PARÓQUIAS
DE NISA
Quarta-feira,
22 de julho de 2020
Quarta da XVI semana comum
QUARTA-FEIRA
da semana XVI
S. Maria Madalena – FESTA
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. próprio.
L 1 Cant 3, 1-4a ou 2 Cor 5, 14-17; Sal 62 (63), 2.3-4.5-6.8-9
Ev Jo 20, 1. 11-18
* Na Diocese de Viseu – Aniversário da tomada de posse e entrada solene de D. António Luciano dos Santos Costa.
* Na Ordem de São Domingos – S. Maria Madalena, padroeira da Ordem – FESTA
* Na Diocese de Viseu (Sé) – I Vésp. do aniversário da Dedicação da Igreja Catedral.
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. próprio.
L 1 Cant 3, 1-4a ou 2 Cor 5, 14-17; Sal 62 (63), 2.3-4.5-6.8-9
Ev Jo 20, 1. 11-18
* Na Diocese de Viseu – Aniversário da tomada de posse e entrada solene de D. António Luciano dos Santos Costa.
* Na Ordem de São Domingos – S. Maria Madalena, padroeira da Ordem – FESTA
* Na Diocese de Viseu (Sé) – I Vésp. do aniversário da Dedicação da Igreja Catedral.
S. MARIA MADALENA
Nota
Histórica:
É
mencionada entre os discípulos de Cristo, assistiu à sua morte e mereceu ser a
primeira a ver o Redentor ressuscitado de entre os mortos na madrugada do dia
de Páscoa (Mc 16, 9). O seu culto difundiu-se na Igreja ocidental, sobretudo a
partir do século XII.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Jo 20, 17
Disse o Senhor a Maria Madalena:
Vai dizer aos meus irmãos:
Eu subo para meu Pai e vosso Pai,
para o meu Deus e vosso Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que, na vossa infinita bondade,
quisestes que Maria Madalena fosse a primeira
a receber do vosso Filho
a missão de anunciar a alegria pascal,
concedei-nos, por sua intercessão,
que, seguindo o seu exemplo,
anunciemos a Cristo ressuscitado
e O contemplemos no reino da glória.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Em vez desta leitura, pode utilizar-se a que se lhe segue
LEITURA I Cant 3, 1-4a
«Encontrei aquele que o meu coração ama»
Leitura do Cântico dos Cânticos
Eis o que diz a esposa:
«No meu descanso, durante a noite,
procurei aquele que o meu coração ama;
procurei-o, mas não pude encontrá-lo.
Levantar-me-ei e percorrerei a cidade,
pelas ruas e pelas praças,
procurando aquele que o meu coração ama.
Procurei-o, mas não pude encontrá-lo.
Encontraram-me as sentinelas que rondavam a cidade
e eu perguntei-lhes:
‘Vistes porventura aquele que o meu coração ama?’.
E logo que passei por eles,
encontrei aquele que o meu coração ama».
Disse o Senhor a Maria Madalena:
Vai dizer aos meus irmãos:
Eu subo para meu Pai e vosso Pai,
para o meu Deus e vosso Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que, na vossa infinita bondade,
quisestes que Maria Madalena fosse a primeira
a receber do vosso Filho
a missão de anunciar a alegria pascal,
concedei-nos, por sua intercessão,
que, seguindo o seu exemplo,
anunciemos a Cristo ressuscitado
e O contemplemos no reino da glória.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Em vez desta leitura, pode utilizar-se a que se lhe segue
LEITURA I Cant 3, 1-4a
«Encontrei aquele que o meu coração ama»
Leitura do Cântico dos Cânticos
Eis o que diz a esposa:
«No meu descanso, durante a noite,
procurei aquele que o meu coração ama;
procurei-o, mas não pude encontrá-lo.
Levantar-me-ei e percorrerei a cidade,
pelas ruas e pelas praças,
procurando aquele que o meu coração ama.
Procurei-o, mas não pude encontrá-lo.
Encontraram-me as sentinelas que rondavam a cidade
e eu perguntei-lhes:
‘Vistes porventura aquele que o meu coração ama?’.
E logo que passei por eles,
encontrei aquele que o meu coração ama».
Palavra do Senhor.
Em vez da leitura precedente, pode utilizar-se a seguinte:
LEITURA I 2 Cor 5, 14-17
«Já não conhecemos a Cristo segundo a carne»
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
O amor de Cristo nos impele,
ao pensarmos que um só morreu por todos
e que todos, portanto, morreram.
