PARÓQUIAS
DE NISA
Quarta,
15 de julho de 2020
Quarta da XV semana do tempo comum
QUARTA-FEIRA
da semana XV
S. Boaventura, bispo e doutor da
Igreja – MO
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 Is 10, 5-7. 13-16; Sal 93 (94), 5-6. 7-8. 9-10. 14-15
Ev Mt 11, 25-27
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. Januário Torgal Mendes Ferreira, Bispo Emérito das Forças Armadas e de Segurança (1989).
* Na Ordem Franciscana – S. Boaventura, bispo e doutor da Igreja – FESTA; no convento de Montariol – SOLENIDADE
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Boaventura, bispo e doutor da Igreja, da I Ordem – FESTA
* Na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (Casa do Telhal) – Aniversário da Dedicação da igreja da Casa – SOLENIDADE
* Na Congregação das Irmãs de S. José de Cluny – B. Ana Maria Javouhey, virgem, Fundadora da Congregação – FESTA
* Na Diocese de Santarém (Sé) – I Vésp. do aniversário da Dedicação da Igreja Catedral.
* Na Ordem Carmelita e na Ordem dos Carmelitas Descalços – I Vésp. de Nossa Senhora do Carmo.
S. BOAVENTURA, bispo e doutor da
Igreja
Nota
Histórica:
Nasceu aproximadamente
no ano 1218 em Bagnoregio, na Etrúria; estudou filosofia e teologia em Paris e
a seguir ensinou as mesmas disciplinas, com grande aproveitamento, aos seus
irmãos da Ordem dos Frades Menores. Foi eleito Ministro Geral da sua Ordem,
cargo que exerceu com prudência e sabedoria. Foi nomeado cardeal bispo de
Albano e morreu em Lião no ano 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e
teológicas.
MISSA
ORAÇÃO
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, celebrando hoje a memória de São Boaventura, aproveitemos a riqueza dos seus ensinamentos e imitemos a sua ardente caridade. Por Nosso Senhor.
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, celebrando hoje a memória de São Boaventura, aproveitemos a riqueza dos seus ensinamentos e imitemos a sua ardente caridade. Por Nosso Senhor.
LEITURA I (anos pares) Is 10, 5-7.13-16
«Porventura gloria-se o machado contra quem o empunha?»
Leitura do Livro de Isaías
Assim fala o Senhor: «Ai da Assíria, vara da minha ira e bastão da minha cólera! Enviei-a contra uma nação ímpia, mandei-a contra um povo que provoca o meu furor, para o saquear e levar os despojos, para o pisar como a lama das ruas. Mas a Assíria não pensava desse modo, o seu coração não tinha esse plano. O que ela pretendia era aniquilar, exterminar o maior número de nações. Porque ela diz: ‘Eu agi pela força do meu braço, atuei com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros, como um herói, derrubei os seus chefes. Como quem mete a mão num ninho, assim me apoderei da riqueza dos povos e, como se apanham ovos abandonados, assim eu apanhei a terra inteira, sem que houvesse um bater de asas, nem um pio sequer’. Porventura gloria-se o machado contra quem o empunha? Ou levanta-se a serra contra aquele que a maneja? Como se o bastão pudesse manejar quem o levanta ou o cajado pudesse levantar quem não é de madeira como ele! Por isso, o Senhor Deus do Universo fará definhar os mais robustos da Assíria e debaixo da sua glória acender-se-á um braseiro, um fogo devorador».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 93 (94), 5-6.7-8.9-10.14-15 (R.14a)
Refrão: O Senhor não abandona o seu povo. Repete-se
Eles esmagam, Senhor, o vosso povo
e oprimem a vossa herança.
Matam a viúva e o estrangeiro
e tiram a vida aos órfãos. Refrão
E dizem: «O Senhor não vê,
o Deus de Jacob não presta atenção».
Ó gente estulta, reflecti;
e vós, insensatos, quando sereis prudentes? Refrão
Quem fez o ouvido não ouvirá?
Quem fez os olhos não verá?
Não poderá castigar quem educa as nações,
quem ensina aos homens a ciência? Refrão
O Senhor não rejeita o seu povo
nem abandona a sua herança.
Mas há-de julgar com justiça
e hão-de segui-la todos os corações rectos. Refrão
ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia Repete-se
Bendito, sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino.
Refrão
EVANGELHO Mt 11, 25-27
«Escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Nós
Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício de louvor em honra dos vossos Santos,
por cuja intercessão esperamos ser libertados dos males presentes e futuros.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO (cf.Jo
10,11)
O Bom Pastor dá a vida
O Bom Pastor dá a vida
pelas suas ovelhas.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
A comunhão deste sacramento, Senhor,
faça crescer em nós o ardor da caridade que inflamava o coração de São
Boaventura e o levava a entregar-se totalmente ao serviço da Igreja. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
« A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao
seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da
identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar
com um numeroso laicado, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma
grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da
fé.».
