sábado, 10 de outubro de 2020

 


 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Domingo, 11 outubro de 2020

 

 

XXVIII semana do tempo comum

 

 

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LITURGIA:

 

DOMINGO XXVIII DO TEMPO COMUM

Verde – Ofício do domingo (Semana IV do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.

L 1 Is 25, 6-10a; Sal 22 (23), 1-3a. 3b-4. 5. 6
L 2 Filip 4, 12-14. 19-20
Ev Mt 22, 1-14 ou Mt 22, 1-10

* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese do Porto (cidade do Porto) – Nossa Senhora de Vandoma, Padroeira principal da cidade – SOLENIDADE
* Na Congregação das Servas de Maria – S. Maria Soledad Torres, virgem, Fundadora da Congregação – SOLENIDADE
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.

Lembrar aos fiéis que, no próximo domingo, o ofertório é para as Missões.

 

Missa

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 129, 3-4
Se tiverdes em conta as nossas faltas,
Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão, Senhor Deus de Israel.


ORAÇÃO COLECTA
Nós Vos pedimos, Senhor, que a vossa graça
preceda e acompanhe sempre as nossas acções
e nos torne cada vez mais atentos
à prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Is 25, 6-10a
«O Senhor preparará um banquete
e enxugará as lágrimas de todas as faces»


O banquete é, com frequência, na Sagrada Escritura, figura da reunião dos homens no reino de Deus. Assim como também hoje se lê em Isaías, aí o banquete é o lugar de encontro de todos os povos, todos eles chamados à comunhão na montanha onde o Senhor habita, o Monte Sião, figura da Igreja de Cristo.

Leitura do Livro de Isaías


Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».

 
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 6cd)
Refrão: Habitarei para sempre na casa do Senhor. Repete-se

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma. Refrão

Ele me guia por sendas direitas
por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança. Refrão

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda. Refrão

A bondade e a graça hão de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre. Refrão


LEITURA II Filip 4, 12-14.19-20
«Tudo posso n’Aquele que me conforta»


A experiência da prisão serviu a São Paulo para ele sentir mais profundamente que Cristo era tudo na vida; e por isso, ao mesmo tempo que agradece aos destinatários da sua carta o que eles lhe tinham enviado, afirma que em Cristo encontra toda a sua força e confiança.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses


Irmãos: Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus. Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen.


Palavra do Senhor.


ALELUIA cf. Ef 1, 17-18
Refrão: Aleluia. Repete-se
Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. Refrão


EVANGELHO – Forma longa Mt 22, 1-14
«Convidai para as bodas todos os que encontrardes»


Uma vez mais, a parábola do banquete serve para simbolizar o reino de Deus. Jesus anuncia aos seus ouvintes que o Evangelho, por eles rejeitado, vai ser anunciado a outros, e, destes, muitos o hão-de aceitar. Não é já a raça de Abraão segundo a carne que há de encher a sala do banquete, mas todos aqueles que, pela fé, se hão de tornar filhos de Abraão. A todos os povos se abrem as portas do reino dos Céus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus


Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na ver­dade, muitos são os chamados, mas poucos os esco­lhidos».


Palavra da salvação.



EVANGELHO – Forma breve Mt 22, 1-10


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto: Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor,
as orações e as ofertas dos vossos fiéis
e fazei que esta celebração sagrada
nos encaminhe para a glória do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 33, 11
Os ricos empobrecem e passam fome;
mas nada falta aos que procuram o Senhor.

Ou cf. 1 Jo 3, 2
Quando o Senhor Se manifestar,
seremos semelhantes a Ele,
porque O veremos na sua glória.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade,
que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
tornai-nos também participantes da sua natureza divina.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

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AGENDA DO DIA

 

09.00 horas: Funeral em Gáfete

09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo

10.00 horas: Missa em Arês

10.45 horas: Missa em Tolosa

11.00 horas: Funeral em Monte Claro

11.00 horas: Missa em Nisa

12.00 horas: Missa em Alpalhão

12.00 horas: Missa em Gáfete

15.30 horas: Missa no Cacheiro

15.30 horas: Missa no Arneiro

15.30 horas: Missa em Montalvão

16.30 horas: Funeral em Montalvão

 

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A VOZ DO PASTOR

 

OUTUBRO:

 

MÊS DAS MISSÕES

 

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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2020

[18 de outubro de 2020]

 

«Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8)

 

Queridos irmãos e irmãs!