Cristo morreu por todos,
para que os vivos deixem de viver para si próprios,
mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles.
Assim, daqui em diante,
já não conhecemos ninguém segundo a carne.
Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne,
agora já não O conhecemos assim.
Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura.
As coisas antigas passaram: tudo foi renovado.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 62 (63), 2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Refrão: A minha alma tem sede de Vós, Senhor, meu Deus.
Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água.
Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida;
por isso os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores.
Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo.
ALELUIA
Refrão: Aleluia.
Diz-nos, Maria: Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo e a glória do Ressuscitado. Refrão
EVANGELHO Jo 20, 1.11-18
«Mulher, porque choras? A quem procuras?»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
E ficou a chorar junto do sepulcro.
Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro
e viu dois Anjos vestidos de branco,
sentados, um à cabeceira e outro aos pés,
onde estivera deitado o corpo de Jesus.
Os Anjos perguntaram a Maria:
«Mulher, porque choras?».
Ela respondeu-lhes:
«Porque levaram o meu Senhor
e não sei onde O puseram».
Dito isto, voltou-se para trás
e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele.
Disse-lhe Jesus:
«Mulher, porque choras? A quem procuras?».
Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe:
«Senhor, se foste tu que O levaste,
diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar».
Disse-lhe Jesus: «Maria!».
Ela voltou-se e respondeu em hebraico:
«Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!».
Jesus disse-lhe:
«Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai.
Vai ter com os meus irmãos
e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai,
para o meu Deus e vosso Deus».
Maria Madalena foi anunciar aos discípulos:
«Vi o Senhor».
E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ao celebrarmos a memória de Santa Maria Madalena,
nós Vos suplicamos, Senhor:
assim como Jesus Cristo, vosso Filho,
recebeu o testemunho do seu amor,
aceitai, Vós também, benignamente
estes dons que Vos apresentamos.
Por Nosso Senhor.
PREFÁCIO ‘Apóstola’ dos Apóstolos
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Pai omnipotente e rico de misericórdia,
é verdadeiramente digno e justo,
nosso dever e salvação,
louvar-Vos sempre e em toda a parte
por Cristo Nosso Senhor.
Aparecendo Jesus a Maria Madalena no jardim,
Ela que tanto o amara quando era vivo,
viu-O morrer na cruz,
procurou-O no sepulcro;
e foi a primeira a adorá-l’O depois de ressuscitar dos mortos.
Diante dos Apóstolos foi honrada com a missão do apostolado,
para que o alegre anúncio da vida nova
chegasse até aos confins da terra.
Por isso, com todos os Anjos e Santos,
nós Vos louvamos, dizendo (cantando) com alegria:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória.
Hossana nas alturas.
Bendito O que vem em nome do Senhor.
Hossana nas alturas.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. 2 Cor 5, 14-15
Se amamos a Cristo, não vivamos para nós mesmos,
mas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
fazei, que a participação nestes santos mistérios
acenda em nós o amor ardente de Santa Maria Madalena
a Jesus Cristo, seu Mestre e Senhor.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
« A salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é
para todos, e Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de
todos os tempos. Escolheu convocá-los como povo, e não como seres isolados. Ninguém
se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem por suas próprias
forças.»
Papa Francisco
A Alegria do
Evangelho,113
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS:
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Tolosa.
A VOZ DO PASTOR
A PROCISSÃO JÁ VAI NO ADRO!...VAMOS
À FESTA!...
As procissões de que falamos aqui são os atos solenes de cariz religioso do povo fiel,
caminhando, ordenadamente, com devoção e sentido de fé, de um lugar sagrado
para outro, com preces e cânticos. Têm sentido teológico e simbolizam
a caminhada do povo de Deus, em comunidade, rumo à pátria definitiva. O cristão
precisa de se sentir povo de Deus a caminho, precisa de sair, sair para não se
esquecer que é peregrino, sair para ir ao encontro dos outros, sair para
anunciar o Evangelho. Falamos das procissões com
imagens de Cristo, da Virgem Maria, de Santos e Santas que são levadas em
andores. Também podem levar relíquias sagradas, tais como a cruz de Cristo ou
outra. Estas procissões são uma realidade da fé totalmente distintas das
procissões com o Santíssimo Sacramento de que hoje não falaremos. As imagens
não são a pessoa, não são a realidade, são apenas uma representação de Jesus,
da Virgem Maria ou de alguém, homem ou mulher, a quem a Igreja declarou santo
ou santa. Não se adoram as imagens, seria idolatria. Elas apenas nos recordam a
pessoa e a vida desse alguém que representam e que merece o nosso respeito,
admiração e gratidão, estimulando-nos a viver como eles rumo à santidade.
