PARÓQUIAS DE NISA
Sexta, 04 de dezembro de 2020
Sexta da I semana do Advento
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LITURGIA:
SEXTA-FEIRA
da semana I
S. João Damasceno, presbítero e doutor da Igreja –
MF
Roxo ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. I do Advento.
L 1 Is 29, 17-24; Sal 26 (27), 1. 4. 13-14
Ev Mt 9, 27-31
* Na Congregação da Paixão de Jesus Cristo – Ofício e Missa votivos da Paixão.
* Na Arquidiocese de Braga (Cidade) – I Vésp. de S. Geraldo.
* Na Ordem Franciscana (Comunidade de Braga) – I Vésp. de S. Geraldo.
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA
O Senhor virá no esplendor da sua glória
visitar o seu povo e dar-lhe a paz e a vida eterna.
ORAÇÃO COLECTA
Mostrai, Senhor, o vosso poder e vinde em nosso auxílio: libertai-nos dos
perigos que nos ameaçam por causa dos nossos pecados e salvai-nos. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I Is 29, 17-24
«Nesse dia os olhos dos cegos hão de ver»
Leitura do Livro
de Isaías
Assim fala o Senhor Deus: Daqui a muito pouco tempo, não há-de o Líbano
transformar-se num jardim e o jardim parecer uma floresta? Nesse dia, os surdos
ouvirão ler as palavras do livro; libertos da escuridão e das trevas, os olhos
dos cegos tornarão a ver. Os humildes alegrar-se-ão cada vez mais no Senhor e
os mais pobres dos homens rejubilarão no Santo de Israel. O tirano deixará de
existir, o escarnecedor desaparecerá e serão exterminados os que só pensam no
mal: aqueles que fazem condenar os outros pelas suas palavras, os que armam
ciladas no tribunal a quem promove a justiça e sem razão arruínam o justo. Por
isso, o Senhor, que libertou Abraão, assim fala à casa de Jacob: ‘Doravante
Jacob não terá de que se envergonhar, o seu rosto não voltará a empalidecer,
porque, ao verem no meio dele os seus filhos, obras das minhas mãos,
proclamarão santo o meu nome’. Proclamarão a santidade do Santo de Jacob e
temerão o Deus de Israel. Os espíritos desnorteados aprenderão a sabedoria e os
murmuradores hão de aceitar a instrução».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 26 (27), 1.4.13-14 (R. 1a)
Refrão: O Senhor é a minha luz e a minha
salvação. Repete-se
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei de temer?
O Senhor é protetor da minha vida:
de quem hei de ter medo? Refrão
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário. Refrão
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor. Refrão
ALELUIA
Refrão: Aleluia Repete-se
O Senhor virá com poder e majestade
e iluminará os olhos dos seus fiéis. Refrão
EVANGELHO Mt 9, 27-31
Dois cegos acreditam em Jesus e são curados
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus pôs-Se a caminho e seguiram-n’O dois cegos, gritando:
«Filho de David, tem piedade de nós». Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se
d’Ele. Jesus perguntou-lhes: «Acreditais que posso fazer o que pedis?» Eles responderam:
«Acreditamos, Senhor». Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: «Seja feito
segundo a vossa fé». E abriram-se os seus olhos. Jesus advertiu-os, dizendo:
«Tende cuidado, para que ninguém o saiba». Mas eles, quando saíram, divulgaram
a fama de Jesus por toda aquela terra.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai benignamente, Senhor, para as nossas humildes ofertas e orações e, como
diante de Vós não temos méritos, ajudai-nos com a vossa misericórdia. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
Prefácio do Advento I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Filip 3, 20-21
Esperamos o nosso salvador, Jesus Cristo,
que transformará o nosso corpo mortal
à imagem do seu corpo glorioso.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com o alimento espiritual, humildemente Vos pedimos, Senhor, que, pela
participação neste sacramento, nos ensineis a apreciar com sabedoria os bens da
terra e a amar os bens do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita,
situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS
Is 29, 17-24 :A
renovação do povo de Deus é frequentemente apresentada em comparações tiradas
da renovação da natureza e da melhoria das situações materiais ou morais. Com
tais imagens exprime-se o ambiente de felicidade e de alegria, de paz e de
santidade, de renovação e de restauração que o Senhor quer enviar ao seu povo,
para que ele reencontre os caminhos da sabedoria.
