PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 10 outubro de 2020
XXVII semana do
tempo comum
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LITURGIA:
SÁBADO
da semana XXVII
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Gal 3, 22-29; Sal 104 (105), 2-3. 4-5. 6-7
Ev Lc 11, 27-28
* Na Ordem Agostiniana – S. Tomás de Vilanova, bispo – FESTA
* Na Ordem Franciscana – SS. Daniel, presbítero, e Companheiros, mártires, da I
Ordem – MF
* Nos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, nas Irmãs Missionárias
Combonianas, nas Missionárias Seculares Combonianas e nos Leigos Missionários
Combonianos – S. Daniel Comboni, bispo, missionário e Fundador – SOLENIDADE
* Na Diocese do Porto (Porto) – I Vésp. de Nossa Senhora de Vandoma.
* Na Congregação das Servas de Maria – I Vésp. de S. Maria Soledad Torres.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA Est
13, 9.10-11
Senhor, Deus omnipotente, tudo está sujeito ao vosso poder
e ninguém pode resistir à vossa vontade.
Vós criastes o céu e a terra e todas as maravilhas
que estão sob o firmamento.
Vós sois o Senhor do universo.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, no vosso amor infinito,
cumulais de bens os que Vos imploram
muito além dos seus méritos e desejos, pela vossa misericórdia,
libertai a nossa consciência de toda a inquietação
e dai-nos o que nem sequer ousamos pedir.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos pares) Gal 3, 22-29
«Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo»
A lei de Moisés foi, no Antigo Testamento, um guia para conduzir os homens até
Cristo. Agora que Cristo veio, é a fé que faz que os homens, sejam eles quem
forem, se tornem filhos de Abraão, e, portanto, herdeiros das promessas que
Deus fez a Abraão e que se realizam plenamente em Cristo.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: A Escritura declara que tudo está sujeito ao domínio do pecado. Deste
modo, é pela fé em Jesus Cristo que a promessa da justificação é concedida aos
que acreditam. Antes que viesse a fé, nós éramos prisioneiros, sob a protecção
da Lei de Moisés, na expectativa da fé que havia de ser revelada. A Lei,
portanto, serviu-nos de guia até à vinda de Cristo, para sermos então
justificados pela fé. Mas depois que veio a fé, já não estamos sob o domínio
desse guia. Porque todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. De
facto, todos vós, que fostes batizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo.
Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher;
todos vós sois um só em Cristo Jesus. Mas, se pertenceis a Cristo, sois então
descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 104 (105), 2-3.4-5.6-7 (R. 8a)
Refrão: O Senhor recorda a sua aliança
para sempre. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Cantai salmos e hinos ao Senhor,
proclamai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu nome santo,
exulte o coração dos que procuram o Senhor. Refrão
Procurai o Senhor e o seu poder,
buscai sempre a sua face.
Recordai as suas maravilhas,
os seus prodígios e os oráculos da sua boca. Refrão
Vós, descendentes de Abraão, seu servo,
filhos de Jacob, seu eleito,
o Senhor é o nosso Deus
e as suas sentenças são lei em toda a terra. Refrão
ALELUIA Lc 11, 28
Refrão: Aleluia. Repete-se
Felizes os que ouvem a palavra de Deus
e a põem em prática. Refrão
EVANGELHO Lc 11, 27-28
«Feliz o ventre que Te trouxe!
Mais felizes os que ouvem a palavra de Deus»
É bom poder ouvir ao sábado esta palavra com a qual aquela simples mulher
bendisse o Senhor de entre a multidão, e poder escutar da boca de Jesus aquela
resposta que nos revela por que razão é bem-aventurada a sua Mãe: porque ouviu
e guardou no coração, pela fé, a palavra de Deus antes de receber o Filho de
Deus feito homem em seu ventre. Aquela primeira felicidade veio a desabrochar
na segunda.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no
meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te
amamentou ao seu peito». Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a
palavra de Deus e a põem em prática».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, o sacrifício
que Vós mesmo nos mandastes oferecer
e, por estes sagrados mistérios que celebramos,
confirmai em nós a obra da redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lam 3, 25
O Senhor é bom para quem n’Ele confia,
para a alma que O procura.
