PARÓQUIAS
DE NISA
Domingo,
19 de julho de 2020
XVI domingo comum
DOMINGO
XVI DO TEMPO COMUM
Verde – Ofício do domingo (Semana IV
do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Sab 12, 13. 16-19; Sal 85 (86), 5-6. 9-10. 15-16a
L 2 Rom 8, 26-27
Ev Mt 13, 24-43 ou Mt 13, 24-30
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese do Algarve – Aniversário da Dedicação da Igreja Catedral. Na Sé –
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Sab 12, 13. 16-19; Sal 85 (86), 5-6. 9-10. 15-16a
L 2 Rom 8, 26-27
Ev Mt 13, 24-43 ou Mt 13, 24-30
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese do Algarve – Aniversário da Dedicação da Igreja Catedral. Na Sé –
SOLENIDADE; nas outras igrejas da
Diocese – Ofício e Missa do domingo.
* Na Congregação do Santíssimo Redentor – Santíssimo Redentor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Ordem Carmelita – I Vésp. de S. Elias.
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.
* Na Congregação do Santíssimo Redentor – Santíssimo Redentor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Ordem Carmelita – I Vésp. de S. Elias.
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 53, 6.8
Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida.
De todo o coração Vos oferecerei sacrifícios,
cantando a glória do vosso nome.
ORAÇÃO COLECTA
Sede propício, Senhor, aos vossos servos
e multiplicai neles os dons da vossa graça,
para que, fervorosos na fé, esperança e caridade,
perseverem na fiel observância dos vossos mandamentos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sab 12, 13.16-19
«Após o pecado, dais lugar ao arrependimento»
Leitura do Livro da Sabedoria
Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida.
De todo o coração Vos oferecerei sacrifícios,
cantando a glória do vosso nome.
ORAÇÃO COLECTA
Sede propício, Senhor, aos vossos servos
e multiplicai neles os dons da vossa graça,
para que, fervorosos na fé, esperança e caridade,
perseverem na fiel observância dos vossos mandamentos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sab 12, 13.16-19
«Após o pecado, dais lugar ao arrependimento»
Leitura do Livro da Sabedoria
Não há Deus, além de Vós, que tenha cuidado de todas as coisas; a ninguém tendes de mostrar que não julgais injustamente. O vosso poder é o princípio da justiça e o vosso domínio soberano torna-Vos indulgente para com todos. Mostrais a vossa força aos que não acreditam na vossa omnipotência e confundis a audácia daqueles que a conhecem. Mas Vós, o Senhor da força, julgais com bondade e governais-nos com muita indulgência, porque sempre podeis usar da força quando quiserdes. Agindo deste modo, ensinastes ao vosso povo que o justo deve ser humano e aos vossos filhos destes a esperança feliz de que, após o pecado, dais lugar ao arrependimento.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 85 (86), 5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
Refrão: Senhor, sois um Deus clemente e compassivo. Repete-se
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para com todos
os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração,
atendei a voz da minha súplica. Refrão
Todos os povos que criastes virão adorar-Vos,
Senhor,
e glorificar o vosso nome,
porque Vós sois grande e operais maravilhas,
Vós sois o único Deus. Refrão
Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia e fidelidade.
Voltai para mim os vossos olhos
e tende piedade de mim. Refrão
LEITURA II Rom 8, 26-27
«O Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: O Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E Aquele que vê no íntimo dos corações conhece as aspirações do Espírito, pois é em conformidade com Deus que o Espírito intercede pelos cristãos.
Palavra do Senhor.
ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
os mistérios do reino. Refrão
EVANGELHO – Forma longa Mt 13, 24-43
«Deixai-os crescer ambos até à ceifa»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus disse às multidões mais esta parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a espigar, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio?’. Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’. ‘Não! – disse ele – não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’». Jesus disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois de crescer, é a maior de todas as plantas da horta e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos». Disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado». Tudo isto disse Jesus em parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia, a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta, que disse: «Abrirei a minha boca em parábolas, proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo». Jesus deixou então as multidões e foi para casa. Os discípulos aproximaram-se d’Ele e disseram-Lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo». Jesus respondeu: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem e o campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino, o joio são os filhos do Maligno e o inimigo que o semeou é o Diabo. A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os Anjos. Como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do homem enviará os seus Anjos, que tirarão do seu reino todos os escandalosos e todos os que praticam a iniquidade, e hão-de lançá-los na fornalha ardente; aí haverá choro e ranger de dentes. E os justos brilharão como o sol no reino do seu Pai. Quem tem ouvidos, oiça».
