PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 16 de dezembro de
2021
Quinta-feira da III semana do Advento
LITURGIA
Quinta-feira da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I do Advento.
L 1 Is 54, 1-10; Sal 29 (30), 2 e 4. 5-6. 11-12a e 13b
Ev Lc 7, 24-30
* Na Diocese do Porto – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Armando
Esteves Domingues, Bispo Auxiliar (2018)
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA cf.
Salmo 118, 151-152
Vós estais perto, Senhor; a vossa palavra é caminho
da verdade. São firmes todos os vossos mandamentos.
Vós existis desde toda a eternidade.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, a consciência das nossas culpas entristece-nos e faz-nos sentir que
somos servos indignos: dai-nos de novo a alegria e salvai-nos com a vinda do
vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
LEITURA I Is 54, 1-10
«O Senhor chamou-te como esposa repudiada»
Leitura do Livro
de Isaías
«Alegra-te, ó estéril, que não tiveste filhos, solta brados de alegria e de
júbilo, tu que não sentistes as dores da maternidade. Porque são mais numerosos
os filhos da abandonada do que os filhos da esposa», diz o Senhor. Alarga o
espaço da tua tenda, sem olhar a despesas, estende sem medo as cortinas das
tuas moradas; alonga as cordas, reforça as estacas, porque vais expandir-te
para a direita e para a esquerda: a tua descendência conquistará as nações e
povoará as cidades abandonadas. Não temas, porque não serás confundida, não te
envergonhes, porque não serás humilhada. Esquecerás a vergonha da tua juventude
e não mais recordarás o opróbrio da tua viuvez. O teu Criador, Jerusalém, será
o teu Esposo e o seu nome é ‘Senhor do Universo’. O teu Redentor será o Santo
de Israel, que se chama ‘Deus de toda a terra’. Como à mulher abandonada e de
alma aflita, o Senhor volta a chamar-te: ‘A esposa da juventude poderá ser
repudiada?’ – diz o teu Deus. Por um momento abandonei-te, mas no meu grande
amor volto a chamar-te. Num acesso de ira, escondi de ti a minha face, mas na
minha misericórdia eterna tive compaixão de ti, – diz o Senhor, teu Redentor.
Comigo sucede como no tempo de Noé, quando jurei que as águas do dilúvio não
mais invadiriam a terra. Assim Eu juro não tornar a irritar-Me contra ti, não
voltar a ameaçar-te. Ainda que sejam abaladas as montanhas e vacilem as
colinas, a minha misericórdia não te abandonará, a minha aliança de paz não
vacilará», – diz o Senhor, compadecido de ti.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 29 (30), 2.4-6.11-12a.13b (R. 2a)
Refrão: Eu Vos louvarei, Senhor, porque
me salvastes. Repete-se
Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer à cova. Refrão
Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria. Refrão
Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente. Refrão
ALELUIA Lc 3, 4.6
Refrão: Aleluia Repete-se
Preparai os caminhos do Senhor,
endireitai as suas veredas
e toda a criatura verá a salvação de Deus. Refrão
EVANGELHO Lc 7, 24-30
João é o mensageiro que prepara o caminho do Senhor
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Quando os mensageiros de João Baptista se retiraram, Jesus começou a falar dele
à multidão: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Mas que
fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Os que vestem com luxo e vivem
regaladamente encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um
profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais do que profeta. É aquele de quem está
escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho
diante de ti’. Eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum
maior do que João; mas o mais pequeno no reino de Deus é maior do que ele».
Todo o povo que O escutou, incluindo os publicanos, proclamaram a justiça de
Deus, recebendo o baptismo de João. Mas os fariseus e os doutores da Lei, que
não quiseram receber o baptismo, anularam para si próprios o desígnio de Deus.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, estes dons que recebemos da vossa bondade e fazei que os
sagrados mistérios que celebramos no tempo presente sejam para nós penhor de
salvação eterna. Por Nosso Senhor.
Prefácio do Advento I:
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Tito 2, 12-13
Vivamos neste mundo com justiça e piedade,
na esperança da manifestação gloriosa do nosso Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei frutificar em nós, Senhor, os mistérios que celebramos, pelos quais,
durante a nossa vida na terra, nos ensinais a amar os bens do Céu e a viver
para os valores eternos. Por Nosso Senhor.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
Is 54, 1-10: Esta maneira, ao mesmo tempo encantadora e entusiasta, como
o profeta se refere ao futuro de Jerusalém, restaurada depois da sua ruína,
traduz a maneira ainda mais maravilhosa como se pode falar da nova cidade de
Deus, que é a Igreja de Jesus Cristo. A esta Igreja, Deus a ama, a une a Si
como esposa muito amada, com ela firma aliança eterna no Sangue do seu Filho,
porque dela tem compaixão.