Desejo manifestar a minha gratidão a Deus pelo empenho com que, em outubro passado, foi vivido o Mês Missionário Extraordinário em toda a Igreja. Estou convencido de que isso contribuiu para estimular a conversão missionária em muitas comunidades pela senda indicada no tema «Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo».

Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados pela pandemia do covid-19, este caminho missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). É a resposta, sempre nova, à pergunta do Senhor: «Quem enviarei?» (Ibid.). Esta chamada provém do coração de Deus, da sua misericórdia, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na crise mundial atual. «À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” (cf. Mc 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos» (Francisco, Meditação na Praça de São Pedro, 27/III/2020). Estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos. O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal. Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.

No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (cf. Jo 19, 28-30), Deus revela que o seu amor é por todos e cada um (cf. Jo 19, 26-27). E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados, porque Ele é Amor em perene movimento de missão, sempre em saída de Si mesmo para dar vida. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus (cf. Jo 3, 16). Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4, 34; 6, 38; 8, 12-30; Heb 10, 5-10). Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.

«A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. É Cristo que faz sair a Igreja de si mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele e conduz (Francisco, Sem Ele nada podemos fazer, 2019, 16-17). Deus é sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e chama-nos. A nossa vocação pessoal provém do facto de sermos filhos e filhas de Deus na Igreja, sua família, irmãos e irmãs naquela caridade que Jesus nos testemunhou. Mas, todos têm uma dignidade humana fundada na vocação divina a ser filhos de Deus, a tornar-se, no sacramento do Batismo e na liberdade da fé, aquilo que são desde sempre no coração de Deus.

Já o facto de ter recebido gratuitamente a vida constitui um convite implícito para entrar na dinâmica do dom de si mesmo: uma semente que, nos batizados, ganhará forma madura como resposta de amor no matrimónio e na virgindade pelo Reino de Deus. A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor. Ninguém está excluído do amor de Deus e, no santo sacrifício de seu Filho Jesus na cruz, Deus venceu o pecado e a morte (cf. Rom 8, 31-39). Para Deus, o mal – incluindo o próprio pecado – torna-se um desafio para amar, e amar cada vez mais (cf. Mt 5, 38-48; Lc 23, 33-34). Por isso, no Mistério Pascal, a misericórdia divina cura a ferida primordial da humanidade e derrama-se sobre o universo inteiro. A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar.

A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos[a1]  numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus (cf. Lc 1, 38)? Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6, 8). E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história.

A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida. Obrigados à distância física e a permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus. Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. A impossibilidade de nos reunirmos como Igreja para celebrar a Eucaristia fez-nos partilhar a condição de muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a Missa todos os domingos. Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). Deus continua a procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal (cf. Mt 9, 35-38; Lc 10, 1-11).

Celebrar o Dia Mundial das Missões significa também reiterar que a oração, a reflexão e a ajuda material das vossas ofertas são oportunidades para participar ativamente na missão de Jesus na sua Igreja. A caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação de todos.

A Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do seu Filho Jesus, continue a amparar-nos e a interceder por nós.

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade de Pentecostes, 31 de maio de 2020.

Francisco

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UM ANO PASTORAL SOB A AMEAÇA DE MÁ COMPANHIA

 

Costuma dizer-se que a necessidade aguça o engenho e quem tem boca vai a Roma. Faz parte da vida a tarefa de nos desunharmos das situações difíceis e das crises que nos batem à porta. E as soluções vão surgindo a cada passo, umas mais envergonhadas e tímidas, outras mais audazes e felizes. No entanto, se algumas se apresentam como beco sem saída e a reclamar um sinal de sentido proibido, outras há, a maioria, que vão rasgando caminhos e abrindo portas a novas formas na arte do bem fazer. É bonito de se ver. Mais interessante é ter a coragem de arriscar, com as cautelas que a sã prudência exige, mas com a esperança de vencer os adamastores e sentir a alegria de ter passado além do cabo das tormentas.

Em jornais e páginas da Internet, corre amiúde o pensamento de Albert Einstein sobre o benefício das crises. Sem querer substituir os nossos “operários da verdade” e fazedores de opinião sobre tal matéria, e que são muitos, vou trazer à baila aquele cientista, esse génio da história, muito inspirado pelos livros de ficção científica, segundo rezam as crónicas, e cujos pais o levaram ao médico porque não havia maneira de começar a falar. Mas lá chegou o tempo de falar e falou muito e muito bem, como sabemos. Dizia ele: “Não podemos querer que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a maior bênção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia assim como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera-se a si mesmo sem ter sido superado. Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e respeita mais os problemas que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar as saídas e as soluções. Sem crises não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crises não há méritos. É na crise que aflora o melhor de cada um, porque sem crise todo o vento é uma carícia. Falar da crise é promovê-la, e calar-se na crise é exaltar o conformismo. Em vez disto, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”.

