PARÓQUIAS DE NISA
Terça-feira, 23 de março de 2021
V semana da quaresma
LITURGIA
Terça-feira
da semana V
Roxo
– Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.
L 1 Num 21, 4-9; Sal 101 (102), 2-3. 16-18. 19-21
Ev Jo 8, 21-30
* Pode celebrar-se a memória de S. Turíbio de Mongrovejo, bispo
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 26, 14
Confia no Senhor e sê forte.
Tem coragem e espera no Senhor.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, concedei-nos a perseverança no fiel cumprimento da vossa vontade, para
que, em nossos dias, aumente em mérito e em número, o povo dedicado ao vosso
serviço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Num 21, 4-9
«Todo aquele que for mordido e olhar para a serpeNte será curado»
Leitura do Livro
dos Números
Naqueles dias, os filhos de Israel partiram do monte Hor para o Mar Vermelho,
contornando a terra de Edom. No caminho o povo impacientou-se e falou contra
Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste
deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento
miserável». Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam
nas pessoas e morreu muita gente de Israel. O povo dirigiu-se a Moisés,
dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do
Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um
poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado». Moisés fez
uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém era mordido por uma
serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 101 (102), 2-3.16-18.19-21 (R. 2)
Refrão: Ouvi, Senhor, a minha oração,
chegue até Vós o meu clamor. Repete-se
Ouvi, Senhor, a minha oração
e chegue até Vós o meu clamor.
Não escondais o vosso rosto
no dia da minha aflição.
Inclinai para mim o vosso ouvido;
no dia em que chamar por Vós
respondei-me sem demora. Refrão
Os povos temerão, Senhor, o vosso nome,
todos os reis da terra a vossa glória.
Quando o Senhor reconstruir Sião
e manifestar a sua glória,
atenderá a súplica do infeliz
e não desprezará a sua oração. Refrão
Escreva-se tudo isto para as gerações vindouras
e o povo que se há de formar louvará o Senhor.
Debruçou-Se do alto da sua morada,
lá do Céu o Senhor olhou para a terra,
para ouvir os gemidos dos cativos,
para libertar os condenados à morte. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo,
Palavra do Pai. Repete-se
A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo.
Quem O encontra viverá eternamente. Refrão
EVANGELHO Jo 8, 21-30
«Quando levantardes o Filho do homem,
então sabereis que ‘Eu sou’»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me
e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou». Diziam então
os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir
para onde Eu vou’?» Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou
lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Ora Eu disse-vos que
morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’,
morrereis nos vossos pecados». Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?»
Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo. Tenho muito que dizer
e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico
ao mundo o que Lhe ouvi». Eles não compreenderam que lhes falava do Pai.
Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis
que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. Aquele
que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do
seu agrado». Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Por este sacrifício de reconciliação, perdoai benignamente, Senhor, os nossos
pecados e orientai os nossos corações no caminho da santidade e da paz. Por
Nosso Senhor.
Prefácio da Paixão do Senhor I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 12, 32
Quando Eu for levantado da terra,
atrairei tudo a Mim, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, participando assiduamente nestes divinos
mistérios, alcancemos as alegrias do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
Num 21, 4-9: Na
leitura evangélica, Jesus vai fazer referência ao momento em que Ele será
“levantado”, isto é, “erguido” ou “exaltado” na Cruz. Será então que eles O
hão-de reconhecer como o Enviado do Pai, fonte de salvação para quem para Ele
olhar com fé. Esta palavra do Evangelho atraiu esta outra passagem em que a
serpente de bronze, elevada no poste, se tornou para os filhos de Israel,
mordidos pelas serpentes venenosas, sinal de cura e salvação. Uma tradição
popular, com origem histórica, explica esta passagem.
o
8, 21-30: Jesus é a
manifestação do Pai, mas é a sua manifestação encarnada, a mais próxima do
homem; mas também, por isso mesmo, é manifestação que não será entendida da
mesma maneira por todos. Tudo dependerá da fé ou da falta da mesma com que os
homens vão olhar para Ele. Assim, alguns chegarão a dar-Lhe a morte, a
“elevá-l´O”. A palavra tem dois sentidos, que se completam um ao outro: será
elevado na cruz, quando Lhe derem a morte: será, ao mesmo tempo, esse o caminho
por onde Ele será elevado, exaltado, mas agora na glória do Pai. Será esse
também o grande “sinal” por onde todos poderão reconhecer quem Ele é e de onde
veio.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR:
É
O CAMINHO QUE VEM AO NOSSO ENCONTRO?!...
Então não somos nós que andamos à procura do caminho
que dê sentido à vida? Não somos nós que, perante tantas e tantas encruzilhadas
de não menos estradas, caminhos e carreiros, sentimos dificuldade em fazer
opção, porque nem sempre a melhor rota é a que está à frente ao nariz? Não
somos nós que, por causa disso, tantas vezes cortamos por atalhos que nos levam
a becos sem saída, fazendo-nos apear e atar as mãos à cabeça? Então como é o
caminho que vem ao nosso encontro?