Mt 9, 27-31: O
que a leitura anterior anunciava, Jesus agora o realiza no Evangelho: “os olhos
dos cegos tornarão a ver”. Há uma continuidade constante em toda a história da
salvação, porque Deus é sempre o mesmo, e sempre igual é a sua vontade de vir
ao encontro dos cegos, que somos nós todos. Estes “últimos tempos”, que Jesus
inaugurou com a sua vinda no mistério de Encarnação, são particularmente
significativos desta vontade de Deus sobre os homens. Curando os cegos, Jesus
revela-Se como a própria luz de Deus enviada ao mundo, ao mesmo tempo que
manifesta a vontade divina de iluminar a nossa cegueira. Esta luz há de
finalmente brilhar em todo o seu esplendor, quando Ele vier no fim destes
nossos tempos, que o Advento prepara.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Adoração
ao Santíssimo em Alpalhão
18.00 horas: Missa em
Nisa – Espírito Santo
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
AVISO:
Devido às novas medidas de combate à pandemia da covid-19,
resultantes do Decreto Presidencial que prorroga por mais 15 dias o estado de
emergência em Portugal, e, infelizmente, a elevação do Concelho de Nisa para o
estado de "Risco Muito elevado", por se verificarem entre 480 e 960
casos por cada 100.000 habitantes, obriga a cada um de nós a consciencialização
cívica para o rigoroso cumprimento das medidas que irão entrar em vigor a
partir das 00h00 de 24 de novembro. Na
sequência desta realidade, os serviços pastorais na zona pastoral de Nisa
sofrem também alteração de horário nalgumas paróquias, principalmente, no que
diz respeito às missas de tarde aos fins-de-semana.
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A
VOZ DO PASTOR:
O PIRELIÓFORO DO PADRE HIMALAIA E O TIO SAM...
Porque já o fiz nesta
semana, hoje vou fugir às temáticas habituais para falar dum cientista e
inventor que nasceu em Cendufe, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo. Chamava-se
Manuel António Gomes. Sem recursos próprios e parcos apoios, se os craques da
ciência em Portugal não abundavam, ele esteve na linha da frente da
investigação científica da época, com reconhecimento da comunidade científica
internacional pelas suas visões pioneiras e revolucionárias, como precursor dos
atuais equipamentos fotovoltaicos, das energias renováveis, do desenvolvimento
sustentável. E já lá vão mais de cem anos!...
Foi um dos sete filhos
de uma família de pequenos agricultores de minifúndio em socalcos. Como não
podia fugir à sina do tempo, do lugar e das suas circunstâncias existenciais,
trabalhou no campo e fez os primeiros estudos na escola local, mais
propriamente em Souto. Aos 15 anos, em 1882, ingressou no Seminário de Braga.
Sendo de elevada altura, os seus colegas logo lhe tiraram as medidas e o
alcunharam de Himalaia, e assim ficou conhecido até hoje. No Seminário, para
além das temáticas letivas, a biblioteca, que havia sido recheada pelo
Arcebispo de então, era o seu refúgio. Vivia apaixonado por saber o mais
possível sobre as ciências naturais, os avanços tecnológicos, magicar e fazer
experiências. Era ave rara!... Presumo que o seu abanar de asas produzisse
forte ventania nos nervos dos formadores que não lhe terão feito a vida fácil.
E vice-versa, pois amor com amor se paga, diz quem sabe!...
