PARÓQUIAS
DE NISA
Terça-feira,
13 de julho de 2021
Terça
da XV semana do tempo comum
LITURGIA
Terça-feira
da semana XV
S. Henrique – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L 1 Ex 2, 1-15a; Sal 68 (69), 3. 14. 30-31. 33-34
Ev Mt 11, 20-24
* Na Diocese de Leiria-Fátima – Aniversário da Dedicação da Igreja Catedral. Na
Sé – SOLENIDADE; nas outras igrejas da Diocese – FESTA
* Na Ordem Carmelita e na Ordem dos Carmelitas Descalços – S. Teresa de Jesus
dos Andes, virgem – MF e MO
* Na Ordem Franciscana (III Ordem) – B. Angelina Marsciano, religiosa, da III
Ordem – MF
* Na Congregação das Filhas de São Camilo – I Vésp. de S. Camilo de Lelis.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA cf. Salmo
16, 15
Eu venho, Senhor, à vossa presença:
ficarei saciado ao contemplar a vossa glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus,
que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade
para poderem voltar ao bom caminho,
concedei a quantos se declaram cristãos
que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome,
sigam fielmente as exigências da sua fé.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Ex 2, 1-15a
«Deu-lhe o nome de Moisés, dizendo: ‘Salvei-o das águas’.
Quando Moisés já era homem, foi ter com os seus irmãos»
Leitura do Livro
do Êxodo
Naqueles dias, um homem da família de Levi tomou como esposa uma jovem da mesma
tribo. A mulher concebeu e deu à luz um filho e, vendo como era belo,
escondeu-o durante três meses. Como não podia mantê-lo oculto por mais tempo,
arranjou uma cesta de papiro, calafetou-a com betume e pez, meteu nela o menino
e colocou-a entre os juncos, à beira do rio, enquanto a irmã dele ficava a
certa distância, para ver o que iria acontecer-lhe. Ora a filha do faraó desceu
ao rio para se banhar, enquanto as suas donzelas passeavam ao longo da margem.
Então ela avistou a cesta no meio dos juncos e mandou a uma serva que a fosse
buscar. Abriu-a e viu a criança: era um menino a chorar. Teve pena dele e
exclamou: «É um filho de hebreus». A irmã dele disse à filha do faraó: «Queres
que eu vá procurar, entre as mulheres hebreias, uma ama para criar este
menino?». «Vai!» – disse a filha do faraó. E a jovem foi chamar a mãe da
criança. Disse-lhe a filha do faraó: «Leva este menino, a fim de o criares para
mim, e eu própria te darei o teu salário». Então a mulher levou a criança e
amamentou-a. Quando o menino cresceu, trouxe-o à filha do faraó, que o adotou
como filho e lhe deu o nome de Moisés, dizendo: «Salvei-o das águas». Certo
dia, quando Moisés já era homem, foi ter com os seus irmãos e viu como eram
duros os trabalhos a que os sujeitavam. Viu também um egípcio agredir um dos
hebreus, seus irmãos. Olhou para todos os lados e, não vendo ninguém, matou o
egípcio e escondeu-o na areia. Ao voltar no dia seguinte, estavam dois hebreus
a lutar um contra o outro. Disse então ao agressor: «Porque bates no teu
companheiro?». Mas ele respondeu-lhe: «Quem te fez nosso chefe ou nosso juiz?
Pretendes matar-me como fizeste ao egípcio?». Moisés assustou-se, pensando
consigo: «Certamente o facto é conhecido». O faraó ouviu falar do caso e
procurava dar a morte a Moisés. Então Moisés fugiu para longe e foi refugiar-se
na terra de Madiã.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 68 (69), 3.14.30-31.33-34 (R. cf. 33)
Refrão: Humildes, procurai o Senhor. Repete-se
Ou: Procurai, pobres, o Senhor e encontrareis a vida. Repete-se
Atolei-me na lama do abismo
e não tenho onde apoiar-me.
Cheguei até ao fundo das águas
e as ondas me submergiram. Refrão
A Vós, Senhor, elevo a minha súplica,
no momento propício, meu Deus.
Pela vossa grande bondade, respondei-me,
em prova da vossa salvação. Refrão
Eu sou pobre e miserável:
defendei-me, ó Deus, com a vossa proteção.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei. Refrão
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos. Refrão
ALELUIA cf. Salmo 94 (95), 8ab
Refrão: Aleluia Repete-se
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão
EVANGELHO Mt 11, 20-24
«O dia do Juízo será mais tolerável para Tiro e Sidónia
do que para vós»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo seg. São Mateus
Naquele tempo, começou Jesus a censurar duramente as cidades em que se tinha
realizado a maior parte dos seus milagres, por não se terem arrependido: «Ai de
ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidónia se tivessem
realizado os milagres que em vós se realizaram, há muito teriam feito
penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza. Mas Eu vos digo que
no dia do Juízo haverá mais tolerância para Tiro e Sidónia do que para vós. E
tu, Cafarnaum, serás exaltada até ao céu? Até ao inferno é que descerás. Porque
se em Sodoma se tivessem realizado os milagres que em ti se realizaram, ela
teria permanecido até hoje. Mas Eu vos digo que no dia do Juízo haverá mais
tolerância para a terra de Sodoma do que para ti».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons da vossa Igreja em oração
e concedei aos fiéis que os vão receber
a graça de crescerem na santidade.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 83, 4-5
As aves do céu encontram abrigo
e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos,
meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa casa
e a toda a hora cantam os vossos louvores.
