PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 04 de agosto de 2018
Sábado da XVII semana
do tempo comum
Salt. I
SÁBADO
da semana XVII
S. João Maria Vianney,
presbítero – MO
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 Jer 26, 11-16. 24; Sal 68 (69), 15-16. 30-31. 33-34
Ev Mt 14, 1-12
* Na Ordem Franciscana – S. João Maria Vianney, presbítero, da III Ordem – MO
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 Jer 26, 11-16. 24; Sal 68 (69), 15-16. 30-31. 33-34
Ev Mt 14, 1-12
* Na Ordem Franciscana – S. João Maria Vianney, presbítero, da III Ordem – MO
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
S. João Maria Vianney,
presbítero
Nota
Histórica
Nasceu em Lião no ano
1786. Depois de superar muitas dificuldades, pôde ser ordenado sacerdote.
Tendo-lhe sido confiada a paróquia de Ars, na diocese de Belley, o santo
promoveu nela admiravelmente a vida cristã, por meio duma eficaz pregação, com
a mortificação, a oração e a caridade. Revelou especiais qualidades na
administração do sacramento da Penitência e na direção espiritual, e por isso
acorriam fiéis de todas as partes para escutar os seus santos conselhos. Morreu
em 1859.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA (Sl 144, 10-11)
Graças Vos deem, Senhor, todas as
criaturas e bendiga-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e
anunciem as vossas maravilhas.
ORAÇÃO
Deus omnipotente e misericordioso, que fizestes de São João Maria Vianney um sacerdote admirável no zelo pastoral, concedei-nos, que, imitando o seu exemplo, ganhemos para Vós no amor de Cristo os nossos irmãos e com eles alcancemos a glória eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Ez 3, 16-21
«Fiz de ti uma sentinela para a casa de Israel»
Leitura da Profecia de Ezequiel
Deus omnipotente e misericordioso, que fizestes de São João Maria Vianney um sacerdote admirável no zelo pastoral, concedei-nos, que, imitando o seu exemplo, ganhemos para Vós no amor de Cristo os nossos irmãos e com eles alcancemos a glória eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Ez 3, 16-21
«Fiz de ti uma sentinela para a casa de Israel»
Leitura da Profecia de Ezequiel
O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Filho do homem, fiz de ti uma sentinela para a casa de Israel: quando ouvires uma palavra da minha boca, tu os advertirás da minha parte. Se Eu mandar dizer ao pecador: ‘Vais morrer’, e tu não o advertires, se não lhe falares para o desviar do seu mau caminho e assim lhe salvar a vida, ele morrerá devido aos seus pecados, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, advertires o pecador e ele não se afastar da impiedade e do mau caminho, ele morrerá devido aos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida. E se o justo se afastar da sua justiça e praticar o mal, Eu o farei tropeçar e morrerá. Se tu não o advertiste, então ele morrerá devido aos seus pecados, sem que se tenham em conta as boas obras que tenha praticado. Mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o justo para que não peque e ele de facto não pecar, decerto viverá porque deu ouvidos à advertência e tu salvarás a tua vida».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 116 (117), 1.2 (R. Mc 16, 15)
Refrão: Ide por todo o mundo
e proclamai o Evangelho.
Ou: Aleluia.
Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.
É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.
ALELUIA Lc 4, 18
Refrão: Aleluia Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova,
e aos cativos a redenção. Refrão
EVANGELHO Mt 9, 35 — 10, 1
«Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades. Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades.
Palavra da salvação.
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Leituras
da féria
LEITURA
I
Jer 26, 11-16.24
«Na verdade, foi o Senhor que me enviou a vós,
para anunciar aos vossos ouvidos todas estas palavras»
«Na verdade, foi o Senhor que me enviou a vós,
para anunciar aos vossos ouvidos todas estas palavras»
A pregação do profeta que ontem
ouvimos, em que foi anunciada a destruição do próprio templo, se o povo se não
quisesse converter, atraiu sobre ele o ódio dos sacerdotes e de outros, os
quais pensaram até em dar-lhe a morte. Mas o bom senso de alguns dos mais
responsáveis levou a fazer reflectir que, se eram do Senhor as palavras que o
profeta lhes anunciava, ele não devia ser condenado, mas antes escutado.