Ou cf. 1 Cor 10, 17
Porque há um só pão, todos somos um só corpo,
nós que participamos do mesmo cálice e do mesmo pão.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso,
que neste sacramento saciais a nossa fome e a nossa sede,
fazei que, ao comungarmos o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
nos transformemos n’Aquele que recebemos.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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AGENDA
DO DIA
15.00 horas: Missa na
Falagueira
16.00 horas: Missa em
Monte Claro
18.00 horas: Missa no
Pardo
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
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A
VOZ DO PASTOR
OUTUBRO:
MÊS DAS MISSÕES
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MENSAGEM
DE SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2020
[18
de outubro de 2020]
«Eis-me
aqui, envia-me» (Is 6, 8)
Queridos irmãos e irmãs!
Desejo manifestar a minha gratidão a Deus pelo empenho com que,
em outubro passado, foi vivido o Mês Missionário Extraordinário em toda a
Igreja. Estou convencido de que isso contribuiu para estimular a conversão
missionária em muitas comunidades pela senda indicada no tema «Batizados e
enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo».
Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados
pela pandemia do covid-19, este caminho missionário de toda a Igreja continua à
luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me
aqui, envia-me» (Is 6, 8). É a resposta, sempre nova, à pergunta do
Senhor: «Quem enviarei?» (Ibid.). Esta chamada provém do coração de
Deus, da sua misericórdia, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na
crise mundial atual. «À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos
surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de
estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas, ao mesmo tempo,
importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de
mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que,
falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” (cf. Mc 4, 38),
assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual
por conta própria, mas só o conseguiremos juntos» (Francisco, Meditação na Praça
de São Pedro,
27/III/2020). Estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos. O
sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao
mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de
libertação do mal. Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si
mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha,
serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu»
medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.
No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (cf.
Jo 19, 28-30), Deus revela que o seu amor é por todos e cada um (cf. Jo
19, 26-27). E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados,
porque Ele é Amor em perene movimento de missão, sempre em saída de Si mesmo
para dar vida. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus (cf. Jo
3, 16). Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são,
inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4, 34; 6, 38; 8,
12-30; Heb 10, 5-10). Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado
por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que
anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e
às nações.
«A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito
concretizável por um esforço de vontade. É Cristo que faz sair a Igreja de si
mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele
e conduz (Francisco, Sem Ele nada podemos fazer, 2019, 16-17). Deus é
sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e
chama-nos. A nossa vocação pessoal provém do facto de sermos filhos e filhas de
Deus na Igreja, sua família, irmãos e irmãs naquela caridade que Jesus nos
testemunhou. Mas, todos têm uma dignidade humana fundada na vocação divina a
ser filhos de Deus, a tornar-se, no sacramento do Batismo e na liberdade da fé,
aquilo que são desde sempre no coração de Deus.
Já o facto de ter recebido gratuitamente a vida constitui um
convite implícito para entrar na dinâmica do dom de si mesmo: uma semente que,
nos batizados, ganhará forma madura como resposta de amor no matrimónio e na
virgindade pelo Reino de Deus. A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no
amor e tende para o amor. Ninguém está excluído do amor de Deus e, no santo
sacrifício de seu Filho Jesus na cruz, Deus venceu o pecado e a morte (cf. Rom
8, 31-39). Para Deus, o mal – incluindo o próprio pecado – torna-se um desafio
para amar, e amar cada vez mais (cf. Mt 5, 38-48; Lc 23, 33-34).
Por isso, no Mistério Pascal, a misericórdia divina cura a ferida primordial da
humanidade e derrama-se sobre o universo inteiro. A Igreja, sacramento
universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e
envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do
anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e
transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e
lugar.
A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus.
Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos[a1] numa relação pessoal de amor com
Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença
do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do
matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em
todo o caso, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados
para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso,
proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do
Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos
a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus (cf. Lc 1, 38)?
Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a
Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6, 8). E isto respondido não
em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história.
A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes
tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Desafia-nos
a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem
morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o
salário, de quem não tem abrigo e comida. Obrigados à distância física e a
permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações
sociais e também da relação comunitária com Deus. Longe de aumentar a
desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à
nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca
e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade
dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. A impossibilidade de
nos reunirmos como Igreja para celebrar a Eucaristia fez-nos partilhar a
condição de muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a Missa todos os
domingos. Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem
enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta: «Eis-me aqui,
envia-me» (Is 6, 8). Deus continua a procurar pessoas para enviar ao
mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e
da morte, a sua libertação do mal (cf. Mt 9, 35-38; Lc 10, 1-11).
Celebrar o Dia Mundial das Missões significa também reiterar
que a oração, a reflexão e a ajuda material das vossas ofertas são
oportunidades para participar ativamente na missão de Jesus na sua Igreja. A
caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo
de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu
nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades
espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação
de todos.
A Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e
Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do seu Filho Jesus, continue a
amparar-nos e a interceder por nós.
Roma, em São João de Latrão, na Solenidade de Pentecostes,
31 de maio de 2020.
Francisco
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UM ANO PASTORAL SOB A AMEAÇA DE MÁ COMPANHIA
Costuma dizer-se que a necessidade aguça o
engenho e quem tem boca vai a Roma. Faz parte da vida a tarefa de nos
desunharmos das situações difíceis e das crises que nos batem à porta. E as
soluções vão surgindo a cada passo, umas mais envergonhadas e tímidas, outras
mais audazes e felizes. No entanto, se algumas se apresentam como beco sem
saída e a reclamar um sinal de sentido proibido, outras há, a maioria, que vão
rasgando caminhos e abrindo portas a novas formas na arte do bem fazer. É
bonito de se ver. Mais interessante é ter a coragem de arriscar, com as
cautelas que a sã prudência exige, mas com a esperança de vencer os adamastores
e sentir a alegria de ter passado além do cabo das tormentas.
Em jornais e páginas da Internet, corre
amiúde o pensamento de Albert Einstein sobre o benefício das crises. Sem querer
substituir os nossos “operários da verdade” e fazedores de opinião sobre tal
matéria, e que são muitos, vou trazer à baila aquele cientista, esse génio da
história, muito inspirado pelos livros de ficção científica, segundo rezam as
crónicas, e cujos pais o levaram ao médico porque não havia maneira de começar
a falar. Mas lá chegou o tempo de falar e falou muito e muito bem, como
sabemos. Dizia ele: “Não podemos querer que as coisas mudem, se sempre fazemos
o mesmo. A crise é a maior bênção que pode acontecer às pessoas e aos países,
porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia assim como o
dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos
e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera-se a si mesmo sem ter sido
superado. Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu
próprio talento e respeita mais os problemas que as soluções. A verdadeira
crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a
dificuldade para encontrar as saídas e as soluções. Sem crises não há desafios,
sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crises não há méritos.
É na crise que aflora o melhor de cada um, porque sem crise todo o vento é uma
carícia. Falar da crise é promovê-la, e calar-se na crise é exaltar o
conformismo. Em vez disto, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única
crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”.
Se isso vale para todos os sectores do
pensamento e da atividade humana, a pastoral é uma nobre e necessária atividade
em prol da humanidade, tem de fazer parte desse arriscar e dum constante resolver,
com competência e criatividade. Mesmo que não seja fácil, é o desafio, é a
provocação. O autor da “Última tentação de Cristo”, referindo-se ao momento da
morte de Cristo na Cruz, em que Ele, dolorosamente, afirma que “Tudo está
consumado!”, esse autor diz que tal grito é um grito triunfal, não porque tudo
finalmente tenha acabado, mas porque, realmente, tudo iria começar. Esta é a
génese da história da evangelização que não nos permite que fiquemos a olhar
para o céu ou a carpir mágoas como profetas da desgraça. Temos de viver como
verdadeiros discípulos, de sair, ir e ensinar, com a força do Espírito. Dois
mil anos depois, a evangelização ainda está a começar. Ela reclama a gratidão
pelo “hoje” desse gesto do amor de Deus para com toda a humanidade. E a Igreja
não pode esquecer que ficou incumbida de anunciar a todos os povos, sempre com
o tal novo vigor, novo entusiasmo, nova linguagem, novas formas de ação, com
criatividade, humildade, alegria, em sinodalidade...