Lc 7, 24-30: João Baptista é o Precursor, vem à frente anunciar a vinda
do Messias; mas maior do que a graça de ter sido discípulo de João Baptista é a
de pertencer ao reino que Jesus vem trazer ao meio dos homens. Este reino é um
dom tal que merece ser procurado e aceite à custa de todas as renúncias. Por
isso, João, vivendo todo voltado para o reino que vai chegar, viveu
verdadeiramente em espírito de Advento.
AGENDA
DO DIA:
16.45
horas; Funeral em São Simão do Pé da Serra
18.00
horas: Missa em Nisa.
PENSAMENTO
DO DIA
«Buscai
primeiramente o que une, em vez de buscar o que divide»
São
João XXIII
A VOZ DO PASTOR
A MAIOR REVOLUÇÃO DA HISTÓRIA ESTÁ EM
CURSO....
O seu promotor veio donde menos se pensava e como
menos se esperava!... Aguardavam alguém que restituísse a independência ao
país, o libertasse da potência dominadora contra a qual, submissos e
explorados, alimentavam ódios e desprezo. Esperavam um revolucionário que, pela
sua estratégia e força das armas, conseguisse tal proeza, esmagando uns,
expulsando outros. Pelo seu modo de ser e agir, aquele que se apresentou como
tal, segundo eles não podia ser, não tinha perfil para concretizar o que eles
desejavam e como eles desejavam. Não era filho de gente importante. Seus pais
foram emigrantes ou refugiados políticos. Nascera numa terrinha perdida lá
pelos montes por onde os pastores mourejavam, vivera noutra terra da qual nada
se poderia esperar. Era pobre, não tinha onde reclinar a cabeça e todos conheciam
os seus familiares. No entanto, foi e é o maior revolucionário de todos os
tempos. Dividiu a História no antes dele e no depois dele. Se preconceitos
humanos não houvesse, mesmo como personagem meramente histórico, interventivo e
altamente influente no destino dos povos e da História, deveria ser tema de
estudo em todas as escolas, academias e universidades, pois a todos afetou.
Promoveu uma civilização fundamentada na cultura do amor e da paz, na dignidade
de toda a pessoa. Mas há medo dele, e ele nunca fez mal a ninguém. Manifestava
delicadeza e preocupação por todos. Não trazia armas, não fez sangue, não usou
de violência, não tinha cadeias, não tinha guarda costas nem mordomias. Apelava
à plena liberdade com respeito pelos outros, vinha trazer a paz e a verdadeira
alegria de viver. Afirmando ser rei, sossegou os poderosos de então. Esclareceu
que o seu reino era doutra categoria. Que os cidadãos desse reino haveriam de
ser como crianças, simples e humildes. Que a pessoa vale mais pelo que é do que
pelo que tem ou pode. Apelava à mudança da mente e do coração, defendia que era
preciso dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus. Que o poder
terreno era um poder delegado para servir, para lavar os pés às dores do mundo,
não para ser servido e embandeirar em arco. Afirmava que se deveria oferecer o
segundo lado da face a quem já lhe tinha esmurrado o primeiro. Chamava a
atenção para os pobres e marginalizados. Falava da importância da partilha, do
desapego dos bens e das pessoas. Ensinava que era mais fácil um camelo entrar
pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no reino que anunciava. Recordava
os princípios fundamentais do casamento, denunciava a hipocrisia de quem
carregava os outros com fardos insuportáveis e eles nem sequer com um dedo lhes
tocavam. Apontava a incoerência religiosa e as peneiras dos fingidos e
farsantes, que tudo se permitiam e aos outros nada desculpavam. Implicava com
quem queria tirar o argueiro dos olhos dos outros e não via a trave que estava
nos seus. Tratava os leprosos e as prostitutas com atenção. Não fazia acessão
de pessoas, acarinhava as crianças, todos lhe queriam tocar. Com a sua
proximidade e pedagogia, gerava empatia, cativava multidões, falava com
simplicidade e autoridade. Todos entendiam a sua mensagem. Maravilhados,
exclamavam que nunca tinham ouvido alguém falar assim. Reclamava-se Filho de
Deus, perdoava os pecados, curava os doentes e ressuscitava os mortos, amava a
natureza. Transformou água em vinho, os ventos e as tempestades obedeciam-lhe. Multiplicou
o pão e fazia pesca como ninguém, fez-se alimento para o viandante. E vejam a
paga dos homens a quem ele sempre ajudou e perdoou: passando pelo mundo fazendo
o bem, tornou-se sinal de contradição, foi traído, abandonado, perseguido,
preso e torturado. Sem nunca os ter ofendido e sem qualquer motivo para o
condenarem, tornou-se incómodo demais para os que se julgavam donos e senhores
da verdade e do poder. Para se livrarem dele, os importantes, que eram inimigos
entre si, fizeram as pazes e uniram-se contra ele. Promoveram o torpe
compadrio, manipularam o povo, subornaram testemunhas falsas, subverteram os
tribunais, condenaram Jesus à morte como blasfemo e agitador do povo, a morte
mais vexatória do tempo. E pronto, ponto, pensava eles!
