PARÓQUIAS
DE NISA
Domingo,
27 de dezembro de 2020
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DOMINGO
dentro da Oitava do Natal
Sagrada Família de
Jesus, Maria e José – FESTA
Branco – Ofício da
festa (Semana I do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. do Natal.
L 1 Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sal 127 (128), 1-2. 3. 4-5
L 2 Col 3, 12-21
Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40
ou:
L 1 Gen 15, 1-6; 21, 1-3; Sal 104 (105), 1b-2. 3-4. 5-6. 8-9
L 2 Hebr 11, 8. 11-12. 17-19
Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* No Carmelo da Sagrada Família (Moncorvo) – Sagrada Família de Jesus, Maria e
José, Titular do Carmelo – FESTA
* Na Congregação da Divina Providência e Sagrada Família (Braga) – Sagrada
Família de Jesus, Maria e José, Titular da Congregação – FESTA
* II Vésp. da festa – Compl. dep. II Vésp. dom.
SAGRADA
FAMÍLIA
DE JESUS, MARIA E JOSÉ
Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA Lc 2, 16
Os pastores vieram a toda a pressa
e encontraram Maria, José e o Menino deitado no presépio.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, Pai santo,
que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida,
concedei que, imitando as suas virtudes familiares
e o seu espírito de caridade,
possamos um dia reunir-nos na vossa casa
para gozarmos as alegrias eternas.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
LEITURA I Sir 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)
«Aquele que teme a Deus honra os seus pais»
Leitura do Livro
de Ben-Sirá
Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe.
Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra
sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na
sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o
conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes
durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não
o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu
pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5 (R. cf. 1)
Refrão: Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos. Repete-se
Ou: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus caminhos. Repete-se
Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem. Refrão
Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa. Refrão
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida. Refrão
LEITURA II Col 3, 12-21
A vida doméstica no Senhor.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos
de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns
aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra
outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de
tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos
corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E
vivei em acção de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo,
para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com
salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa
gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome
do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos
vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as
trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto
agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em
desânimo.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Col 3, 15a.16a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra. Refrão
EVANGELHO – Forma longa Lc 2, 22-40
«O Menino crescia, e enchia-Se de sabedoria»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José
levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na
Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e
para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na
Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e
piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O
Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor;
e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o
Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão
recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo
a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram
a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se
revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino
Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a
Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem
em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua
alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também
uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito
avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até
aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia,
com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a
louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação
de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a
Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se
robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve Lc 2, 22.39-40
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José
levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor. Cumpridas todas as
prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de
Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-se robusto e enchia-Se de
sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
Palavra da salvação.
Credo.
Leituras facultativas
LEITURA I Gen 15, 1-6; 21, 1-3
«O teu herdeiro vai ser alguém nascido do teu sangue»
Leitura do Livro
do Génesis
Naqueles dias,
foi dirigida a Abrão a palavra do Senhor numa visão:
«Não temas, Abrão: Eu sou o teu escudo;
será grande a tua recompensa».
Abrão respondeu:
«Senhor, meu Deus, que me dareis?
Vou partir desta vida sem descendência,
e o herdeiro da minha casa é Eliezer de Damasco».
E continuou:
«Vós não me destes descendência,
e um servo nascido na minha casa é que será o meu herdeiro». Então a palavra do
Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: «Não é ele que será o teu herdeiro;
o teu herdeiro vai ser alguém nascido do teu sangue».
Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe:
«Levanta os olhos para o céu e conta as estrelas,
se as puderes contar».
E acrescentou:
«Assim será a tua descendência».
Abrão acreditou no Senhor,
o que lhe foi atribuído como justiça.
O Senhor visitou Sara, como lhe tinha dito,
e realizou nela o que prometera.
Sara concebeu
e deu um filho a Abraão, apesar da sua velhice, na data marcada por Deus.