Se as coisas tivessem corrido normalmente,
sem a má companhia da covid-19, a abertura oficial do Ano Pastoral, teria
acontecido no sábado passado, 26 de setembro. Houve, no entanto, uma bela
iniciativa dos jovens diocesanos que em três locais da Diocese, se reuniram, à
noite, em oração ao jeito de Taizé. Reuniram-se em conformidade com as normas
sanitárias, mas muita gente participou através das redes sociais. Foi bonito e
rico de sentido.
Como é do conhecimento de todos, uma das
muitas consequências da pandemia, foi a alteração da data da Jornada Mundial da
Juventude, adiada por um ano, para 2023. Se para muitos é um atraso e um
transtorno, será para outros uma oportunidade, um tempo extra para fazer aquilo
que urge fazer para estarmos prontos a tempo de fazer história neste que será um
dos maiores ou mesmo o maior acontecimento eclesial em Portugal das nossas
vidas.
É para lá que a Igreja portuguesa caminha, a
nossa Diocese também. Queremos que este acontecimento não se limite a acontecer
perto de nós, mas que aconteça connosco, nos jovens que se preparam para
participar presencialmente, mas não só. A Jornada Mundial da Juventude, como
horizonte, não é uma coisa apenas para os mais novos, nem apenas para o
Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e Vocações, cuja dinâmica muito
apreciamos e tem sido muito persistente mesmo nestes tempos de ação
dificultada. É para todos! Queremos que seja para as comunidades a verdadeira
baliza para a qual, todos unidos e não como qualquer pivô individualista,
haveremos de, durante os próximos anos, apontar as nossas ações e escolhas. Se
unidos e sem treinadores de bancada, se como verdadeira e forte equipa com amor
à camisola, venceremos as resistências de qualquer guarda-redes, em comunhão
paroquial e diocesana, com a força do Espírito.
Queremos que as comunidades estejam despertas
para as exigências e as possibilidades evangelizadoras das pré-jornadas, como
oportunidade de conversão pastoral, pelo acolhimento de jovens que atravessarão
a nossa diocese em direção a Lisboa. Queremos que a dinâmica interrompida, em
março passado, seja retomada com o propósito de perguntar aos jovens: “que
Igreja?”. Que Igreja veem? Que Igreja querem? Que Igreja sonham? E, sobretudo,
com que Igreja se comprometem. Dar espaço e voz aos jovens, aos que estão nas
comunidades e, por meio desses, chegar aos que por lá passaram como
catequizandos e se afastaram, não é uma hipótese, é uma condição sem a qual não
conseguimos ver bem o futuro das nossas comunidades.
Com as portas do ano pastoral escancaradas
deste jeito, partimos com esperança jovem, confiando plenamente no Senhor que
em nós também confia. E porque confia em nós, a todos nos envia, em seu nome,
com a força do Espírito Santo, o verdadeiro protagonista da evangelização. Sim,
é o Espírito Santo que acende e guarda a fé nos corações e os detém em suas
mãos. É Ele que “inflama e anima a missão”, que “atrai para Si mesmo a vontade
dos homens”, como afirma o Papa Francisco na Mensagem deste ano às Obras
Missionárias Pontifícias. Aí, Francisco lembra alguns princípios que não
podemos esquecer. Só a atração por Cristo e pelo Espirito Santo pode conquistar
o nosso coração, o coração de quem anuncia e o coração das pessoas a quem
anunciamos. Se esta atração for verdadeira, se este encontro acontecer, a
alegria destas pessoas acaba por as colocar em estado de missão, com memória
agradecida e humilde, sem arrogância, mas aprendendo de Cristo que é “manso e
humilde de coração”. Saberão fazer-se fracos com os fracos, facilitar e não
complicar a vida das pessoas, não colocarão obstáculos ao desejo de Jesus que
reza por cada um e quer salvar a todos a partir da realidade das suas vidas,
com especial preferência pelos humildes e pobres. Saberão que todo o povo de
Deus tem o “instinto” da fé, o sensus
fidei, que o ajuda a não se enganar nas coisas de Deus em que crê, o que
deve merecer o maior respeito pela sua espiritualidade, uma espiritualidade
popular, sim, mas é nela que a maior parte bebe e adere de forma conatural à
iniciativa livre e gratuita de Deus, como afirma o Papa.
