PARÓQUIAS
DE NISA
Terça,
15 de dezembro de 2020
Terça
da III semana do Advento
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LITURGIA:
TERÇA-FEIRA
da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I do Advento.
L 1 Sof 3, 1-2. 9-13; Sal 33 (34), 2-3. 6-7. 17-18. 19 e 23
Ev Mt 21, 28-32
* Na Diocese da Guarda – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Manuel da
Rocha Felício (2002).
* No Instituto das Irmãs da Misericórdia de Verona – B. Carlos Steeb, Fundador
do Instituto – FESTA
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Zac 14,
5.7
O Senhor virá com todos os seus Santos.
Naquele dia brilhará uma grande luz.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que por meio do vosso Filho Unigénito fizestes de nós uma nova
criatura, olhai com bondade para a obra do vosso amor e, pela vinda do
Redentor, purificai-nos de todas as culpas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sof 3, 1-2.9-13
Promete-se a todos os povos a salvação messiânica
Leitura da
Profecia de Sofonias
Eis o que diz o Senhor: «Ai da cidade rebelde e impura, ai da cidade opressora!
Não escutou nenhum apelo, nem aceitou qualquer aviso. Não confiou no Senhor,
nem se aproximou do seu Deus. Mas Eu darei aos povos lábios puros, para que
todos invoquem o nome do Senhor e O sirvam de coração unânime. Do outro lado
dos rios da Etiópia, os meus adoradores virão trazer-Me ofertas. Nesse dia não
te envergonharás das ações com que Me ofendeste, porque afastarei do meio de
ti os fanfarrões e arrogantes e não tornarás a vangloriar-te no meu santo
monte. Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde e procurarão
refúgio no nome do Senhor os sobreviventes de Israel. Não voltarão a cometer
injustiças, não tornarão a dizer mentiras, nem mais se encontrará na sua boca
uma língua enganadora. Por isso terão pastagem e repouso, sem que ninguém os
perturbe».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 33 (34), 2-3.6-7.17-18.19.23 (R. 7a)
Refrão: O pobre clamou e o Senhor ouviu a
sua voz. Repete-se
Ou: O Senhor ouviu o clamor do pobre.
Repete-se
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. Refrão
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as suas angústias. Refrão
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias. Refrão
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele se refugiam. Refrão
ALELUIA
Refrão: Aleluia Repete-se
Vinde, Senhor, e não tardeis,
perdoai os pecados do vosso povo. Refrão
EVANGELHO Mt 21, 28-32
«Veio João e os pecadores acreditaram nele»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos
parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho,
vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois,
porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do
mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos
dois fez a vontade ao pai?» Eles responderam-Lhe: «O primeiro». Jesus
disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão
diante de vós para o reino de Deus. João Baptista veio até vós, ensinando-vos o
caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de
má vida acreditaram. E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes,
acreditando nele».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai benignamente, Senhor, para as nossas humildes ofertas e orações e, como
diante de Vós não temos méritos, ajudai-nos com a vossa misericórdia. Por Nosso
Senhor.
Prefácio do Advento I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO 2 Tim 4, 8
O Senhor dará a coroa da justiça
àqueles que esperam com amor a sua vinda.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com o alimento espiritual, humildemente Vos pedimos, Senhor, que, pela
participação neste sacramento, nos ensineis a apreciar com sabedoria os bens da
terra e a amar os bens do Céu. Por Nosso Senhor.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita,
situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração:
- Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Sof
3, 1-2.9-13: Nestes dias, apresentam-se na primeira
leitura as grandes profecias e outros textos mais significativos do Antigo
Testamento relacionados com o tempo do Messias. A cidade santa de Jerusalém,
centro e símbolo de toda a nação do povo de Israel, foi infiel ao Senhor; mas o
Senhor suscitou para Si um povo, vindo dos pagãos e do resto fiel de Israel. E
com ele fará obras admiráveis no meio dos homens, apesar da pobreza e humildade
dos mesmos.
