PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 03 outubro de 2020
XXVI semana do
tempo comum
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LITURGIA:
SÁBADO
da semana XXVI
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Job 42, 1-3.5-6.12-16 (hebr. 1-3.5-6.12-17);
Sal 118 (119), 66 e 71. 75 e 91. 125 e 130
Ev Lc 10, 17-24
* No Patriarcado de Lisboa (Lisboa) – SS. Veríssimo, Máxima e Júlia – MO
* Na Companhia de Jesus – S. Francisco de Borja, presbítero – MO
* Na Ordem Franciscana e na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – I Vésp. de S. Francisco
de Assis.
* Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (Hospital de S. João de Deus de
Montemor-o-Novo) – I Vésp. do Aniversário da Dedicação da Igreja própria.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
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Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA Dan
3, 31.29.30.43.42
Vós sois justo, Senhor, em tudo o que fizestes.
Pecámos contra Vós, não observámos os vossos mandamentos.
Mas para glória do vosso nome,
mostrai-nos a vossa infinita misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que dais a maior prova do vosso poder
quando perdoais e Vos compadeceis,
infundi sobre nós a vossa graça,
para que, correndo prontamente para os bens prometidos,
nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos pares) Job 42, 1-3.5-6.12-16 (hebr. 1-3.5-6.12-17)
«Agora já Vos viram os meus olhos. Por isso faço penitência»
O Livro de Job fecha com a palavra de humildade e de oração do homem penitente,
que se abandona, cheio de confiança, nos braços de Deus. Foi então que o Senhor
o restaurou na saúde e nos bens, os maiores dos quais foram os seus filhos; e
ele foi mais feliz do que antes o tinha sido. O sofrimento foi para Job o
caminho da ressurreição. Job é, assim, a figura profética de Jesus, e de todos
os seus discípulos.
Leitura do Livro
de Job
Job respondeu ao Senhor, dizendo: «Eu sei que tudo podeis e que todos os vossos
projetos se realizam. Quem ousa denegrir a providência com palavras sem sentido?
Na verdade, falei indiscretamente das maravilhas que ultrapassam a minha
compreensão. Só Vos conhecia por ouvir falar de Vós, mas agora já Vos viram os
meus olhos. Por isso retiro as minhas palavras e faço penitência sobre o pó e a
cinza». O Senhor abençoou os últimos anos de Job, mais ainda do que os
primeiros. Possuiu catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e
mil jumentas. Teve ainda sete filhos e três filhas. À primeira deu o nome de
Pomba, à segunda o de Cássia e à terceira Azeviche. Não havia em toda a região
mulheres mais belas do que as filhas de Job; e o pai deu-lhes uma parte da
herança entre os irmãos. Depois disto, Job viveu cento e quarenta anos e viu os
filhos dos seus filhos até à quarta geração. Finalmente, Job morreu velho,
depois de uma longa vida.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 118 (119), 66 e 71.75 e 91.125 e 130
(R. 135a)
Refrão: Fazei brilhar sobre mim, Senhor,
a luz do vosso rosto. Repete-se
Ensinai-me o bem, o discernimento e a ciência,
porque tenho fé nos vossos mandamentos.
Foi bom para mim ter sido humilhado,
para aprender os vossos decretos. Refrão
Eu sei que os vossos juízos são justos
e que a vossa fidelidade me põe à prova.
Pela vossa vontade perduram as coisas até este dia,
porque todas elas Vos estão sujeitas. Refrão
Eu sou vosso servo, Senhor: dai-me inteligência,
para conhecer as vossas ordens.
A manifestação das vossas palavras ilumina
e dá inteligência aos simples. Refrão
ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Refrão
EVANGELHO Lc 10, 17-24
«Alegrai-vos porque os vossos nomes estão escritos nos Céus»
Se às cidades surdas à palavra da boa nova Jesus dirige ameaças terríveis, aos
discípulos que a receberam e a proclamaram, Jesus anuncia as maiores alegrias.
