PARÓQUIAS DE NISA
Sexta-feira, 19 de março de 2021
IV semana da quaresma
LITURGIA
Sexta-feira
da semana IV
S.
JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM SANTA MARIA
SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.
L 1 2 Sam 7, 4-5a. 12-14a. 16; Sal 88 (89), 2-3. 4-5. 27 e 29.
L 2 Rom 4, 13. 16-18. 22.
Ev Mt 1, 16. 18-21. 24a ou Lc 2, 41-51a.
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
* 8.º aniversário da solene inauguração do Pontificado do Papa Francisco
(2013).
* Na Diocese de Vila Real – Aniversário da Ordenação episcopal de D. António
Augusto de Oliveira Azevedo (2016).
* Na Ordem Agostiniana – S. José, Protetor da Ordem – SOLENIDADE
* Na Congregação das Filhas de São Camilo – S. José, Padroeiro da Congregação –
SOLENIDADE
* Na Congregação dos Irmãos Maristas, na Congregação das Irmãs Missionárias
Servas do Espírito Santo, na Congregação dos Missionários do Verbo Divino – S.
José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro principal das Congregações –
SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários do Coração de Maria – S. José, Esposo da
Virgem Santa Maria, Padroeiro secundário da Congregação SOLENIDADE
* Na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus – S. José, Esposo da
Virgem Santa Maria, Padroeiro secundário da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Sagrados Corações – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria,
Padroeiro da Congregação – SOLENIDADE
* Nos Missionários Combonianos do Coração de Jesus – S. José, Esposo da Virgem
Santa Maria, Padroeiro do Instituto – SOLENIDADE
* Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – S. José, Esposo da Virgem Santa
Maria, Padroeiro principal – SOLENIDADE
* II Vésp. da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
S. JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM SANTA MARIA
Nota
Histórica
Nos desígnios de
Deus, José foi o homem escolhido para ser o pai adoptivo de Jesus. É no seio da
sua família modestíssima que se realiza, com efeito, o Ministério da Incarnação
do Verbo. Intimamente unido à Virgem-Mãe e ao Salvador, José situa-se num plano
muito superior ao dos mais profundos místicos: amando Jesus, amava o Seu Deus;
toda a ternura respeitosa, com que envolvia Maria, dirigia-se à Imaculada Mãe
de Deus.
Figura perfeita
do «justo» do Antigo Testamento, homem de uma fé a toda a prova, no cumprimento
da sua missão, mostrará sempre uma disponibilidade total, mesmo nos
acontecimentos mais desconcertantes.
Protetor
providencial de Cristo, continua a sê-lo do Seu Corpo Místico. O exemplo da sua
vida é sempre atual para todos quantos querem situar a sua vida na âmbito dos
desígnios de salvação do Senhor.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Lc 12, 42
Este é o servo fiel e prudente,
que o Senhor pôs à frente da sua família.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso,
que na aurora dos novos tempos confiastes a São José
a guarda dos mistérios da salvação dos homens,
concedei à vossa Igreja, por sua intercessão,
a graça de os conservar fielmente
e de os realizar até à sua plenitude.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
2021.03.19
LEITURA I 2 Sam 7, 4-5a.12-14a.16
«O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David» (Lc 2, 32)
Leitura do
Segundo Livro de Samuel
Naqueles dias,
o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David:
Assim fala o Senhor:
Quando chegares ao termo dos teus dias
e fores repousar com os teus pais,
estabelecerei em teu lugar um descendente que nascerá de ti
e consolidarei a tua realeza.
Ele construirá um palácio ao meu nome
e Eu consolidarei para sempre o seu trono real.
Serei para ele um pai e Ele será para Mim um filho.
A tua casa e o teu reino
permanecerão diante de Mim eternamente
e o teu trono será firme para sempre».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 88 (89), 2-3.4-5.27 e 29 (R. 37)
Refrão: A sua descendência permanecerá
eternamente.
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes:
«A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.
Concluí uma aliança com o meu eleito,
fiz um juramento a David meu servo:
Conservarei a tua descendência para sempre,
estabelecerei o teu trono por todas as gerações.
Ele Me invocará: «Vós sois meu Pai,
meu Deus, meu Salvador».
Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor,
a minha aliança com ele será irrevogável.
LEITURA II Rom 4, 13.16-18.22
«Esperando contra toda a esperança»
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Não foi por meio da Lei,
mas pela justiça da fé,
que se fez a Abraão ou à sua descendência
a promessa de que receberia o mundo como herança.
Portanto a herança vem pela fé,
para que seja dom gratuito de Deus
e a promessa seja válida para toda a descendência,
não só para a descendência segundo a Lei,
mas também para a descendência segundo a fé de Abraão.