No Ofício de Leituras do Domingo passado, Agostinho
de Hipona mimoseou-nos com um piropo de fazer ganir, assim: “Levanta-te,
preguiçoso. O próprio caminho veio ao teu encontro e despertou-te do sono em
que dormias, se é que chegou a despertar-te. Levanta-te e anda. Talvez tentes
andar e não consigas, por te doerem os pés. E por que motivo te doem? Não será
pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer? Mas o Verbo de
Deus curou também os coxos. “Eu tenho os pés sãos, dizes tu, mas não vejo o
caminho”. Lembra-te que Ele também deu vistas aos cegos”.
Pois, pois, não sejas cego, amigo, abre os olhos e
vê, nem que seja com os olhos de antanho, de há cerca de três mil anos atrás,
assim: “Quem mediu com a mão as águas do mar, quem mediu a palmo as dimensões
do céu? Quem mediu com o alqueire o pó da terra, quem pesou na báscula as
montanhas e na balança as colinas? Quem dirigiu o espírito do Senhor, qual foi
o conselheiro que lhe deu lições? De quem recebeu Ele conselho para julgar,
para lhe ensinar o caminho da justiça? Quem lhe ensinou a sabedoria e lhe
mostrou o caminho da prudência? As nações são para Ele como a gota de água no
balde, não passam de um grão de areia na balança. As ilhas não pesam mais que
uma poeira fina (...) As nações todas juntas nada são diante d’Ele (...)
Porventura não sabeis? Nunca
ouvistes dizer? Não vos foi anunciado desde o começo? (...) Erguei os olhos
para o céu e observai: quem criou todos estes astros? Aquele que organiza e põe
em marcha o exército das estrelas, chamando cada uma pelo seu nome. Tão grande
é o seu poder e tão firme é a sua força, que ninguém deixa de se apresentar.
(...) Não o sabes? Não ouviste dizer? O Senhor é o Deus eterno; foi Ele quem
criou os confins do mundo. Ele não se cansa, nem se fadiga, e a sua
inteligência é insondável. Ele dá ânimo ao cansado e recupera as forças do
enfraquecido. Até os jovens se fatigam e cansam, e os rapazes também tropeçam e
caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, criam asas, como
águias, correm e não se fatigam, podem andar que não se cansam” (Is 40, 12-31).
A sua mensagem ressoa por toda a terra: os céus
proclamam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das suas mãos. O
dia transmite ao outro esta mensagem e
a noite a dá a conhecer à outra noite. Não
são palavras nem linguagem cujo sentido
se não perceba. O seu eco ressoou
por toda a terra e a sua notícia
até aos confins do mundo (cf. Sl 18). Um outro Salmo reza assim: Ele tudo vê e tudo
ouve, todos os nossos caminhos lhe são familiares. Se assim é, quem se poderá
esconder d’Ele? Para onde irei longe do teu sopro? Para onde fugirei, longe da
tua presença? Se subo ao céu, Tu lá estás. Se desço ao abismo, lá Te encontro.
Se levanto voo para as margens da aurora, se emigro para os confins do mar, aí
me alcançara a Tua esquerda e a Tua direita me sustentará (cf. Sl 139).
Se não devemos permanecer como cegos
deixando de contemplar as maravilhas do Senhor, também não podemos coxear para
dizer que não conseguimos encontrar o caminho, tal como o jogador matreiro que,
à boca da baliza, não mete um golo evidente e finge ter tido uma cãibra na
perna. Aqui, nem desculpas dessas pode haver, é o próprio caminho que veio ao
nosso encontro. Deus faz-se encontrado em seu Filho. Jesus, que veio do Pai e
permanece junto do Pai, apresentou-se como a Verdade e a Vida. Mas também se
apresentou como sendo o Caminho a seguir para encontrar a Verdade e a Vida. Eu
sou o Caminho, disse-nos Ele, se queres vir, anda daí, pega na tua cruz e
segue-me, Eu sou manso e humilde de coração, vim para que tenhas a alegria e a
tua alegria seja completa, sem Mim nada podes fazer, fica comigo!