Esta atração por Cristo, este encontro com
Ele guiados pelo Espírito, se, de facto, for verdadeiro e fecundo, exclui
muitas tentações em quem anuncia, pois há armadilhas a evitar, como refere
Francisco. Vou sintetizar algumas para aguçar o apetite de todos lerem a
referida Mensagem e a outra para o Dia Mundial das Missões: a
autorreferencialidade que funciona em promoção pessoal e tudo faz em chave de
publicidade das próprias iniciativas; a ânsia de comando com supremacias e
funções de controlo como se a Igreja fosse um produto das nossas análises,
programas, acordos e decisões; a ideia tácita de pertencer a uma aristocracia, a uma classe superior,
elitista, que procura ampliar os seus espaços, segundo os sistemas e as lógicas
mundanas da militância; um certo sentimento de superioridade e impaciência
devido ao facto de o povo talvez até frequentar as paróquias e os santuários,
mas não se comprometer nas organizações eclesiais, passando a ser isolado e a
ser visto como uma massa inerte a precisar de consciencialização, como se a
certeza da fé fosse consequência de um discurso persuasivo ou de métodos de
preparação; a abstração que faz perder o contacto com a realidade e tudo
elabora estrategicamente segundo chaves ideológicas de preferência promocional,
cristalizando tudo num simulacro, incluindo as referências à fé ou os apelos
verbais a Jesus e ao Espírito Santo; o funcionalismo que tudo aposta em modelos
mundanos de eficiência ou estandardiza todo o anúncio, garantindo a ilusão de
resolver os problemas, de ter as coisas sob controle, de melhorar a
administração ordinária do que existe, esquecendo-se que uma Igreja que tem
medo de se abandonar à graça de Cristo e aposta na eficiência do sistema, já
está morta.
Ao iniciarmos o Ano Pastoral com o mês de
outubro pela frente, e que tem como tema missionário a resposta do profeta
Isaías à sua vocação, não esqueçamos que Deus continua a precisar de pessoas
para enviar em seu nome para que anunciem e testemunhem o seu amor pela
humanidade. Mesmo que a uns possa pedir uma resposta mais radical, todos devem
ser capazes de dar a sua resposta firme, sejam quais forem as suas
circunstâncias existenciais: “Aqui estou, Senhor, enviai-me!”, respondeu o
profeta. E nestes tempos de dificuldade, é importante que as próprias famílias não
se esqueçam desta sua generosa disponibilidade e missão junto dos seus, dentro
da própria casa. Como a sociedade seria diferente se cada família se sentisse e
vivesse como pequenina Igreja doméstica, a acolher, a esclarecer e ensinar,
pela palavra e pelo testemunho, de forma feliz e alegre!...
Com saudações amigas e agradecidas para todos
os sacerdotes, diáconos, membros de vida consagrada, agentes da pastoral,
órgãos de corresponsabilidade, movimentos de apostolado e todos os diocesanos,
formulo votos de bom trabalho ao serviço da causa da evangelização. Que todos
encontremos na oração a força que nos une e fortalece na comunhão e na
esperança, na fé e na missão, sob o manto protetor de Maria a Estrela da
Evangelização.
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