Ou Jo 6, 57
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais à vossa mesa santa,
humildemente Vos suplicamos:
sempre que celebramos estes mistérios,
aumentai em nós os frutos da salvação.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Ex 2, 1-15a: A Bíblia apresenta com frequência a intervenção
divina na infância das personagens que hão de vir a desempenhar papéis da maior
importância na história do povo de Deus. Assim acontece com Moisés. Depois,
este, à medida que vai crescendo, não esquece a solidariedade com os seus
irmãos e, por amor a eles, chega a expor-se à vingança dos pagãos.
Mt 11, 20-24: Quanto maior foi o conhecimento que se
teve da palavra de Deus, maior será a responsabilidade diante do mesmo Deus.
Por isso, maior é a responsabilidade das terras onde chegou a mensagem do
Evangelho do que a daquelas onde ela nunca chegou. O aviso do Senhor tinha
especial razão de ser para os seus contemporâneos que não prestavam a devida atenção
à palavra que ouviam diretamente da sua boca, mas igualmente a têm para todos a
quem, através dos tempos, essa mesma palavra pôde chegar.
AGENDA DO DIA:
18.00 horas:
Nissa em Nisa
18.00 horas:
Nissa em Alpalhão
21.00 horas: Novena
na Igreja de Nossa Aenhora da Graça
A VOZ DO
PASTOR:
DA UMBRIA AO PALÁCIO DE SÃO BENTO
Viviam-se tempos difíceis de tragar. Desde a segunda
metade do século II, a unidade do império romano ia-se desmoronando. As províncias
romanas fervilhavam com o sonho de emancipação e de melhor futuro. Roma já não
fazia ecoar tanto o chocalho da sua autoridade e prepotência. E, se, por um
lado, a angústia e o medo se apoderavam da população desprotegida, por outro
lado, essa mesma população tornava-se cúmplice da invasão dos bárbaros. É
sempre assim: ciclicamente, a história dos povos, mesmo que por entre alguns
trambolhões, dá saltos mirabolantes em busca de novos trilhos e de espaço menos
poluído para respirar e viver. Assim, com a decadência do império romano e a
emergência dos povos bárbaros, vai surgindo um outro mundo. Nesse mundo, por
volta do ano 480, nasce, na Umbria, em Núrcia, um cachopo a quem dão o nome de
Bento. Crescendo escorreito e dotado de apreciável inteligência e vontade,
parte para Roma para continuar estudos. O que por lá foi vendo e ouvindo
deu-lhe volta às vísceras, foi demais. Desagradado com tal ambiente, resolve
viajar pelos atribulados caminhos de si mesmo até ao mais profundo de si
próprio. Primeiro, lá pelos montes de Sabina. Depois, mais difícil ainda, como
eremita numa caverna de difícil acesso espetada nas montanhas de Subiaco.
Descendo mais para o terreno, o seu zelo e rigor, porém, de tal forma fizeram
aquecer os fusíveis de alguns dos seus seguidores que estes planearam amansá-lo
com uns pozinhos mágicos perlimpimpim. Tendo percebido a tramoia e achando que
era cedo para bater a bota, resolve cuidar-se para não lhes dar a alegria de o
verem acordar morto, mas não desiste. A sua fama de santidade continua a atrair
gente e a fazer discípulos. Ponderar sobre o sentido da vida, a sacralidade e
os valores inalienáveis da pessoa humana, constituíram para ele a prioridade e
o caminho a seguir. Aberto às intuições do Alto, nas ruínas de uma antiga acrópole
pagã, onde havia um templo dedicado a Apolo, constrói a Abadia do Monte
Cassino. Ao longo dos tempos, diversas vezes foi invadida, saqueada, queimada,
destruída. A última vez que isso aconteceu foi em princípios de 1944, na
segunda Guerra Mundial. Mas sempre foi reconstruída e deu à Igreja muitos
bispos, alguns papas e muitíssimas pessoas do saber e do saber sonhar e fazer.
A par, funda pequenas comunidades ou mosteiros, espalhados por montes e vales,
dentro dos quais não havia distinção entre livres e escravos, nobres e plebeus.
