PARÓQUIAS DE NISA
Sábado, 11 de setembro de 2021
Sábado-feira da XXIII semana do tempo comum
LITURGIA
Sábado
da semana XXIII
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L 1 1 Tim 1, 15-17; Sal 112 (113), 1-2. 3-4. 5a e 6-7
Ev Lc 6, 43-49
* Na Congregação da Missão e na Companhia das Filhas da Caridade – S. João
Gabriel Perboyre, presbítero e mártir – MO
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – B. Maria de Jesus López de Rivas, virgem
– MF
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 118,
137.124
Vós sois justo, Senhor, e são retos os vossos julgamentos.
Tratai o vosso servo segundo a vossa bondade.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador
e nos fizestes vossos filhos adotivos,
atendei com paternal bondade as nossas súplicas
e concedei que, pela nossa fé em Cristo,
alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Tim 1, 15-17
«Veio ao mundo para salvar os pecadores»
Leitura da
Primeira Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo:
É digna de fé esta palavra e merecedora de toda a aceitação: Cristo Jesus veio
ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles. Mas alcancei
misericórdia, para que, em mim primeiramente, Jesus Cristo manifestasse toda a
sua magnanimidade, como exemplo para os que hão de acreditar n’Ele, para a vida
eterna. Ao Rei dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória
pelos séculos dos séculos. Amen.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 112 (113), 1-2.3-4.5a e 6-7 (R. 2)
Refrão: Bendito seja o nome do Senhor
para sempre. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Louvai, servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre. Refrão
Desde o nascer ao pôr do sol,
seja louvado o nome do Senhor.
O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus. Refrão
Quem se compara ao Senhor nosso Deus,
que Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra?
Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes do seu povo. Refrão
ALELUIA Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. Repete-se
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra,
diz o Senhor;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Refrão
EVANGELHO Lc 6, 43-49
«Porque Me chamais ‘Senhor! Senhor!’,
mas não fazeis o que vos digo?»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não há árvore boa que dê mau fruto,
nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se
colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do
bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o
mal; pois a boca fala do que transborda do coração. Porque Me chamais ‘Senhor!
Senhor!’, mas não fazeis o que vos digo? Vou mostrar-vos a quem se assemelha
todo aquele que vem ter comigo, ouve as minhas palavras e as põe em prática. É
semelhante a um homem, que, para construir a casa, escavou, aprofundou e
assentou os alicerces sobre a rocha. Quando veio uma cheia, a torrente irrompeu
contra aquela casa, mas não a pôde abalar, porque estava bem construída. Mas
aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um
homem que construiu a casa sobre a terra, sem alicerces. A torrente irrompeu
contra aquela casa, que imediatamente desabou; e foi grande a sua ruína».
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, fonte da verdadeira devoção e da paz,
fazei que esta oblação Vos glorifique dignamente
e que a nossa participação nos sagrados mistérios
reforce os laços da nossa unidade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 41, 2-3
Como suspira o veado pela corrente das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
A minha alma tem sede do Deus vivo.
Ou Jo 8, 12
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor;
quem Me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais e fortaleceis
à mesa da palavra e do pão da vida,
fazei que recebamos de tal modo estes dons do vosso Filho
que mereçamos participar da sua vida imortal.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO
DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: 1 Tim 1, 15-17: São Paulo tem consciência de que Jesus veio ao mundo como salvador e
ninguém, como ele próprio, podia ter disso a experiência, ele que de
perseguidor da Igreja veio a ser o seu maior anunciador e a tornar-se assim
capaz de ser exemplo para os que hão de acreditar no Senhor. E a leitura
termina com uma bela doxologia de sabor litúrgico.
Lc 6, 43-49: O zelo é uma energia interior que se
manifesta nas atitudes da vida que são dela o testemunho; pouco valem as
palavras, por mais religiosas que elas pretendam ser, se não encontram
realização na vida. O Senhor escuta a voz silenciosa do coração, mas vê o que
ela quererá dizer nas obras que depois se realizam. Aos homens, podemos
iludi-los, mas não a Deus.