A
Quaresma, que, aliás, não é só para os outros, é um tempo de descoberta e de
acolhimento de Jesus, ficando com Ele. Dirás: “Não o vejo, não o sinto”. Mas
será que é isso mesmo?... Se queres tirar as teimas, anda daí, deixa-te de
preconceitos, fecha a porta, desliga todos os empecilhos e afins que te
distraem. Abre os olhos, afina os ouvidos do teu coração para apanhares o tom e
sintonizares na frequência da sua voz e das suas surpresas. Fala, grita,
contesta, chora, discorda d’Ele se é isso que te vai na alma, bate com o punho
na mesa. Ele, que te conhece muito melhor que tu a ti próprio, está aí, no
silêncio de ti mesmo, a ouvir-te com toda a serenidade e paciência, sem te
despachar, sem te cortar a palavra, sem te reprovar seja sobre o que for, sem
perder a serenidade própria da amizade que sabe ouvir e gerar empatia. Depois
dessa tua furiosa guerra, desce do cavalo e cria espaço para também o ouvires
até ao fim. Com certeza que Ele, como amigo que te ama e por quem deu a vida,
tem muita coisa a dizer-te. Como ovelhita perdida, alvo da sua preocupação e procura, Ele
carrega-te aos ombros, os mesmos ombros que carregaram a cruz onde foi morto, morto
por ti, morto por cada um de nós para a todos restituir à liberdade e à Vida.
Ele quer festejar contigo, quer abraçar-te, vestir-te de gala para comemorar o
teu regresso com uma multidão sem número, com aquela banda sonora que tu
aprecias e um banquete sem igual...
É
Quaresma!... A boa Quaresma também passa pelo Sacramento da Reconciliação.
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 19-03-2021.
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QUARESMA - “SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS
CURAVA”
Na
Igreja, a Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de
descoberta e redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança
no Senhor Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de
Cristo para onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e
existencial se a Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e
redescoberta da relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós,
surpreende-se, comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão
nosso e tão de Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da
eternidade. Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos,
já Ele se nos disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de
proximidade, cativa-nos. Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a
nossa inteligência, a nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos,
por bênção sua, capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres,
estabelecemos com Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde,
doravante, passará a vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém
indiferente e cura todos os males.
A
fé não é, portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria
legitimar. Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria
justificar e ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria
manter. Tudo isso seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a
erguer. Dom recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas
dinâmicas mais elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do
encontro com o dom de Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e
ritmo. É esta fé, vivida como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado,
é esta fé que vai atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os
seus encantos e desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida
como bênção, que purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com
ousadia profética de batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa
fé, que está em causa em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e
oração são exercícios batismais da nossa vida cristã porque são expressão da
nossa vital confiança em Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da
vida.
A
pandemia que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa
fé é chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise,
há um conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de
consciência da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não
escravo da desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença,
saber ser cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e
promover; na prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em
comum; nas palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes
quotidianas, saber eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de
cidadania, saber respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que
exerce em toda a sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente
descarriláveis e irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos
vários à nossa vida. E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos olhos,
ter sempre Cristo no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser uma
maioria social, percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até ser
uma minoria, mas, sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita, saberemos
ser Igreja à dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.
Este
ano, e por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da
“Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este
ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus.
Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus,
homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos
tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um
homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo
aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a
alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do
amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando
promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da
família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja
promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a
reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises
familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da
Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano
faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão
pelo dom da santidade de S. José.
De
Jesus, na sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade,
brota uma força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus
sempre em processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma
Quaresma, mais um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a
mundaneidade convida ao ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial
atenção ao ser. É um tempo de penitência e conversão. Um tempo de oração filial
que nos ajuda a limpar, arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a
Deus e aos irmãos. Uma oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa
de estar, pensar e falar, à privação do que não é essencial, à penitência e
austeridade pessoal, ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve
àquela partilha a que chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino
determinado por cada Bispo diocesano, tornado público no início da Quaresma e,
ao longo da Quaresma, entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para
poupar, não se trata de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos,
não se trata de dar para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata
de pagar, não se trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita,
embora não se deva permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma
caminhada espiritual disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão
interior, do pensar em Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade
e da fraternidade. Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também
se pode traduzir em renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue
apetecível, não é necessário, e o seu custo se coloca de parte para a causa
social anunciada. Para além disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar
dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc 18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas
crianças e tantos jovens nos dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo,
a um cigarro, a um café, a um programa televisivo, a ser escravo das redes
socias... ou os leva a estudar mais e melhor, a programar momentos de oração, a
visitar o vizinho acamado ou a viver mais comprometido nas causas da fé e do
bem comum, a respeitar os apelos ao confinamento e a vivê-lo com esperança,
pensando na própria saúde e saúde dos outros... Enfim, trata-se de cada um,
pelos caminhos possíveis, viver a Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa,
descobrindo e redescobrindo cada vez mais o gesto do amor de Deus para connosco
manifestado em Cristo Jesus seu Filho.
A Renúncia Quaresmal
de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento rigoroso, foi
mesmo mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à construção de um
Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga, República Democrática
do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta nossa Diocese. Este ano
de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o Fundo Social Diocesano,
gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria Diocesana uma verba de
renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o destino anunciado nessa
altura.
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