E se ele era o Abade de todos, cada mosteiro, autónomo na sua subsistência,
também era presidido por um abade, um pai. Deveria ser uma comunidade ideal,
evangélica, baseada na oração, no trabalho, na obediência, na pobreza, no amor
fraterno e na hospitalidade. Este espírito e organização a implementar nos
mosteiros estavam plasmados na “Regra” que Bento elaborou, onde também exortava
os monges a ouvirem com o coração e a confiarem na misericórdia de Deus. E já
que o ócio é mau conselheiro e inimigo da alma, também acentuava a necessidade
do trabalho. Assim, este ideal da busca de Deus e do trabalho, aliado ao ideal
da comunhão, da fraternidade e da ajuda recíproca, fez história, foi excelente
instrumento de evangelização, renovou e transformou a sociedade, inspirou
muitas comunidades e outra gente, a nível eclesial e civil. Passados mais de
1500 anos, a “Regra de São Bento” continua viva e atuante. Ao longo dos
séculos, e por toda a Europa, os mosteiros beneditinos tornaram-se centros de
irradiação do Evangelho, da cultura e da promoção social. Constituíram
verdadeiras escolas onde se aprendia a ler, a escrever e a cultivar a terra.
Criaram universidades e escolas de artes e ofícios, ergueram hospitais e outras
instâncias de caridade e de apoio social, bem como bibliotecas para preservar,
reproduzir e acolher obras do pensamento e da literatura. Em fidelidade à cruz,
ao livro e ao arado, souberam integrar as culturas grega e romana bem como
souberam dialogar com os bárbaros. Uniram povos diferentes entre si e tiveram
um papel ímpar na unificação espiritual da Europa. Deram origem à cultura
europeia alicerçada no primado de Deus e do trabalho, ajudaram a Igreja a ser
fiel à sua missão atravessando os tempos e fazendo história em cada tempo,
mesmo que também ela sujeita às fragilidades humanas. Se cometeu erros e
pecados, se fez cedências e fraquejou com algumas subserviências, sempre
manteve a sua identidade ao longo de dois mil anos de história. Cada tempo é
cada tempo, tem as suas circunstâncias, as suas exigências e as possíveis
formas de estar e sobreviver, nem sempre fáceis. Nenhum tempo se pode julgar
com os olhos de outro tempo e de ânimo leve. Com certeza que, em cada tempo, a
Igreja procurou exercer a sua missão, mesmo quando a pressão política, o ruído
e a empatia do mundo não lhe permitiam ouvir convenientemente a voz do Espírito
para agir como deveria.
Francisco, na visita ao Parlamento Europeu e ao
Conselho da Europa, em novembro de 2014, afirmou que uma “história bimilenária
liga a Europa e o cristianismo. Uma história não livre de conflitos e erros, e
também de pecados, mas sempre animada pelo desejo de construir o bem. Vemo-lo
na beleza das nossas cidades e, mais ainda, na beleza das múltiplas obras de
caridade e de construção humana comum que constelam o Continente. Esta história
ainda está, em grande parte, por escrever. Ela é o nosso presente e também o
nosso futuro. É a nossa identidade. E a Europa tem uma necessidade imensa de
redescobrir o seu rosto para crescer, segundo o espírito dos seus Pais
fundadores, na paz e na concórdia, já que ela mesma não está ainda isenta dos
conflitos”. Para Francisco, se se devem evitar “os purismos angélicos, os
totalitarismos do relativo, os fundamentalismos a-históricos, os eticismos sem
bondade, os intelectualismos sem sabedoria”, também se deve “abandonar a ideia
de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a
Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores
humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a
Europa que assiste, defende e tutela o homem; a Europa que caminha na terra
segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade!”
Os fundadores da atual Comunidade Europeia eram
cristãos convictos e assumidos, quer em família e na sociedade quer nos debates
e nas leis quer na promoção do progresso dos povos e do bem comum. Um deles já
está a caminho dos altares.
A nossa Assembleia da República tem a sede no Palácio
de São Bento, assim chamado para conservar a memória dum mosteiro beneditino
ali construído por volta de 1598 e tomado pelo Estado em 1834, com a extinção
das ordens religiosas em Portugal. Que São Bento, primeiro unificador
espiritual da Europa e seu Padroeiro, e cuja Festa celebramos por estes dias,
interceda por esta Europa que tanto foge do que lhe falta e muito precisa: do
Salvador, o maior revolucionário de todos os tempos que, com a potente arma do
amor e a total doação de si mesmo aos outros, se apresentou como o Caminho, a Verdade
e a Vida. A laicidade que sabe dar a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus dentro dessa saudável autonomia das realidades terrestres, não se confunde
com o laicismo que se quer afirmar em contornos de religião laica, de “religião
não-religiosa”. Erradicar Deus da vida pública ou pretender reduzi-lo à esfera
subjetiva e pessoal, significa o desprezo pelo próprio homem, a negação da sua
liberdade e da fraternidade universal. Se nos temos como irmãos e o somos, é
porque temos um Pai comum que é Deus. Quando o homem abandona Deus com a
pretensão de querer ocupar o seu lugar, o homem torna-se predador do outro
homem. Infelizmente, as lições da história demonstram quanto isso é verdade!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 09-07-2021.
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