PARÓQUIAS DE NISA
Quarta-feira, 05 de maio de 2021
Quarta da IV semana da Páscoa
LITURGIA
Quarta-feira
da semana V
Branco –
Ofício da féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 At 15, 1-6; Sal 121 (122), 1-2. 3-4a. 4b-5
Ev Jo 15, 1-8
* Na Ordem Agostiniana – BB. Vicente Soler, presbítero, e Companheiros,
mártires – MO
* Na Ordem Carmelita – S. Ângelo da Sicília, presbítero e mártir – MO
* Na Ordem de São Domingos – S. Vicente Ferrer, presbítero – MO
* Na Diocese de Portalegre-Castelo Branco (Sé) – I Vésp. do aniversário da
Dedicação da Igreja Catedral.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 70,
8.23
Cante a minha boca, Senhor, a vossa glória, proclamando continuamente os vossos
louvores. Os meus lábios exultem de alegria. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, Pai santo, que amais a inocência e a restituís aos que a perderam,
dirigi para Vós os corações dos vossos servos, para que vivam sempre na luz da
vossa verdade aqueles que libertastes das trevas do erro. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 15, 1-6
«Decidiram que fossem tratar esta questão
com os Apóstolos e os anciãos»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, alguns homens que desceram da Judeia começaram a ensinar aos
irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão, segundo a lei de Moisés,
não podereis salvar-vos». Isto provocou um conflito e uma discussão intensa que
Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais
alguns discípulos subissem a Jerusalém para tratarem desta questão com os
Apóstolos e os anciãos. Despedidos afavelmente pela Igreja, atravessaram a
Fenícia e a Samaria, onde narravam a conversão dos gentios, causando grande
contentamento a todos os irmãos. Ao chegarem a Jerusalém, foram recebidos pela
Igreja, pelos Apóstolos e pelos anciãos, e contaram tudo o que Deus tinha feito
por seu intermédio. Ergueram-se alguns homens do partido dos fariseus que
tinham abraçado a fé, para dizerem que era preciso circuncidar os gentios e
impor-lhes a observância da Lei de Moisés. Então os Apóstolos e os anciãos
reuniram-se para examinar o assunto.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 121 (122), 1-2.3-4a.4b-5 (R. cf. 1)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém. Refrão
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor. Refrão
Segundo o costume de Israel,
para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David. Refrão
ALELUIA Jo 15, 4a.5b
Refrão: Aleluia Repete-se
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós,
diz o Senhor.
Quem permanece em Mim dá fruto abundante. Refrão
EVANGELHO Jo 15, 1-8
«Quem permanece em Mim e Eu nele dá fruto abundante»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu
Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e
limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais
limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu
permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a
videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito
fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em Mim, será
lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao
fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em
vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que
deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que em todo o tempo possamos alegrar-nos com estes mistérios
pascais, de modo que o ato sempre renovado da nossa redenção seja para nós
causa de alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Fomos resgatados pelo Sangue de Cristo,
que, ressuscitando de entre os mortos,
fez brilhar sobre nós a sua luz. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ouvi, Senhor, as nossas preces e fazei que estes santos mistérios da nossa
redenção nos auxiliem na vida presente e nos alcancem as alegrias eternas. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
Leituras: Atos
15, 1-6: Grande dificuldade, na Igreja primitiva, foi a
passagem do Antigo ao Novo Testamento, do judaísmo para o cristianismo. A
novidade do cristianismo não era facilmente aceite pelos judeus
tradicionalistas. Era a consequência de se confundir o espírito com a letra. A
lei de Moisés era o guia para Cristo, e não a palavra definitiva. Para
encontrar uma solução para tal questão, reúne-se em Jerusalém um “concílio”.
Jo 15, 1-8: A
comparação entre o povo de Deus e a vinha é tradicional na Sagrada Escritura.
Mas aqui é o próprio Jesus que Se apresenta como a videira, e aos seus
discípulos como as varas da mesma. Tal comparação sublinha a identidade de
vida, que, procedendo de Jesus, vivifica os membros da sua Igreja. Não se trata
apenas de união exterior, mas de comunhão de vida que d’Ele nos vem.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Tolosa
18.00 horas: Missa em
Nisa.
