PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 13 de dezembro de
2021
Segunda-feira da III semana do Advento
LITURGIA
S.
Luzia, virgem e mártir – MO
Vermelho
– Ofício da memória.
Missa da memória, pf. I do Advento.
L 1 Num 24, 2-7. 15-17a; Sal 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9
Ev Mt 21, 23-27
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – I Vésp. de S. João da Cruz.
S. LUZIA, virgem e mártir
Nota
Histórica:
Morreu
provavelmente em Siracusa, durante a perseguição de Diocleciano. O seu culto
estendeu-se, desde a antiguidade, quase a toda a Igreja, e o seu nome foi
introduzido no Cânon Romano.
MISSA
Oração
Protegei, Senhor, o vosso povo com a intercessão gloriosa da virgem e mártir
Santa Luzia, para que, celebrando hoje o seu martírio na terra, contemplemos um
dia o seu triunfo no Céu. Por Nosso Senhor.
LEITURA I Num 24, 2-7.15-17a
«Surge uma estrela de Jacob»
Leitura do Livro
dos Números
Naqueles dias, o profeta Balaão, erguendo os olhos, viu o povo de Israel
acampado por tribos. O Espírito de Deus desceu sobre ele e ele proferiu a sua
profecia, dizendo: «Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar
penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem contempla as
visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e seus olhos se abrem. Como são
belas as tuas tendas, Jacob, e as tuas moradas, Israel! São como vales que se
prolongam e jardins à beira dum rio, como aloés plantados pelo Senhor, como
cedros junto da corrente. A água transbordará de seus cântaros e a sua semente
será abundantemente regada. O seu rei é maior do que Agag e a sua realeza será
exaltada. Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar penetrante,
palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem conhece a ciência do
Altíssimo, de quem contempla as visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e
seus olhos se abrem. Eu vejo, mas não é para agora; eu contemplo, mas não de
perto: Surge uma estrela de Jacob, levanta-se um cetro de Israel».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. 4b)
Refrão: Mostrai-me, Senhor, os vossos
caminhos. Repete-se
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. Refrão
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor. Refrão
O Senhor é bom e reto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. Refrão
ALELUIA Salmo 84, 8
Refrão: Aleluia Repete-se
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação. Refrão
EVANGELHO Mt 21, 23-27
«Donde era o batismo de João?»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se d’Ele
os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, que Lhe perguntaram: «Com que
autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?» Jesus respondeu-lhes:
«Vou fazer-vos também uma pergunta e, se Me responderdes a ela, dir-vos-ei com
que autoridade faço isto. Donde era o batismo de João? Do Céu ou dos homens?»
Mas eles começaram a deliberar, dizendo entre si: «Se respondermos que é do
Céu, vai dizer-nos: ‘Porque não lhe destes crédito?’ E se respondermos que é
dos homens, ficamos com receio da multidão, pois todos consideram João como
profeta». E responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele por sua vez disse-lhes:
«Então não vos digo com que autoridade faço isto».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, com a vossa bênção estes dons e
acendei em nós o fogo do vosso amor que
fortaleceu Santa Luzia para vencer os tormentos do martírio. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO (Mt
16,24)
Quem quiser seguir-Me, diz o Senhor, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-Me.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
A comunhão nos santos
mistérios nos dê, Senhor, a fortaleza de alma que tornou a vossa mártir Santa
Luzia fiel no vosso serviço e vitoriosa no martírio. Por Nosso Senhor.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
Num 24, 2-7.15-17a: Um
profeta pagão, enviado pelos seus para amaldiçoar o povo de Deus, sente-se
impelido pelo Senhor a abençoá-lo em vez de o amaldiçoar. Ao olhar para o
acampamento de Israel, pronuncia uma profecia célebre, na qual anuncia um tempo
de prosperidade e o aparecimento de um homem, um rei, um “Astro”, que há de vir
guiar o povo de Deus. Esse Astro é Aquele que o Apocalipse chama a “Estrela da
manhã”, Jesus Cristo.
Mt 21, 23-27: A
incredulidade dos chefes do povo de Deus aparece aqui em contraste com a visão
cheia de esperança do profeta pagão da leitura anterior. Jesus dá a entender
que o orgulho e dureza de coração não deixam abrir os olhos, com fé, ao dom da
presença de Deus no meio de nós. Já assim aconteceu em relação à pregação de
João Baptista, como virá igualmente a acontecer com a do próprio Senhor Jesus.