Ao filho que lhe nasceu de Sara
deu Abraão o nome de Isaac.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL
Salmo 104 (105), 1b-2.3-4.5-6.8-9 (R. 7a.8a)
Refrão: O Senhor, nosso Deus,
recorda sempre a sua aliança
Aclamai o nome do Senhor,
anunciai entre os povos as suas obras. Cantai-Lhe salmos e hinos, proclamai
todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu santo nome,
exulte o coração dos que procuram o Senhor. Considerai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.
Recordai as maravilhas que Ele operou,
os seus prodígios e os oráculos da sua boca, vós, descendentes de Abraão, seu
servo, filhos de Jacob, seu eleito.
Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que estabeleceu com Abraão,
o juramento que fez a Isaac.
LEITURA II
A fé de Abraão, de Sara e de Isaac
Leitura da
Epístola aos Hebreus Hebr 11, 8.11-12.17-19
Irmãos:
Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento
e partiu para uma terra que viria a receber como herança;
e partiu sem saber para onde ia.
Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe
já depois de passada a idade,
porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. Por isso, de um só
homem
– um homem que a morte já espreitava –
nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e inumeráveis como
a areia que há na praia do mar.
Pela fé, Abraão, submetido à prova,
ofereceu o seu filho único, Isaac,
que era o depositário das promessas,
como lhe tinha sido dito:
«É por Isaac que terás uma descendência com o teu nome». Ele considerava que
Deus pode ressuscitar os mortos;
por isso ele recuperou o filho como uma figura.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Hebr 1, 1-2
Refrão: Aleluia. Repete-se
Muitas vezes e de muitos modos
falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas. Nestes dias, que são os
últimos,
falou-nos por seu Filho.
EVANGELHO Como atrás.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício de reconciliação
e humildemente Vos suplicamos
que, pela intercessão da Virgem, Mãe de Deus, e de São José,
as nossas famílias se confirmem
na vossa paz e na vossa graça.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Natal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Bar 3, 38
Deus apareceu na terra
e começou a viver no meio de nós.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Pai de misericórdia,
que nos alimentais neste divino sacramento,
dai-nos a graça de imitar continuamente
os exemplos da Sagrada Família,
para que, depois das provações desta vida,
vivamos na sua companhia por toda a eternidade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
**************
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS – Sir
3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14); A palavra de Deus faz o
elogio da vida familiar. O Filho de Deus, ao fazer-Se homem, quis nascer e
viver numa família humana. Foi ela a primeira família cristã, modelo, a seu
modo, de todas as demais. O amor de Deus em todos os membros de uma família é
condição fundamental para o crescimento, em paz, de todos os que nela nascem e
vivem, como no quadro que o sábio nos apresenta nesta leitura.
II
Col 3, 12-21: Desde o princípio que os cristãos
compreenderam que a sua fé se deve manifestar em toda a sua vida e muito
particularmente na vida de família; esta pode ter sempre diante dos olhos a
Sagrada Família de Nazaré, que constituiu a melhor experiência do que devem ser
as nossas famílias.
Lc
2, 22-40: O quadro da vida evangélica, que hoje nos é
proclamado, é cheio de mistério: a Sagrada Família cumpre a Lei de Moisés,
revelando assim como Deus realmente entrou no caminho dos homens; Maria escuta
a profecia de Simeão, que anuncia desde já, o mistério pascal; a vida da
Família de Nazaré é um mundo de sabedoria e de graça, de trabalho, de oração e
de paz.
AGENDA DO DIA
(
09.00 horas |
Montalvão |
|
|
09.30 horas |
|
Amieira |
Arneiro |
10.30 horas |
Arez |
|
|
10.45 horas |
|
Tolosa |
|
11.30 horas |
|
|
Nisa |
12.00 horas |
Alpalhão |
Gáfete |
|
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A VOZ DO PASTOR:
VERDADES DO SENHOR DE LA PALICE
A minha musa, coitada, deve estar confinada, com covid ou sarampelo.