A VOZ DO PASTOR:
QUANDO OS PATRÕES REZAM PELOS OPERÁRIOS E VICE-VERSA
A frase em título vai provocar sisudez em
alguns leitores. Paciência, não perco casamento! Uns acharão que isso é um
disparate ou uma ousadia de mau gosto. Outros levarão a mão à boca,
escandalizados, como se eu tivesse dito uma blasfémia ou uma sonante
jaculatória minhota a ecoar por entre a bigorna, o martelo e o estribo, até dos
surdos. Seja como for, nada retiro, nem que o rabo torça a porca (com licença,
dizia-se na minha terra sempre que se apelava a porcos, com licença!). E quem
diz responsáveis diz empresários, dirigentes de instituições, clubes, etc. etc.
etc... O Papa Francisco, que ainda há dias, no 25 de abril, foi citado na Assembleia
da República, não se cansa de repetir que “não nos esqueçamos nunca de rezar
uns pelos outros”. Chamei-lhe Assembleia da República, e bem. Todos nós
acreditamos que é e deve ser a Casa da Democracia. No entanto, segundo uma
versão recentíssima dada à luz por quem esgravata nos arcanos desse saber, esse
sítio é o “sítio mais sagrado da maçonaria”, é o “maior templo de maçonaria em
Portugal”. Assim sendo, os nossos dedicados representantes, aí reunidos mas
nunca unidos, constituem, nesse sagrado templo, uma assembleia orante mui
“discreta”, mui “secreta”, mui “embiocada”! E será mesmo que, de cada dez dos
parlamentares mais homenageados, nove são maçons?... “Hombre! yo tampoco creo
en las brujas, pero que las hay, las hay... y crecen como hongos!...” Mas
voltemos ao nosso tema antes que seja tarde e desapareça.
Num Estado laico, como é o nosso, o poder é
imparcial em relação a questões religiosas. Ser imparcial, porém, não significa
que seja ateu, agnóstico ou que discrimine a fé dos cidadãos ou os proíba de a
exercer e se afirmarem. A Igreja sempre rezou e ensina o povo a rezar pelos
governantes e por outros responsáveis e dirigentes sociais. Não para que o
explorem e desprezem. Mas para que o sirvam com competência e honestidade e lhe
garantam uma vida digna, calma e tranquila. É possível que muitos cristãos nem
sempre se lembrem de rezar pelos seus súbditos, funcionários, operários,
associados, dirigidos, alunos, clientes, utentes... Interceder pelos outros é
um gesto nobre e fraterno, também de gratidão pelas suas pessoas, pelo seu
serviço ou trabalho ou até, depende de que lado se está, são eles quem lhes
garante o emprego ou o seu crescimento económico. É belo o testemunho que nos
dá um oficial romano, em Cafarnaum. Quando Jesus entrou na cidade, este
centurião foi ao seu encontro para lhe implorar a cura do seu servo que estava
às portas da morte. Reparem: era um escravo a quem o centurião, carinhosamente,
chama “meu filho”! (cf. Lc 7,1-10). Dizer que todos somos irmãos, implica
reconhecer que temos um Pai comum, que é Deus. Dizer que todos somos irmãos é,
pois, entender que o povo não é uma espécie de palco onde “estranhos” sobem e
pisam como meros atores para satisfazer interesses concertados pelos camarins e
anexos! Por certo que há muita gente que reza pelos seus súbditos, e não só.
Outros, porém, sem ninguém lho perguntar, até se adiantam a dizer que são
ateus, graças a Deus, ou agnósticos. Quando se insinuam desse jeito, até parece
que estão a fazer um ato de fé ao contrário. Querem fazer-se de fortes e passar
por pessoas desempoeiradas e sabidas, como se a fé os diminuísse ou lhes
mordesse. A fé no Deus de Jesus Cristo não deve envergonhar ninguém, antes pelo
contrário, é um dom nunca demais agradecido. Ele dinamiza, humaniza, dá sentido
à existência, às coisas e ações da vida, salva. Quem se envergonhar de Mim
diante dos homens, também Eu Me envergonharei dele diante de Meu Pai que está
nos céus, disse-nos Jesus (cf. Lc 9, 26).
Quando Pilatos quis chamar Jesus à pedra,
puxou pelos seus galões de governante para lhe recordar que tinha autoridade
para o soltar e para o crucificar. Jesus respondeu-lhe: “Não terias nenhuma
autoridade sobre Mim se ela não te fosse dada por Deus”. Naquele outro bate
papo sobre se se devia ou não pagar o tributo a César, Jesus disse aos
interlocutores que era preciso respeitar a autoridade civil e as suas leis: dai
a César o que é de César. Mas também lhes disse que não se pode absolutizar
o poder. A ninguém pertence assumir o que é exclusivo de Deus. Por isso, Jesus
acrescentou: e dai a Deus o que é de Deus”.
