PARÓQUIAS
DE NISA
Sexta,
18 de dezembro de 2020
III
semana do Advento
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LITURGIA:
SEXTA-FEIRA
da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. II do Advento.
L 1 Jer 23, 5-8; Sal 71 (72), 2. 12-13. 18-19
Ev Mt 1, 18-25
* Na Arquidiocese de Évora (Sé) – Pode celebrar-se a memória da Expectação da
Virgem Santa Maria.
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA
Eis que vem Jesus Cristo, nosso Rei,
o Cordeiro anunciado por João Baptista.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, que o esperado nascimento do vosso Filho
Unigénito nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jer 23, 5-8
«Farei surgir para David um rebento
justo»
Leitura do Livro
de Jeremias
«Dias virão – diz o Senhor – em que farei surgir para David um rebento justo.
Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria: há de exercer no país o
direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em
segurança. Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’. Por isso, dias
virão – oráculo do Senhor – em que já não se dirá: ‘Vive o Senhor, que fez sair
os filhos de Israel da terra do Egipto’; mas sim ‘Vive o Senhor, que fez sair e
regressar os descendentes da casa de Israel da região do norte e de todos os
países em que os tinha dispersado, para poderem habitar na sua própria terra’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 71 (72), 2.12-13.18-19 (R. cf. 7)
Refrão: Nos dias do Senhor,
nascerá a justiça e a paz para sempre. Repete-se
Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. Refrão
Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos. Refrão
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel:
só Ele faz maravilhas.
Bendito para sempre o seu nome glorioso:
toda a terra se encha da sua glória. Refrão
ALELUIA
Refrão: Aleluia Repete-se
Ó Chefe da casa de Israel,
que no Sinai destes a Lei a Moisés:
vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço. Refrão
EVANGELHO Mt 1, 18-25
Jesus nascerá de Maria, desposada com José, filho de David
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José,
antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito
Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu
repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o
Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria,
tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz
um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus
pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio
do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será
chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono,
José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Por este sacrifício que celebramos, Senhor, tornai-nos dignos de estar na vossa
presença, para podermos participar na vida eterna do vosso Filho, que nos
libertou da morte, assumindo a nossa condição mortal. Ele que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Advento II
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 1, 23
O seu nome será Emanuel, Deus-connosco.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ajudai-nos, Senhor, a receber a vossa misericórdia no templo vivo da vossa
Igreja e a preparar dignamente as próximas solenidades da nossa redenção. Por
Nosso Senhor.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita,
situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Jer
23, 5-8: Jesus é descendente do rei David. O que a David foi
prometido realizar-se-á em Jesus. Ele é o Cristo, o Ungido, o Messias. Ele é o
Rei justo, o Rei segundo os desígnios de Deus, que são desígnios de santidade e
de justiça. A libertação pascal realizada no Êxodo, na saída do Egipto, será
ainda mais perfeitamente realizada na Páscoa de Jesus Cristo. Ele é o Cordeiro
Pascal, Ele reunirá em Si todos os povos da terra..
Mt 1, 18-25: O
evangelista põe em relevo a conceção virginal de Jesus e, por outro lado, a sua
descendência de David, por S. José. Este, ao pôr-Lhe o nome, confiou-Lhe o
sinal da filiação da Casa de David, de quem ele, José, era descendente. Os
desígnios de Deus não seguem a lógica humana. Para os aceitarmos é preciso
muita atenção a Deus e até o sofrimento da obscuridade da fé.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
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A VOZ DO PASTOR:
DO MENOS AO MAIS DO MAIS AO IDEAL
Quando alguém reage picado pelos nervos à flor da pele,
regra geral perde as estribeiras, sai asneira. O bom senso foge, e ele
escorrega para o chão, para a vingança, o rancor, o ódio e quejandos. Tudo
isso, porém, é péssima companhia, é morrinha a esconjurar. Alguém aconselha a
que, antes de se reagir, pelo menos se conte até dez... serenamente... com
muita calma. Eu acho que melhor será contar até cem, ou mais, ou meter a viola
ao saco e não reagir... Antigamente, poucos sabiam ler, e a sabedoria do contar
não sei até onde chegaria. O que sei é que essas poses, nada fotogénicas,
existem desde as origens. Logo no princípio, Caim matou Abel, por ciúmes,
invejas ou lá o que fosse. E um descendente de Caim, Lamec, não era mesmo bico
que se assoasse. Dizia ele: “Por uma ferida, eu matarei um homem, por uma cicatriz
eu matarei uma criança. Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta e sete”
(Gn 4, 23-24). A tantos milénios de distância, estes estados de alma ainda nos
apavoram. No entanto, hoje, ainda há quem faça pior ou igual, por muito menos,
por nada, apenas porque o outro é diferente. Mas, então, que bichinho morderá a
essa gente?
Os povos sempre vão evoluindo e as barbáries vão
ficando para trás. Só se reiteram por ausência ou rudeza de formação, por
cabeça dura e coração de pedra, ou porque se esquece ou nada se aprende com as
lições da história. Essa rudeza, esse endurecimento do coração e essa
ignorância da história continuam a ser a causa de muitas tragédias de hoje,
pequenas ou grandes.
No livro do Êxodo, porém, aparece-nos um salto
verdadeiramente revolucionário nessa matéria. De quando em vez, esse princípio
é hoje citado de forma depreciativa, precisamente porque se admite progresso na
educação e se pensa que isso já foi ultrapassado. Essa norma foi, nessa altura,
de um alcance extraordinário, foi mesmo inovadora. Ordenava que quem agisse mal
fosse julgado e castigado segundo a justiça. Era a lei de talião: “Se houver
dano grave, então pagará vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,24).
