PARÓQUIAS
DE NISA
Quarta-feira,
14 de julho de 2021
Quarta
da XV semana do tempo comum
LITURGIA
Quarta-feira
da semana XV
S. Camilo de Lelis, presbítero – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
L 1 Ex 3, 1-6. 9-12; Sal 102 (103), 1-2. 3-4. 6-7
Ev Mt 11, 25-27
* Na Ordem Franciscana – S. Francisco Solano, presbítero, da I Ordem – MF
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Francisco Solano, presbítero, da I
Ordem – MF
* Na Congregação das Filhas de São Camilo – S. Camilo de Lelis, Fundador da
Ordem dos Ministros dos Enfermos – SOLENIDADE
* Na Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus – S.
Camilo de Lelis, presbítero – MO
* Na Ordem Franciscana (I Ordem – Convento de Montariol) – I Vésp. de S.
Boaventura.
* Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (Casa do Telhal) – I Vésp. da
Dedicação da igreja da Casa.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 16, 15
Eu venho, Senhor, à vossa presença:
ficarei saciado ao contemplar a vossa glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus,
que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade
para poderem voltar ao bom caminho,
concedei a quantos se declaram cristãos
que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome,
sigam fielmente as exigências da sua fé.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Ex 3, 1-6.9-12
«Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama ardente,
do meio de uma sarça»
Leitura do Livro
do Êxodo
Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu
sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao
monte de Deus, Horeb. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente,
do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que
a sarça não se consumia. Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão
assombroso espetáculo: por que motivo não se consome a sarça?» O Senhor viu que
ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés,
Moisés!» Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes.
Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E
acrescentou: «Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de
Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o
Senhor: «O clamor dos filhos de Israel chegou até Mim; vi também a violência
com que os egípcios os oprimem. Agora põe-te a caminho, que Eu vou enviar-te ao
faraó, para que tires do Egipto o meu povo, os filhos de Israel». Moisés disse
a Deus: «Quem sou eu, para ir à presença do faraó e tirar do Egipto os filhos
de Israel?». Deus respondeu-lhe: «Eu estarei contigo e este é o sinal de que
fui Eu que te enviei: Quando tirares o povo do Egipto, adorareis a Deus neste
monte».
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 102 (103), 1-2.3-4.6-7 (R. 8a)
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de
compaixão. Repete-se
Ou: Senhor, sois um Deus clemente e
compassivo. Repete-se
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. Refrão
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. Refrão
O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus p rodígios. Refrão
ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia Repete-se
Bendito, sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Refrão
EVANGELHO Mt 11, 25-27
«Escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus
exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste
estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim,
Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu
Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar».
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons da vossa Igreja em oração
e concedei aos fiéis que os vão receber
a graça de crescerem na santidade.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 83, 4-5
As aves do céu encontram abrigo
e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos,
meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa casa
e a toda a hora cantam os vossos louvores.
Ou Jo 6, 57
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais à vossa mesa santa,
humildemente Vos suplicamos:
sempre que celebramos estes mistérios,
aumentai em nós os frutos da salvação.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Ex 3, 1-6.9-12: Moisés, que havia de ser o
instrumento de Deus para libertação do povo, recebe, nesta visão, a consciência
da grandeza e do poder de Deus, ao mesmo tempo que do seu amor e solicitude
pelo povo que Ele queria salvar. A transcendência de Deus não é obstáculo à sua
solicitude de amor para com os homens, como Moisés o sentiu. Ao mesmo tempo, o
encontro com Deus é sempre encontro que transforma a vida e leva à missão, como
o foi para Moisés.
Mt 11, 25-27: Os “pequeninos” são os discípulos de
Jesus, as coisas que só a eles são reveladas são os mistérios do reino de Deus.
De facto, o conhecimento destas verdades é fruto da revelação que Deus faz a
quem escuta a sua palavra com o coração puro o sincero. O encontro com Deus só
é possível se nos colocarmos diante d’Ele em atitude de verdade: verdade que é
consciência da nossa profunda pobreza; verdade que é despojarmo-nos de nós
mesmos, do nosso orgulho; verdade que é lançarmo-nos nos caminhos da
fraternidade e da humanidade, como quem é capaz de se agarrar ao essencial, de
viver “como se visse o invisível”.