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve Mt 13, 24-30
«Deixai-os crescer ambos até à ceifa»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus disse às multidões mais esta parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a espigar, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio?’. Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’. ‘Não! – disse ele – não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que levastes à plenitude os sacrifícios da Antiga Lei
no único sacrifício de Cristo,
aceitai e santificai esta oblação dos vossos fiéis,
como outrora abençoastes a oblação de Abel;
e fazei que os dons oferecidos em vossa honra
por cada um de nós
sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Salmo 110, 4-5
O Senhor misericordioso e compassivo
instituiu o memorial das suas maravilhas,
deu sustento àqueles que O temem.
Ou Ap 3, 20
Eu estou à porta e chamo, diz o Senhor.
Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta,
entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Protegei, Senhor, o vosso povo
que saciastes nestes divinos mistérios
e fazei-nos passar da antiga condição do pecado
à vida nova da graça.
Por Nosso Senhor.
« Os desafios existem para ser superados. Sejamos realistas, mas
sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança. Não deixemos
que nos roubem a força missionária!».
Papa Francisco
A Alegria do
Evangelho,109
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS:
Sab 12, 13.16-19: Esta
leitura é fruto da meditação de um homem sábio ao contemplar como Deus actua em
presença dos males que rodeiam os homens, que saem até das mãos deles. Deus não
age como os homens; não Se vinga, não Se desilude, não desespera. Deus sabe
esperar, dando tempo ao tempo, e inspirando aos homens pecadores caminhos de
conversão.
Rom 8, 26-27: A
ação de Deus em nós não é espetacular, não se faz sentir de maneira turbulenta
e ruidosa; antes é serena, mas profunda e contínua. Deus atua, pelo seu
Espírito, no mais íntimo do coração do homem, se este lho abrir e O acolher.
Então, o próprio Espírito de Deus ora em nós, como só Ele sabe e pode orar.
Mt 13, 24-43: O
trigo e o joio, o bem e o mal, crescem neste mundo tão entrelaçados, que nunca
acabaremos por ser capazes de os separar completamente. Mas, a hora de Deus
chegará; justiça será feita, e da maneira mais total e completa. Entretanto, o
reino de Deus vai lançando raízes e vai crescendo, sem que o joio o consiga
sufocar. Mais uma razão para lhe darmos toda a atenção e a ele nos consagrarmos
de alma e coração, com toda a esperança.
AGENDA DO DIA
09.00 horas: Funeral
em Nisa
09.30 horas: Missa
em Amieira do Tejo
10.00 horas: Missa
em Arez
10.54 horas: Celebração
da Palavra Tolosa
11.00 horas: Missa
em Nisa
12.00 horas: Missa
em Alpalhão
12.00 horas: Celebração
da Palavra em Gáfete
15.30 horas: Celebração
da Palavra em Montalvão
15.30 horas: Celebração
da Palavra no Cacheiro
15.30 horas: Celebração
da Palavra no Arneiro
A VOZ DO PASTOR
A PROCISSÃO JÁ VAI NO ADRO!...VAMOS
À FESTA!...
As procissões de que falamos aqui são os atos solenes de cariz religioso do povo fiel,
caminhando, ordenadamente, com devoção e sentido de fé, de um lugar sagrado
para outro, com preces e cânticos. Têm
sentido teológico e simbolizam a caminhada do povo de Deus, em comunidade, rumo
à pátria definitiva. O cristão precisa de se sentir povo de Deus a caminho,
precisa de sair, sair para não se esquecer que é peregrino, sair para ir ao
encontro dos outros, sair para anunciar o Evangelho. Falamos
das procissões com imagens de Cristo, da Virgem Maria, de Santos e Santas que
são levadas em andores. Também podem levar relíquias sagradas, tais como a cruz
de Cristo ou outra. Estas procissões são uma realidade da fé totalmente
distintas das procissões com o Santíssimo Sacramento de que hoje não falaremos.
As imagens não são a pessoa, não são a realidade, são apenas uma representação
de Jesus, da Virgem Maria ou de alguém, homem ou mulher, a quem a Igreja
declarou santo ou santa. Não se adoram as imagens, seria idolatria. Elas apenas
nos recordam a pessoa e a vida desse alguém que representam e que merece o
nosso respeito, admiração e gratidão, estimulando-nos a viver como eles rumo à
santidade.