AGENDA DO DIA:
15.00
horas: Missa na Falagueira
15.00
horas: Funeral no Arneiro
16.00
horas: Missa em Monte Claro
16.00
horas: Missa no Pardo
18.00
horas: Missa em Alpalhão
18.00
horas: Missa em Nisa.
A VOZ DO PASTOR:
“QUERIDA AMAZÓNIA” - INJUSTIÇA E CRIME
O primeiro dia do mês de setembro é o Dia Mundial dedicado à
gratidão pela Casa Comum, a qual, o seu Criador e Senhor, a todos no-la confiou
como zelosos cuidadores e usufrutuários em fraterna solidariedade. Esta
iniciativa terá repercussões até ao dia 4 de outubro, dia da festa de São
Francisco de Assis, o santo patrono do meio ambiente. Fixado pelo Brasil, o dia
5 deste mês de setembro, é o Dia da “Querida Amazónia” que se apresenta “aos
olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério” (QA1). É
uma reserva natural, a maior floresta tropical do mundo, com sete milhões de
quilómetros quadrados distribuídos por nove países da América do Sul: Brasil,
Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Perú, Suriname, Venezuela e Guiana
Francesa.
Deste grande bioma que suscita contemplação, gratidão e
ternura, desde há muito que saltam gritos de indignação e sofrimento que ecoam
por todo o mundo, pedindo respeito, justiça e solidariedade. A devastação da
floresta, a criação de gados, a indústria mineira e petrolífera, a construção
de hidroelétricas, o projeto de hidrovias, os incêndios provocados, o impacto
sobre os rios e os ecossistemas, a privatização da água potável, a perde de
flora e fauna, o roubo do território aos nativos, os subornos, tudo serve para
satisfazer os interesses económicos e destruir a natureza, ferir, encurralar e
expulsar os povos indígenas para as periferias das cidades, ficando sujeitos às
piores formas de escravidão e miséria, à xenofobia, à exploração sexual, ao
tráfico de pessoas, ao desenraizamento e à desintegração das famílias (cf. QA
9-11). Além disso, conforme escreveu Francisco no documento conclusivo do
Sínodo que decorreu em outubro de 2019, e a que deu o nome de “Querida
Amazónia”, muita desta devastação ambiental e ameaças à dignidade humana, têm a
ver com uma falsa mística. A Amazónia “tem sido apresentada como um enorme
vazio que deve ser preenchido, como uma riqueza em estado bruto que se deve
aprimorar, como uma vastidão selvagem que precisa de ser domada. E, tudo isto,
numa perspetiva que não reconhece os direitos dos povos nativos ou simplesmente
os ignora como se não existissem e como se as terras onde habitam não lhes
pertencessem. Nos próprios programas educacionais de crianças e jovens, os
indígenas apareciam como intrusos ou usurpadores. As suas vidas e preocupações,
a sua maneira de lutar e sobreviver não interessavam, considerando-os mais como
um obstáculo a demover do que como seres humanos com a mesma dignidade que
qualquer outro e com direitos adquiridos” (QA12). E acrescenta: “Para aumentar
esta confusão, contribuíram alguns slogans, nomeadamente o de «não entregar»,
como se a citada sujeição fosse provocada apenas por países estrangeiros,
quando os próprios poderes locais, com a desculpa do progresso, fizeram parte
de alianças com o objetivo de devastar, de maneira impune e indiscriminada, a
floresta com as formas de vida que abriga. Os povos nativos viram muitas vezes,
impotentes, a destruição do ambiente natural que lhes permitia alimentar-se,
curar-se, sobreviver e conservar um estilo de vida e uma cultura que lhes dava
identidade e sentido” (QA13).
Todas estas operações económicas locais, nacionais e
internacionais “há que rotulá-las com o devido nome: injustiça e crime.