Ele é o pai de todos nós, como está escrito:
«Fiz de ti o pai de muitos povos».
Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou,
o Deus que dá vida aos mortos
e chama à existência o que não existe.
Esperando contra toda a esperança,
Abraão acreditou,
tornando-se pai de muitos povos,
como lhe tinha sido dito:
«Assim será a tua descendência».
Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça».
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Salmo 83 (84), 5
Refrão: Felizes os que habitam na vossa
casa, Senhor:
eles Vos louvarão pelos tempos sem fim. Refrão
Em vez deste Evangelho pode ler-se o que se lhe segue.
EVANGELHO Mt 1, 16.18-21.24a
«José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Jacob gerou José, esposo de Maria,
da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua Mãe, noiva de José,
antes de terem vivido em comum,
encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não queria difamá-la,
resolveu repudiá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado,
quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor,
que lhe disse:
«José, filho de David,
não temas receber Maria, tua esposa,
pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho
e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Quando despertou do sono,
José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor.
Palavra da salvação.
Em vez do Evangelho precedente, pode
ler-se o seguinte:
EVANGELHO Lc 2, 41-51a
«Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Os pais de Jesus iam todos os anos a
Jerusalém,
pela festa da Páscoa.
Quando Ele fez doze anos,
subiram até lá, como era costume nessa festa.
Quando eles regressavam, passados os dias festivos,
o Menino Jesus ficou em Jerusalém,
sem que seus pais o soubessem.
Julgando que Ele vinha na caravana,
fizeram um dia de viagem
e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos.
Não O encontrando,
voltaram a Jerusalém, à sua procura.
Passados três dias,
encontraram-n’O no templo,
sentado no meio dos doutores,
a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas.
Todos aqueles que O ouviam
estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas.
Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados;
e sua Mãe disse-Lhe:
«Filho, porque procedeste assim connosco?
Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura».
Jesus respondeu-lhes:
«Porque Me procuráveis?
Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?».
Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse.
Jesus desceu então com eles para Nazaré
e era-lhes submisso.
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor,
a graça de servir ao vosso altar de coração puro,
imitando a dedicação e fidelidade
com que São José serviu o vosso Filho Unigénito,
nascido da Virgem Maria.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio de São José [na solenidade]: p. 492
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 25, 21
Servo bom e fiel,
entra na alegria do teu Senhor.
Ou Mt 1, 20-21
Não temas, José:
Maria dará à luz um Filho
e tu Lhe darás o nome de Jesus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que na solenidade de São José
alimentastes a vossa família à mesa deste altar,
defendei-a sempre com a vossa protecção
e velai pelos dons que lhe concedestes.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em Tolosa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão.
.
A VOZ DO PASTOR:
COISAS
DO ARCO DA VELHA!...
Ainda
que não seja mago nem vidente, hoje vou falar de magia. Se mirabolantes, os
fenómenos que apresento são evidentíssimos. Mesmo sem querer, constatam-se por
aí, de quando em vez, coisas que não sei se serão do arco se da arca da velha,
o leitor poderá escolher! Se não desafiam as ninfas do tejo, atestam a
necessidade de purificação e de saber em quem é que, afinal, acreditamos! Terço
pendurado no espelho, junto ao volante da viatura, e a ferradura atrás no
taipal ou à frente, até em automóveis. Cordão pendurado ao pescoço com o
Crucifixo, mas este misturado com chifres, figas e outras velharias mais, quais
amados bezerros de ouro! Muitas imagens de santos, dentro de casa, e, à porta
ou portão, uma ferradura ou afins. Crianças acabadas de batizar, e logo alguém
a colocar-lhe uma pulseirinha no pulso com toda essa tralha, pois não vá o
diabo tecê-las!... E muito mais se poderá acrescentar. Querendo estar bem com
os dois, acende-se uma vela a Deus e outra ao diabo, como soe dizer-se, e eles
que façam o favor de lá se entender... Fraco testemunho cristão, mesmo que
alguém diga que ninguém tem nada a ver com isso! É certo que não, nem é isso
que está em causa. No entanto, para além do dever de dar bom testemunho, nenhum
cristão se merece sujeitar à mofa silenciosa e escarninha do bom senso!
Vou
falar de magia. É evidente que não me refiro àquela magia que é a arte dos
ilusionistas e prestidigitadores. Com a sua imaginação, cultura, conhecimentos
e habilidade, através de jogos de mãos, truques e meios naturais, criam a
ilusão de estarem a desafiar as leis da física e exercem saudável fascínio no
público que se diverte com isso. Esta magia não utiliza elementos ilícitos, não
tem objetivos desonestos, é inofensiva, é legítima, é arte.