Leitura do Livro de Jeremias
Leitura do Livro de Jeremias
Naqueles dias, os sacerdotes e os profetas disseram aos chefes e a todo o povo: «Este homem merece a morte, por ter profetizado contra esta cidade, como acabais de ouvir com os vossos ouvidos». Então Jeremias disse aos chefes e a todo o povo: «Foi o Senhor que me enviou a profetizar, contra este templo e contra esta cidade, tudo o que ouvistes. Portanto, emendai os vossos caminhos e as vossas acções, ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e o Senhor afastará de vós os males com que vos ameaçou. Quanto a mim, estou nas vossas mãos: tratai-me como vos parecer melhor e mais justo. Mas ficai sabendo que, se me condenardes à morte, sereis responsáveis pelo sangue de um inocente, vós, esta cidade e os seus habitantes. Na verdade, foi o Senhor que me enviou a vós, para anunciar aos vossos ouvidos todas estas palavras». Então os chefes e todo o povo disseram aos sacerdotes e aos profetas: «Este homem não merece a morte, porque nos falou em nome do Senhor, nosso Deus». Jeremias ficou sob a proteção de Aican, filho de Safan, e assim não caiu nas mãos do povo para ser morto.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 68 (69), 15-16.30-31.33-34 (R. 14c)
Refrão: Pela vossa bondade, ouvi-me, Senhor. Repete-se
Tirai-me do lamaçal, para que não me afunde,
livrai-me dos que me odeiam e do abismo das águas.
Não me cubram as ondas nem me arraste a voragem,
não se feche sobre mim a boca do abismo. Refrão
Eu sou pobre e miserável:
defendei-me com a vossa proteção.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em ação de graças O glorificarei. Refrão
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos. Refrão
ALELUIA Mt 5, 10
Refrão: Aleluia Repete-se
Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Mt 14, 1-12
«Herodes mandou decapitar João na cadeia
e os seus discípulos foram dar a notícia a Jesus»
A perseguição, mais tarde desencadeada contra Jesus, começa já a fazer sentir-se em relação àquele que preparou o seu aparecimento em público, João Baptista. A palavra de Deus projecta luz sobre as trevas dos homens, e, ao mesmo tempo que ilumina os que a acolhem, denuncia os que a rejeitam. E, se aquele que a proclama insiste em a fazer ouvir, não lhe faltará perseguição, mesmo até chegar à morte, como aconteceu a João Baptista.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus e disse aos seus familiares: «Esse homem é João Baptista que ressuscitou dos mortos. Por isso é que nele se exercem tais poderes miraculosos». De facto, Herodes tinha mandado prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia constantemente a Herodes: «Não te é permitido tê-la por mulher». E embora quisesse dar-Lhe a morte, tinha receio da multidão, que o considerava como profeta. Ocorreu entretanto o aniversário de Herodes e a filha de Herodíades dançou diante dos convidados. Agradou de tal maneira a Herodes, que este lhe prometeu com juramento dar-lhe o que ela pedisse. Instigada pela mãe, ela respondeu: «Dá-me agora mesmo num prato a cabeça de João Baptista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, ordenou que lha dessem e mandou decapitar João no cárcere. A cabeça foi trazida num prato e entregue à jovem, que a levou a sua mãe. Os discípulos de João vieram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura. Depois foram dar a notícia a Jesus.
Palavra da salvação.
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ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as nossas orações
e, para servirmos dignamente ao
vosso altar, protegei-nos com a intercessão dos vossos Santos. Por
Nosso Senhor.
vosso altar, protegei-nos com a intercessão dos vossos Santos. Por
Nosso Senhor.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO (cf.
SL 67,4)
Os justos alegram-se na glória de Deus,
Os justos alegram-se na glória de Deus,
exultam de alegria na sua presença.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus eterno e omnipotente, Pai de
toda a consolação e da paz, fazei
que a vossa família, congregada na festa memória dos santos para
celebrar o louvor do vosso nome, receba na comunhão destes santos
mistérios o penhor da redenção eterna. Por Nosso Senhor.
que a vossa família, congregada na festa memória dos santos para
celebrar o louvor do vosso nome, receba na comunhão destes santos
mistérios o penhor da redenção eterna. Por Nosso Senhor.
« Se denuncio e
condeno a injustiça, é porque isso é obrigatório para mim como pastor de um
povo oprimido e humilhado»
Óscar Romero
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURA:
MEDITAÇÃO: - Os profetas,
como João Batista denunciam o pecado, as injustiças, a falta de fé e de amor.
De que forma se pode ser profeta na própria terra? Em que situações é já
possível constatar a presença o reino de Deus e em que circunstâncias é preciso
revelá-lo e fazê-lo crescer?