AGENDA
DO DIA:
PENSAMENTO
DO DIA
«Buscai
primeiramente o que une, em vez de buscar o que divide»
São
João XXIII
A VOZ DO PASTOR
A MAIOR REVOLUÇÃO DA HISTÓRIA ESTÁ EM
CURSO....
O seu promotor veio donde menos se pensava e
como menos se esperava!... Aguardavam alguém que restituísse a independência ao
país, o libertasse da potência dominadora contra a qual, submissos e explorados,
alimentavam ódios e desprezo. Esperavam um revolucionário que, pela sua
estratégia e força das armas, conseguisse tal proeza, esmagando uns, expulsando
outros. Pelo seu modo de ser e agir, aquele que se apresentou como tal, segundo
eles não podia ser, não tinha perfil para concretizar o que eles desejavam e
como eles desejavam. Não era filho de gente importante. Seus pais foram
emigrantes ou refugiados políticos. Nascera numa terrinha perdida lá pelos
montes por onde os pastores mourejavam, vivera noutra terra da qual nada se
poderia esperar. Era pobre, não tinha onde reclinar a cabeça e todos conheciam
os seus familiares. No entanto, foi e é o maior revolucionário de todos os
tempos. Dividiu a História no antes dele e no depois dele. Se preconceitos
humanos não houvesse, mesmo como personagem meramente histórico, interventivo e
altamente influente no destino dos povos e da História, deveria ser tema de
estudo em todas as escolas, academias e universidades, pois a todos afetou.
Promoveu uma civilização fundamentada na cultura do amor e da paz, na dignidade
de toda a pessoa. Mas há medo dele, e ele nunca fez mal a ninguém. Manifestava
delicadeza e preocupação por todos. Não trazia armas, não fez sangue, não usou
de violência, não tinha cadeias, não tinha guarda costas nem mordomias. Apelava
à plena liberdade com respeito pelos outros, vinha trazer a paz e a verdadeira
alegria de viver. Afirmando ser rei, sossegou os poderosos de então. Esclareceu
que o seu reino era doutra categoria. Que os cidadãos desse reino haveriam de
ser como crianças, simples e humildes. Que a pessoa vale mais pelo que é do que
pelo que tem ou pode. Apelava à mudança da mente e do coração, defendia que era
preciso dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus. Que o poder
terreno era um poder delegado para servir, para lavar os pés às dores do mundo,
não para ser servido e embandeirar em arco. Afirmava que se deveria oferecer o
segundo lado da face a quem já lhe tinha esmurrado o primeiro. Chamava a
atenção para os pobres e marginalizados. Falava da importância da partilha, do
desapego dos bens e das pessoas. Ensinava que era mais fácil um camelo entrar
pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no reino que anunciava. Recordava
os princípios fundamentais do casamento, denunciava a hipocrisia de quem
carregava os outros com fardos insuportáveis e eles nem sequer com um dedo lhes
tocavam. Apontava a incoerência religiosa e as peneiras dos fingidos e
farsantes, que tudo se permitiam e aos outros nada desculpavam. Implicava com
quem queria tirar o argueiro dos olhos dos outros e não via a trave que estava
nos seus. Tratava os leprosos e as prostitutas com atenção. Não fazia acessão
de pessoas, acarinhava as crianças, todos lhe queriam tocar. Com a sua
proximidade e pedagogia, gerava empatia, cativava multidões, falava com
simplicidade e autoridade. Todos entendiam a sua mensagem. Maravilhados,
exclamavam que nunca tinham ouvido alguém falar assim. Reclamava-se Filho de
Deus, perdoava os pecados, curava os doentes e ressuscitava os mortos, amava a
natureza. Transformou água em vinho, os ventos e as tempestades obedeciam-lhe.
Multiplicou o pão e fazia pesca como ninguém, fez-se alimento para o viandante.