Refiro-me
àquela magia que, se não é fácil de definir, implica uma visão do mundo que faz
crer na existência de forças ocultas que vagueiam pelo mundo e exercem a sua
influência sobre a vida do cosmos e do homem. Quem as promove e exerce, mesmo
que nelas não acredite, pretende convencer os outros que pode controlar essas
forças e obter resultados automáticos. Porque precisam de levar a vida,
convém-lhes que assim seja e difundem tal serviço, mas a culpa não é deles, são
livres e respeitáveis, a culpa é de quem lá vai, embora também sejam livres.
Como escreveram os Bispos da Toscânia, na sua Nota Pastoral sobre “Magia e
Demónios”, publicada pela Paulinas Editora e que me provocou e apoiou neste
texto, “os mágicos, que atribuem a si próprios o poder de resolver problemas de
amor, de saúde e de riqueza, ou ainda os que pretendem libertar do
“mau-olhado”, de “feitiços”, são indivíduos que fazem a sua própria publicidade
através de anúncios pagos nos jornais diários de grande circulação, exibem
diplomas ou outros comprovativos universitários e chegam mesmo a aparecer nos
meios audiovisuais, sobretudo na televisão. Não é exagero falar de uma
“indústria da magia”.
Se
há a magia branca negativa, a imitativa, a contagiosa e a encantadora, saliento
a “magia negra”, aquela que recorre a poderes diabólicos ou pretende atuar sob
a sua influência, transformando os seus seguidores em “servidores de Satanás”.
Tem o seu auge nas “missas negras”. No campo da adivinhação, para além da que
pretende predizer ou ler o destino das pessoas através dos astros e das
estrelas (astrologia), ou mediante as cartas (cartomancia/tarologia), ou das
linhas das mãos (quiromancia) ou doutras trapalhices, temos aquela que recorre
a médiuns para invocar o espírito dos mortos e revelar o futuro (necromancia ou
espiritismo). Mas há outros grupos esotéricos e ocultistas, antigos ou
recentes, da teosofia à antroposofia e à New Age, a pretender penetrar no
conhecimento de verdades ocultas e adquirir poderes espirituais especiais.
Sobre
a sua credibilidade “a razão científica contemporânea, ou simplesmente a razão
essencial, considera a magia como uma forma de irracionalidade, seja com
respeito a conceções pré-lógicas que se atribui, seja em relação aos meios que
ativa ou aos objetivos que procura”. Para os cristãos, continua a ser atual o
que a Igreja sempre ensinou: “Ninguém no teu seio faça passar pelo fogo o seu
filho ou a sua filha; ou se dê a encantamentos, aos augúrios, à adivinhação, à
magia, ao feiticismo, ao espiritismo, aos sortilégios, à evocação dos mortos,
porque o Senhor abomina todos os que fazem tais coisas” (Dt 18,9-12), “não vos
contamineis com isso. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 19,31). Há contradição
entre o anúncio da fé e a magia. O pensamento e comportamento mágico manipulam
espiritualmente a realidade, alienam, criam obstáculos, afastam do Reino de
Deus (cf. At13, 6-12; Gal 5,20; Ap 9,21; 18,23; 21, 8; 22,15). Hipólito excluía
do Batismo os magos, astrólogos e adivinhos. Tertuliano, outro autor do século
III, escreve: “De astrólogos, bruxos, charlatães de toda a espécie, não deveria
sequer falar-se. No entanto, recentemente um astrólogo, que se dizia cristão,
cometeu a imprudência de fazer a apologia do seu ofício! Portanto, é necessário
recordar, ainda que sucintamente, a esse homem e aos colegas de ofício, que
ofendem a Deus colocando os astros sob a proteção dos ídolos e fazendo depender
deles a sorte dos humanos”.
Nestes
nossos tempos, porém, apesar de tanta escolaridade e evangelização, com tanto
saber e cultura, a escravatura a essas práticas é preocupante. Em vão se busca
aí sentido e respostas para as inseguranças e fragilidades da vida. “É uma
compensação do vazio existencial que carateriza a precariedade da nossa época”.
Multidões de pessoas metem-se por esses atalhos, procuram esses poderes
pretensamente ocultos e sobre-humanos, pensando que por aí se libertam de
perturbações existenciais, da dor, do mal e do medo da morte, de situações de
angústia e de temor, de questões reais e traumáticas da vida. Ou então,
procuram factos extraordinários e milagrosos, inclusive no campo dos
relacionamentos amorosos, no campo económico, etc.
