PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 02 de dezembro de 2020
Quarta da I semana do Advento
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LITURGIA:
QUARTA-FEIRA da semana I
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I do Advento.
L 1 Is 25, 6-10a; Sal 22 (23), 1-3a. 3b-4. 5. 6
Ev Mt 15, 29-37
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – B. Maria Ângela Astorch, virgem, da
II Ordem – MF
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Hab 2, 3;
1 Cor 4, 5
O Senhor virá sem demora:
iluminará os que vivem nas trevas
e manifestar-Se-á a todos os povos.
ORAÇÃO COLECTA
Preparai, Senhor, os nossos corações com o poder da vossa graça, para que, no
dia da vinda de Cristo, vosso Filho, mereçamos entrar no banquete da vida
eterna e receber d’Ele mesmo o alimento do Céu. Ele que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 25, 6-10a
O Senhor convida para o seu banquete
e enxuga as lágrimas de todas as faces
Leitura do Livro
de Isaías
Sobre este monte, o Senhor do Universo há de preparar para todos os povos um
banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de
boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há de tirar o véu que cobria
todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; Ele destruirá a morte para
sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer
da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou.
Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o
Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque
nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 6cd )
Refrão: Habitarei para sempre na casa do
Senhor. Repete-se
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma. Refrão
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança. Refrão
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda. Refrão
A bondade e a graça hão de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre. Refrão
ALELUIA
Refrão: Aleluia. Repete-se
O Senhor vem salvar o seu povo:
felizes os que estão preparados para ir ao seu encontro.
Refrão
EVANGELHO Mt 15, 29-37
Jesus cura muitos enfermos e multiplica os pães
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, foi Jesus para junto do mar da Galileia e, subindo ao monte, sentou-Se.
Veio ter com Ele uma grande multidão, trazendo coxos, aleijados, cegos, mudos e
muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os, de modo que a multidão ficou
admirada, ao ver os mudos a falar, os aleijados a ficar sãos, os coxos a andar
e os cegos a ver; e todos davam glória ao Deus de Israel. Então Jesus, chamando
a Si os discípulos, disse-lhes: «Tenho pena desta multidão, porque há três dias
que estão comigo e não têm que comer. Mas não quero despedi-los em jejum, pois
receio que desfaleçam no caminho». Disseram-Lhe os discípulos: «Onde iremos
buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?» Jesus
perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Eles responderam-Lhe: «Sete, e alguns
peixes pequenos». Jesus ordenou então às pessoas que se sentassem no chão.
Depois tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu-os e foi-os
entregando aos discípulos e os discípulos distribuíram-nos pela multidão. Todos
comeram até ficarem saciados. E com os pedaços que sobraram encheram sete
cestos.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que a oblação deste sacrifício se renove sempre na vossa Igreja,
de modo que a celebração do mistério por Vós instituído realize em nós
plenamente a obra da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Advento I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Is 40, 10; cf. 34, 5
O Senhor virá com poder e majestade
e iluminará os olhos dos seus fiéis.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Senhor, pela vossa bondade, que este divino sacramento nos livre do
pecado e nos prepare para as festas que se aproximam. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé
e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da
Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te
falou através da Sua Palavra.
LEITURAS
Is 25, 6-10a :O
reino de Deus é frequentemente comparado na Sagrada Escritura a um banquete. O
banquete supõe o convite, a reunião dos convidados, a abundância do que é
servido, a intimidade com aquele que convida e entre todos os convivas. Assim é
o reino de Deus, onde o banquete é ainda de festa nupcial, de aliança entre
Deus e os homens, de vitória da vida sobre tudo o que pudesse ser sinal de
morte. O Advento é já celebração do Mistério Pascal: o Senhor vem para salvar.
Mt 15, 29-37 :Foi
também no monte que Jesus multiplicou os pães e os peixes para matar a fome à
multidão, depois de ter curado os doentes. Com estes sinais, o Senhor
manifestava que Ele ia já pondo aos homens a mesa do reino dos Céus, que n’Ele
o reino dos Céus estava já presente no meio dos homens, como continua hoje a
estar, e que n’Ele os homens poderão continuar a encontrar a salvação, que, na
sua última vinda, será total e definitiva, e onde todos os que forem chamados a
sentar-se à sua mesa comerão “até ficarem saciados”.
AGENDA DO DIA
17.00 horas:
Missa em Gáfete
18.00 horas: Missa em
Tolosa
18.00 horas: Missa em
Nisa – Espírito Santo .
AVISO:
Devido às novas medidas de combate à pandemia da covid-19,
resultantes do Decreto Presidencial que prorroga por mais 15 dias o estado de
emergência em Portugal, e, infelizmente, a elevação do Concelho de Nisa para o
estado de "Risco Muito elevado", por se verificarem entre 480 e 960
casos por cada 100.000 habitantes, obriga a cada um de nós a consciencialização
cívica para o rigoroso cumprimento das medidas que irão entrar em vigor a
partir das 00h00 de 24 de novembro. Na
sequência desta realidade, os serviços pastorais na zona pastoral de Nisa
sofrem também alteração de horário nalgumas paróquias, principalmente, no que
diz respeito às missas de tarde aos fins-de-semana.
