PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 30 de novembro de 2020
Segunda da I semana do Advento
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LITURGIA:
SEGUNDA-FEIRA
da semana I
S. André, Apóstolo – FESTA
Vermelho – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. dos Apóstolos.
L 1 Rom 10, 9-18; Sal 18 A, 2-3. 4-5
Ev Mt 4, 18-22
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese de Beja – Aniversário da entrada solene de D. José João dos Santos
Marcos.
S.
ANDRÉ, Apóstolo
Nota
Histórica
André, natural de Betsaida, foi primeiramente discípulo de João Baptista
e depois seguiu a Cristo, a quem apresentou também seu irmão Pedro. Juntamente
com Filipe introduziu à presença de Jesus uns gentios que O queriam ver, e foi
ele também que indicou o rapaz que tinha os peixes e o pão. Segundo uma
tradição, depois do Pentecostes pregou em diversas regiões e foi crucificado na
Acaia.
Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA cf.
Mt 4, 18-19
Caminhando Jesus junto ao mar da Galileia,
viu dois irmãos, Pedro e André, e chamou-os, dizendo:
Vinde comigo; farei de vós pescadores de homens.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Nós Vos suplicamos, Deus omnipotente,
que, assim como o apóstolo Santo André
foi na terra pregador do Evangelho e pastor da vossa Igreja,
seja também no Céu poderoso intercessor junto de Vós.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Rom 10, 9-18
«A fé vem da pregação
e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor
e se acreditares em teu coração
que Deus O ressuscitou dos mortos,
serás salvo.
Pois com o coração se acredita para obter a justiça
e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação.
Na verdade, a Escritura diz:
«Todo aquele que acreditar no Senhor
não será confundido».
Não há diferença entre judeu e grego:
todos têm o mesmo Senhor,
rico para com todos os que O invocam.
Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo.
Mas como hão de invocar Aquele em quem não acreditam?
E como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar?
E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue?
E como hão de pregar, se não forem enviados?
Está escrito:
«Como são formosos os pés dos que anunciam o Evangelho!».
Mas nem todos obedecem ao Evangelho,
como Isaías diz:
«Senhor, quem acreditou na nossa pregação?».
A fé, portanto, vem da pregação
e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo.
Mas pergunto: Não a teriam ouvido?
Ao contrário, como diz a Escritura:
«A sua voz ressoou por toda a terra
e as suas palavras até aos confins do mundo».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 18 A (19 A), 2-3.4-5 (R. 5a)
Refrão: A sua mensagem ressoou por toda a
terra.
Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.
Não são palavras nem linguagem,
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.
ALELUIA Mt 4, 19
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens. Refrão
EVANGELHO Mt 4, 18-22
«Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Caminhando
Jesus ao longo do mar da Galileia,
viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André,
que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
Disse-lhes Jesus:
«Vinde e segui-Me
e farei de vós pescadores de homens».
Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O.
Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos:
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João,
que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu,
a consertar as redes.
Jesus chamou-os
e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Deus omnipotente,
com estes dons que Vos apresentamos
na festa de Santo André,
a humilde oferta de nós mesmos
e transformai-os para nós em fonte de vida.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Jo 1, 41-42
Disse André a Simão Pedro, seu irmão:
Encontrámos o Messias, que é Cristo.
E André levou-o a Jesus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecei-nos, Senhor, pela comunhão do vosso sacramento,
para que, a exemplo do apóstolo Santo André,
trazendo sempre em nós os sofrimentos da paixão de Cristo,
mereçamos viver com Ele na glória celeste.
Por Nosso Senhor.
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MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURA
AGENDA DO DIA
AVISO:
Devido às novas medidas de combate à pandemia da covid-19,
resultantes do Decreto Presidencial que prorroga por mais 15 dias o estado de
emergência em Portugal, e, infelizmente, a elevação do Concelho de Nisa para o
estado de "Risco Muito elevado", por se verificarem entre 480 e 960
casos por cada 100.000 habitantes, obriga a cada um de nós a consciencialização
cívica para o rigoroso cumprimento das medidas que irão entrar em vigor a
partir das 00h00 de 24 de novembro. Na sequência desta realidade, os serviços
pastorais na zona pastoral de Nisa sofrem também alteração de horário nalgumas
paróquias, principalmente, no que diz respeito às missas de tarde aos
fins-de-semana.
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A VOZ DO PASTOR:
O PIRELIÓFORO DO PADRE HIMALAIA E O TIO SAM...