Chegou a Padre, foi
ordenado em 26 de Julho de 1891. Aos 36 anos de idade, porém, o Padre Himalaia
tornou-se uma celebridade badalado por esse mundo fora pelos seus inventos e
artigos publicados nos principais jornais e revistas. Correu mundo, visitou
algumas das principais universidades, laboratórios e instituições científicas
do tempo. Contactou com professores de renome e com alguns dos principais
cientistas. Frequentou universidades e tudo lhe interessava: matemática,
química, medicina, botânica médica, técnicas de radiestesia, estruturas
metálicas, unidades industriais de tecnologia avançada no domínio da
metalomecânica e da fundição, fornos elétricos de altas temperaturas,
fotometria, radiação solar e faíscas elétricas, temáticas relacionadas com a
agricultura e a nutrição, a irrigação e barragens hidroelétricas. Interessou-se
por explosivos, como a himalaíte, registou várias patentes, fez prospeção de
minérios, dedicou-se à reciclagem no fabrico de fertilizantes derivados do
aproveitamento de esgotos. Defendeu o naturismo e as medicinas naturais
sobretudo à base da fitoterapia e da hidroterapia, desenvolveu o conceito de
ecosofia, defendeu a saúde preventiva, uma espécie de "profilaxia
social" à base do ser e não tanto do produzir e ter. Inventou, criou,
ensinou, entrou em projetos nacionais e internacionais, apresentou numerosas
comunicações, publicou trabalhos, desenvolveu teorias ecológicas, participou em
múltiplos debates e proponha ideias inovadoras.
Membro da Academia das
Ciências, apresentou comunicações sobre as mais diversas matérias, desde a
agricultura, a economia e a política energética até às questões de sismologia e
construção antissísmica. Defendia um plano de aproveitamento das energias
renováveis com a construção de açudes, represas e albufeiras para irrigação e
hidroeletricidade, apontava o lugar para a construção de centrais
hidroelétricas, o uso futuro da energia das marés e da energia eólica e o
aproveitamento da energia geotérmica dos geysers. O ordenamento do território e
a florestação também lhe mereceram atenção. Em tempos de estiagem, chegou a
propor o uso de canhões para provocar a chuva e fez experiências, mas, devido
aos custos e não sei se também pelos resultados, o projeto ficou pelo caminho.
Sempre motivado pelas inovações no campo da energia solar, esteve em Paris
quando se preparava a Exposição Universal e se construía a Torre Eiffel, onde
também procurava apoios para construir o seu principal invento a que deu o nome
de Pyrheliophoro, do grego: pyr (fogo) + helios (sol) + phoros (portador) = o
que traz o fogo do sol. “O engenho consistia, num espelho parabólico, com uma
superfície refletora de 80 metros quadrados, formado por 6177 pequenos espelhos
que refletiam a luz do Sol numa cápsula refratária, que funcionava como um
recipiente, e onde se colocavam os materiais a fundir. O conjunto estava
montado numa enorme armação em aço de 13 metros de altura, que acompanhava os
movimentos do Sol mediante um mecanismo de relojoaria”.
Uma das versões do
invento foi apresentada na Tapada da Ajuda, em Lisboa. Foi visitada pela fina
flor da sociedade científica de Portugal, pouca, pelos vistos. O próprio rei e
os espiões do fracasso, não do futuro, lá se apresentaram com olhos de lince a
apreciar a geringonça solar já que a política nem sonhada era. A coisa, porém,
não correu bem! E quem não era capaz de nada, não soube apreciar o alcance
daquele embrião, logo o desvalorizou com tesouradas viperinas na casaca do seu
angustiado autor. No entanto, se o aparelho encaprichou e não trouxe o fogo do
sol, o homem não desistiu, bem haja por isso.