AGENDA DO DIA:
15.00
horas: Missa no Lar de Arez
17.00
Missa em Gáfete
18.00
horas: Nissa em Nisa
21.00
horas: Novena na Igreja de Nossa Senhora
da Graça
A VOZ DO
PASTOR:
DA UMBRIA AO PALÁCIO DE SÃO BENTO
Viviam-se tempos difíceis de tragar. Desde a segunda
metade do século II, a unidade do império romano ia-se desmoronando. As
províncias romanas fervilhavam com o sonho de emancipação e de melhor futuro.
Roma já não fazia ecoar tanto o chocalho da sua autoridade e prepotência. E,
se, por um lado, a angústia e o medo se apoderavam da população desprotegida,
por outro lado, essa mesma população tornava-se cúmplice da invasão dos
bárbaros. É sempre assim: ciclicamente, a história dos povos, mesmo que por
entre alguns trambolhões, dá saltos mirabolantes em busca de novos trilhos e de
espaço menos poluído para respirar e viver. Assim, com a decadência do império
romano e a emergência dos povos bárbaros, vai surgindo um outro mundo. Nesse
mundo, por volta do ano 480, nasce, na Umbria, em Núrcia, um cachopo a quem dão
o nome de Bento. Crescendo escorreito e dotado de apreciável inteligência e
vontade, parte para Roma para continuar estudos. O que por lá foi vendo e
ouvindo deu-lhe volta às vísceras, foi demais. Desagradado com tal ambiente,
resolve viajar pelos atribulados caminhos de si mesmo até ao mais profundo de
si próprio. Primeiro, lá pelos montes de Sabina. Depois, mais difícil ainda,
como eremita numa caverna de difícil acesso espetada nas montanhas de Subiaco.
Descendo mais para o terreno, o seu zelo e rigor, porém, de tal forma fizeram
aquecer os fusíveis de alguns dos seus seguidores que estes planearam amansá-lo
com uns pozinhos mágicos perlimpimpim. Tendo percebido a tramoia e achando que
era cedo para bater a bota, resolve cuidar-se para não lhes dar a alegria de o
verem acordar morto, mas não desiste. A sua fama de santidade continua a atrair
gente e a fazer discípulos. Ponderar sobre o sentido da vida, a sacralidade e
os valores inalienáveis da pessoa humana, constituíram para ele a prioridade e
o caminho a seguir. Aberto às intuições do Alto, nas ruínas de uma antiga
acrópole pagã, onde havia um templo dedicado a Apolo, constrói a Abadia do
Monte Cassino. Ao longo dos tempos, diversas vezes foi invadida, saqueada,
queimada, destruída. A última vez que isso aconteceu foi em princípios de 1944,
na segunda Guerra Mundial. Mas sempre foi reconstruída e deu à Igreja muitos
bispos, alguns papas e muitíssimas pessoas do saber e do saber sonhar e fazer.
A par, funda pequenas comunidades ou mosteiros, espalhados por montes e vales,
dentro dos quais não havia distinção entre livres e escravos, nobres e plebeus.
E se ele era o Abade de todos, cada mosteiro, autónomo na sua subsistência,
também era presidido por um abade, um pai. Deveria ser uma comunidade ideal,
evangélica, baseada na oração, no trabalho, na obediência, na pobreza, no amor
fraterno e na hospitalidade. Este espírito e organização a implementar nos
mosteiros estavam plasmados na “Regra” que Bento elaborou, onde também exortava
os monges a ouvirem com o coração e a confiarem na misericórdia de Deus. E já
que o ócio é mau conselheiro e inimigo da alma, também acentuava a necessidade
do trabalho. Assim, este ideal da busca de Deus e do trabalho, aliado ao ideal
da comunhão, da fraternidade e da ajuda recíproca, fez história, foi excelente
instrumento de evangelização, renovou e transformou a sociedade, inspirou
muitas comunidades e outra gente, a nível eclesial e civil. Passados mais de
1500 anos, a “Regra de São Bento” continua viva e atuante. Ao longo dos
séculos, e por toda a Europa, os mosteiros beneditinos tornaram-se centros de
irradiação do Evangelho, da cultura e da promoção social. Constituíram
verdadeiras escolas onde se aprendia a ler, a escrever e a cultivar a terra.
