PARÓQUIAS
DE NISA
Sábado,
19 de dezembro de 2020
IV semana do Advento
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LITURGIA:
SÁBADO
(manhã) da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. II do Advento.
L 1 Jz 13, 2-7. 24-25a; Sal 70 (71), 3-4a. 5-6ab. 16-17
Ev Lc 1, 5-25
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
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Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Hebr 10, 37
Aquele que há de vir não tardará.
Nunca mais haverá temor na nossa terra,
porque Ele é o Salvador do mundo.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo
nascimento do Filho da Virgem Maria, concedei-nos a graça de celebrar o grande
mistério da encarnação com verdadeira fé e sincera piedade. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jz 13, 2-7.24-25a
É anunciado pelo Anjo o nascimento de Sansão
Leitura do Livro dos Juízes
Naqueles dias, vivia em Soreá um homem da tribo de Dã, chamado Manoé, cuja
mulher, sendo estéril, não tinha filhos. O Anjo do Senhor apareceu a essa
mulher e disse-lhe: «És estéril e sem filhos, mas conceberás e darás à luz um
filho. Agora tem cuidado: não bebas vinho nem outra bebida alcoólica, nem comas
nada impuro, porque vais conceber e dar à luz um filho. A navalha não tocará na
sua cabeça, porque o menino será consagrado a Deus desde o seio materno e
começará a libertar Israel das mãos dos filisteus». A mulher foi dizer ao
marido: «Veio ter comigo um homem de Deus. Tinha o aspeto de um Anjo do Senhor,
cheio de majestade. Não lhe perguntei donde vinha, nem ele me revelou o seu
nome. Mas disse-me: «Conceberás e darás à luz um filho. Agora não bebas vinho
nem outra bebida alcoólica e não comas nada impuro, porque o menino será
consagrado a Deus desde o seio materno até ao dia da sua morte». A mulher deu à
luz um filho e pôs-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor
abençoou-o.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 70 (71), 3-4a.5-6ab.16-17 (R. cf. 8ab)
Refrão: A minha boca cantará a vossa
glória. Repete-se
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador. Refrão
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protetor. Refrão
Meu Deus, hei de narrar os vossos feitos grandiosos,
recordarei, Senhor, a vossa justiça sem igual.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios. Refrão
ALELUIA
Refrão: Aleluia Repete-se
Ó rebento da raiz de Jessé,
sinal erguido diante dos povos:
vinde libertar-nos, não tardeis mais. Refrão
EVANGELHO Lc 1, 5-25
É anunciado pelo Anjo Gabriel o nascimento de João Baptista
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, da classe
de Abias, cuja esposa era descendente de Aarão e se chamava Isabel. Eram ambos
justos aos olhos de Deus e cumpriam irrepreensivelmente todos os mandamentos e
leis do Senhor. Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e os dois eram de
idade avançada. Quando Zacarias exercia as funções sacerdotais diante de Deus,
no turno da sua classe, coube-lhe em sorte, segundo o costume sacerdotal,
entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso. Toda a assembleia do
povo, durante a oblação do incenso, estava cá fora em oração. Apareceu-lhe
então o Anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo,
Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor. Mas o Anjo disse lhe: «Não
temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, dar-te-á
um filho, ao qual porás o nome de João. Será para ti motivo de grande alegria e
muitos hão de alegrar-se com o seu nascimento, porque será grande aos olhos do
Senhor. Não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo
desde o seio materno e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu
Deus. Irá à frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer
voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos,
a fim de preparar um povo para o Senhor». Zacarias disse ao Anjo: «Como hei-de
saber que é assim, se eu estou velho e a minha esposa de idade avançada?». O
Anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel, que assisto na presença de Deus e fui
enviado para te anunciar esta boa nova. Mas tu vais guardar silêncio, sem poder
falar, até ao dia em que tudo isto aconteça, por não teres acreditado nas
minhas palavras, que se cumprirão a seu tempo. Entretanto, o povo esperava por
Zacarias e admirava-se por ele se demorar no Santuário. Quando ele saiu, não
lhes podia falar e então compreenderam que tinha tido uma visão no Santuário.
Ele fazia-lhes sinais e continuava mudo. Ao terminarem os seus dias de serviço,
Zacarias voltou para casa. Algum tempo depois, Isabel, sua esposa, concebeu e
permaneceu oculta durante cinco meses, dizendo: «Assim procedeu o Senhor para
comigo nos dias em que Se dignou livrar-me desta desonra diante dos homens».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai benignamente, Senhor, para os dons que trazemos ao vosso altar:
santificai a oferta da nossa pobreza com o poder do vosso Espírito. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
Prefácio do Advento II
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lc 1, 78-79
O Senhor nos visitará como sol nascente,
para dirigir os nossos passos no caminho da paz.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos damos graças, Deus omnipotente, pelos dons que recebemos e Vos pedimos
que acendais em nós a esperança dos bens prometidos, para que possamos
celebrar, com espírito renovado, o nascimento do nosso Salvador, Jesus Cristo,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita,
situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Jz 13, 2-7.24-25a: O nascimento de João Baptista em
circunstâncias extraordinárias (II Leitura) atraiu o de Sansão (I leitura) em
circunstâncias semelhantes. Em ambos os casos é de Deus que vem a salvação. O
que aos homens é impossível é possível para Deus. Mas não se trata apenas de
uma afirmação de poder, como de alguma coisa que nos possa esmagar; em Deus, o
poder é a força do seu amor.
