PARÓQUIAS
DE NISA
Sábado, 11 de maio de 2019
Sábado da III semana de Páscoa
Ofício da féria
SÁBADO
da semana III
Branco – Ofício da
féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 Act 9, 31-42; Sal 115 (116), 12-13. 14-15. 16-17
Ev Jo 6, 60-69
* Na Ordem Beneditina – SS. Odo, Máiolo, Odilão e Hugo, e B. Pedro o Venerável, abades de Cluni – MO
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Inácio de Láconi, religioso, da I Ordem – MO
* Na Congregação das Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor – Nossa Senhora, Mãe do Divino Pastor, Padroeira da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus – Bem-Aventurada Virgem Santa Maria, Rainha e Mãe do “Rogate” – MO
* Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – Nossa Senhora dos Desamparados, Padroeira principal e Titular – SOLENIDADE
* Na Prelatura da Santa Cruz e Opus Dei – B. Joana de Portugal – MF; S. Nereu e S. Aquileu – MF; S. Pancrácio – MF
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 Act 9, 31-42; Sal 115 (116), 12-13. 14-15. 16-17
Ev Jo 6, 60-69
* Na Ordem Beneditina – SS. Odo, Máiolo, Odilão e Hugo, e B. Pedro o Venerável, abades de Cluni – MO
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Inácio de Láconi, religioso, da I Ordem – MO
* Na Congregação das Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor – Nossa Senhora, Mãe do Divino Pastor, Padroeira da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus – Bem-Aventurada Virgem Santa Maria, Rainha e Mãe do “Rogate” – MO
* Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – Nossa Senhora dos Desamparados, Padroeira principal e Titular – SOLENIDADE
* Na Prelatura da Santa Cruz e Opus Dei – B. Joana de Portugal – MF; S. Nereu e S. Aquileu – MF; S. Pancrácio – MF
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Col 2, 12
Com Cristo fostes sepultados no Batismo
e também com Ele fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que renovais nas águas do Baptismo os que acreditam em Vós, protegei os que renasceram em Cristo, para que, vencendo todos os ataques do mal, conservem fielmente os dons da vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Fi¬lho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 9, 31-42
«A Igreja crescia na consolação do Espírito Santo»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Com Cristo fostes sepultados no Batismo
e também com Ele fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que renovais nas águas do Baptismo os que acreditam em Vós, protegei os que renasceram em Cristo, para que, vencendo todos os ataques do mal, conservem fielmente os dons da vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Fi¬lho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 9, 31-42
«A Igreja crescia na consolação do Espírito Santo»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, a Igreja gozava de paz, por toda a Judeia, Galileia e Samaria, consolidava-se e caminhava no temor do Senhor e crescia na consolação do Espírito Santo. Pedro, que percorria todas essas regiões, desceu também até junto dos fiéis que habitavam em Lida. Encontrou lá, prostrado numa enxerga havia oito anos, um homem chamado Eneias, que era paralítico. Disse-lhe Pedro: «Eneias, Jesus Cristo vai curar-te. Levanta-te e compõe a tua enxerga». E ele pôs-se logo de pé. Todos os habitantes de Lida e de Saron o viram e se converteram ao Senhor. Havia em Jope, entre os discípulos, uma senhora crente chamada Tabita, que quer dizer «Gazela». Era rica em boas obras e esmolas que fazia. Nesses dias caiu doente e morreu. Depois de a terem lavado, depositaram-na na sala superior. Como Lida era perto de Jope e os discípulos ouviram dizer que Pedro estava lá, enviaram-lhe dois homens com este pedido: «Vem depressa ter connosco». Pedro partiu imediatamente com eles. Quando chegou, levaram-no à sala superior e apresentaram-se todas as viúvas, chorando e mostrando as túnicas e mantos feitos por Gazela, enquanto estava ainda com elas. Pedro mandou sair toda a gente, pôs-se de joelhos e orou. Depois voltou-se para a defunta e disse: «Tabita, levanta-te». Ela abriu os olhos e, ao ver Pedro, sentou-se. Pedro estendeu-lhe a mão e levantou-a e, chamando os fiéis e as viúvas, apresentou-lha viva. Isto soube-se em toda a cidade de Jope e muitos acreditaram no Senhor.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Sal. 115 (116), 12-13.14-15.16-17 (R. cf. 12 ou Aleluia)
Refrão: Bendito seja o Senhor
por tudo quanto fez por mim. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Como agradecerei ao Senhor
tudo quanto Ele me deu?
Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor. Refrão
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo.
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis. Refrão
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome. Refrão
ALELUIA cf. Jo 6, 63c.68c
Refrão: Aleluia. Repete-se
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. Refrão
EVANGELHO Jo 6, 60-69
«Para quem iremos, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai». A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Acolhei benignamente, Senhor, os dons da vossa família e concedei-lhe o auxílio da vossa protecção, para que não perca as graças recebidas e alcance os bens eternos. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Jo 17, 20-21
Pai santo,
Eu rogo por aqueles que hão de acreditar em Mim,
para que sejam em Nós confirmados na unidade
e o mundo acredite que Tu Me enviaste. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Guardai sempre, Senhor, com paternal bondade o povo que salvastes, para que se alegrem com a ressurreição do vosso Filho aqueles que foram redimidos pela sua paixão. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«A pior cegueira é
caminhar pela vida sem esperança».
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Atos 9, 31-42: A
Igreja não é uma ideia abstrata, nem uma realidade invisível; a Igreja é a
comunidade dos que creem no Senhor Jesus, e está em cada lugar onde esta
comunidade se encontrar, mas sempre na comunhão universal da mesma fé, da mesma
esperança e do mesmo amor. Por isso, Pedro, cabeça visível do Colégio dos
Apóstolos, começa a percorrer as várias comunidades locais; e em todas se faz
sentir a presença do Espírito Santo e a força da ressurreição.
Jo
6, 60-69: A passagem da ordem material, como a que foi
possível experimentar na refeição servida por Jesus, mesmo recorrendo à
multiplicação maravilhosa dos pães e dos peixes, para a ordem do Espírito, como
aquela de que Jesus falava quando Se apresentou como o Pão da vida, pareceu
coisa muito dura aos seus ouvintes. O homem carnal dificilmente sobe à esfera
espiritual. No entanto, as palavras de Jesus são reveladoras de realidades
divinas, que só o Espírito pode fazer compreender. A religião cristã é mais do
que uma doutrina ou uma moral ou uma prática ritual; é a experiência de um mistério,
só acessível à fé pela ação do Espírito de Deus. O Tempo Pascal é o Tempo
privilegiado desta experiência.
REZANDO A PALAVRA
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
10.30 horas: Funeral
em Arez
15.00 horas: Missa na
Falagueira
16.00 horas: Missa em
Monte Claro
16.00 horas: missa no
Pardo
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
18.00 horas: Missa em
Nisa
19.20 horas: Funeral em Tolosa
19.20 horas: Funeral em Tolosa
21.00 horas: Procissão
de velas em Tolosa
A VOZ DO PASTOR
DIA DA MÃE SEM SOPAS NEM GRAVATAS
O Dia da Mãe vem primeiro, o da Europa logo
depois. Mesmo que elas não topem piada e se ponham no sério a olhar o rolo da
massa ou o cabo da vassoura, vou-me meter com elas. Aquela que é mãe, é mãe,
está tudo dito; a outra, a Europa, luta por ser mãe, mas, pelo que somos
capazes de enxergar, a coisa não lhe está nada fácil. A mãe existe desde que o
mundo é mundo e sem qualquer dúvida quanto à sua espécie e natureza; a Europa,
esta de que falamos, nasceu no século passado, mas tem muitas dúvidas sobre si
própria. É verdade que a mãe também anda por aí muito apreensiva, com os olhos
arregalados e a mão na boca. Gente de estranhos saberes propala que a mulher
nunca nasceu nem nasce mulher, é uma construção social, é fruto duma escolha
posterior, tal como o homem. A própria maternidade, como especificidade
feminina, é uma opressão, é uma discriminação injusta, dizem tais colonizadores
ideológicos; a Europa, coitada, sem qualquer dessas veleidades, nasceu
feminina, não teve direito a escolha. É verdade que não sabemos bem o que ela
é. Também não sabemos bem o que deseja ser. As perspetivas são tantas que
depende dos gostos de quem a olha e dela fala: é uma questão de amores, é
