muito poucos aqueles que o seguem até ao Calvário. Os outros não manifestam qualquer gesto de compaixão. Vede a atitude dos criados dos pontífices, no Sinédrio: “alguns começaram a cuspir-lhe, a tapar-lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe punhadas, dizendo: ‘advinha’ quem te bateu. E os guardas davam-lhe bofetadas”. Reparai na atitude dos soldados de Roma aquando da flagelação e da coroação de espinhos: “Os soldados entrançaram uma coroa com espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram Jesus com um manto vermelho. Aproximavam-se d’Ele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas. Vede a reação do povo quando Pilatos lhe apresenta Cristo sem saber o que lhe havia de fazer: “Crucifica-o!”. “Crucifica-o!”. Olhai os fariseus, também no Calvário, cheios de ódio, desafiando-o a que descesse da cruz: “Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz”. Também os príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo: ‘Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Esse Messias, o rei de Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos’. Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam”. Tendo perdido “toda a aparência de um ser humano”, ali está “sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós”. Até a própria natureza se torna mais triste.

       Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude que Jesus assumiu e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo por causas tão mesquinhas ou sem qualquer valor. Aprendamos com Jesus a entregar a vida por amor, numa dinâmica que a morte não pode vencer, porque o amor gera vida nova e faz-nos entrar nos dinamismos da ressurreição. Na cruz vemos todas as dimensões da nossa vida. A cruz não é um símbolo, é uma realidade bem concreta.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 02-04-2021.

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