Mas “a procissão ainda só vai
no adro”. Não sei bem qual é a origem deste ditado popular. Mas tudo leva a
crer que resultou de algum acidente, algures, com andores de festa. Se a
procissão ainda só vai no adro e o andor já vai a cair, o que mais irá
acontecer!... O ditado estendeu-se à vida normal: se já no princípio as coisas
correm mal, o que mais aí virá....
Mas, ainda que o andor
esteja direitinho, às vezes é mesmo caso para dizer: “e ainda a procissão só
vai no adro!”. Mas porquê? O amigo leitor vai-me desculpar o modo como o vou
dizer, pois todos temos o maior respeito pela piedade popular e pelas pessoas,
tal como vivem a sua fé e trabalham para dinamizar as comunidades. Às vezes,
porém, quem preside ou organiza é renitente em mudar seja o que for, entende
que só ele ou só eles e elas é que sabem e têm razão. Raspar o escândalo ou
pôr-nos à frente dessa gente de pernas para o ar, pode ser que as leve a
enxergar que há coisas que se fazem por ser costume, mas que em nada dignificam
quem o faz ou quem permite que se faça. As coisas sérias têm de se levar a
sério, com responsabilidade e dignidade, não se podem improvisar. Ao longo dos
meus anos de sacerdócio passei por muitas festas, em diversidade de funções,
desde os distritos de Viana, Braga, e parte do Porto, Castelo Branco, Santarém
e Portalegre. Assisti a muita coisa digna, construtiva e bela, felizmente a
maior parte. Mas também assisti a muita coisa a que não desejava ter assistido,
causando enorme sofrimento aos responsáveis pelas comunidades. São sobretudo
estas experiências menos boas, vividas umas ali, outras acolá e mais além, que vou realçar para que se evitem o mais
possível.
Há procissões que abrem com
cavalos, às vezes com mau feitio aliado ao mau feitio das esporas do cavaleiro.
Já ouvi os mais dedicados às ciências matemáticas de entre o povo a dizer que o
conjunto (cavalo e cavaleiro) formavam uma verdadeira fração imprópria em que o
numerador era maior que o denominador, tais eram as diabruras equinas a fazer
fugir o povaréu. Em certos sítios, já são mais os andores que a gente capaz
para os levar em procissão, pena é que só se dê por isso à hora da saída da
mesma. Por outro lado, não raro, quem aparece para os levar não casam bem, isto
é: um é gigante, outro é pigmeu, outros, assim assim. Como equilibrar e aguentar
o peso do andor pelo caminho sem haver queixumes e paragens desnecessárias?. As
opas, porque ninguém se lembrou delas, estão todas enrodilhadas, sem jeito nem
apetite. Está ali um voluntário adulto que vem em calções e a opa cobre-lhe os
calções fazendo dele uma figura muito mais excêntrica que aqueles caretos
património da humanidade. Mais além, outro voluntário dá nas vistas, está a
vestir a opa e a fazer lembrar o “ai! verdinho, meu verdinho, esquecer-te não
há maneira”!... Há crianças a figurar como “anjinhos”, mas a chorar, porque
demasiadamente pequeninas, o que não vai ajudar ao bom clima da procissão e os
pais também não vão ficar bem na fotografia por sujeitarem a criança a tal
sacrifício. Ali, ao canto, há confusão, ainda se discute qual a ordem das
confrarias, associações e andores na procissão. Falta gente para isto, falta
gente para levar aquilo, falta gente disponível para colaborar, apesar de estar
por ali alguém a ver a aflição de tantos mas a agir como estranho ou como se
nada lhe dissesse respeito. É sempre um momento de aflição e nada feliz a
provar que a procissão não foi pensada em devido tempo nem convenientemente
preparada por quem o devia ter feito.
Mas também as coisas se
complicam quando há devoções mal entendidas. Por exemplo: há gente que faz a
promessa de ir de joelhos debaixo ou atrás do andor. Não estou a fazer juízos
sobre a fé das pessoas nem sobre os momentos aflitivos da vida em que a sua
generosidade as levou a prometer o que prometeram. Só estou a dizer que há promessas
que não se devem fazer. Ninguém deve fazer uma promessa cujo cumprimento
depende da vontade de outros. Como sujeitar centenas ou milhares de pessoas a
terem de esperar que esta pessoa vá de joelhos na procissão? Como aceitar um
segundo andor do mesmo Santo ou da Virgem Maria na mesma procissão só porque
alguém o prometeu? Como é que a paróquia há de aceitar a promessa da oferta de
uma imagem para a igreja se lá está outra igual e até no mesmo altar? Não seria
melhor perguntar aos responsáveis o que é que fará falta na igreja e oferecer o
que é preciso? Não seria melhor atender a uma necessidade social ou a outra
causa nobre?