Papa Francisco
A Alegria do
Evangelho, 102
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS Is
10, 5-7.13-16: Deus está presente em cada momento da
história dos homens, e sempre para os salvar, mesmo quando estes não têm disso
consciência, e até julgam que Ele está a destruir e a condenar. A Assíria é,
nesta leitura, a imagem de todos os que perseguem e oprimem, sem compreender
que Deus se serve disso mesmo para salvar e libertar!
Mt 11, 25-27: Os
“pequeninos” são os discípulos de Jesus, as coisas que só a eles são reveladas
são os mistérios do reino de Deus. De facto, o conhecimento destas verdades é
fruto da revelação que Deus faz a quem escuta a sua palavra com o coração puro
o sincero. O encontro com Deus só é possível se nos colocarmos diante d’Ele em
atitude de verdade: verdade que é consciência da nossa profunda pobreza;
verdade que é despojarmo-nos de nós mesmos, do nosso orgulho; verdade que é
lançarmo-nos nos caminhos da fraternidade e da humanidade, como quem é capaz de
se agarrar ao essencial, de viver “como se visse o invisível”.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa
em Gáfete
18.00 horas: Missa
em Tolosa
18.00 horas: Missa
em Nisa
21.00 horas: Novena
de preparação para a festa do Beato Diogo em Nisa
A VOZ DO PASTOR
VAMOS À FESTA...A FESTA JÁ COMEÇOU!...
Não ouves os foguetes?... E o
altifalante?... E o ribombar dos zabumbas?... E o repenicar dos sinos?... Vê, o
programa está no cartaz!...
Há cartazes e cartazes, claro. Uns, mais
culturais, outros, a fazer a ligação entre fé e cultura, alguns, mais
comerciais e tristonhos, outros, muito piegas, noutras festas não há cartaz, se
houve projeto, entenderam que o cesto dos papéis seria o melhor destino. É
verdade que quem não tem cão caça com o gato, mas um bom cartaz implica
reflexão, objetivo, arte e bom gosto. Em muitos lugares, no cartaz, a festa é,
de facto, muito promissora, timbrosa e imponente. Não raro, a concretização da
festa anunciada vem a contradizer a espampanante promessa do cartaz: paciência,
são sortes!. Mas ali, no cartaz, está manifestada toda a sua grandeza e o brio
incontestado dos festeiros de turno. Sem vontade de alterar as terminologias
tradicionais porque são pomposas e acham que são intocáveis, ali consta que há
“feéricas iluminações”, um “consagrado orador sacro”, uma “majestosa procissão”
com muitos anjinhos, andores e figurado, bandas musicais de elite, desfile de
grupos etnográficos e folclóricos, zabumbas e cabeçudos, poço da morte e
carrocéis, pista de carrinhos, de aviões e montanha russa, um grande meio-dia
de fogo, conjuntos musicais de estalo e um artista de gabarito a encabeçar o
elenco do sarau de variedades que terminará com um grande espetáculo de fogo de
artifício. Tudo e muito mais - ou muito menos, claro!... -, mas seja como for, a
festa ali está, grande e sublime. Esticando bem os olhos, os olhos de ver e de
quem quer festejar numa dinâmica da fé, a imagem do titular da festa, se lá
consta, deixa dúvidas sobre se é o verdadeiro centro da festa ou apenas um
pretexto para que a festa seja grande. Ela, a imagem, se lá está, está
envergonhada e triste, espreita de um canto sumido ou braceja naufragada no
meio do assoberbado número de tralha e anúncios comerciais lá do sítio e
arredores, de perto e de mais longe, pois a festa implica organização, a
organização tem despesas, as despesas têm de ser pagas, e, por vezes, os
festeiros também querem deixar obra e placa, lá no coreto ou algures, mesmo à
revelia do bom gosto e de quem superentende.
Mas a festa ainda só começou, hoje não
passaremos do cartaz. Algumas, apesar de continuarem a ser festas, grandes e
interessantes, esqueceram um pouco a sua dimensão cristã, uma maneira legítima
de o povo professar e avivar a fé em sã alegria. Não é por mal que isso
acontece, mas acontece, e é pena. O cartaz, a fazer-se, merece atenção, tanto
pode enaltecer como vexar os responsáveis que o sonharam. Há locais onde os
cartazes, pela sua qualidade e sentido, são estimados como acervo e coleção. É
verdade que, por serem festas cristãs, não têm de ser apenas religiosas,
embora, conforme os costumes, algumas sejam totalmente religiosas e o povo,
porque elas são diferentes, as procure e viva intensamente. Há festas e
romarias que, por mercê de os responsáveis as quererem iguais a todas as
outras, se desvirtuaram e perderam o seu valor e interesse. Festas iguais, e
com muito barulho, existem por toda a parte e não será bom que, em nome das
modas e à margem das normas e comunhão eclesial, se queira que as que são
diferentes e apreciadas por isso, se tornem como todas as outras. Entendemos,
no entanto, que quem dinamiza, quer umas quer outras, com tanta dedicação e
esforço, não pode deixar de se sentir sempre missionário, verdadeiro
evangelizador, o que exige reuniões antecipadas de formação, reflexão e debate sobre
o que se pretende e como concretizar. A piedade popular é um tesouro da Igreja
que deve ser respeitado e valorizado, não usado!