E vejam a paga dos homens a quem ele sempre ajudou e perdoou: passando pelo
mundo fazendo o bem, tornou-se sinal de contradição, foi traído, abandonado,
perseguido, preso e torturado. Sem nunca os ter ofendido e sem qualquer motivo
para o condenarem, tornou-se incómodo demais para os que se julgavam donos e
senhores da verdade e do poder. Para se livrarem dele, os importantes, que eram
inimigos entre si, fizeram as pazes e uniram-se contra ele. Promoveram o torpe
compadrio, manipularam o povo, subornaram testemunhas falsas, subverteram os
tribunais, condenaram Jesus à morte como blasfemo e agitador do povo, a morte
mais vexatória do tempo. E pronto, ponto, pensava eles!
Mas o Pai manifestou a soberania de Jesus
ressuscitando-o de entre os mortos e exaltando-o na sua glória. Ressuscitou,
apresentou-se glorioso e foi o cabo dos trabalhos. Pôs tudo e todos em alegre
alvoroço a fazer saltitar, de boca em boca, a célere notícia de que estava
vivo, a notícia mais difícil de tragar por quem o levara à morte. Preocupados
com o que ouviam, até inventaram teorias para desacreditar o facto, não
queriam, não lhes convinha acreditar. Mas os discípulos de Jesus não desistiam,
não podiam calar o que tinham visto e ouvido. Continuaram, com determinação e
garra, esta profunda revolução social a partir do interior de cada um.
Infelizmente com alguns desvios ao longo da história, é verdade, mas logo se
refontalizando em fidelidade ao Senhor e à missão que lhe fora confiada. Com a
força do Espírito, promoveram a cultura do amor fraterno, anunciaram o
Evangelho. Apontaram princípios e valores que revolucionaram toda a comunidade
humana em questão de Direitos e Deveres, fomentaram o discipulado universal.
Deus visitara o seu povo, uma visita de
extraordinária importância e de presença permanente. Deus cumprira as promessas
feitas a Abraão e à sua descendência. E fê-lo através do seu Filho muito amado,
nascido da Virgem Maria pela ação do Espírito Santo e cujo nascimento começou
por ser anunciado às periferias, aos pastores, como uma grande alegria para
todo o povo: “nasceu-vos hoje, na cidade de David, um salvador que é Cristo,
Senhor”. Não era mais uma notícia entre tantas outras, era a notícia por
excelência perante a qual jamais alguém ficaria indiferente. O Filho eterno de
Deus, fez-se carne e habitou entre nós, com uma identidade própria e uma missão
singular. Deus amou tanto o mundo, que lhe entregou o seu próprio Filho, “para
que toda a pessoa que acredite nele não pereça, mas tenha a vida eterna”. Sendo
de condição divina, “não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a
si próprio, assumindo a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens”. O
próprio nome ‘Jesus’ significa “Deus salva”, ele “salvará o seu povo dos seus
pecados”, até porque não existe “debaixo do céu outro nome dado aos homens,
pelo qual possamos ser salvos”. Ele é o único mediador entre Deus e os homens.
O único Salvador, o Cristo, o ungido pelo Espírito Santo, o Messias prometido,
a esperança de Israel, o Senhor, o Filho único do Pai, o Deus vivo que, sendo,
por sua natureza, invisível, se tornou visível aos nossos olhos. Verdadeiro
homem, tinha conhecimento humano adquirido pela educação e experiência devida,
conhecimento limitado. Pela sua união com o Verbo, manifestava conhecimento
íntimo e imediato de seu Pai, manifestava conhecer os pensamentos secretos do
coração humano. Entre a sua vontade humana e divina não havia resistência nem
oposição.
Se o Pai, aquando da transfiguração, nos
mandou escutá-lo, ele apresentou-se como modelo das bem-aventuranças e a norma
da nova Lei: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, “assim como eu fiz
fazei vós também”, “tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso
e humilde de coração”, “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, “ninguém vai ao
Pai senão por mim”, “quem quiser ser meu discípulo peque na sua cruz e siga-me”.
Fazer acontecer é um dever dos seus
discípulos! Como criaturas, amar o Criador que tanto nos amou é uma exigência
da fé e um dever de gratidão. Refontalizar a vida em Cristo Jesus, tendo
presente a encarnação, o presépio, a sua vida em família e pública, o que Ele
disse e fez até à Cruz e Ressurreição, implica ter viva consciência de pertença
à sua Igreja e caminhar juntos na comunidade cristã, com alegria e esperança,
sendo testemunhas no seio da comunidade humana!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 10-12-2021.
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