Estas, não as devem eles tomar dos triunfos que alcançarem, mas do facto de
terem os seus nomes no livro da vida. A glória do homem é poder participar na
glória de Deus. O mais é vaidade e presunção.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria,
dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes:
«Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar
serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá
causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem;
alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no Céu». Naquele
momento, Jesus exultou de alegria pela acção do Espírito Santo e disse: «Eu Te
bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos
sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque
assim foi do teu agrado. Tudo Me foi entregue por meu Pai; e ninguém sabe o que
é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho
o quiser revelar». Voltando-Se depois para os discípulos, disse-lhes: «Felizes
os olhos que veem o que estais a ver, porque Eu vos digo que muitos profetas e
reis quiseram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não
ouviram».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação
e fazei que por ela se abra para nós
a fonte de todas as bênçãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Salmo 118, 9-5
Senhor, lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.
A consolação da minha amargura
é a esperança na vossa promessa.
Ou 1 Jo 3, 16
Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;
também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que este sacramento celeste
renove a nossa alma e o nosso corpo,
para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte,
possamos tomar parte na sua herança gloriosa.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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AGENDA
DO DIA
09.00 horas: Missa em
Nisa – Nossa Senhora da Graça,
15.00 horas: Missa em
Salavessa
16.00 horas: Missa em
Pé da Serra
16.00 horas: Missa no
Pardo
17.15 horas: Funeral
em Arez
18.00 horas: Batismos
em Tolosa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
18.00 horas: Missa em
Nisa,
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A
VOZ DO PASTOR
OUTUBRO:
MÊS DAS MISSÕES
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MENSAGEM
DE SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2020
[18
de outubro de 2020]
«Eis-me
aqui, envia-me» (Is 6, 8)
Queridos irmãos e irmãs!
Desejo manifestar a minha gratidão a Deus pelo empenho com que,
em outubro passado, foi vivido o Mês Missionário Extraordinário em toda a
Igreja. Estou convencido de que isso contribuiu para estimular a conversão
missionária em muitas comunidades pela senda indicada no tema «Batizados e
enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo».
Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados
pela pandemia do covid-19, este caminho missionário de toda a Igreja continua à
luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me
aqui, envia-me» (Is 6, 8). É a resposta, sempre nova, à pergunta do
Senhor: «Quem enviarei?» (Ibid.). Esta chamada provém do coração de
Deus, da sua misericórdia, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na
crise mundial atual. «À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos
surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de
estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas, ao mesmo tempo,
importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de
mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que,
falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” (cf. Mc 4, 38),
assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual
por conta própria, mas só o conseguiremos juntos» (Francisco, Meditação na Praça
de São Pedro,
27/III/2020). Estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos. O
sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao
mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de
libertação do mal. Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si
mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha,
serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu»
medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.
No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (cf.
Jo 19, 28-30), Deus revela que o seu amor é por todos e cada um (cf. Jo
19, 26-27). E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados,
porque Ele é Amor em perene movimento de missão, sempre em saída de Si mesmo
para dar vida. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus (cf. Jo
3, 16). Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são,
inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4, 34; 6, 38; 8,
12-30; Heb 10, 5-10). Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado
por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que
anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e
às nações.
«A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito
concretizável por um esforço de vontade. É Cristo que faz sair a Igreja de si
mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele
e conduz (Francisco, Sem Ele nada podemos fazer, 2019, 16-17). Deus é
sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e
chama-nos. A nossa vocação pessoal provém do facto de sermos filhos e filhas de
Deus na Igreja, sua família, irmãos e irmãs naquela caridade que Jesus nos
testemunhou. Mas, todos têm uma dignidade humana fundada na vocação divina a
ser filhos de Deus, a tornar-se, no sacramento do Batismo e na liberdade da fé,
aquilo que são desde sempre no coração de Deus.
Já o facto de ter recebido gratuitamente a vida constitui um
convite implícito para entrar na dinâmica do dom de si mesmo: uma semente que,
nos batizados, ganhará forma madura como resposta de amor no matrimónio e na
virgindade pelo Reino de Deus. A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no
amor e tende para o amor. Ninguém está excluído do amor de Deus e, no santo
sacrifício de seu Filho Jesus na cruz, Deus venceu o pecado e a morte (cf. Rom
8, 31-39). Para Deus, o mal – incluindo o próprio pecado – torna-se um desafio
para amar, e amar cada vez mais (cf. Mt 5, 38-48; Lc 23, 33-34).