cultura das elites! A mãe, mesmo que tenha uma só casa e sem grandes condições,
está sempre de portas abertas para receber os seus filhos. Fica feliz e cheia
de alegria sempre que isso acontece e os netos gritam e saltitam por todos os
cantos, ainda que, com pena, mas a todos por igual, só tenha sopa para lhes
dar; a Europa marca dias para receber, em seus palácios, alguns dos seus
filhos, sobretudo os de gravata. A mãe não precisa de se fazer valer. Por isso,
quando acolhe os seus filhos, não lhes faz discursos nem quer que lhos façam,
não os faz participar em debates insonsos, nem lhes faz visitas guiadas e
enfadonhas à casa, nem lhes organiza atividades para os entreter enquanto
estão, até porque o tempo parece sempre pouco para estar com eles, e
vice-versa; a Europa, essa sim, os visitantes são convidados a participar em
debates solenes, em visitas guiadas, e, por esse mundo fora, organizam-se
atividades para provar quanto ela vale, quanto ela é importante, quanto é
necessário que ela seja amada, porque, embora pareça, não é madrasta, convém
que se saiba! A mãe, acolhe e faz tudo, discreta e abnegadamente, para que os
seus filhos sejam felizes, alegres e brincalhões, cresçam escorreitos, gozem de
saúde, se acolham mutuamente, se estimem e respeitem; a Europa, mesmo que diga
que não, é mãe seletiva, faz aceção de pessoas, tem ressaibos racistas e
xenófobos, deixa crescer as desigualdades entre os filhos: a uns dá sopas e
deixa-os a viver na rua, a outros eleva-os a salários, castelos e reformas
doiradas. A mãe educa para a paz, para a fé, para a liberdade, para os valores,
o diálogo, o perdão, o trabalho, e sempre com alegria, com atenção aos mais
frágeis, com empenho e dedicação desinteressada; a Europa, que nasceu com
vocação de carvão e aço para ser, de facto, construtora da paz e da unidade
entre todos, porque mandou às malvas a educação que os pais lhe deram e acha
retrogrado apostar nessas coisas, está-se a esfrangalhar em saídas, não em
saídas por amor às preferias, mas por egoísmos de quem pensa que ainda manda no
mundo e pode exigir o sol na eira e a chuva no nabal. A mãe, mesmo que já
cansada, não faz eleições lá em casa para saber quem é que passa agora a mandar
e porquanto tempo o fará, não há propaganda eleitoral, há uma espécie de
atenção continua e discreta de toda a comunidade familiar para que todos se
amem e vivam bem e a nenhum falte o essencial para viver feliz e honestamente;
em casa da mãe Europa todos querem mandar. No entanto, dado que nem todos o
podem fazer, escolhem-se alguns dos que se apresentam como os melhores para tal
desempenho, para que mandem, nem que seja mal. Por isso, os que se consideram
mais dignos e capazes para tais andanças e ordenanças, já andam por aí, pelas
ruas, a querer convencer sobre o que lá vão mandar, a fazer ouvir o pouco que
dizem sem dizer nada, não sabendo nós, mesmo assim, se aquele pouco que dizem é
o muito que realmente pensam ou se apenas falam verdade quando dizem mal uns
dos outros! A vontade de se juntarem àqueles que por lá já riscam e
desarriscam, àqueles que já sabem quem deve tanto, quem empresta o quê, quem
paga a quem, quem é o próximo a cair no lixo e quem é o mártir das dores
ciáticas, tudo, tudo isso a tudo obriga e faz com que todos andem animados.
Ainda bem, aplaudimos e gostamos que assim seja! À mãe, neste dia, oferecemos
uma linda flor ou uma prenda, ou, se já faleceu, rezamos por ela, agradecidos e
com saudade; à mãe Europa vamos oferecer-lhe o voto, sim, é a única forma de
podermos participar na sua alegria ou na sua tristeza, depende dos olhares.
Votar é um dever, mesmo quando o tiro sai pela culatra e nos atira pelo chão.
Com uma oração e as melhores saudações para todas as mães, a todos deixo um
poema de Filipa Leal sobre a Europa, um poema integrado no festival de Poesia
de Berlim sob “Um diálogo europeu em versos”, e que li em Focussocial – Revista
de Economia Social, de dezembro de 2016:
“A EUROPA
Apontas para o rosto
sarcástico do sol de Inverno
E disparas. Há tantos meses que não chove – reparaste?