Em 1904 carrega com o
invento para o Pavilhão Português na Exposição Universal de Saint-Louis, nos
Estados Unidos. O aparelho logo se tornou o centro das atenções daquela feira
mundial com cerca de 500 pavilhões e visitada por milhares de pessoas. Mais do
que isso: mereceu o grande prémio e mais duas medalhas de ouro e uma de prata,
com um diploma assinado pelo Presidente Theodore Roosevelt. A imprensa mundial
destacou e elogiou o invento, alguns deram-lhe a primeira página. Aos
interessados na compra, entre os quais haveria japoneses, Himalaia não quis
vender o aparelho, mas também não o trouxe de regresso a casa. Talvez
assolapados sob a capa de sérias e boas pessoas, também por lá se passeariam os
amigos do alheio que, de dedo em riste, deram jus à frase de James Flagg na
nova versão do tio Sam: “I Want You”, eu quero-te, eu quero você!... E foi-se,
adeus geringonça!... Não sei se serão os descendentes dessa estirpe aqueles de
quem o agora Presidente se queixa de o terem afastado do solário da Casa
Branca, ahahahah!...
O pobre Padre regressou
triste, nunca mais se dedicou à energia solar e ao Pirelióforo. É de prever que
outros o tivessem feito... Li, e vá-se lá saber a verdade!, mas li que, depois
da primeira Grande Guerra também correu (boato, com certeza!?), mas correu que
os planos do seu invento para “bombardear as nuvens” e fazer chover, também
teriam sido “desviados” e usados pelos alemães na construção de armas de guerra
para bombardear noutro sentido, um sentido nada agrícola nem ecológico nem
sustentável.
Depois de todas estas
andanças, com encontros e desencontros, o Padre Himalaia, porque o sonho lhe
comandava a vida, ainda se empenhou noutras aventuras. No entanto, doente, sem
apoios pátrios e recursos financeiros, em finais de 1932, veio para junto do
seu irmão Gaspar, também sacerdote e Pároco na vizinha paróquia da sua terra
natal, em São Paio de Jolda, onde ainda se conservam alguns dos seus
manuscritos. Finalmente, acabou por aceitar o lugar de capelão do Asilo de
Velhos e Entrevados da Caridade, na cidade de Viana do Castelo. E se nasceu a 9
de dezembro de 1868, em dezembro faleceu, no dia 21 de 1933, aos 65 anos de
idade. A fama já tinha passado, a sua morte não provocou notícia em que se
tropeçasse, e se foi a sepultar no cemitério da sua terra natal, em Cendufe,
não houve palmas nem flores da sua lusitana pátria.
Embora haja alguns
estudos sobre ele, Jacinto Rodrigues, Professor da Universidade do Porto,
publicou, em 1999, “A Conspiração Solar do Padre Himalaia”, um estudo atento
que veio trazer ao de cima o talento deste homem, a importância dos seus
inventos e aquela verdade que Cristo nos lembrou: um profeta só não é estimado
na sua pátria. Um grupo de amigos – a Associação Padre Himalaya - continua a
soprar as cinzas do esquecimento a que este cientista foi votado para que surja
qual fénix renascida e seja reconhecido o seu génio e transmitida a sua obra.
Há também um filme documentário de 2004, “A Utopia do Padre Himalaya”, do
realizador Jorge António, baseado na obra de Jacinto Rodrigues. Na vila dos
Arcos de Valdevez existe um monumento em sua homenagem da autoria do escultor
José Rodrigues, e, na marginal urbana do Rio Vez, um busto, da autoria de
Eduardo Tavares. No centenário do seu nascimento, houve comemorações a que
presidiu o Arcebispo de Braga, Dom Francisco Maria da Silva, tendo-se inclusive
deslocado ao cemitério de Cendufe onde também foi descerrado um busto do Padre
Himalaia. São, de facto, os conterrâneos e amigos a bracejar para que este
cientista e visionário itinerante não seja esquecido na história pátria. Também
estou a dar o meu empurrãozinho para aguçar o apetite do leitor a que, pelo
menos, abra a Wikipédia ou outras fontes à mão do teclado, pois irá gostar de
ler.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 27-11-2020.
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