É
evidente que não se pode cair num preconceito racionalista e negar, perante
fenómenos extraordinários e extremos, a possibilidade da ação do Demónio, ela
pode existir. Mas também seria pouco saudável que, por falsos misticismos ou
por falta de maturidade na fé, ver, sempre e em qualquer caso, a ação do
Maligno e recorrer à magia que nada resolve e a todos explora e escraviza, não
liberta. Como referem os Bispos da Toscânia, os atos de ocultismo “só encontram
terreno fértil onde existe ausência, vazio de evangelização”. Há que proclamar
novamente, “com um vigor renovado, como nos alvores da Igreja, que só Jesus, o
Ressuscitado que vive eternamente, é o Salvador. “E não há salvação em nenhum
outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que nos
possa salvar” (At 4,12).
O
atual Catecismo da Igreja Católica refere assim: “Todas as formas de
adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação
dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro. A consulta
dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de
sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso
encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao
mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas
práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor
amoroso, que devemos a Deus e só a Ele. Todas as práticas de magia ou de
feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr
ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja
para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais
práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer
mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos
também é repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias
ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O
recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos
poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia (CIgC, 2116-2117).
“Se
escolhe Cristo, não podes ir ao bruxo. A magia não é cristã”, diz o Papa
Francisco.
A
Quaresma implica purificação e conversão verdadeira!
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 12-03-2021.
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QUARESMA - “SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS
CURAVA”
Na
Igreja, a Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de
descoberta e redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança
no Senhor Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de
Cristo para onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e
existencial se a Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e
redescoberta da relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós,
surpreende-se, comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão
nosso e tão de Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da
eternidade. Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos,
já Ele se nos disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de
proximidade, cativa-nos. Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a
nossa inteligência, a nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos,
por bênção sua, capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres,
estabelecemos com Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde,
doravante, passará a vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém
indiferente e cura todos os males.
A
fé não é, portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria
legitimar. Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria
justificar e ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria
manter. Tudo isso seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a
erguer. Dom recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas
dinâmicas mais elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do
encontro com o dom de Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e
ritmo. É esta fé, vivida como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado,
é esta fé que vai atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os
seus encantos e desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida
como bênção, que purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com
ousadia profética de batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa
fé, que está em causa em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e
oração são exercícios batismais da nossa vida cristã porque são expressão da
nossa vital confiança em Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da
vida.
A
pandemia que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa
fé é chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise, há
um conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de
consciência da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não
escravo da desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença,
saber ser cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e
promover; na prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em
comum; nas palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes
quotidianas, saber eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de
cidadania, saber respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que
exerce em toda a sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente
descarriláveis e irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos
vários à nossa vida. E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos
olhos, ter sempre Cristo no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser
uma maioria social, percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até
ser uma minoria, mas, sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita,
saberemos ser Igreja à dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.
Este
ano, e por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da
“Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este
ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus.
Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus,
homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos
tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um
homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo
aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a
alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do
amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando
promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da
família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja
promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a
reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises
familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da
Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano
faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão
pelo dom da santidade de S. José.
De
Jesus, na sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade,
brota uma força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus
sempre em processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma
Quaresma, mais um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a
mundaneidade convida ao ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial
atenção ao ser. É um tempo de penitência e conversão. Um tempo de oração filial
que nos ajuda a limpar, arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a
Deus e aos irmãos. Uma oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa
de estar, pensar e falar, à privação do que não é essencial, à penitência e
austeridade pessoal, ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve
àquela partilha a que chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino
determinado por cada Bispo diocesano, tornado público no início da Quaresma e,
ao longo da Quaresma, entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para
poupar, não se trata de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos,
não se trata de dar para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata
de pagar, não se trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita,
embora não se deva permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma
caminhada espiritual disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão
interior, do pensar em Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade
e da fraternidade. Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também
se pode traduzir em renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue
apetecível, não é necessário, e o seu custo se coloca de parte para a causa
social anunciada. Para além disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar
dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc 18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas
crianças e tantos jovens nos dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo,
a um cigarro, a um café, a um programa televisivo, a ser escravo das redes
socias... ou os leva a estudar mais e melhor, a programar momentos de oração, a
visitar o vizinho acamado ou a viver mais comprometido nas causas da fé e do
bem comum, a respeitar os apelos ao confinamento e a vivê-lo com esperança,
pensando na própria saúde e saúde dos outros... Enfim, trata-se de cada um,
pelos caminhos possíveis, viver a Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa,
descobrindo e redescobrindo cada vez mais o gesto do amor de Deus para connosco
manifestado em Cristo Jesus seu Filho.
A Renúncia Quaresmal
de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento rigoroso, foi
mesmo mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à construção de um
Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga, República Democrática
do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta nossa Diocese. Este ano
de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o Fundo Social Diocesano,
gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria Diocesana uma verba de
renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o destino anunciado nessa
altura.
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