Se isso vale para todos os sectores do pensamento e da atividade humana, a pastoral é uma nobre e necessária atividade em prol da humanidade, tem de fazer parte desse arriscar e dum constante resolver, com competência e criatividade. Mesmo que não seja fácil, é o desafio, é a provocação. O autor da “Última tentação de Cristo”, referindo-se ao momento da morte de Cristo na Cruz, em que Ele, dolorosamente, afirma que “Tudo está consumado!”, esse autor diz que tal grito é um grito triunfal, não porque tudo finalmente tenha acabado, mas porque, realmente, tudo iria começar. Esta é a génese da história da evangelização que não nos permite que fiquemos a olhar para o céu ou a carpir mágoas como profetas da desgraça. Temos de viver como verdadeiros discípulos, de sair, ir e ensinar, com a força do Espírito. Dois mil anos depois, a evangelização ainda está a começar. Ela reclama a gratidão pelo “hoje” desse gesto do amor de Deus para com toda a humanidade. E a Igreja não pode esquecer que ficou incumbida de anunciar a todos os povos, sempre com o tal novo vigor, novo entusiasmo, nova linguagem, novas formas de ação, com criatividade, humildade, alegria, em sinodalidade...

Se as coisas tivessem corrido normalmente, sem a má companhia da covid-19, a abertura oficial do Ano Pastoral, teria acontecido no sábado passado, 26 de setembro. Houve, no entanto, uma bela iniciativa dos jovens diocesanos que em três locais da Diocese, se reuniram, à noite, em oração ao jeito de Taizé. Reuniram-se em conformidade com as normas sanitárias, mas muita gente participou através das redes sociais. Foi bonito e rico de sentido.

Como é do conhecimento de todos, uma das muitas consequências da pandemia, foi a alteração da data da Jornada Mundial da Juventude, adiada por um ano, para 2023. Se para muitos é um atraso e um transtorno, será para outros uma oportunidade, um tempo extra para fazer aquilo que urge fazer para estarmos prontos a tempo de fazer história neste que será um dos maiores ou mesmo o maior acontecimento eclesial em Portugal das nossas vidas.

É para lá que a Igreja portuguesa caminha, a nossa Diocese também. Queremos que este acontecimento não se limite a acontecer perto de nós, mas que aconteça connosco, nos jovens que se preparam para participar presencialmente, mas não só. A Jornada Mundial da Juventude, como horizonte, não é uma coisa apenas para os mais novos, nem apenas para o Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e Vocações, cuja dinâmica muito apreciamos e tem sido muito persistente mesmo nestes tempos de ação dificultada. É para todos! Queremos que seja para as comunidades a verdadeira baliza para a qual, todos unidos e não como qualquer pivô individualista, haveremos de, durante os próximos anos, apontar as nossas ações e escolhas. Se unidos e sem treinadores de bancada, se como verdadeira e forte equipa com amor à camisola, venceremos as resistências de qualquer guarda-redes, em comunhão paroquial e diocesana, com a força do Espírito.

Queremos que as comunidades estejam despertas para as exigências e as possibilidades evangelizadoras das pré-jornadas, como oportunidade de conversão pastoral, pelo acolhimento de jovens que atravessarão a nossa diocese em direção a Lisboa. Queremos que a dinâmica interrompida, em março passado, seja retomada com o propósito de perguntar aos jovens: “que Igreja?”. Que Igreja veem? Que Igreja querem? Que Igreja sonham? E, sobretudo, com que Igreja se comprometem. Dar espaço e voz aos jovens, aos que estão nas comunidades e, por meio desses, chegar aos que por lá passaram como catequizandos e se afastaram, não é uma hipótese, é uma condição sem a qual não conseguimos ver bem o futuro das nossas comunidades.