Sarampelo dizia-se, por lá, quando eu era pequeno. Mas isto de escrever, hoje,
nem a ferros quer sair. Não há inspiração para fazer rir, cantar e fugir ao
matraquilhar sisudo de conselhos sanitários e à feliz ameaça da chegada de uma
vacina, mesmo que muito friorenta. O povo bem diz que não se fazem omeletes sem
ovos. É uma verdade do senhor de La Palice, um senhor muito importante, uma
verdade muito badalada!...
Vou recordar: Jacques de Chabannes, Senhor de La Palice, foi guerreiro
francês de fibra e prestígio, dizem as boas e as más línguas. Mas bateu a
caçoleta perto de Pavia, em peleja de se lhe tirar o chapéu, diz quem sabe. Foi
bem feito!... terão dito os seus amigos da onça.
Os soldados que ele comandava, porém, rendidos ao seu engenho e destemor
bélico, quiseram render-lhe uma homenagem de se ver e sentir. No entanto, nesse
entusiasmo e fervor festivo, somos levados a crer que o autor duma canção do
programa, deveria precisar, por certo, de alguns exames clínicos. Se pensou muito
a medir a métrica, deveria ter muito colesterol ou grandes varizes na veia
poética. Poetou assim: “O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia /
Momentos antes da sua morte / Podem crer, inda vivia”. É essa a verdade do
senhor de La Palice sem ele nada ter a ver com isso, o poeta é que sim!...
Dou outro exemplo para aqueles que, com dúvidas, ficaram a olhar para trás
e a reler a verdade do senhor de La Palice: se antes do 25 de abril se vivia
antes de morrer, depois do 25 de abril, para morrer basta estar vivo! Verdades
de La Palice! Mas também é uma lapalissada afirmar que não se fazem omeletes
sem partir os ovos. Mas pode haver quem queira ter as omeletes no prato e os
ovos na despensa. E aqui é que está o busílis. Como calceteiros marítimos à sombra
da bananeira, aguarda-se o sol na eira e a chuva no nabal, preferindo não fazer
nada e, depois, descansar, à espera que tudo aconteça como exigimos!
Como o leitor acaba de ver, e também diz o povo, do comer e falar tudo vai
do começar! Então, esticando eu todo este palanfrório para o campo sobre o qual
costumo escrever, também na vivência da fé muitas vezes se quer o sol na eira e
a chuva no nabal. Têm-se os ovos, mas prevalece a preguiça de os partir.
Deseja-se o bom e o bem, mas dispensa-se qualquer esforço e trabalho.
Acredita-se em milagres, e bem, de quando em vez eles acontecem. Espera-se que
eles se realizem em nós, e mal. Deus, creio eu, não vem fazer o que, por
preguiça ou desleixo, alguém não quer ou deixa de fazer. E para ficar bem
perante si próprio, habilidosamente se floreia esse modo de ser e estar com
muitos penachos e muitas razões pessoais, razões sem qualquer razão e penachos
a esvoaçar ao vento. Neste crer, viver e esperar, podem-se alimentar ilusões,
reivindicar exceções, puxar por peneiras e importâncias, comparar-se, julgar-se
superior... Ora, estas manivelas a fazer girar a maquineta do egoísmo, não
alindam ninguém, desfeiam a todos, sacodem os nervos de muitos...
O milagre por excelência foi o da salvação universal realizado por Cristo,
gratuitamente, por amor, cujo nascimento vamos celebrar com muita alegria e
cuidados: é Natal! Toda a humanidade usufrui desse gesto do amor de Deus para
connosco, e de tal forma que “debaixo do céu não existe outro nome dado aos
homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4, 12). Esperneemos ou não, quer
vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor, embora Ele respeite as nossas
opções e liberdade!...
