sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

Sábado, 19 de dezembro de 2020 

IV semana do Advento

  

*****************

 

LITURGIA:

 

SÁBADO (manhã) da semana III

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. II do Advento.

L 1 Jz 13, 2-7. 24-25a; Sal 70 (71), 3-4a. 5-6ab. 16-17
Ev Lc 1, 5-25

* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.

 

*************************

Missa

ANTÍFONA DE ENTRADA cf. Hebr 10, 37
Aquele que há de vir não tardará.
Nunca mais haverá temor na nossa terra,
porque Ele é o Salvador do mundo.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo nascimento do Filho da Virgem Maria, concedei-nos a graça de celebrar o grande mistério da encarnação com verdadeira fé e sincera piedade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Jz 13, 2-7.24-25a


É anunciado pelo Anjo o nascimento de Sansão

 

Leitura do Livro dos Juízes


Naqueles dias, vivia em Soreá um homem da tribo de Dã, chamado Manoé, cuja mulher, sendo estéril, não tinha filhos. O Anjo do Senhor apareceu a essa mulher e disse-lhe: «És estéril e sem filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. Agora tem cuidado: não bebas vinho nem outra bebida alcoólica, nem comas nada impuro, porque vais conceber e dar à luz um filho. A navalha não tocará na sua cabeça, porque o menino será consagrado a Deus desde o seio materno e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus». A mulher foi dizer ao marido: «Veio ter comigo um homem de Deus. Tinha o aspeto de um Anjo do Senhor, cheio de majestade. Não lhe perguntei donde vinha, nem ele me revelou o seu nome. Mas disse-me: «Conceberás e darás à luz um filho. Agora não bebas vinho nem outra bebida alcoólica e não comas nada impuro, porque o menino será consagrado a Deus desde o seio materno até ao dia da sua morte». A mulher deu à luz um filho e pôs-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor abençoou-o.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 70 (71), 3-4a.5-6ab.16-17 (R. cf. 8ab)
Refrão: A minha boca cantará a vossa glória. Repete-se

Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador. Refrão

Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protetor. Refrão

Meu Deus, hei de narrar os vossos feitos grandiosos,
recordarei, Senhor, a vossa justiça sem igual.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios. Refrão


ALELUIA
Refrão: Aleluia Repete-se
Ó rebento da raiz de Jessé,
sinal erguido diante dos povos:
vinde libertar-nos, não tardeis mais. Refrão


EVANGELHO Lc 1, 5-25
É anunciado pelo Anjo Gabriel o nascimento de João Baptista


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era descendente de Aarão e se chamava Isabel. Eram ambos justos aos olhos de Deus e cumpriam irrepreensivelmente todos os mandamentos e leis do Senhor. Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e os dois eram de idade avançada. Quando Zacarias exercia as funções sacerdotais diante de Deus, no turno da sua classe, coube-lhe em sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso. Toda a assembleia do povo, durante a oblação do incenso, estava cá fora em oração. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor. Mas o Anjo disse lhe: «Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Será para ti motivo de grande alegria e muitos hão de alegrar-se com o seu nascimento, porque será grande aos olhos do Senhor. Não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo desde o seio materno e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá à frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de preparar um povo para o Senhor». Zacarias disse ao Anjo: «Como hei-de saber que é assim, se eu estou velho e a minha esposa de idade avançada?». O Anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel, que assisto na presença de Deus e fui enviado para te anunciar esta boa nova. Mas tu vais guardar silêncio, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto aconteça, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão a seu tempo. Entretanto, o povo esperava por Zacarias e admirava-se por ele se demorar no Santuário. Quando ele saiu, não lhes podia falar e então compreenderam que tinha tido uma visão no Santuário. Ele fazia-lhes sinais e continuava mudo. Ao terminarem os seus dias de serviço, Zacarias voltou para casa. Algum tempo depois, Isabel, sua esposa, concebeu e permaneceu oculta durante cinco meses, dizendo: «Assim procedeu o Senhor para comigo nos dias em que Se dignou livrar-me desta desonra diante dos homens».


Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai benignamente, Senhor, para os dons que trazemos ao vosso altar: santificai a oferta da nossa pobreza com o poder do vosso Espírito. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio do Advento II

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lc 1, 78-79
O Senhor nos visitará como sol nascente,
para dirigir os nossos passos no caminho da paz.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos damos graças, Deus omnipotente, pelos dons que recebemos e Vos pedimos que acendais em nós a esperança dos bens prometidos, para que possamos celebrar, com espírito renovado, o nascimento do nosso Salvador, Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

**************

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

     1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 

     2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

 

     3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

 

LEITURAS Jz 13, 2-7.24-25a: O nascimento de João Baptista em circunstâncias extraordinárias (II Leitura) atraiu o de Sansão (I leitura) em circunstâncias semelhantes. Em ambos os casos é de Deus que vem a salvação. O que aos homens é impossível é possível para Deus. Mas não se trata apenas de uma afirmação de poder, como de alguma coisa que nos possa esmagar; em Deus, o poder é a força do seu amor.

 

Lc 1, 5-25: Na aurora do Novo Testamento, o anúncio do nascimento do Precursor manifesta, mais ainda que o do nascimento de Sansão, os insondáveis caminhos de Deus, sempre cheios de misericórdia e portadores da salvação para os homens. Esta só não atingirá quem não a acolher na fé, como, a princípio, aconteceu com Zacarias, que, por isso, ficou mudo.

 

AGENDA DO DIA

 

(Sábado, 19)

 

 

Constantino

Floriano

Valente

09.30 horas

Nisa

 

 

10.00 horas

 

Salavessa

Pardo

11.00 horas

 

Pé da Serra

 

11.30 horas

 

 

Alpalhão

IV Domingo do Advento

 

09.00 horas

Montalvão

 

 

09.30 horas

 

Amieira

Arneiro

10.30 horas

Arez

 

Cacheiro

10.45 horas

 

Tolosa

 

11.30 horas

 

 

Nisa

12.00 horas

Alpalhão

Gáfete

 

 

 

************

A VOZ DO PASTOR:

 

DO MENOS AO MAIS DO MAIS AO IDEAL

 

Quando alguém reage picado pelos nervos à flor da pele, regra geral perde as estribeiras, sai asneira. O bom senso foge, e ele escorrega para o chão, para a vingança, o rancor, o ódio e quejandos. Tudo isso, porém, é péssima companhia, é morrinha a esconjurar. Alguém aconselha a que, antes de se reagir, pelo menos se conte até dez... serenamente... com muita calma. Eu acho que melhor será contar até cem, ou mais, ou meter a viola ao saco e não reagir... Antigamente, poucos sabiam ler, e a sabedoria do contar não sei até onde chegaria. O que sei é que essas poses, nada fotogénicas, existem desde as origens. Logo no princípio, Caim matou Abel, por ciúmes, invejas ou lá o que fosse. E um descendente de Caim, Lamec, não era mesmo bico que se assoasse. Dizia ele: “Por uma ferida, eu matarei um homem, por uma cicatriz eu matarei uma criança. Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta e sete” (Gn 4, 23-24). A tantos milénios de distância, estes estados de alma ainda nos apavoram. No entanto, hoje, ainda há quem faça pior ou igual, por muito menos, por nada, apenas porque o outro é diferente. Mas, então, que bichinho morderá a essa gente?

Os povos sempre vão evoluindo e as barbáries vão ficando para trás. Só se reiteram por ausência ou rudeza de formação, por cabeça dura e coração de pedra, ou porque se esquece ou nada se aprende com as lições da história. Essa rudeza, esse endurecimento do coração e essa ignorância da história continuam a ser a causa de muitas tragédias de hoje, pequenas ou grandes.

No livro do Êxodo, porém, aparece-nos um salto verdadeiramente revolucionário nessa matéria. De quando em vez, esse princípio é hoje citado de forma depreciativa, precisamente porque se admite progresso na educação e se pensa que isso já foi ultrapassado. Essa norma foi, nessa altura, de um alcance extraordinário, foi mesmo inovadora. Ordenava que quem agisse mal fosse julgado e castigado segundo a justiça. Era a lei de talião: “Se houver dano grave, então pagará vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,24). Isto é, procurava-se um justo equilíbrio entre os danos causados e a pena a aplicar. Foi, de facto, um salto civilizacional, um conceito jurídico de justiça retributiva, buscando proporcionalidade. O Código babilónico de Hamurabi e vários sistemas jurídicos ao longo dos tempos foram-se inspirando nessa lei de talião. Ainda há sistemas jurídicos que hoje têm por base o direito da retaliação.

Dando mais um passo nesta saga da evolução dos povos, no Livro do Levítico aparece-nos um dado novo. Aí se lê que nada de vingança, e, se nada para além da justiça, que haja também misericórdia, condição indispensável para também se obter a misericórdia de Deus: “Não sejas vingativo, nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Lev 19,18). Mesmo que este perdoar e amar fosse mais para consumo interno, dos concidadãos, o livro dos Provérbios acentua que: “se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer, se tem sede, dá-lhe de beber .... e Deus te compensará” (cf. Prov 25, 21-22).