Outra coisa a fazer aquecer
os fusíveis é o dinheiro alfinetado nos mantos das imagens, também por
promessa, dizem. Será que pensam que o Santo se deixa subornar ou que está à
venda como qualquer desportista? A fé não deve ser maltratada a esse nível, nem
o rosto da piedade cristã deve ser assim desfigurado. São gestos que
escandalizam, fruto de atitudes sempre incómodas de quem teima em não querer
compreender o ridículo da situação. Ninguém duvida que essas pessoas se sintam
Igreja, mas vivem à margem das suas normas e orientações, querendo impor as
suas ideias e maneiras de ver. Pior ainda quando são os próprios festeiros a
exigir que isso aconteça, gerando tensão com os responsáveis paroquiais que têm
a obrigação de superintender sobre a dignidade do que se faz em Igreja e cuidar
do bom nome da comunidade cristã.
Outra fonte de guerra, por
vezes, é o percurso da procissão. Porque sempre foi por aqui, tem de ser por
aqui, mesmo que seja por entre o cheiro de grelhados, o barulho das tendas e os
parques de diversão. Se, de facto, não é possível outro caminho, porque não se
acordou com os feirantes etc. para tudo parar na altura da passagem da
procissão? Não são a Eucaristia e a Procissão os pontos mais altos da festa
cristã onde todos se empenharam? Outras vezes, pode ser por causa de alguém que
dá avultada oferta para a festa, reivindicando o trajeto de costume só para se
afirmar na terra e mostrar a procissão aos amigos e convidados para a sua
festa, ali debruçados na sacada da sua casa, sobre uma bela colcha da sua
tetravó, anualmente escavada das profundezas da arca a cheirar a naftalina e
eucalipto! Enfim, tradições impostas, regra geral, por quem mandava ou quer mandar nas terras
puxando por razões sem razão ou por pergaminhos já muito afetados por cupins e
patologias várias. No entanto, hoje não faz qualquer sentido a procissão passar
por ali. A situação local mudou. O próprio povo, que sempre é dado a conservar
o costume, já entendeu que, de facto, não faz sentido. Critica quem não tem a
coragem de a mudar e até sabe porque é que isso não acontece. Sim, ninguém que
se respeite a si próprio e aos outros pode querer comprar a festa. Ninguém, por
a oferta de alguém ser grande, lhe deve subserviência!
Noutros locais, luta-se para
que a procissão tenha um percurso maior, rabujando uns para cada lado sem se
sentarem e combinarem com serenidade o que será melhor. O percurso duma procissão
não é o duma peregrinação. Recorda-me duma festa em que estive quando ainda era
Reitor do Seminário da minha Diocese de origem, em que os festeiros teimaram em
mudar o percurso da procissão, levando-a, contra todas as indicações e contra
os responsáveis da Paróquia, à estrada nacional. Aconteceu que ao chegar ao
local de virar pelo percurso habitual, percurso ainda bem integrado, os que iam
à frente do Pálio com as bandeiras e o mais que fazia parte, resolveram ir em
frente sob as ordens dos festeiros. O Pároco, que presidia, e todo o povo que o
acompanhava em procissão, voltaram pelo percurso habitual. A procissão
dividiu-se e não foi bonito, a festa terminou em tensão. De facto, os festeiros
não estão em nome próprio nem podem esquecer quem é que estão a representar e
como devem agir, há normas. A formação e o diálogo é essencial. Em muitos lados
também o final da procissão não corre com aquela dignidade que se deveria
esperar, as pessoas logo se despacham sem esperar pela bênção e conclusão
final. Apostar na dignidade do que se faz também é evangelizar. E se é
importante não desistir de formar o povo para o respeito devido a estes atos,
também é sempre aconselhável que as pessoas - crianças, jovens e adultos -, se
integrem na procissão, testemunhando a sua fé e devoção, lembrando que somos
Igreja a caminho. Como diz o ditado, “só quem toca carrilhão, não vai na
procissão”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 17-07-2020.
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