É o próprio céu a desistir de ti. E mesmo assim tu disparas, só sabes disparar.
Estás enganada, Europa. Envelheceste mal e perdeste a humildade.
Não é contra o sarcasmo que disparas, não é contra o Inverno,
Nem sequer contra o insólito, contra o desespero.
Tu disparas contra a luz.
Podes atirar-me tudo à cara, Europa: bombas, palavras, relatório de contas.
Podes até atirar-nos à cara um deputado, uma cimeira.
Mas os teus filhos não querem gravatas. Os teus filhos querem paz.
Os teus filhos não querem que lhes dês a sopa. Os teus filhos querem trabalhar.
Há tantos meses que não chove – reparaste?
A terra está seca. Nem abraçados à terra conseguimos dormir.
Enquanto te escrevo, tu continuas a fazer contas, Europa.
Quem deve. Quem empresta. Quem paga.
Mas os teus filhos têm fome, têm sono. Os teus filhos têm medo do escuro.
Os teus filhos precisam que lhes cantes uma canção, que os vás adormecer.
Eu acreditei em ti e tu roubaste-me o futuro e o dos meus irmãos.
Se estamos calados, Europa, é apenas porque, contrários ao teu gesto,
Nós não queremos disparar.” (Filipa Leal)
.......
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 03-05-2019.
E disparas. Há tantos meses que não chove – reparaste?
É o próprio céu a desistir de ti. E mesmo assim tu disparas, só sabes disparar.
Estás enganada, Europa. Envelheceste mal e perdeste a humildade.
Não é contra o sarcasmo que disparas, não é contra o Inverno,
Nem sequer contra o insólito, contra o desespero.
Tu disparas contra a luz.
Podes atirar-me tudo à cara, Europa: bombas, palavras, relatório de contas.
Podes até atirar-nos à cara um deputado, uma cimeira.
Mas os teus filhos não querem gravatas. Os teus filhos querem paz.
Os teus filhos não querem que lhes dês a sopa. Os teus filhos querem trabalhar.
Há tantos meses que não chove – reparaste?
A terra está seca. Nem abraçados à terra conseguimos dormir.
Enquanto te escrevo, tu continuas a fazer contas, Europa.
Quem deve. Quem empresta. Quem paga.
Mas os teus filhos têm fome, têm sono. Os teus filhos têm medo do escuro.
Os teus filhos precisam que lhes cantes uma canção, que os vás adormecer.
Eu acreditei em ti e tu roubaste-me o futuro e o dos meus irmãos.
Se estamos calados, Europa, é apenas porque, contrários ao teu gesto,
Nós não queremos disparar.” (Filipa Leal)
.......
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 03-05-2019.
«Há uma única maneira
de ser feliz: fazer-se presente a favor dos outros».
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Atos 8, 26-40: O peregrino de Jerusalém, que regressa agora à
sua terra, a Etiópia, e no caminho encontra Filipe e é por ele evangelizado, é
uma das primeiras pessoas de origem estranha ao antigo povo de Deus a receber o
batismo de Jesus. O batismo aparece aqui profundamente ligado à fé e esta tem
como tema central Jesus Cristo, o Servo sofredor, que dá a vida para salvação
dos homens. É esta a fé de todo o que é batizado.
Jo 6, 44-51: A compreensão dos dons de Deus é já, por si,
grande dom de Deus. É o Pai quem atrai os homens para o Filho, como é pelo Filho
que o Pai nos dá a vida. De novo, Jesus Se contrapõe ao maná que caiu do Céu no
tempo de Moisés. O verdadeiro Pão do Céu é Ele próprio, que na Eucaristia Se
torna o alimento do seu povo. Na Cruz, Ele deu a vida por nós; na Eucaristia,
dá-nos o sacramento da sua passagem da morte à vida, e assim, pela Eucaristia,
Ela faz chegar até nós essa mesma vida.
REZANDO A PALAVRA
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
16.00 horas: Missa na
Santa Casa
18.00 horas: Missa em
Nisa
21.00 horas: Terço e
adoração ao Santíssimo em Nisa.