Lc
1, 5-25: Na aurora
do Novo Testamento, o anúncio do nascimento do Precursor manifesta, mais ainda
que o do nascimento de Sansão, os insondáveis caminhos de Deus, sempre cheios
de misericórdia e portadores da salvação para os homens. Esta só não atingirá
quem não a acolher na fé, como, a princípio, aconteceu com Zacarias, que, por
isso, ficou mudo.
AGENDA DO DIA
(Sábado, 19)
|
Constantino |
Floriano |
Valente |
09.30 horas |
Nisa |
|
|
10.00 horas |
|
Salavessa |
Pardo |
11.00 horas |
|
Pé da Serra |
|
11.30 horas |
|
|
Alpalhão |
IV Domingo do Advento |
|||
09.00 horas |
Montalvão |
|
|
09.30 horas |
|
Amieira |
Arneiro |
10.30 horas |
Arez |
|
Cacheiro |
10.45 horas |
|
Tolosa |
|
11.30 horas |
|
|
Nisa |
12.00 horas |
Alpalhão |
Gáfete |
|
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A VOZ DO PASTOR:
DO MENOS AO MAIS DO MAIS AO IDEAL
Quando alguém reage picado pelos nervos à flor da
pele, regra geral perde as estribeiras, sai asneira. O bom senso foge, e ele
escorrega para o chão, para a vingança, o rancor, o ódio e quejandos. Tudo
isso, porém, é péssima companhia, é morrinha a esconjurar. Alguém aconselha a
que, antes de se reagir, pelo menos se conte até dez... serenamente... com
muita calma. Eu acho que melhor será contar até cem, ou mais, ou meter a viola
ao saco e não reagir... Antigamente, poucos sabiam ler, e a sabedoria do contar
não sei até onde chegaria. O que sei é que essas poses, nada fotogénicas,
existem desde as origens. Logo no princípio, Caim matou Abel, por ciúmes,
invejas ou lá o que fosse. E um descendente de Caim, Lamec, não era mesmo bico
que se assoasse. Dizia ele: “Por uma ferida, eu matarei um homem, por uma
cicatriz eu matarei uma criança. Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta
e sete” (Gn 4, 23-24). A tantos milénios de distância, estes estados de alma
ainda nos apavoram. No entanto, hoje, ainda há quem faça pior ou igual, por
muito menos, por nada, apenas porque o outro é diferente. Mas, então, que
bichinho morderá a essa gente?
Os povos sempre vão evoluindo e as barbáries vão
ficando para trás. Só se reiteram por ausência ou rudeza de formação, por cabeça
dura e coração de pedra, ou porque se esquece ou nada se aprende com as lições
da história. Essa rudeza, esse endurecimento do coração e essa ignorância da
história continuam a ser a causa de muitas tragédias de hoje, pequenas ou
grandes.
No livro do Êxodo, porém, aparece-nos um salto
verdadeiramente revolucionário nessa matéria. De quando em vez, esse princípio
é hoje citado de forma depreciativa, precisamente porque se admite progresso na
educação e se pensa que isso já foi ultrapassado. Essa norma foi, nessa altura,
de um alcance extraordinário, foi mesmo inovadora. Ordenava que quem agisse mal
fosse julgado e castigado segundo a justiça. Era a lei de talião: “Se houver
dano grave, então pagará vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,24).
Isto é, procurava-se um justo equilíbrio entre os danos causados e a pena a
aplicar. Foi, de facto, um salto civilizacional, um conceito jurídico de
justiça retributiva, buscando proporcionalidade. O Código babilónico de
Hamurabi e vários sistemas jurídicos ao longo dos tempos foram-se inspirando
nessa lei de talião. Ainda há sistemas jurídicos que hoje têm por base o
direito da retaliação.
Dando mais um passo nesta saga da evolução dos povos,
no Livro do Levítico aparece-nos um dado novo. Aí se lê que nada de vingança,
e, se nada para além da justiça, que haja também misericórdia, condição
indispensável para também se obter a misericórdia de Deus: “Não sejas
vingativo, nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo
como a ti mesmo” (Lev 19,18). Mesmo que este perdoar e amar fosse mais para
consumo interno, dos concidadãos, o livro dos Provérbios acentua que: “se o teu
inimigo tem fome, dá-lhe de comer, se tem sede, dá-lhe de beber .... e Deus te
compensará” (cf. Prov 25, 21-22).