Criaram universidades e escolas de artes e ofícios, ergueram hospitais e outras
instâncias de caridade e de apoio social, bem como bibliotecas para preservar,
reproduzir e acolher obras do pensamento e da literatura. Em fidelidade à cruz,
ao livro e ao arado, souberam integrar as culturas grega e romana bem como
souberam dialogar com os bárbaros. Uniram povos diferentes entre si e tiveram
um papel ímpar na unificação espiritual da Europa. Deram origem à cultura
europeia alicerçada no primado de Deus e do trabalho, ajudaram a Igreja a ser
fiel à sua missão atravessando os tempos e fazendo história em cada tempo,
mesmo que também ela sujeita às fragilidades humanas. Se cometeu erros e
pecados, se fez cedências e fraquejou com algumas subserviências, sempre
manteve a sua identidade ao longo de dois mil anos de história. Cada tempo é
cada tempo, tem as suas circunstâncias, as suas exigências e as possíveis
formas de estar e sobreviver, nem sempre fáceis. Nenhum tempo se pode julgar
com os olhos de outro tempo e de ânimo leve. Com certeza que, em cada tempo, a
Igreja procurou exercer a sua missão, mesmo quando a pressão política, o ruído
e a empatia do mundo não lhe permitiam ouvir convenientemente a voz do Espírito
para agir como deveria.
Francisco, na visita ao Parlamento Europeu e ao
Conselho da Europa, em novembro de 2014, afirmou que uma “história bimilenária
liga a Europa e o cristianismo. Uma história não livre de conflitos e erros, e
também de pecados, mas sempre animada pelo desejo de construir o bem. Vemo-lo
na beleza das nossas cidades e, mais ainda, na beleza das múltiplas obras de
caridade e de construção humana comum que constelam o Continente. Esta história
ainda está, em grande parte, por escrever. Ela é o nosso presente e também o
nosso futuro. É a nossa identidade. E a Europa tem uma necessidade imensa de
redescobrir o seu rosto para crescer, segundo o espírito dos seus Pais
fundadores, na paz e na concórdia, já que ela mesma não está ainda isenta dos
conflitos”. Para Francisco, se se devem evitar “os purismos angélicos, os
totalitarismos do relativo, os fundamentalismos a-históricos, os eticismos sem
bondade, os intelectualismos sem sabedoria”, também se deve “abandonar a ideia
de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a
Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores
humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a
Europa que assiste, defende e tutela o homem; a Europa que caminha na terra
segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade!”
Os fundadores da atual Comunidade Europeia eram
cristãos convictos e assumidos, quer em família e na sociedade quer nos debates
e nas leis quer na promoção do progresso dos povos e do bem comum. Um deles já
está a caminho dos altares.
A nossa Assembleia da República tem a sede no Palácio
de São Bento, assim chamado para conservar a memória dum mosteiro beneditino
ali construído por volta de 1598 e tomado pelo Estado em 1834, com a extinção
das ordens religiosas em Portugal. Que São Bento, primeiro unificador
espiritual da Europa e seu Padroeiro, e cuja Festa celebramos por estes dias,
interceda por esta Europa que tanto foge do que lhe falta e muito precisa: do
Salvador, o maior revolucionário de todos os tempos que, com a potente arma do
amor e a total doação de si mesmo aos outros, se apresentou como o Caminho, a
Verdade e a Vida. A laicidade que sabe dar a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus dentro dessa saudável autonomia das realidades terrestres, não se
confunde com o laicismo que se quer afirmar em contornos de religião laica, de
“religião não-religiosa”. Erradicar Deus da vida pública ou pretender reduzi-lo
à esfera subjetiva e pessoal, significa o desprezo pelo próprio homem, a
negação da sua liberdade e da fraternidade universal. Se nos temos como irmãos
e o somos, é porque temos um Pai comum que é Deus. Quando o homem abandona Deus
com a pretensão de querer ocupar o seu lugar, o homem torna-se predador do
outro homem. Infelizmente, as lições da história demonstram quanto isso é
verdade!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 09-07-2021
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