A VOZ DO PASTOR
O Dia da Mãe vem primeiro, o da Europa logo
depois. Mesmo que elas não topem piada e se ponham no sério a olhar o rolo da
massa ou o cabo da vassoura, vou-me meter com elas. Aquela que é mãe, é mãe,
está tudo dito; a outra, a Europa, luta por ser mãe, mas, pelo que somos
capazes de enxergar, a coisa não lhe está nada fácil. A mãe existe desde que o
mundo é mundo e sem qualquer dúvida quanto à sua espécie e natureza; a Europa,
esta de que falamos, nasceu no século passado, mas tem muitas dúvidas sobre si
própria. É verdade que a mãe também anda por aí muito apreensiva, com os olhos
arregalados e a mão na boca. Gente de estranhos saberes propala que a mulher
nunca nasceu nem nasce mulher, é uma construção social, é fruto duma escolha
posterior, tal como o homem. A própria maternidade, como especificidade
feminina, é uma opressão, é uma discriminação injusta, dizem tais colonizadores
ideológicos; a Europa, coitada, sem qualquer dessas veleidades, nasceu
feminina, não teve direito a escolha. É verdade que não sabemos bem o que ela
é. Também não sabemos bem o que deseja ser. As perspetivas são tantas que
depende dos gostos de quem a olha e dela fala: é uma questão de amores, é
cultura das elites! A mãe, mesmo que tenha uma só casa e sem grandes condições,
está sempre de portas abertas para receber os seus filhos. Fica feliz e cheia
de alegria sempre que isso acontece e os netos gritam e saltitam por todos os
cantos, ainda que, com pena, mas a todos por igual, só tenha sopa para lhes
dar; a Europa marca dias para receber, em seus palácios, alguns dos seus
filhos, sobretudo os de gravata. A mãe não precisa de se fazer valer. Por isso,
quando acolhe os seus filhos, não lhes faz discursos nem quer que lhos façam,
não os faz participar em debates insonsos, nem lhes faz visitas guiadas e
enfadonhas à casa, nem lhes organiza atividades para os entreter enquanto
estão, até porque o tempo parece sempre pouco para estar com eles, e
vice-versa; a Europa, essa sim, os visitantes são convidados a participar em
debates solenes, em visitas guiadas, e, por esse mundo fora, organizam-se
atividades para provar quanto ela vale, quanto ela é importante, quanto é
necessário que ela seja amada, porque, embora pareça, não é madrasta, convém
que se saiba! A mãe, acolhe e faz tudo, discreta e abnegadamente, para que os
seus filhos sejam felizes, alegres e brincalhões, cresçam escorreitos, gozem de
saúde, se acolham mutuamente, se estimem e respeitem; a Europa, mesmo que diga
que não, é mãe seletiva, faz aceção de pessoas, tem ressaibos racistas e
xenófobos, deixa crescer as desigualdades entre os filhos: a uns dá sopas e
deixa-os a viver na rua, a outros eleva-os a salários, castelos e reformas
doiradas. A mãe educa para a paz, para a fé, para a liberdade, para os valores,
o diálogo, o perdão, o trabalho, e sempre com alegria, com atenção aos mais
frágeis, com empenho e dedicação desinteressada; a Europa, que nasceu com
vocação de carvão e aço para ser, de facto, construtora da paz e da unidade
entre todos, porque mandou às malvas a educação que os pais lhe deram e acha
retrogrado apostar nessas coisas, está-se a esfrangalhar em saídas, não em
saídas por amor às preferias, mas por egoísmos de quem pensa que ainda manda no
mundo e pode exigir o sol na eira e a chuva no nabal. A mãe, mesmo que já
cansada, não faz eleições lá em casa para saber quem é que passa agora a mandar
e porquanto tempo o fará, não há propaganda eleitoral, há uma espécie de
atenção continua e discreta de toda a comunidade familiar para que todos se
amem e vivam bem e a nenhum falte o essencial para viver feliz e honestamente;
em casa da mãe Europa todos querem mandar. No entanto, dado que nem todos o
podem fazer, escolhem-se alguns dos que se apresentam como os melhores para tal
desempenho, para que mandem, nem que seja mal. Por isso, os que se consideram
mais dignos e capazes para tais andanças e ordenanças, já andam por aí, pelas
ruas, a querer convencer sobre o que lá vão mandar, a fazer ouvir o pouco que
dizem sem dizer nada, não sabendo nós, mesmo assim, se aquele pouco que dizem é
o muito que realmente pensam ou se apenas falam verdade quando dizem mal uns
dos outros! A vontade de se juntarem àqueles que por lá já riscam e
desarriscam, àqueles que já sabem quem deve tanto, quem empresta o quê, quem
paga a quem, quem é o próximo a cair no lixo e quem é o mártir das dores
ciáticas, tudo, tudo isso a tudo obriga e faz com que todos andem animados.