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A
VOZ DO PASTOR:
O PIRELIÓFORO DO PADRE HIMALAIA E O TIO SAM...
Porque já o fiz nesta
semana, hoje vou fugir às temáticas habituais para falar dum cientista e
inventor que nasceu em Cendufe, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo. Chamava-se
Manuel António Gomes. Sem recursos próprios e parcos apoios, se os craques da ciência
em Portugal não abundavam, ele esteve na linha da frente da investigação
científica da época, com reconhecimento da comunidade científica internacional
pelas suas visões pioneiras e revolucionárias, como precursor dos atuais
equipamentos fotovoltaicos, das energias renováveis, do desenvolvimento
sustentável. E já lá vão mais de cem anos!...
Foi um dos sete filhos
de uma família de pequenos agricultores de minifúndio em socalcos. Como não
podia fugir à sina do tempo, do lugar e das suas circunstâncias existenciais,
trabalhou no campo e fez os primeiros estudos na escola local, mais
propriamente em Souto. Aos 15 anos, em 1882, ingressou no Seminário de Braga.
Sendo de elevada altura, os seus colegas logo lhe tiraram as medidas e o
alcunharam de Himalaia, e assim ficou conhecido até hoje. No Seminário, para
além das temáticas letivas, a biblioteca, que havia sido recheada pelo
Arcebispo de então, era o seu refúgio. Vivia apaixonado por saber o mais
possível sobre as ciências naturais, os avanços tecnológicos, magicar e fazer
experiências. Era ave rara!... Presumo que o seu abanar de asas produzisse
forte ventania nos nervos dos formadores que não lhe terão feito a vida fácil.
E vice-versa, pois amor com amor se paga, diz quem sabe!...
Chegou a Padre, foi ordenado
em 26 de Julho de 1891. Aos 36 anos de idade, porém, o Padre Himalaia tornou-se
uma celebridade badalado por esse mundo fora pelos seus inventos e artigos
publicados nos principais jornais e revistas. Correu mundo, visitou algumas das
principais universidades, laboratórios e instituições científicas do tempo.
Contactou com professores de renome e com alguns dos principais cientistas.
Frequentou universidades e tudo lhe interessava: matemática, química, medicina,
botânica médica, técnicas de radiestesia, estruturas metálicas, unidades
industriais de tecnologia avançada no domínio da metalomecânica e da fundição,
fornos elétricos de altas temperaturas, fotometria, radiação solar e faíscas
elétricas, temáticas relacionadas com a agricultura e a nutrição, a irrigação e
barragens hidroelétricas. Interessou-se por explosivos, como a himalaíte,
registou várias patentes, fez prospeção de minérios, dedicou-se à reciclagem no
fabrico de fertilizantes derivados do aproveitamento de esgotos. Defendeu o
naturismo e as medicinas naturais sobretudo à base da fitoterapia e da
hidroterapia, desenvolveu o conceito de ecosofia, defendeu a saúde preventiva,
uma espécie de "profilaxia social" à base do ser e não tanto do
produzir e ter. Inventou, criou, ensinou, entrou em projetos nacionais e
internacionais, apresentou numerosas comunicações, publicou trabalhos,
desenvolveu teorias ecológicas, participou em múltiplos debates e proponha
ideias inovadoras.
Membro da Academia das Ciências,
apresentou comunicações sobre as mais diversas matérias, desde a agricultura, a
economia e a política energética até às questões de sismologia e construção
antissísmica. Defendia um plano de aproveitamento das energias renováveis com a
construção de açudes, represas e albufeiras para irrigação e hidroeletricidade,
apontava o lugar para a construção de centrais hidroelétricas, o uso futuro da
energia das marés e da energia eólica e o aproveitamento da energia geotérmica
dos geysers. O ordenamento do território e a florestação também lhe mereceram
atenção. Em tempos de estiagem, chegou a propor o uso de canhões para provocar
a chuva e fez experiências, mas, devido aos custos e não sei se também pelos
resultados, o projeto ficou pelo caminho. Sempre motivado pelas inovações no
campo da energia solar, esteve em Paris quando se preparava a Exposição
Universal e se construía a Torre Eiffel, onde também procurava apoios para
construir o seu principal invento a que deu o nome de Pyrheliophoro, do grego:
pyr (fogo) + helios (sol) + phoros (portador) = o que traz o fogo do sol. “O
engenho consistia, num espelho parabólico, com uma superfície refletora de 80
metros quadrados, formado por 6177 pequenos espelhos que refletiam a luz do Sol
numa cápsula refratária, que funcionava como um recipiente, e onde se colocavam
os materiais a fundir. O conjunto estava montado numa enorme armação em aço de
13 metros de altura, que acompanhava os movimentos do Sol mediante um mecanismo
de relojoaria”.