Porque já o fiz nesta
semana, hoje vou fugir às temáticas habituais para falar dum cientista e
inventor que nasceu em Cendufe, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo. Chamava-se
Manuel António Gomes. Sem recursos próprios e parcos apoios, se os craques da ciência
em Portugal não abundavam, ele esteve na linha da frente da investigação
científica da época, com reconhecimento da comunidade científica internacional
pelas suas visões pioneiras e revolucionárias, como precursor dos atuais
equipamentos fotovoltaicos, das energias renováveis, do desenvolvimento
sustentável. E já lá vão mais de cem anos!...
Foi um dos sete filhos
de uma família de pequenos agricultores de minifúndio em socalcos. Como não
podia fugir à sina do tempo, do lugar e das suas circunstâncias existenciais,
trabalhou no campo e fez os primeiros estudos na escola local, mais propriamente
em Souto. Aos 15 anos, em 1882, ingressou no Seminário de Braga. Sendo de
elevada altura, os seus colegas logo lhe tiraram as medidas e o alcunharam de
Himalaia, e assim ficou conhecido até hoje. No Seminário, para além das
temáticas letivas, a biblioteca, que havia sido recheada pelo Arcebispo de
então, era o seu refúgio. Vivia apaixonado por saber o mais possível sobre as
ciências naturais, os avanços tecnológicos, magicar e fazer experiências. Era
ave rara!... Presumo que o seu abanar de asas produzisse forte ventania nos
nervos dos formadores que não lhe terão feito a vida fácil. E vice-versa, pois
amor com amor se paga, diz quem sabe!...
Chegou a Padre, foi
ordenado em 26 de Julho de 1891. Aos 36 anos de idade, porém, o Padre Himalaia
tornou-se uma celebridade badalado por esse mundo fora pelos seus inventos e
artigos publicados nos principais jornais e revistas. Correu mundo, visitou
algumas das principais universidades, laboratórios e instituições científicas
do tempo. Contactou com professores de renome e com alguns dos principais
cientistas. Frequentou universidades e tudo lhe interessava: matemática,
química, medicina, botânica médica, técnicas de radiestesia, estruturas
metálicas, unidades industriais de tecnologia avançada no domínio da metalomecânica
e da fundição, fornos elétricos de altas temperaturas, fotometria, radiação
solar e faíscas elétricas, temáticas relacionadas com a agricultura e a
nutrição, a irrigação e barragens hidroelétricas. Interessou-se por explosivos,
como a himalaíte, registou várias patentes, fez prospeção de minérios,
dedicou-se à reciclagem no fabrico de fertilizantes derivados do aproveitamento
de esgotos. Defendeu o naturismo e as medicinas naturais sobretudo à base da
fitoterapia e da hidroterapia, desenvolveu o conceito de ecosofia, defendeu a
saúde preventiva, uma espécie de "profilaxia social" à base do ser e
não tanto do produzir e ter. Inventou, criou, ensinou, entrou em projetos
nacionais e internacionais, apresentou numerosas comunicações, publicou trabalhos,
desenvolveu teorias ecológicas, participou em múltiplos debates e proponha
ideias inovadoras.
Membro da Academia das
Ciências, apresentou comunicações sobre as mais diversas matérias, desde a
agricultura, a economia e a política energética até às questões de sismologia e
construção antissísmica. Defendia um plano de aproveitamento das energias
renováveis com a construção de açudes, represas e albufeiras para irrigação e
hidroeletricidade, apontava o lugar para a construção de centrais
hidroelétricas, o uso futuro da energia das marés e da energia eólica e o
aproveitamento da energia geotérmica dos geysers. O ordenamento do território e
a florestação também lhe mereceram atenção. Em tempos de estiagem, chegou a
propor o uso de canhões para provocar a chuva e fez experiências, mas, devido
aos custos e não sei se também pelos resultados, o projeto ficou pelo caminho.
Sempre motivado pelas inovações no campo da energia solar, esteve em Paris
quando se preparava a Exposição Universal e se construía a Torre Eiffel, onde
também procurava apoios para construir o seu principal invento a que deu o nome
de Pyrheliophoro, do grego: pyr (fogo) + helios (sol) + phoros (portador) = o
que traz o fogo do sol. “O engenho consistia, num espelho parabólico, com uma
superfície refletora de 80 metros quadrados, formado por 6177 pequenos espelhos
que refletiam a luz do Sol numa cápsula refratária, que funcionava como um
recipiente, e onde se colocavam os materiais a fundir. O conjunto estava
montado numa enorme armação em aço de 13 metros de altura, que acompanhava os
movimentos do Sol mediante um mecanismo de relojoaria”.