Com as portas do ano pastoral escancaradas deste jeito, partimos com esperança jovem, confiando plenamente no Senhor que em nós também confia. E porque confia em nós, a todos nos envia, em seu nome, com a força do Espírito Santo, o verdadeiro protagonista da evangelização. Sim, é o Espírito Santo que acende e guarda a fé nos corações e os detém em suas mãos. É Ele que “inflama e anima a missão”, que “atrai para Si mesmo a vontade dos homens”, como afirma o Papa Francisco na Mensagem deste ano às Obras Missionárias Pontifícias. Aí, Francisco lembra alguns princípios que não podemos esquecer. Só a atração por Cristo e pelo Espirito Santo pode conquistar o nosso coração, o coração de quem anuncia e o coração das pessoas a quem anunciamos. Se esta atração for verdadeira, se este encontro acontecer, a alegria destas pessoas acaba por as colocar em estado de missão, com memória agradecida e humilde, sem arrogância, mas aprendendo de Cristo que é “manso e humilde de coração”. Saberão fazer-se fracos com os fracos, facilitar e não complicar a vida das pessoas, não colocarão obstáculos ao desejo de Jesus que reza por cada um e quer salvar a todos a partir da realidade das suas vidas, com especial preferência pelos humildes e pobres. Saberão que todo o povo de Deus tem o “instinto” da fé, o sensus fidei, que o ajuda a não se enganar nas coisas de Deus em que crê, o que deve merecer o maior respeito pela sua espiritualidade, uma espiritualidade popular, sim, mas é nela que a maior parte bebe e adere de forma conatural à iniciativa livre e gratuita de Deus, como afirma o Papa.

Esta atração por Cristo, este encontro com Ele guiados pelo Espírito, se, de facto, for verdadeiro e fecundo, exclui muitas tentações em quem anuncia, pois há armadilhas a evitar, como refere Francisco. Vou sintetizar algumas para aguçar o apetite de todos lerem a referida Mensagem e a outra para o Dia Mundial das Missões: a autorreferencialidade que funciona em promoção pessoal e tudo faz em chave de publicidade das próprias iniciativas; a ânsia de comando com supremacias e funções de controlo como se a Igreja fosse um produto das nossas análises, programas, acordos e decisões; a ideia tácita de pertencer  a uma aristocracia, a uma classe superior, elitista, que procura ampliar os seus espaços, segundo os sistemas e as lógicas mundanas da militância; um certo sentimento de superioridade e impaciência devido ao facto de o povo talvez até frequentar as paróquias e os santuários, mas não se comprometer nas organizações eclesiais, passando a ser isolado e a ser visto como uma massa inerte a precisar de consciencialização, como se a certeza da fé fosse consequência de um discurso persuasivo ou de métodos de preparação; a abstração que faz perder o contacto com a realidade e tudo elabora estrategicamente segundo chaves ideológicas de preferência promocional, cristalizando tudo num simulacro, incluindo as referências à fé ou os apelos verbais a Jesus e ao Espírito Santo; o funcionalismo que tudo aposta em modelos mundanos de eficiência ou estandardiza todo o anúncio, garantindo a ilusão de resolver os problemas, de ter as coisas sob controle, de melhorar a administração ordinária do que existe, esquecendo-se que uma Igreja que tem medo de se abandonar à graça de Cristo e aposta na eficiência do sistema, já está morta.

Ao iniciarmos o Ano Pastoral com o mês de outubro pela frente, e que tem como tema missionário a resposta do profeta Isaías à sua vocação, não esqueçamos que Deus continua a precisar de pessoas para enviar em seu nome para que anunciem e testemunhem o seu amor pela humanidade. Mesmo que a uns possa pedir uma resposta mais radical, todos devem ser capazes de dar a sua resposta firme, sejam quais forem as suas circunstâncias existenciais: “Aqui estou, Senhor, enviai-me!”, respondeu o profeta. E nestes tempos de dificuldade, é importante que as próprias famílias não se esqueçam desta sua generosa disponibilidade e missão junto dos seus, dentro da própria casa. Como a sociedade seria diferente se cada família se sentisse e vivesse como pequenina Igreja doméstica, a acolher, a esclarecer e ensinar, pela palavra e pelo testemunho, de forma feliz e alegre!...

Com saudações amigas e agradecidas para todos os sacerdotes, diáconos, membros de vida consagrada, agentes da pastoral, órgãos de corresponsabilidade, movimentos de apostolado e todos os diocesanos, formulo votos de bom trabalho ao serviço da causa da evangelização. Que todos encontremos na oração a força que nos une e fortalece na comunhão e na esperança, na fé e na missão, sob o manto protetor de Maria a Estrela da Evangelização.

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