Mas “a procissão ainda só
vai no adro”. Não sei bem qual é a origem deste ditado popular. Mas tudo leva a
crer que resultou de algum acidente, algures, com andores de festa. Se a
procissão ainda só vai no adro e o andor já vai a cair, o que mais irá
acontecer!... O ditado estendeu-se à vida normal: se já no princípio as coisas
correm mal, o que mais aí virá....
Mas, ainda que o andor
esteja direitinho, às vezes é mesmo caso para dizer: “e ainda a procissão só vai
no adro!”. Mas porquê? O amigo leitor vai-me desculpar o modo como o vou dizer,
pois todos temos o maior respeito pela piedade popular e pelas pessoas, tal
como vivem a sua fé e trabalham para dinamizar as comunidades. Às vezes, porém,
quem preside ou organiza é renitente em mudar seja o que for, entende que só ele
ou só eles e elas é que sabem e têm razão. Raspar o escândalo ou pôr-nos à
frente dessa gente de pernas para o ar, pode ser que as leve a enxergar que há
coisas que se fazem por ser costume, mas que em nada dignificam quem o faz ou
quem permite que se faça. As coisas sérias têm de se levar a sério, com
responsabilidade e dignidade, não se podem improvisar. Ao longo dos meus anos
de sacerdócio passei por muitas festas, em diversidade de funções, desde os distritos
de Viana, Braga, e parte do Porto, Castelo Branco, Santarém e Portalegre. Assisti
a muita coisa digna, construtiva e bela, felizmente a maior parte. Mas também assisti
a muita coisa a que não desejava ter assistido, causando enorme sofrimento aos
responsáveis pelas comunidades. São sobretudo estas experiências menos boas,
vividas umas ali, outras acolá e mais além, que vou realçar para que se evitem o mais
possível.
Há procissões que abrem com
cavalos, às vezes com mau feitio aliado ao mau feitio das esporas do cavaleiro.
Já ouvi os mais dedicados às ciências matemáticas de entre o povo a dizer que o
conjunto (cavalo e cavaleiro) formavam uma verdadeira fração imprópria em que o
numerador era maior que o denominador, tais eram as diabruras equinas a fazer
fugir o povaréu. Em certos sítios, já são mais os andores que a gente capaz para
os levar em procissão, pena é que só se dê por isso à hora da saída da mesma.
Por outro lado, não raro, quem aparece para os levar não casam bem, isto é: um
é gigante, outro é pigmeu, outros, assim assim. Como equilibrar e aguentar o
peso do andor pelo caminho sem haver queixumes e paragens desnecessárias?. As
opas, porque ninguém se lembrou delas, estão todas enrodilhadas, sem jeito nem
apetite. Está ali um voluntário adulto que vem em calções e a opa cobre-lhe os
calções fazendo dele uma figura muito mais excêntrica que aqueles caretos
património da humanidade. Mais além, outro voluntário dá nas vistas, está a
vestir a opa e a fazer lembrar o “ai! verdinho, meu verdinho, esquecer-te não
há maneira”!... Há crianças a figurar como “anjinhos”, mas a chorar, porque demasiadamente
pequeninas, o que não vai ajudar ao bom clima da procissão e os pais também não
vão ficar bem na fotografia por sujeitarem a criança a tal sacrifício. Ali, ao
canto, há confusão, ainda se discute qual a ordem das confrarias, associações e
andores na procissão. Falta gente para isto, falta gente para levar aquilo,
falta gente disponível para colaborar, apesar de estar por ali alguém a ver a
aflição de tantos mas a agir como estranho ou como se nada lhe dissesse
respeito. É sempre um momento de aflição e nada feliz a provar que a procissão
não foi pensada em devido tempo nem convenientemente preparada por quem o devia
ter feito.
Mas também as coisas se
complicam quando há devoções mal entendidas. Por exemplo: há gente que faz a
promessa de ir de joelhos debaixo ou atrás do andor. Não estou a fazer juízos
sobre a fé das pessoas nem sobre os momentos aflitivos da vida em que a sua
generosidade as levou a prometer o que prometeram. Só estou a dizer que há
promessas que não se devem fazer. Ninguém deve fazer uma promessa cujo
cumprimento depende da vontade de outros. Como sujeitar centenas ou milhares de
pessoas a terem de esperar que esta pessoa vá de joelhos na procissão? Como
aceitar um segundo andor do mesmo Santo ou da Virgem Maria na mesma procissão
só porque alguém o prometeu? Como é que a paróquia há de aceitar a promessa da
oferta de uma imagem para a igreja se lá está outra igual e até no mesmo altar?