Quando algumas empresas sedentas de lucro fácil se apropriam dos terrenos,
chegando a privatizar a própria água potável, ou quando as autoridades deixam
mão livre a madeireiros, a projetos mineiros ou petrolíferos e outras
atividades que devastam as florestas e contaminam o ambiente, transformam-se
indevidamente as relações económicas e tornam-se um instrumento que mata. É
usual lançar mão de recursos desprovidos de qualquer ética, como penalizar os
protestos e mesmo tirar a vida aos indígenas que se oponham aos projetos,
provocar intencionalmente incêndios florestais, ou subornar políticos e os
próprios nativos. A acompanhar tudo isto, temos graves violações dos direitos
humanos e novas escravidões que atingem especialmente as mulheres, a praga do
narcotráfico que procura submeter os indígenas, ou o tráfico de pessoas que se
aproveita daqueles que foram expulsos de seu contexto cultural. Não podemos
permitir que a globalização se transforme num «novo tipo de colonialismo»
(QA14).
E Francisco apela à indignação: “É preciso indignar-se, como se indignou
Moisés (cf. Ex 11, 8), como se indignava Jesus (cf. Mc 3,
5), como se indigna Deus perante a injustiça (cf. Am 2, 4-8; 5,
7-12; Sal 106/105, 40). Não é salutar habituarmo-nos ao mal; faz-nos
mal permitir que nos anestesiem a consciência social, enquanto um rasto de
delapidação, inclusive de morte, (…) coloca em perigo a vida de milhões de
pessoas, em especial do habitat dos camponeses e indígenas”. A propósito dessa
vergonhosa injustiça e crueldade verificados na Amazónia venezuelana aquando da
época da borracha, fica-nos este testemunho do sofrimento dos indígenas: «Os
nativos não recebiam dinheiro, mas apenas mercadorias, e caras, que nunca
acabavam de pagar. (...) Pagavam, mas diziam ao indígena: “Ainda estás a dever
tanto” e o indígena tinha que voltar a trabalhar (...). Mais de vinte aldeias
ye’kuana foram completamente arrasadas. As mulheres ye’kuana foram violadas e
seus seios cortados; as grávidas desventradas. Aos homens, cortavam-lhes os
dedos das mãos ou os pulsos, para não poderem navegar (...), juntamente com
outras cenas do sadismo mais absurdo» (QA15).
No meio de todos estes excessos, contradições e lacerações, Francisco
realça o trabalho daqueles missionários que, atentos ao joio, se mantiveram
fiéis ao Evangelho, chegando a inspirar legislação favorável como as Leis das
Índias, que “protegiam a dignidade dos indígenas contra as violações de seus
povos e territórios» e a quem os próprios indígenas pediam insistentemente que
não os abandonassem pois eram eles que os ajudavam a defender de ladrões e
abusadores (cf. QA18). Mas o Papa também não esconde: “não podemos negar que o
joio se misturou com o trigo, pois os missionários nem sempre estiveram do lado
dos oprimidos, deploro-o e mais uma vez «peço humildemente perdão, não só pelas
ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos nativos
durante a chamada conquista da América» e pelos crimes atrozes que se seguiram
ao longo de toda a história da Amazónia. Aos membros dos povos nativos,
agradeço e digo novamente que, «com a vossa vida, sois um grito lançado à
consciência (…). Vós sois memória viva da missão que Deus nos confiou a todos:
cuidar da Casa Comum» (QA19).
Nesta hora escura para os povos da Amazónia e para a nossa Casa Comum,
associemo-nos aos sonhos do Papa Francisco: “Sonho com uma Amazónia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos
nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e a sua dignidade
promovida. Sonho com uma Amazónia
que preserve a riqueza cultural que a carateriza e na qual brilha de maneira
tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazónia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que
a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e
encarnar de tal modo na Amazónia, que deem à Igreja rostos novos com traços
amazónicos” (QA7).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo, 03-09-2021.
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