PARÓQUIAS
DE NISA
Quarta,
16 de dezembro de 2020
III semana do Advento
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LITURGIA:
QUARTA-FEIRA
da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I do Advento.
L 1 Is 45, 6b-8. 18. 21b-25: Sal 84 (85), 9ab-10. 11-12. 13-14 Ev Lc 7, 19-23
* Na Diocese do Porto – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Armando
Esteves Domingues, Bispo Auxiliar (2018)
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – B. Maria dos Anjos, virgem – MF
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Hab 2, 3;
1 Cor 4, 5
O Senhor virá sem demora: iluminará os que vivem
nas trevas e manifestar-se-á a todos os povos.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, que as próximas festas do nascimento do vosso
Filho nos fortaleçam nos trabalhos desta vida e nos alcancem os bens eternos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
LEITURA I Is 45, 6b-8.18.21b-25
«Desça o orvalho do alto dos céus»
Leitura do Livro
de Isaías
«Eu sou o Senhor e não há outro. Formo a luz e crio as trevas, dou a felicidade
e crio a desgraça. Sou Eu, o Senhor, que faço tudo isto. Derramai, ó céus, o
orvalho lá do alto e as nuvens chovam a justiça; abra-se a terra e germine a
salvação e com ela floresça a justiça. Sou Eu, o Senhor, que o realizo». Assim
fala o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra e a consolida, que
não a criou para ficar deserta, mas a formou para ser habitada: «Eu sou o
Senhor e não há outro». Quem anunciou tudo isto no passado? Quem o predisse há
tanto tempo? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de Mim; Eu sou o Deus
justo e salvador e não há outro. Voltai-vos para Mim e sereis salvos, todos os
confins da terra, porque Eu sou Deus e não há outro. Juro pelo meu nome, é
justo o que sai da minha boca, a minha palavra é irrevogável: Diante de Mim se
hão de dobrar todos os joelhos, em meu nome hão de jurar todas as línguas,
dizendo: ‘Só no Senhor está a justiça e a fortaleza’». Hão de vir, cobertos de
vergonha, à sua presença todos os que se levantaram contra Ele. No Senhor terá
salvação e glória toda a descendência de Israel.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. cf. Is
45, 8)
Refrão: Desça
o orvalho do alto dos céus
e as nuvens chovam o Justo. Repete-se
Escutemos o que diz o Senhor:
Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra. Refrão
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu. Refrão
O Senhor dará ainda o que é bom
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos. Refrão
ALELUIA Is 40, 9-10
Refrão: Aleluia Repete-se
Clama com voz forte, arauto da boa nova:
O Senhor vem com poder e majestade. Refrão
EVANGELHO Lc 7, 19-23
«Ide contar a João o que vistes e ouvistes»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, João Baptista chamou dois dos seus discípulos e enviou-os ao
Senhor com esta mensagem: «És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar
outro?» Ao chegarem junto de Jesus, os homens disseram-Lhe: «João Baptista
mandou-nos perguntar-Te: ‘És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar
outro?’» Nessa altura Jesus curou muitas pessoas, de doenças, padecimentos e
espíritos malignos, e deu a vista a muitos cegos. Então respondeu-lhes: «Ide
contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os
leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é
anunciado o Evangelho; e feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de
queda».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que a oblação deste sacrifício se renove sempre na vossa Igreja,
de modo que a celebração do mistério por Vós instituído realize em nós
plenamente a obra da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Advento I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Is 40, 10; cf. 34, 5
O Senhor virá com poder e majestade
e iluminará os olhos dos seus fiéis.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Senhor, pela vossa bondade, que este divino sacramento nos livre do
pecado e nos prepare para as festas que se aproximam. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita,
situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS Is
45, 6b-8.18.21b-25: Só Deus é a fonte da salvação; e o homem
só está no caminho da salvação quando se volta para Deus, O invoca, O escuta, O
segue, deixando-se conduzir por Ele. Para isso, o próprio Deus Se adianta a vir
ao encontro do homem, para que este O reconheça e d’Ele receba a libertação de
todos os seus males. É esta uma atitude fundamental no Advento: esperar o
Senhor, invocar o Senhor, voltar, desde já, para o Senhor o nosso coração.