Jesus, porém, coloca no mesmo plano o amor a Deus e o amor ao próximo: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê?” (1Jo 4, 20). E insiste na necessidade de rasgar horizontes, de destruir barreiras históricas e culturais, pois o próximo são todas as pessoas, os inimigos também (cf. Mt 5,43-48).

Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, haveria 613 mandamentos. Destes, 365 eram proibições. Os restantes, 248, eram ações a praticar. Esta quantidade de normas com certeza que poria a cabeça de muitos em parafuso, sobretudo os mais escrupulosos. Era muita areia para quem os tinha de aprender, praticar e ensinar. Por isso, mesmo que em jeito de cilada, surge a pergunta do fariseu a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus cita dois: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,36-40). E para que não houvesse dúvidas, Jesus esclarece o doutor da Lei sobre quem é o próximo. Conta-lhe a parábola do bom samaritano, um estrangeiro, um gentio, que, ao contrário das “pessoas de bem” que, ao passarem, fizeram vista grossa, ele usou de misericórdia para com um homem mal tratado, caído e abandonado na margem do caminho. O doutor da Lei logo conclui que, de facto, esse samaritano, é que tinha agido bem em relação àquela pessoa que precisava de cuidados. Jesus, então, reafirmou-lhe: vai, e faz o mesmo (cf. Lc 10, 25-37). O próximo são, pois, os outros, sobretudo os que precisam de ajuda, sejam eles quem forem, amigos ou inimigos, ao perto ou ao longe, crentes ou não crentes. É o sentido social da existência de que fala o Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti. Aí, ele denuncia “aqueles que parecem sentir-se encorajados, ou pelo menos autorizados pela sua fé, a defender várias formas de nacionalismo fechado e violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são diferentes” (Ft 86).

Mas esta coisa de perdoar sempre criou mossa a muita gente. São Pedro também precisou de um esticãozinho de orelhas sobre tal matéria. Jesus falava das exigências da vida em comunidade. Esta deve basear-se na fraternidade e no amor, onde o maior deve ser o mais pequeno e todos se devem sentir responsáveis por todos, indo à procura do afastado como o pastor vai à procura da ovelha perdida. São Pedro, porém, parece que estava a achar aquilo um pouco exagerado e a precisar de alguns retoques, pois a vida em comunidade nem sempre é fácil, há sempre quem julgue ter o direito de ultrapassar os limites e há quem se julgue controlador dos mesmos. Por isso, Pedro pergunta a Jesus: «Senhor, se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?» Com certeza que Pedro até pensaria que já estava a ser demasiadamente generoso, perdoar até sete vezes já seria um exagero segundo os critérios em voga, já exigiria uma dose de paciência muito maior que a de Job. Mas Jesus logo lhe responde: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Como quem diz, o cristão está chamado a assumir uma mentalidade completamente nova, deve perdoar sempre. E conta-lhe a parábola dos dois devedores em que um recebe o perdão duma dívida incalculável, mas não é capaz de perdoar, a outro, uma ninharia que esse outro lhe devia (Mt 18, 21-35). Nessa parábola, exalta-se a infinita misericórdia de Deus para connosco, e a nossa incapacidade de perdoar o quer que seja aos outros. O que deve modelar o nosso agir em relação aos outros é aquela misericórdia que Deus tem para connosco. E a norma permanece: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.

Mas dando mais um passo em frente, se devemos amar o próximo como a nós mesmos, o próximo, penso eu, nem sempre ficará bem servido. Muitas vezes, nós não nos amamos a nós mesmos. Será que se ama a si próprio aquele que despreza a sua saúde, que se afoga em vícios, que usa de violência, que entra pela maledicência e gera intrigas, que não cumpre o seu dever, que vive em pecado e na infidelidade a Deus? Como poderemos amar os outros como nos amamos a nós próprios se nós não nos amamos nem nos respeitamos?

Pois, pois, mas Cristo deu-nos um Mandamento Novo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (cf. Jo 15,12). Como quem diz: será melhor amar os outros não tanto como vos amais a vós mesmos, mas como Eu vos amei. E é diferente. Ele amou-nos gratuitamente, até ao fim, perdoando aos próprios inimigos, dando a vida sem apresentar fatura, por amor e misericórdia.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 11-12-2020.

Sem comentários:

Enviar um comentário