Não seria melhor perguntar aos responsáveis o que é que fará falta na igreja e
oferecer o que é preciso? Não seria melhor atender a uma necessidade social ou
a outra causa nobre?
Outra coisa a fazer aquecer
os fusíveis é o dinheiro alfinetado nos mantos das imagens, também por
promessa, dizem. Será que pensam que o Santo se deixa subornar ou que está à
venda como qualquer desportista? A fé não deve ser maltratada a esse nível, nem
o rosto da piedade cristã deve ser assim desfigurado. São gestos que
escandalizam, fruto de atitudes sempre incómodas de quem teima em não querer
compreender o ridículo da situação. Ninguém duvida que essas pessoas se sintam Igreja,
mas vivem à margem das suas normas e orientações, querendo impor as suas ideias
e maneiras de ver. Pior ainda quando são os próprios festeiros a exigir que
isso aconteça, gerando tensão com os responsáveis paroquiais que têm a
obrigação de superintender sobre a dignidade do que se faz em Igreja e cuidar
do bom nome da comunidade cristã.
Outra fonte de guerra, por
vezes, é o percurso da procissão. Porque sempre foi por aqui, tem de ser por
aqui, mesmo que seja por entre o cheiro de grelhados, o barulho das tendas e os
parques de diversão. Se, de facto, não é possível outro caminho, porque não se
acordou com os feirantes etc. para tudo parar na altura da passagem da
procissão? Não são a Eucaristia e a Procissão os pontos mais altos da festa
cristã onde todos se empenharam? Outras vezes, pode ser por causa de alguém que
dá avultada oferta para a festa, reivindicando o trajeto de costume só para se
afirmar na terra e mostrar a procissão aos amigos e convidados para a sua
festa, ali debruçados na sacada da sua casa, sobre uma bela colcha da sua
tetravó, anualmente escavada das profundezas da arca a cheirar a naftalina e
eucalipto! Enfim, tradições impostas, regra geral, por quem mandava ou quer mandar nas terras puxando
por razões sem razão ou por pergaminhos já muito afetados por cupins e
patologias várias. No entanto, hoje não faz qualquer sentido a procissão passar
por ali. A situação local mudou. O próprio povo, que sempre é dado a conservar
o costume, já entendeu que, de facto, não faz sentido. Critica quem não tem a
coragem de a mudar e até sabe porque é que isso não acontece. Sim, ninguém que
se respeite a si próprio e aos outros pode querer comprar a festa. Ninguém, por
a oferta de alguém ser grande, lhe deve subserviência!
Noutros locais, luta-se para
que a procissão tenha um percurso maior, rabujando uns para cada lado sem se
sentarem e combinarem com serenidade o que será melhor. O percurso duma procissão
não é o duma peregrinação. Recorda-me duma festa em que estive quando ainda era
Reitor do Seminário da minha Diocese de origem, em que os festeiros teimaram em
mudar o percurso da procissão, levando-a, contra todas as indicações e contra
os responsáveis da Paróquia, à estrada nacional. Aconteceu que ao chegar ao
local de virar pelo percurso habitual, percurso ainda bem integrado, os que iam
à frente do Pálio com as bandeiras e o mais que fazia parte, resolveram ir em
frente sob as ordens dos festeiros. O Pároco, que presidia, e todo o povo que o
acompanhava em procissão, voltaram pelo percurso habitual. A procissão
dividiu-se e não foi bonito, a festa terminou em tensão. De facto, os festeiros
não estão em nome próprio nem podem esquecer quem é que estão a representar e
como devem agir, há normas. A formação e o diálogo é essencial. Em muitos lados
também o final da procissão não corre com aquela dignidade que se deveria
esperar, as pessoas logo se despacham sem esperar pela bênção e conclusão
final. Apostar na dignidade do que se faz também é evangelizar. E se é
importante não desistir de formar o povo para o respeito devido a estes atos,
também é sempre aconselhável que as pessoas - crianças, jovens e adultos -, se
integrem na procissão, testemunhando a sua fé e devoção, lembrando que somos
Igreja a caminho. Como diz o ditado, “só quem toca carrilhão, não vai na
procissão”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 17-07-2020.
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