Lc 7, 19-23 :Respondendo
aos enviados por João Baptista, Jesus apresenta-Se com as obras de salvação que
está realizando em favor dos doentes, dos pobres, sobretudo pobres da palavra
de Deus. É esta a sua missão, ser o Salvador. As curas realizadas nos doentes
do corpo são, por sua vez, sinais da cura de doenças mais profundas, as que
atacam o espírito do homem. Por sinais como estes, Ele pode ser reconhecido
(como o Salvador e Enviado de Deus).
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa Tolosa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
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A VOZ DO PASTOR:
DO MENOS AO MAIS DO MAIS AO IDEAL
Quando alguém reage picado pelos nervos à flor da
pele, regra geral perde as estribeiras, sai asneira. O bom senso foge, e ele escorrega
para o chão, para a vingança, o rancor, o ódio e quejandos. Tudo isso, porém, é
péssima companhia, é morrinha a esconjurar. Alguém aconselha a que, antes de se
reagir, pelo menos se conte até dez... serenamente... com muita calma. Eu acho
que melhor será contar até cem, ou mais, ou meter a viola ao saco e não
reagir... Antigamente, poucos sabiam ler, e a sabedoria do contar não sei até
onde chegaria. O que sei é que essas poses, nada fotogénicas, existem desde as
origens. Logo no princípio, Caim matou Abel, por ciúmes, invejas ou lá o que
fosse. E um descendente de Caim, Lamec, não era mesmo bico que se assoasse.
Dizia ele: “Por uma ferida, eu matarei um homem, por uma cicatriz eu matarei
uma criança. Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta e sete” (Gn 4,
23-24). A tantos milénios de distância, estes estados de alma ainda nos
apavoram. No entanto, hoje, ainda há quem faça pior ou igual, por muito menos,
por nada, apenas porque o outro é diferente. Mas, então, que bichinho morderá a
essa gente?
Os povos sempre vão evoluindo e as barbáries vão
ficando para trás. Só se reiteram por ausência ou rudeza de formação, por
cabeça dura e coração de pedra, ou porque se esquece ou nada se aprende com as
lições da história. Essa rudeza, esse endurecimento do coração e essa
ignorância da história continuam a ser a causa de muitas tragédias de hoje,
pequenas ou grandes.
No livro do Êxodo, porém, aparece-nos um salto
verdadeiramente revolucionário nessa matéria. De quando em vez, esse princípio
é hoje citado de forma depreciativa, precisamente porque se admite progresso na
educação e se pensa que isso já foi ultrapassado. Essa norma foi, nessa altura,
de um alcance extraordinário, foi mesmo inovadora. Ordenava que quem agisse mal
fosse julgado e castigado segundo a justiça. Era a lei de talião: “Se houver
dano grave, então pagará vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,24).
Isto é, procurava-se um justo equilíbrio entre os danos causados e a pena a
aplicar. Foi, de facto, um salto civilizacional, um conceito jurídico de
justiça retributiva, buscando proporcionalidade. O Código babilónico de
Hamurabi e vários sistemas jurídicos ao longo dos tempos foram-se inspirando
nessa lei de talião. Ainda há sistemas jurídicos que hoje têm por base o
direito da retaliação.
Dando mais um passo nesta saga da evolução dos povos,
no Livro do Levítico aparece-nos um dado novo. Aí se lê que nada de vingança,
e, se nada para além da justiça, que haja também misericórdia, condição
indispensável para também se obter a misericórdia de Deus: “Não sejas
vingativo, nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo
como a ti mesmo” (Lev 19,18). Mesmo que este perdoar e amar fosse mais para
consumo interno, dos concidadãos, o livro dos Provérbios acentua que: “se o teu
inimigo tem fome, dá-lhe de comer, se tem sede, dá-lhe de beber .... e Deus te
compensará” (cf. Prov 25, 21-22).
Jesus, porém, coloca no mesmo plano o amor a Deus e o
amor ao próximo: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a
quem não vê?” (1Jo 4, 20). E insiste na necessidade de rasgar horizontes, de
destruir barreiras históricas e culturais, pois o próximo são todas as pessoas,
os inimigos também (cf. Mt 5,43-48).
Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, haveria 613
mandamentos. Destes, 365 eram proibições. Os restantes, 248, eram ações a
praticar. Esta quantidade de normas com certeza que poria a cabeça de muitos em
parafuso, sobretudo os mais escrupulosos. Era muita areia para quem os tinha de
aprender, praticar e ensinar. Por isso, mesmo que em jeito de cilada, surge a
pergunta do fariseu a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus
cita dois: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O
segundo é semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei
e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22,36-40). E para que não
houvesse dúvidas, Jesus esclarece o doutor da Lei sobre quem é o próximo.
Conta-lhe a parábola do bom samaritano, um estrangeiro, um gentio, que, ao
contrário das “pessoas de bem” que, ao passarem, fizeram vista grossa, ele usou
de misericórdia para com um homem mal tratado, caído e abandonado na margem do
caminho. O doutor da Lei logo conclui que, de facto, esse samaritano, é que
tinha agido bem em relação àquela pessoa que precisava de cuidados. Jesus,
então, reafirmou-lhe: vai, e faz o mesmo (cf. Lc 10, 25-37). O próximo são,
pois, os outros, sobretudo os que precisam de ajuda, sejam eles quem forem,
amigos ou inimigos, ao perto ou ao longe, crentes ou não crentes. É o sentido
social da existência de que fala o Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti.
Aí, ele denuncia “aqueles que parecem sentir-se encorajados, ou pelo menos
autorizados pela sua fé, a defender várias formas de nacionalismo fechado e
violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são
diferentes” (Ft 86).
Mas esta coisa de perdoar sempre criou mossa a muita
gente. São Pedro também precisou de um esticãozinho de orelhas sobre tal
matéria. Jesus falava das exigências da vida em comunidade. Esta deve basear-se
na fraternidade e no amor, onde o maior deve ser o mais pequeno e todos se
devem sentir responsáveis por todos, indo à procura do afastado como o pastor
vai à procura da ovelha perdida. São Pedro, porém, parece que estava a achar
aquilo um pouco exagerado e a precisar de alguns retoques, pois a vida em
comunidade nem sempre é fácil, há sempre quem julgue ter o direito de
ultrapassar os limites e há quem se julgue controlador dos mesmos. Por isso,
Pedro pergunta a Jesus: «Senhor, se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei
perdoar-lhe? Até sete vezes?» Com certeza que Pedro até pensaria que já estava
a ser demasiadamente generoso, perdoar até sete vezes já seria um exagero
segundo os critérios em voga, já exigiria uma dose de paciência muito maior que
a de Job. Mas Jesus logo lhe responde: «Não te digo até sete vezes, mas até
setenta vezes sete.” Como quem diz, o cristão está chamado a assumir uma
mentalidade completamente nova, deve perdoar sempre. E conta-lhe a parábola dos
dois devedores em que um recebe o perdão duma dívida incalculável, mas não é
capaz de perdoar, a outro, uma ninharia que esse outro lhe devia (Mt 18,
21-35). Nessa parábola, exalta-se a infinita misericórdia de Deus para
connosco, e a nossa incapacidade de perdoar o quer que seja aos outros. O que
deve modelar o nosso agir em relação aos outros é aquela misericórdia que Deus
tem para connosco. E a norma permanece: “Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo”.
Mas dando mais um passo em frente, se devemos amar o
próximo como a nós mesmos, o próximo, penso eu, nem sempre ficará bem servido.
Muitas vezes, nós não nos amamos a nós mesmos. Será que se ama a si próprio
aquele que despreza a sua saúde, que se afoga em vícios, que usa de violência,
que entra pela maledicência e gera intrigas, que não cumpre o seu dever, que
vive em pecado e na infidelidade a Deus? Como poderemos amar os outros como nos
amamos a nós próprios se nós não nos amamos nem nos respeitamos?
Pois, pois, mas Cristo deu-nos um Mandamento Novo:
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (cf. Jo 15,12). Como quem diz: será melhor
amar os outros não tanto como vos amais a vós mesmos, mas como Eu vos amei. E é
diferente. Ele amou-nos gratuitamente, até ao fim, perdoando aos próprios
inimigos, dando a vida sem apresentar fatura, por amor e misericórdia.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 11-12-2020.
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