ORAÇÃO: - Dá-nos sabedoria, senhor, ara ver a realidade com os
teus olhos e descobrir onde está o pecado, aquele que nos separa de Ti.
AGENDA
09.00 horas: Missa em
Nisa, na Matriz de Nossa Senhora da Graça
15.00 horas:
Missa em Salavessa
16.00 horas: Missa em
Pé da Serra
18.00 horas: Missa em
Nisa – Espírito Santo
A VOZ DO PASTOR
IMPOSSÍVEL! … ESTOU UMA
DESGRAÇA!... mas foi!...
Celebramos o Padroeiro dos Párocos e
modelo de todo o ministério sacerdotal: São João Maria Vianney, o Santo Cura
d’Ars!... Todos os anos celebramos a sua
memória em 4 de agosto, data da sua morte. Ao dirigir-se para a paróquia que
lhe fora confiada, não conseguia enxergar bem o caminho, era já o cair da noite
de 9 de fevereiro de 1818, uma terça-feira sob manta de nevoeiro. Então,
dirigiu-se a um jovenzinho, de seu nome Antoine Givre, que por ali apascentava
as ovelhas para ver se ele lhe indicaria o caminho para Ars. Satisfeito com as
indicações do miúdo, volta-se para ele e diz-lhe: “Meu amiguinho, mostraste-me
o caminho para Ars; vou-te mostrar o caminho para o céu”.
Esta é, na verdade, a meta de toda a
vida humana e o objetivo do ministério do Padre: conduzir ao Céu, à vida
trinitária, convocar os homens à família de Deus, na Igreja. Saudamos todos os
Párocos e rogamos ao Senhor que os fortaleça e anime na comunhão e na ação. Os
Padres, dizia o Papa Francisco, são como os aviões. Os aviões andam por esses
ares aos milhares, fazendo o bem, levando e trazendo as pessoas e sem ninguém
dar por isso. Só se fala deles quando algum cai, isso sim, ressoa no mundo
inteiro. Assim os Padres, só se fala deles - e para desancar de forma
persecutória e generalizada! -, quando algum deles cai em desgraça. Como
afirmava W. Shakespeare, “as falhas dos homens eternizam-se no bronze. As suas
virtudes escrevemo-las na água”. Não estamos a crer justificar o pecado, os
escândalos, os desleixos e as atitudes menos boas a que todos estamos sujeitos.
Estamos tão só a reconhecer o imenso trabalho de serviço à comunidade que eles
prestam, inclusive nas paróquias. Um poste de alta-tensão, ou coisa semelhante
no meio de um campo, torna-se incómodo para alguns e inútil para outros, parece
que não está ali a fazer nada. Se, porém, tirarmos o poste, a eletricidade
deixa de passar, ficaremos às escuras. O Padre também pode ser olhado assim:
pode ser incómodo para uns e escusado para outros, mas se o tirarmos de entre o
povo, depressa brotará o deserto espiritual. O Santo Cura d’Ars dizia: “Deixai
uma paróquia vinte anos sem padre, e acabará por adorar os animais”. Sim, o
abandono da Palavra de Deus a tudo pode levar, nas paróquias, nas famílias, na
sociedade!... Ciente desta responsabilidade e missão, Frei Bartolomeu dos
Mártires alertava os seus sacerdotes: “Ficai sabendo que a tranquilidade da
vossa consciência depende do cumprimento de dois preceitos: pregação e exemplo.
Mas, se quereis ser prudentes, juntai-lhe um terceiro: o amor da oração. E,
assim, ficam estas três coisas: a pregação, o exemplo e a oração, mas a
principal é a oração; pois, embora a pregação e as obras sejam virtudes
necessárias, só a oração consegue graça e eficácia para as obras e para a
pregação”. E o seu colega e amigo São Carlos Borromeu, ambos Padres Conciliares
em Trento, dizia aos seus: “É tua missão pregar e ensinar? Estuda e consagra-te
a quanto é necessário para desempenhar devidamente esse ministério. Procura,
antes de tudo, pregar com a tua própria vida e os teus costumes, para não
acontecer que, vendo-te dizer uma coisa e fazer outra, comecem a menear a
cabeça e a troçar das tuas palavras. Exerces a cura de almas? Não descures
então o cuidado de ti próprio, para não te dares desinteressadamente aos demais
que nada reserves para ti. Sem dúvida, é necessário que te lembres das almas
que diriges, mas desde que não te esqueças de ti (…) Se administras
sacramentos, irmão, medita no que fazes; se celebras missa, pensa no quer
ofereces; se cantas no coro, considera a quem falas e o que dizes; se diriges
almas, medita em que sangue foram purificadas. Tudo entre vós se faça com
espírito de caridade … assim teremos força para fazer nascer Cristo em nós e
nos outros”. O Apóstolo Paulo, por sua vez, recomendava ao seu amigo Tiago:
“Tem cuidado contigo e com o teu ensino. Sê perseverante em tudo isso. Se assim
procederes, salvar-te-ás a ti e àqueles que te ouvem” (ITim 4,16).