Uma das versões do
invento foi apresentada na Tapada da Ajuda, em Lisboa. Foi visitada pela fina
flor da sociedade científica de Portugal, pouca, pelos vistos. O próprio rei e
os espiões do fracasso, não do futuro, lá se apresentaram com olhos de lince a
apreciar a geringonça solar já que a política nem sonhada era. A coisa, porém,
não correu bem! E quem não era capaz de nada, não soube apreciar o alcance
daquele embrião, logo o desvalorizou com tesouradas viperinas na casaca do seu
angustiado autor. No entanto, se o aparelho encaprichou e não trouxe o fogo do
sol, o homem não desistiu, bem haja por isso.
Em 1904 carrega com o
invento para o Pavilhão Português na Exposição Universal de Saint-Louis, nos
Estados Unidos. O aparelho logo se tornou o centro das atenções daquela feira
mundial com cerca de 500 pavilhões e visitada por milhares de pessoas. Mais do
que isso: mereceu o grande prémio e mais duas medalhas de ouro e uma de prata,
com um diploma assinado pelo Presidente Theodore Roosevelt. A imprensa mundial
destacou e elogiou o invento, alguns deram-lhe a primeira página. Aos
interessados na compra, entre os quais haveria japoneses, Himalaia não quis
vender o aparelho, mas também não o trouxe de regresso a casa. Talvez
assolapados sob a capa de sérias e boas pessoas, também por lá se passeariam os
amigos do alheio que, de dedo em riste, deram jus à frase de James Flagg na
nova versão do tio Sam: “I Want You”, eu quero-te, eu quero você!... E foi-se,
adeus geringonça!... Não sei se serão os descendentes dessa estirpe aqueles de
quem o agora Presidente se queixa de o terem afastado do solário da Casa
Branca, ahahahah!...
O pobre Padre regressou
triste, nunca mais se dedicou à energia solar e ao Pirelióforo. É de prever que
outros o tivessem feito... Li, e vá-se lá saber a verdade!, mas li que, depois
da primeira Grande Guerra também correu (boato, com certeza!?), mas correu que
os planos do seu invento para “bombardear as nuvens” e fazer chover, também
teriam sido “desviados” e usados pelos alemães na construção de armas de guerra
para bombardear noutro sentido, um sentido nada agrícola nem ecológico nem
sustentável.
Depois de todas estas
andanças, com encontros e desencontros, o Padre Himalaia, porque o sonho lhe
comandava a vida, ainda se empenhou noutras aventuras. No entanto, doente, sem
apoios pátrios e recursos financeiros, em finais de 1932, veio para junto do
seu irmão Gaspar, também sacerdote e Pároco na vizinha paróquia da sua terra
natal, em São Paio de Jolda, onde ainda se conservam alguns dos seus
manuscritos. Finalmente, acabou por aceitar o lugar de capelão do Asilo de
Velhos e Entrevados da Caridade, na cidade de Viana do Castelo. E se nasceu a 9
de dezembro de 1868, em dezembro faleceu, no dia 21 de 1933, aos 65 anos de
idade. A fama já tinha passado, a sua morte não provocou notícia em que se
tropeçasse, e se foi a sepultar no cemitério da sua terra natal, em Cendufe,
não houve palmas nem flores da sua lusitana pátria.
Embora haja alguns
estudos sobre ele, Jacinto Rodrigues, Professor da Universidade do Porto,
publicou, em 1999, “A Conspiração Solar do Padre Himalaia”, um estudo atento
que veio trazer ao de cima o talento deste homem, a importância dos seus
inventos e aquela verdade que Cristo nos lembrou: um profeta só não é estimado
na sua pátria. Um grupo de amigos – a Associação Padre Himalaya - continua a
soprar as cinzas do esquecimento a que este cientista foi votado para que surja
qual fénix renascida e seja reconhecido o seu génio e transmitida a sua obra.
Há também um filme documentário de 2004, “A Utopia do Padre Himalaya”, do
realizador Jorge António, baseado na obra de Jacinto Rodrigues. Na vila dos
Arcos de Valdevez existe um monumento em sua homenagem da autoria do escultor
José Rodrigues, e, na marginal urbana do Rio Vez, um busto, da autoria de
Eduardo Tavares. No centenário do seu nascimento, houve comemorações a que
presidiu o Arcebispo de Braga, Dom Francisco Maria da Silva, tendo-se inclusive
deslocado ao cemitério de Cendufe onde também foi descerrado um busto do Padre
Himalaia. São, de facto, os conterrâneos e amigos a bracejar para que este
cientista e visionário itinerante não seja esquecido na história pátria. Também
estou a dar o meu empurrãozinho para aguçar o apetite do leitor a que, pelo
menos, abra a Wikipédia ou outras fontes à mão do teclado, pois irá gostar de
ler.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 27-11-2020.
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