Isto é, procurava-se um justo equilíbrio entre os danos causados e a pena a
aplicar. Foi, de facto, um salto civilizacional, um conceito jurídico de
justiça retributiva, buscando proporcionalidade. O Código babilónico de Hamurabi
e vários sistemas jurídicos ao longo dos tempos foram-se inspirando nessa lei
de talião. Ainda há sistemas jurídicos que hoje têm por base o direito da
retaliação.
Dando mais um passo nesta saga da evolução dos povos,
no Livro do Levítico aparece-nos um dado novo. Aí se lê que nada de vingança,
e, se nada para além da justiça, que haja também misericórdia, condição
indispensável para também se obter a misericórdia de Deus: “Não sejas
vingativo, nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo
como a ti mesmo” (Lev 19,18). Mesmo que este perdoar e amar fosse mais para
consumo interno, dos concidadãos, o livro dos Provérbios acentua que: “se o teu
inimigo tem fome, dá-lhe de comer, se tem sede, dá-lhe de beber .... e Deus te
compensará” (cf. Prov 25, 21-22).
Jesus, porém, coloca no mesmo plano o amor a Deus e o
amor ao próximo: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a
quem não vê?” (1Jo 4, 20). E insiste na necessidade de rasgar horizontes, de
destruir barreiras históricas e culturais, pois o próximo são todas as pessoas,
os inimigos também (cf. Mt 5,43-48).
Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, haveria 613
mandamentos. Destes, 365 eram proibições. Os restantes, 248, eram ações a
praticar. Esta quantidade de normas com certeza que poria a cabeça de muitos em
parafuso, sobretudo os mais escrupulosos. Era muita areia para quem os tinha de
aprender, praticar e ensinar. Por isso, mesmo que em jeito de cilada, surge a
pergunta do fariseu a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus
cita dois: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O
segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei
e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,36-40). E para que não
houvesse dúvidas, Jesus esclarece o doutor da Lei sobre quem é o próximo.
Conta-lhe a parábola do bom samaritano, um estrangeiro, um gentio, que, ao
contrário das “pessoas de bem” que, ao passarem, fizeram vista grossa, ele usou
de misericórdia para com um homem mal tratado, caído e abandonado na margem do
caminho. O doutor da Lei logo conclui que, de facto, esse samaritano, é que
tinha agido bem em relação àquela pessoa que precisava de cuidados. Jesus,
então, reafirmou-lhe: vai, e faz o mesmo (cf. Lc 10, 25-37). O próximo são,
pois, os outros, sobretudo os que precisam de ajuda, sejam eles quem forem,
amigos ou inimigos, ao perto ou ao longe, crentes ou não crentes. É o sentido
social da existência de que fala o Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti.
Aí, ele denuncia “aqueles que parecem sentir-se encorajados, ou pelo menos
autorizados pela sua fé, a defender várias formas de nacionalismo fechado e
violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são
diferentes” (Ft 86).
Mas esta coisa de perdoar sempre criou mossa a muita
gente. São Pedro também precisou de um esticãozinho de orelhas sobre tal
matéria. Jesus falava das exigências da vida em comunidade. Esta deve basear-se
na fraternidade e no amor, onde o maior deve ser o mais pequeno e todos se
devem sentir responsáveis por todos, indo à procura do afastado como o pastor
vai à procura da ovelha perdida. São Pedro, porém, parece que estava a achar
aquilo um pouco exagerado e a precisar de alguns retoques, pois a vida em
comunidade nem sempre é fácil, há sempre quem julgue ter o direito de
ultrapassar os limites e há quem se julgue controlador dos mesmos. Por isso,
Pedro pergunta a Jesus: «Senhor, se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei
perdoar-lhe? Até sete vezes?» Com certeza que Pedro até pensaria que já estava
a ser demasiadamente generoso, perdoar até sete vezes já seria um exagero
segundo os critérios em voga, já exigiria uma dose de paciência muito maior que
a de Job. Mas Jesus logo lhe responde: «Não te digo até sete vezes, mas até
setenta vezes sete.” Como quem diz, o cristão está chamado a assumir uma
mentalidade completamente nova, deve perdoar sempre. E conta-lhe a parábola dos
dois devedores em que um recebe o perdão duma dívida incalculável, mas não é
capaz de perdoar, a outro, uma ninharia que esse outro lhe devia (Mt 18,
21-35). Nessa parábola, exalta-se a infinita misericórdia de Deus para
connosco, e a nossa incapacidade de perdoar o quer que seja aos outros. O que
deve modelar o nosso agir em relação aos outros é aquela misericórdia que Deus
tem para connosco. E a norma permanece: “Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo”.
Mas dando mais um passo em frente, se devemos amar o
próximo como a nós mesmos, o próximo, penso eu, nem sempre ficará bem servido.
Muitas vezes, nós não nos amamos a nós mesmos. Será que se ama a si próprio
aquele que despreza a sua saúde, que se afoga em vícios, que usa de violência,
que entra pela maledicência e gera intrigas, que não cumpre o seu dever, que
vive em pecado e na infidelidade a Deus? Como poderemos amar os outros como nos
amamos a nós próprios se nós não nos amamos nem nos respeitamos?
Pois, pois, mas Cristo deu-nos um Mandamento Novo: “Amai-vos
uns aos outros como Eu vos amei (cf. Jo 15,12). Como quem diz: será melhor amar
os outros não tanto como vos amais a vós mesmos, mas como Eu vos amei. E é
diferente. Ele amou-nos gratuitamente, até ao fim, perdoando aos próprios
inimigos, dando a vida sem apresentar fatura, por amor e misericórdia.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 11-12-2020.
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