A propósito (ou não!), recordo um gesto
extraordinário de São João Paulo II para com um sacerdote cujas chicotadas da
vida lhe deixaram grandes mossas ao ponto de sentir o vazio de Deus, a perda da
autoestima e se reduzir à situação de mendigo e sem abrigo. Este facto, depois
de ter sido divulgado, correu mundo, podendo-se encontrar em muitos sítios na
net. O próprio Papa Francisco, ao falar, numa das suas reflexões, sobre a
grande dignidade dos mendigos, também tornou presente este caso.
Nas escadarias duma Igreja de Roma,
estavam alguns sem-abrigo a mendigar, como, aliás, é habitual. Estas pessoas,
na medida do possível, vão sendo acompanhadas pelos serviços sociais da Igreja
e da comunidade romana. Um dia, um desses mendigos falou de si a quem teve a
caridade de o ouvir até ao fim. Lá foi desfiando os caminhos andados até chegar
àquela triste situação de mendigo e sem abrigo. Era um sacerdote polaco feito
farrapo humano. O caso chegou aos ouvidos do Santo Padre João Paulo II que
ficou muito comovido com o caso. Segundo narra o Papa Francisco, o nome deste
sacerdote sem-abrigo foi reconhecido por João Paulo II como tendo sido seu
colega no Seminário, quarenta anos atrás. Passados alguns dias desta informação
dada a São João Paulo II, alguém recebeu um convite do Vaticano para jantar com
o Papa na sua residência particular e que levasse consigo o sacerdote mendigo.
“Impossível”, disse o mendigo a quem o foi informar e chamar. “Olha para mim.
Estou uma desgraça. Não tomo banho há bastante tempo...”. Mas a insistência
fez-se ouvir: “Tenho um quarto de hotel onde podes tomar banho e barbear-te, e
tenho roupas que te servem”. Na hora aprazada, partiram para o jantar com o
Papa, que os acolheu com nobre cortesia.
Depois do jantar, João Paulo II quis
ficar a sós com o mendigo, tendo-lhe pedido, depois de alguma conversa
bem-humorada, que o ouvisse em Confissão. O homem, impressionado, respondeu-lhe
que já não se sentia sacerdote, ao que o Papa retorquiu: “uma vez sacerdote,
sacerdote sempre”. Julgando-se ninguém e indigno de tudo perante todos, voltou
a insistir: “Mas eu estou fora das minhas faculdades de presbítero”. O Papa,
porém, sem fazer qualquer pergunta menos agradável, não desarmou: “Eu sou o
Bispo de Roma, posso-me encarregar disso”. O Padre ouviu, então, o Papa em Confissão,
mas como já não se lembrava bem da fórmula da absolvição, teve de ser ajudado
pelo Santo Padre. No fim, pediu ao Papa que, agora, também o ouvisse a ele em
Confissão. Depois de ter chorado longa e amargamente nos braços de São João
Paulo II, o Papa perguntou-lhe em que paróquia é que ele mendigava. Nomeou-o
colaborador do Pároco dessa paróquia e encarregou-o do atendimento, também
espiritual, aos mendigos.
Tudo na vida nos pode acontecer. Mas
também tudo pode converter-se em riqueza e feliz liberdade quando existir a
coragem de regressar a casa. Alguém sempre nos espera, nos recebe em seus
braços, nos perdoa sem fazer perguntas, nos anima e continua a confiar em nós.
E basta, por vezes, um amigo autêntico que ao cruzar-se connosco reconheça a
nossa situação, se abeire de nós, nos oiça até ao fim, nos estenda a mão e, com
uma palavra amiga e eficaz, nos mova para esse encontro festivo com o Pai,
diante do qual todos somos mendigos! Dêmos-Lhe os cacos, e Deus, o Oleiro,
concertará sempre um coração caído e estilhaçado!
Antonino Dias
Portalegre, 03-08-2018.
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