Jesus, porém, coloca no mesmo plano o amor a Deus e o
amor ao próximo: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a
quem não vê?” (1Jo 4, 20). E insiste na necessidade de rasgar horizontes, de
destruir barreiras históricas e culturais, pois o próximo são todas as pessoas,
os inimigos também (cf. Mt 5,43-48).
Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, haveria 613
mandamentos. Destes, 365 eram proibições. Os restantes, 248, eram ações a
praticar. Esta quantidade de normas com certeza que poria a cabeça de muitos em
parafuso, sobretudo os mais escrupulosos. Era muita areia para quem os tinha de
aprender, praticar e ensinar. Por isso, mesmo que em jeito de cilada, surge a
pergunta do fariseu a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus
cita dois: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O
segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei
e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,36-40). E para que não
houvesse dúvidas, Jesus esclarece o doutor da Lei sobre quem é o próximo.
Conta-lhe a parábola do bom samaritano, um estrangeiro, um gentio, que, ao
contrário das “pessoas de bem” que, ao passarem, fizeram vista grossa, ele usou
de misericórdia para com um homem mal tratado, caído e abandonado na margem do
caminho. O doutor da Lei logo conclui que, de facto, esse samaritano, é que tinha
agido bem em relação àquela pessoa que precisava de cuidados. Jesus, então,
reafirmou-lhe: vai, e faz o mesmo (cf. Lc 10, 25-37). O próximo são, pois, os
outros, sobretudo os que precisam de ajuda, sejam eles quem forem, amigos ou
inimigos, ao perto ou ao longe, crentes ou não crentes. É o sentido social da
existência de que fala o Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti. Aí, ele
denuncia “aqueles que parecem sentir-se encorajados, ou pelo menos autorizados
pela sua fé, a defender várias formas de nacionalismo fechado e violento,
atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são diferentes” (Ft
86).
Mas esta coisa de perdoar sempre criou mossa a muita
gente. São Pedro também precisou de um esticãozinho de orelhas sobre tal
matéria. Jesus falava das exigências da vida em comunidade. Esta deve basear-se
na fraternidade e no amor, onde o maior deve ser o mais pequeno e todos se
devem sentir responsáveis por todos, indo à procura do afastado como o pastor
vai à procura da ovelha perdida. São Pedro, porém, parece que estava a achar
aquilo um pouco exagerado e a precisar de alguns retoques, pois a vida em
comunidade nem sempre é fácil, há sempre quem julgue ter o direito de
ultrapassar os limites e há quem se julgue controlador dos mesmos. Por isso,
Pedro pergunta a Jesus: «Senhor, se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei
perdoar-lhe? Até sete vezes?» Com certeza que Pedro até pensaria que já estava
a ser demasiadamente generoso, perdoar até sete vezes já seria um exagero
segundo os critérios em voga, já exigiria uma dose de paciência muito maior que
a de Job. Mas Jesus logo lhe responde: «Não te digo até sete vezes, mas até
setenta vezes sete.” Como quem diz, o cristão está chamado a assumir uma
mentalidade completamente nova, deve perdoar sempre. E conta-lhe a parábola dos
dois devedores em que um recebe o perdão duma dívida incalculável, mas não é
capaz de perdoar, a outro, uma ninharia que esse outro lhe devia (Mt 18,
21-35). Nessa parábola, exalta-se a infinita misericórdia de Deus para connosco,
e a nossa incapacidade de perdoar o quer que seja aos outros. O que deve
modelar o nosso agir em relação aos outros é aquela misericórdia que Deus tem
para connosco. E a norma permanece: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
Mas dando mais um passo em frente, se devemos amar o
próximo como a nós mesmos, o próximo, penso eu, nem sempre ficará bem servido.
Muitas vezes, nós não nos amamos a nós mesmos. Será que se ama a si próprio
aquele que despreza a sua saúde, que se afoga em vícios, que usa de violência,
que entra pela maledicência e gera intrigas, que não cumpre o seu dever, que
vive em pecado e na infidelidade a Deus? Como poderemos amar os outros como nos
amamos a nós próprios se nós não nos amamos nem nos respeitamos?
Pois, pois, mas Cristo deu-nos um Mandamento Novo:
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (cf. Jo 15,12). Como quem diz: será
melhor amar os outros não tanto como vos amais a vós mesmos, mas como Eu vos
amei. E é diferente. Ele amou-nos gratuitamente, até ao fim, perdoando aos próprios
inimigos, dando a vida sem apresentar fatura, por amor e misericórdia.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 11-12-2020.
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