Mas o Pai manifestou a soberania de Jesus
ressuscitando-o de entre os mortos e exaltando-o na sua glória. Ressuscitou,
apresentou-se glorioso e foi o cabo dos trabalhos. Pôs tudo e todos em alegre
alvoroço a fazer saltitar, de boca em boca, a célere notícia de que estava
vivo, a notícia mais difícil de tragar por quem o levara à morte. Preocupados
com o que ouviam, até inventaram teorias para desacreditar o facto, não
queriam, não lhes convinha acreditar. Mas os discípulos de Jesus não desistiam,
não podiam calar o que tinham visto e ouvido. Continuaram, com determinação e
garra, esta profunda revolução social a partir do interior de cada um.
Infelizmente com alguns desvios ao longo da história, é verdade, mas logo se
refontalizando em fidelidade ao Senhor e à missão que lhe fora confiada. Com a
força do Espírito, promoveram a cultura do amor fraterno, anunciaram o
Evangelho. Apontaram princípios e valores que revolucionaram toda a comunidade
humana em questão de Direitos e Deveres, fomentaram o discipulado universal.
Deus visitara o seu povo, uma visita de
extraordinária importância e de presença permanente. Deus cumprira as promessas
feitas a Abraão e à sua descendência. E fê-lo através do seu Filho muito amado,
nascido da Virgem Maria pela ação do Espírito Santo e cujo nascimento começou
por ser anunciado às periferias, aos pastores, como uma grande alegria para
todo o povo: “nasceu-vos hoje, na cidade de David, um salvador que é Cristo,
Senhor”. Não era mais uma notícia entre tantas outras, era a notícia por excelência
perante a qual jamais alguém ficaria indiferente. O Filho eterno de Deus,
fez-se carne e habitou entre nós, com uma identidade própria e uma missão
singular. Deus amou tanto o mundo, que lhe entregou o seu próprio Filho, “para
que toda a pessoa que acredite nele não pereça, mas tenha a vida eterna”. Sendo
de condição divina, “não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a
si próprio, assumindo a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens”. O
próprio nome ‘Jesus’ significa “Deus salva”, ele “salvará o seu povo dos seus
pecados”, até porque não existe “debaixo do céu outro nome dado aos homens,
pelo qual possamos ser salvos”. Ele é o único mediador entre Deus e os homens.
O único Salvador, o Cristo, o ungido pelo Espírito Santo, o Messias prometido,
a esperança de Israel, o Senhor, o Filho único do Pai, o Deus vivo que, sendo,
por sua natureza, invisível, se tornou visível aos nossos olhos. Verdadeiro
homem, tinha conhecimento humano adquirido pela educação e experiência devida,
conhecimento limitado. Pela sua união com o Verbo, manifestava conhecimento
íntimo e imediato de seu Pai, manifestava conhecer os pensamentos secretos do
coração humano. Entre a sua vontade humana e divina não havia resistência nem
oposição.
Se o Pai, aquando da transfiguração, nos
mandou escutá-lo, ele apresentou-se como modelo das bem-aventuranças e a norma
da nova Lei: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, “assim como eu fiz
fazei vós também”, “tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso
e humilde de coração”, “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, “ninguém vai ao
Pai senão por mim”, “quem quiser ser meu discípulo peque na sua cruz e
siga-me”.
Fazer acontecer é um dever dos seus
discípulos! Como criaturas, amar o Criador que tanto nos amou é uma exigência
da fé e um dever de gratidão. Refontalizar a vida em Cristo Jesus, tendo
presente a encarnação, o presépio, a sua vida em família e pública, o que Ele
disse e fez até à Cruz e Ressurreição, implica ter viva consciência de pertença
à sua Igreja e caminhar juntos na comunidade cristã, com alegria e esperança,
sendo testemunhas no seio da comunidade humana!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 10-12-2021.
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