Por isso, no Mistério Pascal, a misericórdia divina cura a ferida primordial da
humanidade e derrama-se sobre o universo inteiro. A Igreja, sacramento
universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e
envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do
anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e
transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e
lugar.
A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus.
Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de
amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a
presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no
caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio
ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a
ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai
misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a
vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus,
estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus (cf. Lc
1, 38)? Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir
responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6, 8). E isto
respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história.
A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes
tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja.
Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a
pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem
perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida. Obrigados à
distância física e a permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que
precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus. Longe
de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos
mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na
qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade
e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. A
impossibilidade de nos reunirmos como Igreja para celebrar a Eucaristia fez-nos
partilhar a condição de muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a
Missa todos os domingos. Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de
Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta:
«Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). Deus continua a procurar pessoas para
enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do
pecado e da morte, a sua libertação do mal (cf. Mt 9, 35-38; Lc
10, 1-11).
Celebrar o Dia Mundial das Missões significa também reiterar
que a oração, a reflexão e a ajuda material das vossas ofertas são
oportunidades para participar ativamente na missão de Jesus na sua Igreja. A
caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo
de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu
nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades
espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação
de todos.
A Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e
Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do seu Filho Jesus, continue a
amparar-nos e a interceder por nós.
Roma, em São João de Latrão, na Solenidade de Pentecostes,
31 de maio de 2020.
Francisco
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UM
JOVEM MILITAR ANTE AS FRAQUEZAS DO PODER
Francisco
não deixou de lembrar este jovem militar na Exortação Cristo Vive. A sua
iconografia é inconfundível. Aparece amarrado a um
troco de árvore com o corpo ferido por setas. A forma de execução fez dele um tema recorrente de
pintores, escritores, escultores, de expressões artísticas de vária ordem. Quase não há igreja ou capela que não tenha a sua
imagem em arte popular ou mais sofisticada. Dá nome a pessoas, instituições,
terras, cidades, aldeias, ruas... É invocado contra as doenças contagiosas, contra
a fome e a guerra. É São
Sebastião, um dos jovens mais celebrado. Três setas, uma em pala e duas em aspa, e
as três atadas por um fio, constituem as suas armas ou insígnias. Vamos
recordá-lo.
Uns
dizem que nasceu no sul de França. Outros, em Milão, nos fins do século III,
duma família nobre. O que é mais certo é que cresceu e foi educado em Milão,
sendo uma pessoa que se impunha pela sua figura e qualidades. Respeitado por
todos, foi também estimado pela nobreza. Seu pai era militar, ele quis seguir a
carreira do pai. De Milão, desloca-se
para Roma, onde grassavam as mais severas perseguições contra os cristãos. Alistado nas legiões do imperador, a sua
agradável presença, coragem e dedicação logo se fizeram notar, acabando por ser
nomeado comandante da guarda pessoal do imperador, a Guarda Pretoriana, cargo
que só se dava a pessoas de gabarito e de total confiança. Se a sua dedicação à
carreira militar merecia os maiores elogios dos seus companheiros e do próprio
imperador, também a sua fé e a coerência de vida, sem subserviências, sem
alardes nem falsidades, é digna de todos os aplausos e encómios. Como cidadão
do Império romano, na destacada posição e missão que lhe estava confiada, foi
grande na sua dedicação ao imperador e à pátria. Como cidadão do Reino de Deus,
foi jovem cristão de gema e garra, sempre fiel aos seus princípios e defensor
dos cidadãos desse Reino, terrivelmente perseguidos. Sempre que podia, lá
partia, com alegria e coragem, a visitar e ajudar os cristãos encarcerados, os
torturados, os mais fracos, os doentes, os necessitados, as vítimas do ódio. A
todos consolava e animava a permanecerem fortes e firmes na fé, até ao
martírio, em fidelidade a Cristo e ao seu Batismo.
De facto, desde que haja
consciência do que significa ser cristão, o bem fazer e a santidade são
possíveis em qualquer circunstância e situação, em qualquer trabalho ou cargo
de autoridade, em qualquer idade e vocação, em qualquer compromisso humano
desde que guiados por um coração sincero e convertido, sem medo nem cobardias.