Dentro dos seus planos, Deus, rico em misericórdia, fez a sua parte, espera
agora que façamos a nossa. E ao indicar o caminho a seguir, lembrou-nos que a
porta de entrada é estreita: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita,
porque vos digo: muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13, 24). Os
curiosos lá do sítio, já de bloco e lápis na mão e com a fita de alfaiate ao
ombro para se medirem em função da estreiteza da porte e da dieta a fazer,
perguntaram a Jesus se, na verdade, eram poucos aqueles que entravam por essa
porta adentro. Mas..., oh que chatice!... Jesus foi mesmo um desmancha prazeres,
não lhes satisfez a curiosidade, e o enigma permanece!... Sempre foi e será
coisa que não vai de palpites, não é passível de sondagens, não se esclarece
com estatísticas, gráficos e variadas comparações, muito menos em gritarias
como as do futebol e as da política em certos debates nas pantalhas
televisivas. Jesus não lhes revela o resultado. Apresenta-lhes, isso sim, as
regras do jogo num relvado onde as caneladas, as e-toupeiras, os apitos
dourados e outros truques e habilidades danosas devem estar ausentes. Só o fair
play tem lugar. Jesus dá-lhes a entender que aquilo que lhes deve interessar
não é o de saber quantos se salvam. O que os deve preocupar é saber quais são
as exigências do Reino para se puderem salvar, pois a porta, embora aberta a
todos, é estreita, mesmo para os magricelas ou trinca-espinhas. Trata-se de
escolher o verdadeiro caminho da vida, aquele que faz escrever uma nova e
verdadeira história de vida. Portanto, não é uma questão de curiosidade, é de
compromisso. Se assim não for, o dono pode fechar a porta e deixar-nos fora, a
gemer.
“Esse é o problema – diz o Papa Francisco - Jesus não nos quer iludir,
dizendo: “Sim, fiquem tranquilos, é fácil, existe uma bonita estrada e, lá no
final, um grande portão…”. Não fala isso: fala-nos da porta estreita. Diz-nos
as coisas como são: a passagem é estreita. Em que sentido? No sentido de que,
para se salvar, é preciso amar a Deus e ao próximo, e isso não é confortável! É
uma “porta estreita” porque é exigente, o amor é exigente, sempre, requer
empenho, ou melhor, “esforço”, isto é, uma vontade decidida e perseverante de
viver segundo o Evangelho. São Paulo chama isso de “o bom combate da fé” (1Tm
6,12). É preciso o esforço de todos os dias, de cada dia para amar Deus e o
próximo.” Há um dono da casa que representa o Senhor. “A sua casa simboliza a
vida eterna, ou seja, a salvação. E aqui volta a imagem da porta. Jesus diz:
«Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, ficareis fora e batereis,
dizendo: “Abre-nos, Senhor!”. Mas ele responder-vos-á: “Não sei de onde
sois!”». (v. 25). Então, estas pessoas procurarão ser reconhecidas, lembrando
ao dono da casa: «Comemos e bebemos contigo... Ouvimos os teus conselhos, os
teus ensinamentos públicos...» (cf. v. 26); «Estivemos presentes, quando tu
deste aquela conferência...». Mas o Senhor repetirá que não os conhece,
chamando-lhes «praticantes de injustiça». Eis o problema! O Senhor não nos
reconhecerá pelos nossos títulos — «Mas olha, Senhor, que eu pertencia àquela
associação, eu era amigo daquele monsenhor, daquele cardeal, daquele
sacerdote...». Não, os títulos não contam, não contam! O Senhor só nos
reconhecerá por uma vida humilde, por uma vida boa, por uma vida de fé, que se
traduz em obras”.
As importâncias inúteis, as sabenças empoleiradas, as façanhas trauliteiras
e outras forças descarriladas em nada contribuem para se ouvir o: “faz favor de
entrar” -, por aquela dita porta, estreita. Nestas questões da salvação, do
amar a Deus e ao próximo como Cristo nos amou, ninguém substitui ninguém,
ninguém vale porque descende, convive ou ouve gente de bem e importante. Cada
um é cada qual, vale e responde por si. Se queremos omeletes, não basta que
tenhamos os ovos, é preciso parti-los e cozinhá-los: verdade do senhor de La
Palice.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 18-12-2020.
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