Uma das versões do
invento foi apresentada na Tapada da Ajuda, em Lisboa. Foi visitada pela fina
flor da sociedade científica de Portugal, pouca, pelos vistos. O próprio rei e
os espiões do fracasso, não do futuro, lá se apresentaram com olhos de lince a
apreciar a geringonça solar já que a política nem sonhada era. A coisa, porém,
não correu bem! E quem não era capaz de nada, não soube apreciar o alcance
daquele embrião, logo o desvalorizou com tesouradas viperinas na casaca do seu
angustiado autor. No entanto, se o aparelho encaprichou e não trouxe o fogo do
sol, o homem não desistiu, bem haja por isso.
Em 1904 carrega com o
invento para o Pavilhão Português na Exposição Universal de Saint-Louis, nos
Estados Unidos. O aparelho logo se tornou o centro das atenções daquela feira
mundial com cerca de 500 pavilhões e visitada por milhares de pessoas. Mais do
que isso: mereceu o grande prémio e mais duas medalhas de ouro e uma de prata,
com um diploma assinado pelo Presidente Theodore Roosevelt. A imprensa mundial
destacou e elogiou o invento, alguns deram-lhe a primeira página. Aos
interessados na compra, entre os quais haveria japoneses, Himalaia não quis
vender o aparelho, mas também não o trouxe de regresso a casa. Talvez
assolapados sob a capa de sérias e boas pessoas, também por lá se passeariam os
amigos do alheio que, de dedo em riste, deram jus à frase de James Flagg na
nova versão do tio Sam: “I Want You”, eu quero-te, eu quero você!... E foi-se,
adeus geringonça!... Não sei se serão os descendentes dessa estirpe aqueles de
quem o agora Presidente se queixa de o terem afastado do solário da Casa
Branca, ahahahah!...
O pobre Padre regressou
triste, nunca mais se dedicou à energia solar e ao Pirelióforo. É de prever que
outros o tivessem feito... Li, e vá-se lá saber a verdade!, mas li que, depois
da primeira Grande Guerra também correu (boato, com certeza!?), mas correu que
os planos do seu invento para “bombardear as nuvens” e fazer chover, também
teriam sido “desviados” e usados pelos alemães na construção de armas de guerra
para bombardear noutro sentido, um sentido nada agrícola nem ecológico nem
sustentável.
Depois de todas estas
andanças, com encontros e desencontros, o Padre Himalaia, porque o sonho lhe
comandava a vida, ainda se empenhou noutras aventuras. No entanto, doente, sem
apoios pátrios e recursos financeiros, em finais de 1932, veio para junto do
seu irmão Gaspar, também sacerdote e Pároco na vizinha paróquia da sua terra
natal, em São Paio de Jolda, onde ainda se conservam alguns dos seus
manuscritos. Finalmente, acabou por aceitar o lugar de capelão do Asilo de
Velhos e Entrevados da Caridade, na cidade de Viana do Castelo. E se nasceu a 9
de dezembro de 1868, em dezembro faleceu, no dia 21 de 1933, aos 65 anos de
idade. A fama já tinha passado, a sua morte não provocou notícia em que se
tropeçasse, e se foi a sepultar no cemitério da sua terra natal, em Cendufe,
não houve palmas nem flores da sua lusitana pátria.
Embora haja alguns
estudos sobre ele, Jacinto Rodrigues, Professor da Universidade do Porto,
publicou, em 1999, “A Conspiração Solar do Padre Himalaia”, um estudo atento
que veio trazer ao de cima o talento deste homem, a importância dos seus inventos
e aquela verdade que Cristo nos lembrou: um profeta só não é estimado na sua
pátria. Um grupo de amigos – a Associação Padre Himalaya - continua a soprar as
cinzas do esquecimento a que este cientista foi votado para que surja qual
fénix renascida e seja reconhecido o seu génio e transmitida a sua obra. Há
também um filme documentário de 2004, “A Utopia do Padre Himalaya”, do
realizador Jorge António, baseado na obra de Jacinto Rodrigues. Na vila dos
Arcos de Valdevez existe um monumento em sua homenagem da autoria do escultor
José Rodrigues, e, na marginal urbana do Rio Vez, um busto, da autoria de
Eduardo Tavares. No centenário do seu nascimento, houve comemorações a que
presidiu o Arcebispo de Braga, Dom Francisco Maria da Silva, tendo-se inclusive
deslocado ao cemitério de Cendufe onde também foi descerrado um busto do Padre
Himalaia. São, de facto, os conterrâneos e amigos a bracejar para que este
cientista e visionário itinerante não seja esquecido na história pátria. Também
estou a dar o meu empurrãozinho para aguçar o apetite do leitor a que, pelo
menos, abra a Wikipédia ou outras fontes à mão do teclado, pois irá gostar de
ler.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 27-11-2020.
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