E a sociedade precisa destes testemunhos!...
Denunciado
por um pide ou bufo do seu tempo, por um
governador romano que não apreciava este seu jeito de ser e estar, veio a
saborear o pão que o diabo amassou. Julgado sumariamente, foi acusado de traição. Forçado a renunciar ao cristianismo, permaneceu firme na fé apresentando os
motivos que o animavam a seguir a fé cristã e a socorrer os perseguidos.
Contestando o imperador, rogou-lhe que deixasse de perseguir os cristãos,
garantindo-lhe que não eram subversivos, não faziam mal a ninguém, não eram
seus inimigos nem inimigos do Estado,
antes pelo contrário. O imperador, surdo no seu poder
endeusado e de olhar vesgo por meros preconceitos, não dá o braço a torcer. Enraivecido com a firmeza e os argumentos de
Sebastião, puxa pela sua importância de tirano, manda-o matar. Os soldados
levaram-no, despiram-no, amarraram-no a um tronco de árvore, fizeram dele um
alvo para o arremesso de flechas. Satisfeitos com obra tão miserável,
abandonaram-no para que sangrasse até a morte. Ao cair da noite, uma senhora chamada Irene, com algumas amigas, foram
recolher o corpo de Sebastião para o sepultarem. Espantadas no inesperado,
constataram que o ‘morto’ estava vivo. Desamarraram-no, esconderam-no em casa
de Irene, cuidaram-lhe das feridas. Já
com algumas forças e a determinação de sempre, mas ainda não completamente
restabelecido, Sebastião, no seu zelo pela Igreja perseguida, não teve
paciência para esperar mais tempo. E eis que se apresenta, de novo e determinado, junto do imperador para defender os cristãos e para
lhe condenar a sua forma impiedosa e injusta com que os tratava. Mesmo à
distância, e fora desses apertos, bem poderemos nós imaginar o embate desse momento!...
O imperador, boquiaberto e incrédulo pelo que via, ouviu e
engoliu a surpresa, mas voltou a reagir com os preconceitos e outras maleitas
aliadas às fraquezas do poder. E, de novo, repete a dose, reforçada. Ordena que seja torturado e espancado até à morte. E, para
impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos,
manda que seja lançado ao esgoto
público da cidade, o lugar mais imundo de Roma.
Faleceu a 20 de janeiro, pelo ano de
286, com cerca de trinta anos. Outros cristãos resgataram o seu corpo e sepultaram-no nas catacumbas, sob a Via Ápia.
Mais tarde, no ano de 680, as suas relíquias foram solenemente transportados
para uma Basílica em Roma.
A perseguição por
causa da fé continua hoje a não dar tréguas. Mais
de 300 milhões de fiéis sofrem a discriminação e
a perseguição religiosa. Um em
cada sete vive num país onde a perseguição é
uma realidade diária.
São expulsos, deslocados, discriminados,
torturados e mortos por professarem a sua fé em Jesus Cristo. Se, porém, olharmos
noutro sentido, constataremos também outra espécie de martírio,
de testemunho, de santidade, quer nas situações limite quer nas rotinas diárias
que a vida impõe no trabalho, na profissão, no estudo, na vizinhança, na
convivência social, na coerência da vida com a fé, na honestidade em negócios e
atividade, nas tarefas domésticas, nos pais que criam e educam os seus filhos
com amor e responsabilidade, nos doentes e idosos que continuam a sorrir para a
vida e a unir o seu sofrimento ao sofrimento de Cristo pela salvação do mundo,
na autoridade que serve honestamente, que renuncia à corrupção e se empenha
pelo bem comum....
Francisco
recorda-nos que "nos momentos difíceis da história" é costume
afirmar-se que "a pátria precisa de heróis”. Isso é verdade, diz ele. Mas
acrescenta que a Igreja, hoje, também precisa de heróis, isto é, precisa de
“testemunhas, de mártires". Precisa de testemunhas no quotidiano da vida
sejam quais forem as circunstâncias existenciais de cada um!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 25-09-2020.
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