Mt 21, 28-32: Deus
quer a nossa salvação, porque nos tem amor. Só é preciso que aceitemos o seu
dom e Lhe correspondamos, com fé e generosidade. São as obras, e não só ás
palavras, que hão de responder, concretamente, à palavra do Senhor. Se João
Baptista tivesse sido aceite como Precursor do Messias, Este teria certamente
sido também aceite, mais facilmente, pelos seus contemporâneos.
AGENDA DO DIA
11.30 horas: Funeral em
Nisa
12.30 horas: Funeral em
Alpalhão
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
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A VOZ DO PASTOR:
DO MENOS AO MAIS DO MAIS AO IDEAL
Quando alguém reage picado pelos nervos à flor da
pele, regra geral perde as estribeiras, sai asneira. O bom senso foge, e ele
escorrega para o chão, para a vingança, o rancor, o ódio e quejandos. Tudo
isso, porém, é péssima companhia, é morrinha a esconjurar. Alguém aconselha a
que, antes de se reagir, pelo menos se conte até dez... serenamente... com
muita calma. Eu acho que melhor será contar até cem, ou mais, ou meter a viola
ao saco e não reagir... Antigamente, poucos sabiam ler, e a sabedoria do contar
não sei até onde chegaria. O que sei é que essas poses, nada fotogénicas,
existem desde as origens. Logo no princípio, Caim matou Abel, por ciúmes,
invejas ou lá o que fosse. E um descendente de Caim, Lamec, não era mesmo bico
que se assoasse. Dizia ele: “Por uma ferida, eu matarei um homem, por uma
cicatriz eu matarei uma criança. Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta
e sete” (Gn 4, 23-24). A tantos milénios de distância, estes estados de alma
ainda nos apavoram. No entanto, hoje, ainda há quem faça pior ou igual, por
muito menos, por nada, apenas porque o outro é diferente. Mas, então, que
bichinho morderá a essa gente?
Os povos sempre vão evoluindo e as barbáries vão
ficando para trás. Só se reiteram por ausência ou rudeza de formação, por
cabeça dura e coração de pedra, ou porque se esquece ou nada se aprende com as
lições da história. Essa rudeza, esse endurecimento do coração e essa
ignorância da história continuam a ser a causa de muitas tragédias de hoje,
pequenas ou grandes.
No livro do Êxodo, porém, aparece-nos um salto
verdadeiramente revolucionário nessa matéria. De quando em vez, esse princípio
é hoje citado de forma depreciativa, precisamente porque se admite progresso na
educação e se pensa que isso já foi ultrapassado. Essa norma foi, nessa altura,
de um alcance extraordinário, foi mesmo inovadora. Ordenava que quem agisse mal
fosse julgado e castigado segundo a justiça. Era a lei de talião: “Se houver
dano grave, então pagará vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,24).
Isto é, procurava-se um justo equilíbrio entre os danos causados e a pena a
aplicar. Foi, de facto, um salto civilizacional, um conceito jurídico de
justiça retributiva, buscando proporcionalidade. O Código babilónico de
Hamurabi e vários sistemas jurídicos ao longo dos tempos foram-se inspirando
nessa lei de talião. Ainda há sistemas jurídicos que hoje têm por base o
direito da retaliação.
Dando mais um passo nesta saga da evolução dos povos,
no Livro do Levítico aparece-nos um dado novo. Aí se lê que nada de vingança,
e, se nada para além da justiça, que haja também misericórdia, condição
indispensável para também se obter a misericórdia de Deus: “Não sejas vingativo,
nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo como a ti
mesmo” (Lev 19,18). Mesmo que este perdoar e amar fosse mais para consumo
interno, dos concidadãos, o livro dos Provérbios acentua que: “se o teu inimigo
tem fome, dá-lhe de comer, se tem sede, dá-lhe de beber .... e Deus te
compensará” (cf. Prov 25, 21-22).
Jesus, porém, coloca no mesmo plano o amor a Deus e o
amor ao próximo: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a
quem não vê?” (1Jo 4, 20). E insiste na necessidade de rasgar horizontes, de
destruir barreiras históricas e culturais, pois o próximo são todas as pessoas,
os inimigos também (cf. Mt 5,43-48).
Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, haveria 613
mandamentos. Destes, 365 eram proibições. Os restantes, 248, eram ações a
praticar. Esta quantidade de normas com certeza que poria a cabeça de muitos em
parafuso, sobretudo os mais escrupulosos. Era muita areia para quem os tinha de
aprender, praticar e ensinar. Por isso, mesmo que em jeito de cilada, surge a
pergunta do fariseu a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus
cita dois: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O
segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei
e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,36-40). E para que não
houvesse dúvidas, Jesus esclarece o doutor da Lei sobre quem é o próximo.
Conta-lhe a parábola do bom samaritano, um estrangeiro, um gentio, que, ao
contrário das “pessoas de bem” que, ao passarem, fizeram vista grossa, ele usou
de misericórdia para com um homem mal tratado, caído e abandonado na margem do
caminho. O doutor da Lei logo conclui que, de facto, esse samaritano, é que
tinha agido bem em relação àquela pessoa que precisava de cuidados. Jesus,
então, reafirmou-lhe: vai, e faz o mesmo (cf. Lc 10, 25-37). O próximo são,
pois, os outros, sobretudo os que precisam de ajuda, sejam eles quem forem,
amigos ou inimigos, ao perto ou ao longe, crentes ou não crentes. É o sentido
social da existência de que fala o Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti.
Aí, ele denuncia “aqueles que parecem sentir-se encorajados, ou pelo menos
autorizados pela sua fé, a defender várias formas de nacionalismo fechado e
violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são
diferentes” (Ft 86).
Mas esta coisa de perdoar sempre criou mossa a muita
gente. São Pedro também precisou de um esticãozinho de orelhas sobre tal matéria.
Jesus falava das exigências da vida em comunidade. Esta deve basear-se na
fraternidade e no amor, onde o maior deve ser o mais pequeno e todos se devem
sentir responsáveis por todos, indo à procura do afastado como o pastor vai à
procura da ovelha perdida. São Pedro, porém, parece que estava a achar aquilo
um pouco exagerado e a precisar de alguns retoques, pois a vida em comunidade
nem sempre é fácil, há sempre quem julgue ter o direito de ultrapassar os
limites e há quem se julgue controlador dos mesmos. Por isso, Pedro pergunta a
Jesus: «Senhor, se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até
sete vezes?» Com certeza que Pedro até pensaria que já estava a ser
demasiadamente generoso, perdoar até sete vezes já seria um exagero segundo os
critérios em voga, já exigiria uma dose de paciência muito maior que a de Job.
Mas Jesus logo lhe responde: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete.” Como quem diz, o cristão está chamado a assumir uma mentalidade
completamente nova, deve perdoar sempre. E conta-lhe a parábola dos dois
devedores em que um recebe o perdão duma dívida incalculável, mas não é capaz
de perdoar, a outro, uma ninharia que esse outro lhe devia (Mt 18, 21-35).
Nessa parábola, exalta-se a infinita misericórdia de Deus para connosco, e a
nossa incapacidade de perdoar o quer que seja aos outros. O que deve modelar o
nosso agir em relação aos outros é aquela misericórdia que Deus tem para
connosco. E a norma permanece: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
Mas dando mais um passo em frente, se devemos amar o
próximo como a nós mesmos, o próximo, penso eu, nem sempre ficará bem servido.
Muitas vezes, nós não nos amamos a nós mesmos. Será que se ama a si próprio
aquele que despreza a sua saúde, que se afoga em vícios, que usa de violência,
que entra pela maledicência e gera intrigas, que não cumpre o seu dever, que
vive em pecado e na infidelidade a Deus? Como poderemos amar os outros como nos
amamos a nós próprios se nós não nos amamos nem nos respeitamos?
Pois, pois, mas Cristo deu-nos um Mandamento Novo:
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (cf. Jo 15,12). Como quem diz: será
melhor amar os outros não tanto como vos amais a vós mesmos, mas como Eu vos
amei. E é diferente. Ele amou-nos gratuitamente, até ao fim, perdoando aos
próprios inimigos, dando a vida sem apresentar fatura, por amor e misericórdia.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 11-12-2020.
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