Ainda bem, aplaudimos e gostamos que assim seja! À mãe, neste dia, oferecemos
uma linda flor ou uma prenda, ou, se já faleceu, rezamos por ela, agradecidos e
com saudade; à mãe Europa vamos oferecer-lhe o voto, sim, é a única forma de
podermos participar na sua alegria ou na sua tristeza, depende dos olhares.
Votar é um dever, mesmo quando o tiro sai pela culatra e nos atira pelo chão.
Com uma oração e as melhores saudações para todas as mães, a todos deixo um
poema de Filipa Leal sobre a Europa, um poema integrado no festival de Poesia
de Berlim sob “Um diálogo europeu em versos”, e que li em Focussocial – Revista
de Economia Social, de dezembro de 2016:
“A EUROPA
Apontas para o rosto
sarcástico do sol de Inverno
E disparas. Há tantos meses que não chove – reparaste?
É o próprio céu a desistir de ti. E mesmo assim tu disparas, só sabes disparar.
Estás enganada, Europa. Envelheceste mal e perdeste a humildade.
Não é contra o sarcasmo que disparas, não é contra o Inverno,
Nem sequer contra o insólito, contra o desespero.
Tu disparas contra a luz.
Podes atirar-me tudo à cara, Europa: bombas, palavras, relatório de contas.
Podes até atirar-nos à cara um deputado, uma cimeira.
Mas os teus filhos não querem gravatas. Os teus filhos querem paz.
Os teus filhos não querem que lhes dês a sopa. Os teus filhos querem trabalhar.
Há tantos meses que não chove – reparaste?
A terra está seca. Nem abraçados à terra conseguimos dormir.
Enquanto te escrevo, tu continuas a fazer contas, Europa.
Quem deve. Quem empresta. Quem paga.
Mas os teus filhos têm fome, têm sono. Os teus filhos têm medo do escuro.
Os teus filhos precisam que lhes cantes uma canção, que os vás adormecer.
Eu acreditei em ti e tu roubaste-me o futuro e o dos meus irmãos.
Se estamos calados, Europa, é apenas porque, contrários ao teu gesto,
Nós não queremos disparar.” (Filipa Leal)
.......
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 03-05-2019.
E disparas. Há tantos meses que não chove – reparaste?
É o próprio céu a desistir de ti. E mesmo assim tu disparas, só sabes disparar.
Estás enganada, Europa. Envelheceste mal e perdeste a humildade.
Não é contra o sarcasmo que disparas, não é contra o Inverno,
Nem sequer contra o insólito, contra o desespero.
Tu disparas contra a luz.
Podes atirar-me tudo à cara, Europa: bombas, palavras, relatório de contas.
Podes até atirar-nos à cara um deputado, uma cimeira.
Mas os teus filhos não querem gravatas. Os teus filhos querem paz.
Os teus filhos não querem que lhes dês a sopa. Os teus filhos querem trabalhar.
Há tantos meses que não chove – reparaste?
A terra está seca. Nem abraçados à terra conseguimos dormir.
Enquanto te escrevo, tu continuas a fazer contas, Europa.
Quem deve. Quem empresta. Quem paga.
Mas os teus filhos têm fome, têm sono. Os teus filhos têm medo do escuro.
Os teus filhos precisam que lhes cantes uma canção, que os vás adormecer.
Eu acreditei em ti e tu roubaste-me o futuro e o dos meus irmãos.
Se estamos calados, Europa, é apenas porque, contrários ao teu gesto,
Nós não queremos disparar.” (Filipa Leal)
.......
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 03-05-2019.
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