Para desanuviar: lá nas minhas origens,
que eu me lembre, e já vai ao tempo em que as galinhas tinham dentes e as
cobras andavam de pé, a festa do Padroeiro tinha, umas semanas ou dias antes, a
tarde festiva do levantamento do mastro da bandeira, do “pau da bandeira”.
Tinha um ritual muito próprio. Era vivido com grande entusiasmo, desde o
chegar, em cortejo, do grande tronco, regra geral de eucalipto por ser mais
alto, até à complicada arte de o erguer lá no adro do mosteiro, com cordas e
outros meios a que fosse necessário deitar a mão. Se isso já fazia parte da
festa, esse momento ficava a anunciar, atempadamente, o grande dia ou dias da
verdadeira festa, logo se avaliando o desempenho dos festeiros. Desempenho esse
que era medido pela altura do mastro que, lá no bem longe dos céus, no seu
cume, ficava a sustentar a bandeira da festa defraudada ao “irmão Vento, que
rebrame e rola”, como rezava São Francisco”!
A véspera do grande dia da festa
obrigava-se a um prolongado estralejar de fogo de pirotecnia de referência,
nunca menos de uma hora. Um exagero e um desperdício, diziam uns, foi fraquinho
e pouco, comentavam outros, foi grande e bom, assumiam os envolvidos, mas
sempre motivo de regozijo para aquela garotada que gostava de se distinguir em
apanhar o maior número de canas dos foguetes, feito épico a narrar no primeiro
dia de escola. E tanto mais épico quanto mais se conseguisse encontrar foguetes
cuja pólvora não tinha estourado. Muitos iam descalços, era a pobreza que o
impunha à alegria de viver e ser criança. Criança feliz com quase nada ou nada,
mas a parecer que tudo tinha com algumas canas de foguetes em convívio traquina
e criativo! Quem gemia eram as cebolas e outras novidades hortícolas naquele
vale de terra muito fértil e fofa, com muita água para regar, onde quase toda a
gente das redondezas tinha as suas leiras de amanho para colher, comer, guardar
e vender os mimos da terra e do trabalho.
O “consagrado orador sacro”, no zeloso
cumprimento da sua missão, no púlpito, com mais ou menos arte, lá se esmerava a
fazer valer a Palavra pela força da sua oratória, perante uma assembleia
concentrada por entre os andores e de olhos e ouvidos esticados para o
pregador. Não raro, saltavam lágrimas de emoção. Sermões havia que se o
pregador não fizesse chorar alguém, não era sermão digno desse consagrado
orador sacro. Nós, pequenitos e sentados por lá, descobrir quem primeiro deixasse
rolar umas lágrimas por cara abaixo, embora interiormente arrepiados em pele de
galinha por ambiente tão sério, já era para nós um desporto favorito! Eram
tempos de filhos na guerra, alguns já regressados em quatro tábuas de
aconchego, outros em preparação ou já em saída para lá! Eram tempos de fuga à
guerra para os mais expeditos e de emigração clandestina sem se saber se a ida
a assalto para a França ou para aqui ou acolá, tinha chegado a bom porto. Eram
tempos de carências e de saudade dos que tinham ido lutar pela pátria ou pela
vida, já que nem o contrabando associado ao trabalho possível lhes dava o
desafogo necessário para viverem com dignidade. Por isso, o fazer estrebuchar o
sentimento, se nos parecia ser uma das importantes e espremidas virtudes do
“consagrado orador sacro”, não era bem assim, as pessoas é que estavam
interiormente feridas e demasiadamente sensíveis pela ausência de familiares
próximos e as notícias, as cartas e os aerogramas eram raros e distantes.
Fracos tempos!... tempos difíceis e modas desse tempo!... mas o importante é
que era dia de festa, e pronto, ponto, chorar também fazia parte da festa!...
De quando em vez, porém, e não para logo
pôr em prática os conselhos do pregador, a festa também não tinha jeito nem
grandeza se não terminasse com alguma zaragata e com a fuga acobardada de um ou
mais dos litigantes nessas andanças da pancadaria. Por campos abaixo, lá se
viam obrigados a dar à perna antes que as pauladas ou lá o que fosse lhes
afagasse ainda mais o canastro já socado tanto quanto bastasse. E nós, curiosos
e atentos a que não viesse a sobrar para nós, escutando os comentários das
claques que atiçavam os ânimos, espreitávamos os fugitivos e perseguidores por
aqueles longos vales abaixo em dia festivo do Padroeiro da terra. Para nós,
tudo era festa... e que festa!... Muito maior ainda se houvesse roscas!...
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 10-07-2020.
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