Acredito que, quem de direito, se esmere por
dar ao povo o que o povo espera deles, porque neles confiou. Mesmo que não
sejam crentes, é uma excelente forma de dar a Deus o que é de Deus, se não se
entrar por caminhos dúbios. O povo não é uma massa inerte a ser manipulada e
instrumentalizada para servir os caminhos da altivez, da corrupção ou da
barbárie. Aos discípulos em busca de poder, Jesus disse-lhes que aquele que
quisesse ser o maior se tornasse o último e servisse a todos, sobretudo os mais
frágeis. Os responsáveis pelo destino dos povos, nos seus mais diversos setores
de intervenção, devem ser estimados, respeitados e obedecidos desde que humanos
e as suas leis sejam justas, humanizantes e balizadas. Não é uma obediência
passiva e de total submissão, até porque, se alguma autoridade se julgasse
acima do próprio Deus e agisse libertinamente, “é preciso obedecer antes a Deus
do que aos homens”, mesmo que isso venha a causar dissabores (cf. At 5, 29).
Os governos, se legítimos, exercem uma
autoridade conferida pelo próprio Deus, como diz São Paulo (Rom 13.1-2). Não
para se arvorarem em poderes teocráticos como se Deus lhes dissesse segredos
aos ouvidos em linguagem encriptada, lhes desse poderes para discriminação de
género, para escravizar, esfolar e matar, e os ilibasse da ética da
responsabilidade e do bom senso. Não para que surjam poderes messiânicos,
opressivos e despóticos a impor sujeição absoluta, endeusando-se para explorar
ou exterminar pessoas e povos só porque sim, ou porque pensam e são diferentes.
Também nenhuma autoridade, ou seja quem for, é uma espécie de marionete ou
instrumento nas mãos de Deus. A soberania de Deus abarca a todos, sim, mas em
liberdade na responsabilidade. Ele confia em cada um as funções que cada um é
capaz de exercer honestamente e segundo as suas próprias capacidades em favor
do bem comum. Para isso, a todos deu inteligência para pensar, investigar e
programar. Deu talentos, vontade e força para trabalhar e concretizar o
possível e o melhor. No coração de todos escreveu uma Lei, a lei do amor a Deus
e ao próximo, com uma consciência que aplaude ou reprova os procedimentos. Esta
confiança que Deus coloca naqueles que exercem autoridade, seja ela qual for, obriga-os a promover a vida social
na verdade, na justiça, na solidariedade e na paz. Só o abandono de Deus levará
alguém a espezinhar o homem, o povo.
Os pais da União Europeia, homens humildes e
políticos de eleição, tinham consciência de que eram instrumentos bem limitados
de uma Providência que se servia deles para a realização de desígnios que os
ultrapassava. Isso dava-lhes serenidade e maior sentido de responsabilidade.
Sabiam que o maior revolucionário de toda a história serviu de coração humilde
e morreu de braços abertos na cruz, abraçando a todos. E não tinham receio de
alavancar o seu universalismo, a sua política de união e de fraternidade, de
justiça e de paz, no fermento do Evangelho. Também Tomás Moro, Patrono dos
Governantes e dos Políticos, agindo diante de Henrique VIII como João Batista
diante de Herodes, foi condenado à morte. Sempre dedicado e leal ao rei, nunca
deixou de defender as suas convicções sobre a família. No momento da execução
afirmou: “…morro fiel servidor de Deus e do rei, mas primeiro de Deus…”.
Respondendo a uma pergunta de alguém, o Papa
Francisco afirmou que os cristãos não podem fazer de pilatos, lavar as
mãos...têm a obrigação de se envolver na política… é uma das formas mais
elevadas da caridade, visto que procura o bem comum... e se ela está muito suja
“não será porque os cristãos se envolveram na política sem espírito
evangélico?”.
“A Igreja encara com simpatia o sistema da
democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas
e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar os
próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se torna
oportuno” (CA46). Bem como defende a reforma pacífica das estruturas e
instituições políticas para mudar os regimes corruptos e ditatórias em sistemas
mais democráticos e participativos. Neste mês de abril, por exemplo, o Papa
Francisco propôs como oração comum para toda a Igreja, rezar “por aqueles que
arriscam a vida lutando pelos direitos fundamentais nas ditaduras, nos regimes
autoritários e também nas democracias em crise”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 30-04-2021.
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